Tu és Pedro, e eu te darei as chaves do Reino dos céus.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-20
As ruas da Cidade do Panamá estão tomadas por grupos de jovens de várias partes do mundo, com suas bandeiras e muita alegria: esta é a Jornada Mundial da Juventude 2019!
As atenções, especialmente do mundo católico, voltam-se nestes dias para o Panamá, pequeno país que liga a América do Sul à América Central, escolhido pelo Papa em 2016 para sediar esta Jornada Mundial de Juventude. Assim, Francisco retorna ao continente americano para encontrar novamente a juventude de todo o mundo depois de 2013 no Brasil, naquela que foi sua primeira JMJ.
O pequeno país com pouco mais de quatro milhões de habitantes, 88% dos quais declaram-se católicos, preparou-se para receber o Papa Francisco e os milhares de jovens de várias partes do mundo. Há bandeiras de JMJ, do Panamá e do Vaticano espalhadas pela cidade, e ainda obras em andamento. O evento contou com total apoio do governo panamenho. O assunto domina os noticiários.
O clima que se percebe nas ruas é de alegria e expectativa, com grupos de jovens vestindo a camiseta da JMJ e bandeiras de seus respectivos países e muitos com instrumentos musicais. Muitos destes jovens vieram da Costa Rica onde participaram da Semana Missionária. A escolha do Papa Francisco permitiu que um maior número de centro-americanos e do norte da América do Sul participassem desta Jornada, o que é perceptível pela quantidade de grupos vindos de El Salvador, Nicarágua, Costa Rica, Venezuela e Colômbia. Se facilitou para os americanos por janeiro ser período de férias, dificultou um pouco para os europeus que estão em pleno período de aulas. Os poloneses são o grupo mais numeroso, com 7.500 jovens, seguidos pelos italianos, com 1.500.
Na capital vivem quase 1 milhão e oitocentos mil habitantes. O trânsito está caótico, fato agravado pelos bloqueios nas áreas por onde o Papa Francisco passará e que acolherão os grandes eventos. Altos prédios com arquitetura moderna e arrojada dominam a paisagem. Mas uma das atrações é o Casco Antiguo, ou Panamá Viejo, onde está o centro histórico tombado como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Nesta “segunda cidade do Panamá” estão igrejas e monumentos históricos que remontam à época colonial. Na segunda-feira, justamente um dos programas dos jovens foi explorar este espaço.
Mas eles também se dirigiram em grande número para outra atração e principal fonte da economia do país - ao lado das atividades internacionais bancárias: o Canal do Panamá, que liga o Oceano Atlântico ao Pacifico, sendo a rota por excelência da navegação comercial.
Para ver a importância estratégica da localização geográfica do Panamá, basta recordar que foi fundado em 1519 como base para as expedições ao Império Inca, tornando-se a rota de passagem do ouro e da prata que os espanhóis extraíam da América do Sul. No ano de 1671, a cidade foi incendiada por piratas, sendo completamente destruída e reconstruída 8 km mais longe da cidade original.
Em 1821 o Panamá ficou independente da Espanha unindo-se à República da Colômbia, da qual declarou-se independente em 13 de novembro de 1903. No mesmo ano, assinou com os Estados Unidos o tratado para a construção de um canal para a navegação transoceânica, que ficou pronto em 1914. Em 1977 foi assinado um novo tratado que previa a retirada dos estadunidenses da administração do canal até o ano 2000. Se por um lado perdeu os 300 milhões de dólares de financiamento anual, por outro com esta transferência, o Panamá pôde ficar com os recursos cobrados pelas travessias dos navios.
A Diocese de Santa Maria de Antigua foi fundada em 9 de setembro de 1513, com a Bula “Pastoralis Officii Debitum” do Papa Leão X. Foi a primeira na área do continente, tendo como primeiro bispo Dom Juan de Quevedo O.F.M. Atualmente o rebanho é de 1.727.000 católicos distribuídos em 94 paroquias. O arcebispo da Cidade do Panamá é Dom José Domingo Ulloa Mendieta.
A recordar, que São João Paulo II visitou o Panamá em março de 1983. O Papa Wojtyla que é um dos padroeiros desta JMJ, ao lado de Santa Rosa de Lima, São Oscar Romero, São João Bosco, São José Sanchez del Río, beata María Romero Meneses, São Juan Diego e São Martin de Porres.
Da Cidade do Panamá para a Rádio Vaticano – Vatican News, Jackson Erpen
A história da JMJ se entrelaça com a da “Cruz peregrina”. A grande cruz desejada pelo Papa durante o Ano Santo da Redenção.
"Queridos jovens, ao final do Ano Santo confio a vocês o sinal deste Ano Jubilar: a Cruz de Cristo! Levem-a ao mundo, como sinal do amor do Senhor Jesus pela humanidade e anunciem a todos, que somente em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção".
A Cruz entregue aos jovens
O Papa João Paulo II pronuncia estas palavras em 22 de abril de 1984, do adro da Basílica de São Pedro, depois de ter fechado a Porta Santa pelo Jubileu da Redenção. A grande cruz de madeira, de 3,8 metros de altura, colocada perto do altar principal, está à sua esquerda e depois de ter sido um farol de fé durante um ano inteiro, é entregue nas mãos dos peregrinos do mundo: será "anúncio" e "encontro", se tornará a “Cruz da JMJ".
A "Cruz do Ano Santo" é transferida para o Centro San Lorenzo - um lugar para jovens fundado pelo Papa - onde costuma ser encontrada quando não está em peregrinação pelo mundo: sua primeira viagem foi à Alemanha. (Atualmente o Centro está aos cuidados da Comunidade Shalom).
300 mil com o Papa
Em 31 de março de 1985, Domingo de Ramos, uma multidão de mais de 300 mil jovens dos cinco continente, dirige-se à Praça São Pedro com a "Cruz do Ano Santo". Eles vieram para o grande encontro de jovens por ocasião do Ano Internacional da Juventude, proclamado pela ONU. João Paulo II fica visivelmente tocado.
A instituição da JMJ
Em dezembro do mesmo ano, durante as felicitações de Natal à Cúria Romana, o Papa afirma: "Ainda tenho em meus olhos as imagens do encontro daquela assembleia de jovens de todas as raças e proveniências". Ele reitera que não se trata de uma "massa anônima" ou de "número, mas presença viva e pessoal" que "tomou parte com uma alegria esmagadora e composta, em um ato comunitário de amor e fé a Cristo, o Senhor". E institui a Jornada Mundial da Juventude: "O Senhor abençoou aquele encontro de maneira extraordinária, tanto que, para os próximos anos, foi instituída a Jornada Mundial da Juventude, a ser celebrada no Domingo de Ramos, com a valorosa colaboração da Conselho para os leigos".
Nascem assim as Jornadas Mundiais da Juventude, celebradas todos os anos em nível diocesano e com um intervalo periódico de 2 ou 3 anos, em diferentes partes do mundo, no contexto das Jornadas Mundiais de Jovens com o Papa.
O calendário das JMJ
- 23 de março de 1986 - Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 11-12 de abril de 1987 - II Jornada Mundial da Juventude - Buenos Aires, Argentina
• 27 de março de 1988 - III Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 15 a 20 de agosto de 1989 - IV Jornada Mundial da Juventude - Santiago de Compostela, Espanha
• 8 de abril de 1990 - V Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 10-15 de agosto de 1991 - VI Jornada Mundial da Juventude - Czestochowa, Polônia
• 12 de abril de 1992 - VII Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 10-15 de agosto de 1993 - VIII Jornada Mundial da Juventude - Denver, EUA
• 27 de março de 1994 - IX Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 10-15 de janeiro de 1995 - X Jornada Mundial da Juventude - Manila, Filipinas
• 31 de março de 1996 - XI Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 19 a 24 de agosto de 1997 - XII Jornada Mundial da Juventude - Paris, França
• 5 de abril de 1998 - XIII Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 28 de março de 1999 - XIV Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 15 a 20 de agosto de 2000 - XV Jornada Mundial da Juventude - Roma
• 8 de abril de 2001 - XVI Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 23 a 28 de julho de 2002 – XVII Jornada Mundial da Juventude - Toronto, Canadá
• 13 de abril de 2003 - XVIII Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 4 de abril de 2004 - XIX Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 16 a 21 de agosto de 2005 - XX Jornada Mundial da Juventude - Colônia, Alemanha
• 9 de abril de 2006 – XXI Jornada Mundial da Juventude Diocesana
• 1º de abril de 2007 - XXII Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 15 a 20 de julho de 2008 - XXIII Jornada Mundial da Juventude - Sydney, Austrália
• 5 de abril de 2009 - XXIV Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 28 de março de 2010 - XXV Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 16 a 21 de agosto de 2011 - XXVI Jornada Mundial da Juventude - Madri, Espanha
• 1º de abril de 2012 - XXVII Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 22 a 29 de julho de 2013 - XXVIII Jornada Mundial da Juventude - Rio de Janeiro, Brasil
• 13 de abril de 2014 - XXIX Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 29 de março de 2015 - XXX Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 26 a 31 de julho de 2016 - XXXI Jornada Mundial da Juventude - Cracóvia, Polônia
• 9 de abril de 2017 - XXXII Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 25 de março de 2018 - XXXIII Jornada Mundial da Juventude - Diocesana
• 22 a 27 de janeiro de 2019 - XXXIV Jornada Mundial da Juventude - Panamá
A cidade de Goiânia (GO) sediará neste ano a 11ª edição do Mutirão Brasileiro de Comunicação (Muticom). O evento ocorre de 18 a 21 de julho e terá como tema “Comunicação, Democracia e Responsabilidade Social” e se apresenta como ambiente de reflexão sobre os caminhos e as perspectivas das relações entre a Igreja Católica, a sociedade brasileira e a cultura contemporânea, no campo da comunicação.
Na edição deste ano, o Muticom terá dentro de sua grade o 1º Encontro de Jovens Comunicadores da Signis Brasil, o 10º Encontro de Jornalistas da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a cerimônia de entrega dos Prêmios de Comunicação da CNBB.
A organização do evento irá preparar o espaço do mutirão, no Centro de Pastoral Dom Fernando, com a ideia de uma cidade, a “Cidade da Comunhão”. A ideia é de imersão na realidade urbana para “viver a comunicação, a democracia e a responsabilidade social”.
Já estão confirmados dois palestrantes: os jornalistas João Paulo Charleaux, que atua como repórter especial do Nexo Jornal e é um dos diretores da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji); e Nilson Klava, que atualmente é repórter da GloboNews em Brasília (DF).
Charleaux será o conferencista que abrirá o evento, abordando os três elementos do tema principal do Muticom. Em entrevista à jornalista Talita Salgado, da arquidiocese de Goiânia, o jornalista falou da importância de debater a temática proposta.
“Em 2019, precisamos falar especificamente sobre jornalismo. E precisamos dar respostas àqueles que ainda não entendem a importância da imprensa para a democracia. Em toda democracia liberal, os jornalistas cumprem o papel fundamental de acompanhar, fiscalizar e questionar o poder público de maneira crítica. Repórteres fazem isso na defesa do interesse de toda a sociedade”.
Esta é a primeira vez que o encontro será realizado na capital goiana. De acordo com o coordenador da Pastoral da Comunicação do Regional Centro-Oeste da CNBB, irmão Diego Joaquim, o 11º Muticom “será um espaço para a formação, a exposição das iniciativas já realizadas e o amplo debate, com presença de grandes pensadores na área para uma reflexão sobre as perspectivas da comunicação na Igreja e na sociedade”.
Inscrições
A organização do 11º Muticom estipulou a taxa de inscrição para o evento no valor de R$ 180,00. Mas são oferecidas cinco opções de pacotes, os quais “foram pensados na viabilidade do participante em usufruir os benefícios da Cidade da Comunhão”.
Os pacotes variam de acordo com o tipo de hospedagem, local das refeições e translado, este não fica coberto para os que escolherem apenas a inscrição. Confira aqui: http://muticom.com.br/categoria/pacotes/
Para realizar sua inscrição no 11º Muticom, acesse: https://painel.dupay.com.br/inscricao/
Prêmios de Comunicação
As inscrições para a 52ª edição dos Prêmios de Comunicação da CNBB vão até o dia 31 deste mês. Para se inscrever, acesse: http://premios.cnbb.org.br/. Mais uma vez, os bispos querem conhecer, analisar e premiar trabalhos que coloquem em relevo valores humanos e cristãos em trabalhos em diversas áreas da comunicação.
O Mutirão Brasileiro de Comunicação é promovido pela CNBB, por meio da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, com apoio do regional Centro-Oeste da CNBB e é realizado pela arquidiocese de Goiânia.
No dia 6 de janeiro, a Pastoral da Sobriedade do Regional Centro-Oeste da CNBB (Goiás e Distrito Federal) participou na Paróquia São Sebastião e São Benedito - Diocese de Itumbiara, de um workshop – trabalho em rede, realizado através das Pastorais Sociais, com o objetivo de criar um canal de comunicação permanente entre as outras pastorais sociais, por meio de conhecimento sobre as principais experiências e desafios por elas expostos. O conhecimento adquirido será utilizado para a pastoral atuar em suas cinco frentes de ação: (Prevenção, Intervenção, Recuperação, Reinserção Social e Familiar e Atuação Política).
MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O 52º DIA MUNDIAL DA PAZ (1º DE JANEIRO DE 2019)
Boletim da Santa Sé
A boa política está ao serviço da paz
1. «A paz esteja nesta casa!»
Jesus, ao enviar em missão os seus discípulos, disse-lhes: «Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: “A paz esteja nesta casa!” E, se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós» (Lc 10, 5-6).
Oferecer a paz está no coração da missão dos discípulos de Cristo. E esta oferta é feita a todos os homens e mulheres que, no meio dos dramas e violências da história humana, esperam na paz.[1] A «casa», de que fala Jesus, é cada família, cada comunidade, cada país, cada continente, na sua singularidade e história; antes de mais nada, é cada pessoa, sem distinção nem discriminação alguma. E é também a nossa «casa comum»: o planeta onde Deus nos colocou a morar e do qual somos chamados a cuidar com solicitude.
Eis, pois, os meus votos no início do novo ano: «A paz esteja nesta casa!»
2. O desafio da boa política
A paz parece-se com a esperança de que fala o poeta Carlos Péguy;[2] é como uma flor frágil, que procura desabrochar por entre as pedras da violência. Como sabemos, a busca do poder a todo o custo leva a abusos e injustiças. A política é um meio fundamental para construir a cidadania e as obras do homem, mas, quando aqueles que a exercem não a vivem como serviço à coletividade humana, pode tornar-se instrumento de opressão, marginalização e até destruição.
«Se alguém quiser ser o primeiro – diz Jesus – há de ser o último de todos e o servo de todos» (Mc 9, 35). Como assinalava o Papa São Paulo VI, «tomar a sério a política, nos seus diversos níveis – local, regional, nacional e mundial – é afirmar o dever do homem, de todos os homens, de reconhecerem a realidade concreta e o valor da liberdade de escolha que lhes é proporcionada, para procurarem realizar juntos o bem da cidade, da nação e da humanidade».[3]
Com efeito, a função e a responsabilidade política constituem um desafio permanente para todos aqueles que recebem o mandato de servir o seu país, proteger as pessoas que habitam nele e trabalhar para criar as condições dum futuro digno e justo. Se for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas, a política pode tornar-se verdadeiramente uma forma eminente de caridade.
3. Caridade e virtudes humanas para uma política ao serviço dos direitos humanos e da paz
O Papa Bento XVI recordava que «todo o cristão é chamado a esta caridade, conforme a sua vocação e segundo as possibilidades que tem de incidência na pólis. (…) Quando o empenho pelo bem comum é animado pela caridade, tem uma valência superior à do empenho simplesmente secular e político. (…) A ação do homem sobre a terra, quando é inspirada e sustentada pela caridade, contribui para a edificação daquela cidade universal de Deus que é a meta para onde caminha a história da família humana».[4] Trata-se de um programa no qual se podem reconhecer todos os políticos, de qualquer afiliação cultural ou religiosa, que desejam trabalhar juntos para o bem da família humana, praticando as virtudes humanas que subjazem a uma boa ação política: a justiça, a equidade, o respeito mútuo, a sinceridade, a honestidade, a fidelidade.
A propósito, vale a pena recordar as «bem-aventuranças do político», propostas por uma testemunha fiel do Evangelho, o Cardeal vietnamita Francisco Xavier Nguyen Van Thuan, falecido em 2002:
Bem-aventurado o político que tem uma alta noção e uma profunda consciência do seu papel.
Bem-aventurado o político de cuja pessoa irradia a credibilidade.
Bem-aventurado o político que trabalha para o bem comum e não para os próprios interesses.
Bem-aventurado o político que permanece fielmente coerente.
Bem-aventurado o político que realiza a unidade.
Bem-aventurado o político que está comprometido na realização duma mudança radical.
Bem-aventurado o político que sabe escutar.
Bem-aventurado o político que não tem medo.[5]
Cada renovação nos cargos eletivos, cada período eleitoral, cada etapa da vida pública constitui uma oportunidade para voltar à fonte e às referências que inspiram a justiça e o direito. Duma coisa temos a certeza: a boa política está ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e gratidão entre as gerações do presente e as futuras.
4. Os vícios da política
A par das virtudes, não faltam infelizmente os vícios, mesmo na política, devidos quer à inépcia pessoal quer às distorções no meio ambiente e nas instituições. Para todos, está claro que os vícios da vida política tiram credibilidade aos sistemas dentro dos quais ela se realiza, bem como à autoridade, às decisões e à ação das pessoas que se lhe dedicam. Estes vícios, que enfraquecem o ideal duma vida democrática autêntica, são a vergonha da vida pública e colocam em perigo a paz social: a corrupção – nas suas múltiplas formas de apropriação indevida dos bens públicos ou de instrumentalização das pessoas –, a negação do direito, a falta de respeito pelas regras comunitárias, o enriquecimento ilegal, a justificação do poder pela força ou com o pretexto arbitrário da «razão de Estado», a tendência a perpetuar-se no poder, a xenofobia e o racismo, a recusa a cuidar da Terra, a exploração ilimitada dos recursos naturais em razão do lucro imediato, o desprezo daqueles que foram forçados ao exílio.
5. A boa política promove a participação dos jovens e a confiança no outro
Quando o exercício do poder político visa apenas salvaguardar os interesses de certos indivíduos privilegiados, o futuro fica comprometido e os jovens podem ser tentados pela desconfiança, por se verem condenados a permanecer à margem da sociedade, sem possibilidades de participar num projeto para o futuro. Pelo contrário, quando a política se traduz, concretamente, no encorajamento dos talentos juvenis e das vocações que requerem a sua realização, a paz propaga-se nas consciências e nos rostos. Torna-se uma confiança dinâmica, que significa «fio-me de ti e creio contigo» na possibilidade de trabalharmos juntos pelo bem comum. Por isso, a política é a favor da paz, se se expressa no reconhecimento dos carismas e capacidades de cada pessoa. «Que há de mais belo que uma mão estendida? Esta foi querida por Deus para dar e receber. Deus não a quis para matar (cf. Gn 4, 1-16) ou fazer sofrer, mas para cuidar e ajudar a viver. Juntamente com o coração e a inteligência, pode, também a mão, tornar-se um instrumento de diálogo».[6]
Cada um pode contribuir com a própria pedra para a construção da casa comum. A vida política autêntica, que se funda no direito e num diálogo leal entre os sujeitos, renova-se com a convicção de que cada mulher, cada homem e cada geração encerram em si uma promessa que pode irradiar novas energias relacionais, intelectuais, culturais e espirituais. Uma tal confiança nunca é fácil de viver, porque as relações humanas são complexas. Nestes tempos, em particular, vivemos num clima de desconfiança que está enraizada no medo do outro ou do forasteiro, na ansiedade pela perda das próprias vantagens, e manifesta-se também, infelizmente, a nível político mediante atitudes de fechamento ou nacionalismos que colocam em questão aquela fraternidade de que o nosso mundo globalizado tanto precisa. Hoje, mais do que nunca, as nossas sociedades necessitam de «artesãos da paz» que possam ser autênticos mensageiros e testemunhas de Deus Pai, que quer o bem e a felicidade da família humana.
6. Não à guerra nem à estratégia do medo
Cem anos depois do fim da I Guerra Mundial, ao recordarmos os jovens mortos durante aqueles combates e as populações civis dilaceradas, experimentamos – hoje, ainda mais que ontem – a terrível lição das guerras fratricidas, isto é, que a paz não pode jamais reduzir-se ao mero equilíbrio das forças e do medo. Manter o outro sob ameaça significa reduzi-lo ao estado de objeto e negar a sua dignidade. Por esta razão, reiteramos que a escalada em termos de intimidação, bem como a proliferação descontrolada das armas são contrárias à moral e à busca duma verdadeira concórdia. O terror exercido sobre as pessoas mais vulneráveis contribui para o exílio de populações inteiras à procura duma terra de paz. Não são sustentáveis os discursos políticos que tendem a acusar os migrantes de todos os males e a privar os pobres da esperança. Ao contrário, deve-se reafirmar que a paz se baseia no respeito por toda a pessoa, independentemente da sua história, no respeito pelo direito e o bem comum, pela criação que nos foi confiada e pela riqueza moral transmitida pelas gerações passadas.
O nosso pensamento detém-se, ainda e de modo particular, nas crianças que vivem nas zonas atuais de conflito e em todos aqueles que se esforçam por que a sua vida e os seus direitos sejam protegidos. No mundo, uma em cada seis crianças sofre com a violência da guerra ou pelas suas consequências, quando não é requisitada para se tornar, ela própria, soldado ou refém dos grupos armados. O testemunho daqueles que trabalham para defender a dignidade e o respeito das crianças é extremamente precioso para o futuro da humanidade.
7. Um grande projeto de paz
Celebra-se, nestes dias, o septuagésimo aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada após a II Guerra Mundial. A este respeito, recordemos a observação do Papa São João XXIII: «Quando numa pessoa surge a consciência dos próprios direitos, nela nascerá forçosamente a consciência do dever: no titular de direitos, o dever de reclamar esses direitos, como expressão da sua dignidade; nos demais, o dever de reconhecer e respeitar tais direitos».[7]
Com efeito, a paz é fruto dum grande projeto político, que se baseia na responsabilidade mútua e na interdependência dos seres humanos. Mas é também um desafio que requer ser abraçado dia após dia. A paz é uma conversão do coração e da alma, sendo fácil reconhecer três dimensões indissociáveis desta paz interior e comunitária:
– a paz consigo mesmo, rejeitando a intransigência, a ira e a impaciência e – como aconselhava São Francisco de Sales – cultivando «um pouco de doçura para consigo mesmo», a fim de oferecer «um pouco de doçura aos outros»;
– a paz com o outro: o familiar, o amigo, o estrangeiro, o pobre, o atribulado…, tendo a ousadia do encontro, para ouvir a mensagem que traz consigo;
– a paz com a criação, descobrindo a grandeza do dom de Deus e a parte de responsabilidade que compete a cada um de nós, como habitante deste mundo, cidadão e ator do futuro.
A política da paz, que conhece bem as fragilidades humanas e delas se ocupa, pode sempre inspirar-se ao espírito do Magnificat que Maria, Mãe de Cristo Salvador e Rainha da Paz, canta em nome de todos os homens: A «misericórdia [do Todo-Poderoso] estende-se de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes (…), lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre» (Lc 1, 50-55).
Vaticano, 8 de dezembro de 2018.
FRANCISCUS
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[1] Cf. Lc 2, 14: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens do seu agrado».
[2] Cf. Le Porche du mystère de la deuxième vertu (Paris 1986).
[3] Carta ap. Octogesima adveniens (14/V/1971), 46.
[4] Carta enc. Caritas in veritate (29/V/2009), 7.
[5] Cf. «Discurso na Exposição-Encontro “Civitas” de Pádua»: Revista 30giorni (2002-nº 5).
[6] Bento XVI, Discurso às Autoridades do Benim (Cotonou, 19/XI/2011).
[7] Carta enc. Pacem in terris (11/IV/1963), 24 (44).
O mistério da encarnação do verbo eterno do Pai se renova a cada ano e traz certezas irrenunciáveis para nossa existência como também estímulos fortes para nosso agir pastoral.
Em primeiro lugar o Natal traz a certeza de um amor que não tem limites e que somente Deus pode nos garantir. É bonita a palavra de São João que afirma "Deus amou tanto o mundo, que deu o seu próprio Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele" (Jo 3,16-17).
Em cada Natal isso se manifesta. O Deus amigo, Emanuel (Deus conosco), aquele "que revogou o decreto contra nós", como lembra o Profeta Sofonias, vem ao nosso encontro para que tenhamos vida e vida plena.
A certeza de um amor sólido, permanente e incondicional de Deus com cada pessoa humana é extremamente importante porque estimula a amar, a corresponder ao que se recebe gratuitamente. Longe de nós pensar que a misericórdia e solidariedade de Deus nos coloque em atitudes relaxadas e relativistas. Quem se sente amado ama e vai instaurando uma relação de amizade profunda e duradoura com quem o ama. Ao mesmo tempo, o Natal é estímulo a trilhar o mesmo caminho do Filho de Deus que se "fez carne veio habitar no meio de nós” (Jo 1,14).
Deus não salva com decretos que vêm de cima para baixo, mas se fazendo gente como nós, assumindo a nossa natureza, com seus limites e condicionamentos de toda natureza. A lei da encarnação é exigente e não permite de assumir no caminho pessoal e pastoral, atitudes descomprometidas ou de cunho romântico.
Jesus se faz homem num contexto especifico, seja geográfico, como religioso, cultural e político. Não foge no seu agir de Messias e Redentor do cotidiano que limita e que as vezes é contraditório. Vai se inserindo decididamente na realidade concreta para transformá-la por dentro.
Que estímulo grande para O nosso agir pastoral. É assumindo a realidade concreta que se apresenta para nós hoje que podemos realizar o processo de mudanças, rumo ao Reino definitivo que é exigido.
O agir pastoral é determinado pela realidade histórica concreta que eu vivo nesta Igreja Particular, neste Regional, nesta paróquia, nesta família, neste contexto político, econômico, cultural, etc.
Não é fazendo planos preestabelecidos que nós iremos imitar o jeito de agir do verbo da vida, mas assumindo a realidade e nos deixando conduzir por ela. Tudo naturalmente à luz da Palavra iluminadora e orientadora de Deus.
O Natal é luz, vida plena, esperança, que não decepciona, celebração do amor eterno que descendo do céu vai ao encontro da ovelha que se perdera e a reconduz à sua dignidade original, é solidariedade plena, a confiança de Deus para conosco.
Reduzir o Natal a algo de marginal, seria pecado imperdoável e incapacidade de perceber o que de verdadeiramente novo está acontecendo.
Dom Carmelo Scampa
bispo de São Luís de Montes Belos-GO
O ano litúrgico tem início com o Advento. Quando esperamos alguém importante para nós, querendo demonstrar-lhe nosso muito apreço, esforçamo-nos para preparar a sua chegada. É este o sentido do Advento: aguardamos a chegada do nosso Deus, o Verbo de Deus feito homem, o Emanuel, o Deus conosco. Comemoramos a Sua primeira vinda, na esperança vivificante que anima o nosso dia a dia, aguardando a Sua segunda vinda no fim dos tempos.
O Advento, em geral, é composto por quatro semanas. Este ano é mais breve. Iniciou-se no domingo passado, 2 de dezembro, e irá se prolongar até 24 de dezembro, véspera do Natal do Senhor. As semanas do Advento constituem uma escola prática de solidariedade, que ensina os olhos a ver, os ouvidos a escutar e o coração a abrir-se à ternura e ao amor, de forma a transmitir a esperança cristã, e o homem acredite que Deus está conosco. Emanuel, Ele veio e continua a vir.
São três as grandes figuras deste tempo: Isaías, o profeta universalista, o dos tempos messiânicos, aquele que soube compreender as esperanças dos pobres e a esperança num mundo diferente, proveniente de Deus; João Batista, o “mais do que um profeta”, o maior entre os filhos de uma mulher, “a voz que clama no deserto: ‘Endireitai o caminho do Senhor’”; Maria, a agraciada por Deus, a serva do Senhor, a cheia do Espírito Santo, a Mãe do Senhor, a concretização das esperanças do povo.
A cor litúrgica é o roxo simbolizando o tempo de recolhimento e de expectativa, com algo de ansiedade e nostalgia. O próximo domingo, o terceiro (Gaudete, alegrai-vos), vem alertar-nos para a alegria que sempre deve invadir o nosso coração: Jesus Cristo já veio, colocou sua morada entre nós e prometeu para sempre estar conosco.
O tempo do Advento é tempo de mudança e de conversão. Ao encontrar Jesus Menino, não podemos ficar indiferentes. Nas palavras de Santo Agostinho: “Deus humanizou-se para que o homem possa se divinizar”. Neste Advento, preparemo-nos para receber o Senhor, mediante uma espera paciente e uma sincera conversão. Bom e frutuoso Advento!
Dom Washington Cruz, CP
Arcebispo Metropolitano de Goiânia
Militares da Marinha, do Exército, da Aeronáutica, das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares, estiveram no Santuário Nacional de Aparecida para a romaria anual no dia 1º de dezembro. Na missa das 9h, no Altar Central, os militares brasileiros manifestaram a sua devoção à Rainha e Padroeira do Brasil.
Esta é a 11ª Romaria do grupo à Casa da Mãe Aparecida. Entre os presentes, muitos capelães e diáconos militares, e um grande número de fiéis das paróquias administradas por eles.
A programação teve início às 7h, com a acolhida das caravanas em frente à Tribuna Bento XVI, e prosseguiu com a celebração da Santa Missa, presidida pelo Arcebispo Ordinário Militar do Brasil, Dom Fernando Guimarães, e concelebrada pelo Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, e dezenas de capelães e diáconos militares.
Entre os participantes da família militar do Brasil na celebração, foram saudados por Dom Fernando, o Capitão de Mar e Guerra, Reginaldo da Costa, o Coronel PM Renato de Souza Neto, da Polícia Militar do Rio de Janeiro, e o Coronel Marcelo Freiman de Ramos, da Polícia Militar do Rio de Janeiro.
Na homilia, o arcebispo responsável pela Arquidiocese Militar do Brasil, que é Missionário Redentorista, reforçou o compromisso dos militares das diversas Forças Armadas e Auxiliares de todo o Brasil.
“Nós militares servimos nossa Nação cumprindo nossa missão constitucional. Aquilo que caracteriza a vida militar, seja nas Forças Armadas, seja nas Forças Auxiliares, são duas coisas fundamentais. A primeira, o nosso profissionalismo. Como militares nos comprometemos com a Nação e procuramos ser os melhores naquilo que somos chamados a fazer. Ao lado do profissionalismo, aquilo que marca, o nosso caráter, é a crença nos valores humanos“, assinalou. O bispo disse ainda que uma sociedade que não acredita nos valores humanos cai no “caos e na desorganização”.
Dom Fernando recordou ainda muitos militares que morreram no exercício de sua missão. Destacou, de forma especial, os inúmeros policiais militares que constantemente enfrentam uma “criminalidade organizada e institucionalizada”.
Entre os militares, padre José Maria Gomes de Oliveira que serve como capelão na Marinha do Brasil, no Rio de Janeiro, ocupa o posto de Capitão-Tenente. Ele conta que está nesse trabalho há 12 anos, e que sua responsabilidade como capelão é exercer a presença de Cristo no meio dos militares. “Nós somos ministros ordenados enviados para evangelizar a família militar. É uma extensão da Igreja dentro desta força que é específica e atípica. Então, o capelão militar é aquele que acompanha cuidando do bem maior do ser humano, nesse caso, dos nossos irmãos militares“.
Participando pela sexta vez na romaria dos militares, o capelão fala da emoção de visitar a Casa da Mãe. “É uma emoção sempre nova. Hoje, eu vi vários militares chorando, vários parentes de militares chorando, a assembleia se emocionando, ou seja, é uma experiência riquíssima que muito contribui para uma vida que, muitas vezes, é acompanhada de uma tensão permanente. É um momento para que a gente cresça cada vez mais na nossa motivação para servir bem à nossa Pátria brasileira“, disse.
Em 2018, a romaria celebra as inúmeras missões de paz, que com as Nações Unidas tem prestado um serviço em nome do Brasil a países que enfrentam realidades devastadoras. O bispo citou as missões no Haiti, no Líbano, em Angola, no Timor Leste e em Moçambique, onde já ocorreram cerca de 50 missões de paz, envolvendo mais de 50 mil militares na construção da paz mundial.
Fonte: Ordinariado Militar do Brasil
Nos dias 24 de dezembro a 1º de janeiro de 2019, o Regional Centro-Oeste da CNBB estará em recesso para as festividades do Natal e Ano Novo. Portanto, neste período a sede em Goiânia estará fechada. As nossas atividades retornarão a partir do dia 2 de janeiro de 2019, no horário habitual.
Na oportunidade desejamos que a Luz do Menino Deus brilhe em todos os corações despertando a Solidariedade, o Amor e a Paz!
Pe. Eduardo Luiz de Rezende, CSsR
Secretário Executivo
Regional Centro-Oeste da CNBB
17 Coordenadores diocesanos de pastorais e lideranças paroquiais das Arquidioceses de Brasília e Goiânia, e das Dioceses de Uruaçu e Ipameri, participaram de um Seminário para estudo da Campanha da Fraternidade 2019, cujo tema é “Fraternidade e políticas públicas”. O evento aconteceu na Sede do Regional Centro-Oeste da CNBB, no dia 8 de dezembro.
Os facilitadores da formação foram Antônio Baiano, Coordenador da Comissão das Pastorais Sociais do Regional Centro-Oeste da CNBB e Renato Thiel, membro da Comissão.
O seminário teve por objetivo subsidiar os coordenadores de pastorais para realizarem as formações da Campanha da Fraternidade em suas dioceses e comunidades. As unidades que não puderam enviar representantes ao seminário, podem entrar em contato com a Comissão das Pastorais Sociais no endereço eletrônico do Regional (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.) e solicitar que os facilitadores realizem encontros de formação sobre a CF 2019 em suas dioceses.
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