Tu és Pedro, e eu te darei as chaves do Reino dos céus.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-20
No dia 1º de maio, data em que a Igreja celebra a Festa de São José Operário, Dom Levi Bonatto, bispo auxiliar de Goiânia, ordenou 12 diáconos permanentes para o serviço na Arquidiocese. A celebração aconteceu no Santuário-Basílica Sagrada Família e contou com a presença de padres e da grande maioria dos diáconos permanentes.
Dom Levi iniciou sua reflexão parafraseando São João Paulo II, quando perguntaram ao Santo Padre sobre o que é felicidade e em qual vocação se é feliz. “É feliz quem encontra a sua vocação e a vive. O motivo da infelicidade é não seguir a sua vocação. Um padre só é feliz se ele vive o sacerdócio, uma esposa só é feliz se ela vive o seu matrimônio. A vocação é um chamado de Deus para um estado de vida com todas as suas alegrias e desafios”.
Dom Levi lembrou aos ordinandos que eles são homens a serviço da Palavra de Deus, assim como São José foi homem a serviço da Sagrada Família. “Caros ordinandos, o serviço é a expressão concreta do dom de si mesmo, não foi para São José apenas um alto ideal, mas tornou-se regra da vida diária. Ele adaptou-se às várias circunstâncias, com a atitude de quem não desanima se a vida não lhe corre como queria, com a disponibilidade de quem vive para servir”.
Que São José interceda a Deus pelo ministério destes 12 homens que ele chamou para anunciar a sua palavra.
Reflexão do padre Luigi Maria Epicoco, publicada no jornal L’Osservatore Romano, sobre as palavras do Papa na Audiência Geral da quarta-feira (23). Catequese centrada na Carta aos Gálatas
O Papa Francisco inaugurou hoje um novo ciclo de catequeses dedicado à Carta aos Gálatas. São Paulo encarna plenamente esse ideal da Igreja em saída que o Papa recorda com frequência a toda a Igreja para nunca perder de vista a sua primordial e essencial obra missionária que é sempre uma missão de "atração", segundo a eficaz expressão do Papa Emérito Bento XVI, "a Igreja cresce não pelo proselitismo, mas pela atração". Esta missão/atração significa que o evento cristão é sempre um evento mesclado com a biografia pessoal de cada discípulo e anunciador do Evangelho.
A credibilidade, ou melhor, a autoridade de uma proclamação, passa sempre pela concretização da experiência. A palavra da testemunha tem uma unção maior do que a simples palavra do mero competente. O Papa Francisco destacou em sua catequese, como o texto da Carta aos Gálatas é uma "Carta muito importante, diria até decisiva", disse o Pontífice, "não só para conhecer melhor o Apóstolo, mas sobretudo para considerar alguns dos temas que ele aborda em profundidade, mostrando a beleza do Evangelho". “Nesta Carta", continuou o Papa, "Paulo faz muitas referências biográficas que nos permitem conhecer sua conversão e a decisão de dedicar a vida ao serviço de Jesus Cristo". A experiência da fundação da Igreja da Galácia é um unicum significativo porque, pela própria admissão de Paulo, sua estada naquela região foi por causa da doença (cf. Gal 4,13). “A evangelização”, acrescentou o Papa, “nem sempre depende da nossa vontade e dos nossos projetos, mas requer a disponibilidade a deixar-nos plasmar e seguir outros caminhos que não estavam previstos”.
Outro elemento fundamental que o Papa sublinhou é a força que vem das "pequenas comunidades" que são mais eficazes do que o desejo de encontrar imediatamente experiências grandes e visíveis: "Paulo, quando chegava a uma cidade, a uma região – acrescentou o Papa - não construía imediatamente uma grande catedral, não. Estabelecia as pequenas comunidades que são o fermento da nossa cultura cristã de hoje. Começava com as pequenas comunidades. E estas pequenas comunidades cresciam, cresciam e iam em frente. Também hoje este método pastoral é realizado em cada região missionária".
A realidade, com tudo o que vai além de nossos esquemas e cálculos, torna-se o verdadeiro lugar onde podemos escutar a vontade de Deus. E a realidade não está livre de áreas sombrias e contradições. A comunidade dos Gálatas também experimenta desafios e riscos: "De fato, alguns cristãos vindos do judaísmo tinham-se infiltrado nestas igrejas e astutamente começaram a semear teorias contrárias aos ensinamentos do Apóstolo, chegando ao ponto de o difamar”. A resistência para entrar em uma nova lógica faz sobressair toda a força do Apóstolo que parte justamente desta fadiga e perplexidade para afirmar claramente que a liberdade que Cristo obteve para nós não tem necessidade de nostalgias reconfortantes do passado, nem de fugas ideológicas para o futuro, mas a capacidade de ver na mudança a verdadeira fidelidade à tradição: "Ainda hoje, não faltam pregadores que, especialmente através dos novos meios de comunicação, podem perturbar as comunidades. Apresentam-se não para anunciar o Evangelho de Deus que ama o homem em Jesus Crucificado e Ressuscitado, mas para reiterar com insistência, como verdadeiros ‘guardiães da verdade’ – assim se consideram – qual é a melhor maneira de ser cristão”. Eis o motivo da escolha do Pontífice de aprofundar o texto da Carta aos Gálatas que "nos ajudará a compreender qual caminho seguir".
O caminho que o Apóstolo indicou é aquele libertador e sempre novo de Jesus Crucificado e Ressuscitado; é o caminho do anúncio, que se realiza através da humildade e da fraternidade, os novos pregadores não sabem o que é humildade nem fraternidade; é o caminho da confiança mansa e obediente, os novos pregadores não conhecem a mansidão nem a obediência. E este caminho manso e obediente vai em frente, na certeza de que o Espírito Santo age em cada época da Igreja. Em última instância, a fé no Espírito Santo presente na Igreja, leva-nos em frente e nos salvará.
Fonte: Vatican News/Foto: Vatican Media
No sábado, 18 de junho, aconteceu uma formação missionária on-line promovida pela Pastoral da Educação do Regional Centro-Oeste da CNBB. O momento aconteceu no período da noite e contou com a participação de 23 pessoas, de modo especial os agentes da Pastoral da Educação da Diocese de Formosa (GO). A formação teve ainda a participação do bispo de Rubiataba-Mozarlândia, Dom Francisco Agamenilton Damascena, e do professor Valdivino Ferreira, coordenador da referida pastoral, além de membros da coordenação regional. O bispo emérito da Diocese de Goiás, Dom Eugênio Rixen também participou.
A formação on-line foi dividida em dois momentos. O primeiro foi conduzido pelo professor Valdivino, que abordou três temas: o que é a Pastoral da Educação; os objetivos da Pastoral da Educação; e sua missão. Com base nos documentos da Igreja, o professor afirmou que a Pastoral da Educação é a ação evangelizadora no mundo da educação. “Isso compreende algumas instâncias. Por exemplo, instituições de educação formal ou educação popular sistematizada ou ocasional. É claro que a Igreja não precisa ir muitas vezes onde o Estado está. Ela precisa ir aonde o Estado não está”, afirmou. Ele explicou que a Pastoral da Educação não está presente apenas na educação católica, mas também na educação pública. “É na educação pública que estão os mais pobres e nós sabemos que a Igreja faz sempre a opção pelos pobres. Nós precisamos de um olhar cuidadoso, de ajuda, de caridade para com os professores e alunos especialmente da educação pública. Isso é também uma demanda do pacto educativo global do papa Francisco”.
Com relação aos objetivos, o professor Valdivino afirmou que são promover, articular, animar e organizar. “Nós que estamos a frente da Pastoral da Educação colocamos esses verbos em ação o tempo todo. Anunciar, testemunhar e seguir Jesus Cristo constituindo-se sinal do Reino de Deus no mundo. O agente da Pastoral da Educação anuncia, denuncia e testemunha. Constitui-se sinal do Reino de Deus no mundo. Um outro objetivo é observar os cenários, as tendências atuais para identificar fortalezas, limitações, ameaças e oportunidades para que a Igreja possa ser presença no mundo da educação e, no nosso caso, no regional”.
O tempo de pandemia também foi comentado pelo professor. Ele destacou que, sobretudo neste longo momento desafiador, a Pastoral da Educação precisa estar ainda mais presente. “Hoje a educação está emperrada no ensino on-line. A gente sabe que neste tempo o ensino não tem acontecido como deveria. Se a educação pública não estava conseguindo com qualidade numa realidade presencial, imagina numa realidade on-line. Então nós temos que observar os cenários que é o próprio ensino estabelecido hoje e dentro desse cenário de ensino remoto ver quais são as tendências atuais. Quais as fortalezas mesmo com o ensino on-line? Só teve ponto negativo? Ou teve pontos positivos? Quais as limitações, as ameaças, as oportunidades do ensino on-line enquanto objetivos da Pastoral da Educação, enquanto presença nesse mundo da educação de forma efetiva para de fato ajudar?”. O aparelho celular ou computador que parece ser uma realidade comum, não é assim em muitos lugares, conforme o professor. “Sou diretor de escola em Uruana (GO) e percebo não são todos os alunos que têm o celular ou o computador para estudar. Não há conexão de internet que atenda a demanda e, muitas vezes, o único aparelho celular da família é usado para vários estudarem de forma on-line”.
Por fim, o professor Valdivino explicou sobre a dimensão missionária da Pastoral da Educação. “É ser presença evangelizadora no mundo da educação, possibilitando o encontro das pessoas com Jesus Cristo vivo, ressuscitado. Essa é a grande missão. Outra missão é ser serviço que desenvolva ações específicas com educadores católicos que sejam testemunhas da fé, sobretudo nas escolas públicas, opção preferencial da Igreja. Ser serviço que desenvolva ações que sejam testemunhas da fé em todas as escolas, especialmente nas escolas públicas”.
Espiritualidade do educador
“Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te procuro. Minha alma tem sede de ti” (Sl 62)”. Dom Francisco Agamenilton começou sua fala a partir desse salmo que reflete sobre a nossa sede de Deus. Ele afirmou que assim como o rio que quer chegar ao mar, nós também queremos chegar a Deus e a espiritualidade ajuda nesse caminho. “A espiritualidade são os modos diversos de se relacionar com Deus, viver a vida no espírito. A CNBB tem o documento 105 sobre a espiritualidade laical, sobre os leigos e lá explica sobre espiritualidade: desejo e busca do rosto de Deus e da comunhão com ele, (parágrafo 184)”.
A espiritualidade do educador, por sua vez, que se encontra no universo dos leigos e leigas, acontece pelo relacionar-se e crescer com Deus a partir da identidade de educador. Dom Agamenilton distinguiu educador de instrutor. “O instrutor transmite informações, ensina teorias e ajuda a desenvolver habilidades e técnicas. O educador forma as pessoas, as conduz para integrarem o nível biológico e integral, é aquela pessoa que ajuda o outro a se humanizar, isto é, adquirir virtudes e características próprias da pessoa humana: o diálogo, a fortaleza, a cooperação como ato consciente, a caridade. O educador ajuda a pessoa a ser quem ela é, pessoa humana”. Ele sublinhou ainda que para crescer como cristão católico, nada melhor do que se aproximar de Deus educador por meio de sua Palavra. “Como alimentamos nossa espiritualidade? Aqui trago os caminhos clássicos de alimento e fonte da espiritualidade: a fonte que é Jesus Cristo: alimentar e realimentar o encontro pessoal com Jesus; a Palavra de Deus: aqui incentivo meditarem textos bíblicos que evidenciam Deus educador; a eucaristia; a oração diária; participar da vida paroquial que é fonte e alimento para a espiritualidade. Esse caminho, conforme o bispo, possibilita chegar ao caminho da santidade. “Santidade não cai do céu, não se improvisa, é preciso ter um projeto de vida”.
Ao fim do encontro, Dom Agamenilton convidou os 23 participantes a serem sal da terra e luz do mundo a partir da cura de tantas feridas dos irmãos, sobretudo neste difícil tempo de pandemia. “A pandemia tem causado muitas enfermidades e o papa Francisco desde o início apontou a Igreja como hospital de campanha e temos muitas pessoas feridas em várias ordens e nossa tarefa será a do Bom Samaritano, curar as feridas dos colegas, dos educadores e comecemos entre nós mesmos. Eu vejo tão bonito esse painel. Somos 23 pessoas conectadas e cada uma de nós deve ter sua ferida e começando por nós eu incentivo essa união de vocês, a cada 15 dias começar a se encontrar, a comunhão e união entre vocês já é curativo. Vocês se curarem para curar os outros e terminando tudo isso e quem sabe voltando em agosto para a sala de aula, vamos ver então vocês curados e curando os outros que ainda não fazem parte dessa família. Sigam em frente”. Ele encerrou com a Oração da Campanha da Fraternidade do ano que vem, cujo tema é “Fraternidade e Educação”.
Desde o mês de maio, o Regional Centro-Oeste da CNBB realiza a iniciativa “É Tempo de Cuidar”, ação solidária emergencial promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O projeto foi idealizado para ajudar as pessoas em situação de vulnerabilidade diante da pandemia do coronavírus, bem como fortalecer a solidariedade fraterna nas Igrejas do Brasil por meio de doações.
Em Goiânia, a ação solidária promovida mensalmente por meio de doação de cestas básicas pelo Regional Centro-Oeste, acontece em parceria com a Pastoral da Aids e o apoio do Grupo AAVE (Aids: Apoio, Vida, Esperança) que faz a entrega de gêneros alimentícios não perecíveis. O AAVE é uma organização não governamental fundada em 1995, apoiada pela Arquidiocese de Goiânia, com o objetivo de resgatar a integridade das pessoas vivendo com HIV/Aids, por meio de acolhimento, respeito, orientação, esperança e promovendo atividades informativas/preventivas junto à sociedade.
Entrevistada, irmã Margaret Hosty, coordenadora do Grupo AAVE agradece pela iniciativa do regional. “Estamos muito gratos ao Regional Centro-Oeste que lembrou de nós e estendeu a generosidade às
pessoas vivendo com HIV/Aids, que muitas vezes são esquecidas, julgadas, rejeitadas e estigmatizadas”, afirmou.
É Tempo de Cuidar
Além da iniciativa do Regional Centro-Oeste, a ação solidária é motivada também nas dioceses. Em breve divulgaremos essas ações em nosso site.
Não são poucos os que se questionam como seja possível que algo de bom e belo floresça no meio de tanta escuridão e maldade?
Não são poucos os que acham que estão no tempo errado e que não pertencem ou não querem pertencer a este lugar, pois, até onde os olhos enxergam, veem, tão somente, tristeza e dor! Neste mundo, portanto, com o que iremos comparar o Reino de Deus?
Muitos acreditam que é preciso um grande poder para combater toda esta escuridão!
Eu não acredito que o Evangelho nos dê autoridade para proceder assim. O Reino de Deus não começa com grandes coisas, o Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra (Mc 4,31).
Ele começa com as coisas pequenas e simples. Com o esforço quotidiano do trabalho comum daqueles que não cedem à tentação do mal, para começar. Começa pela fé dos pequenos e a esperança dos tolos, e cresce mais do que todas as hortaliças.
A fé dos pequenos e a esperança dos tolos são semeadas na terra sem que ninguém saiba como ela vai germinar, pois o Reino de Deus é como quando alguém que espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece (Mc 4,26-27).
Por onde quer que analisemos, grandeza e poder não são respostas promissoras para o enfrentamento do mal e dos desafios da humanidade.
A grandeza de Deus é se tornar pequeno no meio de nós. Tão pequeno que foi possível tocá-lo. Fazer-se pequeno é a estonteante declaração de amor que Deus nos faz! Seria contraditório, portanto, que o seu Reino fosse sustentado no poder e na força da grandeza.
A pequenez inquebrantável de muitos pequenos é a semente do Reino jogada pelos cantos deste arado que é o mundo, onde urtigas e ervas daninhas parecem ter tomado conta. Mas elas não vencerão! Ainda que poucas, as sementes do bem sempre terão preferência em relação ao mal, pois ninguém prefere um grande feixe de urtigas a um punhado de trigo.
O Reino de Deus pode ainda não ter se alastrado pelo campo e sufocado o mal, mas o trabalho diário dos pequenos ilumina e demarca o campo onde se combate pelo coração e a alma deste mundo.
Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO)
A história do Movimento dos Focolares tem início em Trento, na Itália, em 1943, quando uma jovem chamada Chiara Lubich decidiu dedicar sua vida a Deus, com um voto de consagração, no dia 7 de dezembro daquele ano. O “sim” de Chiara Lubich foi a semente fecunda na qual se enraizou a difusão do Movimento dos Focolares.
Foi a partir da força daquele “sim” a Deus que Chiara e suas primeiras amigas encontraram em cada palavra do Evangelho o sustento para enfrentar a Segunda Guerra Mundial, que dilacerava suas casas e suas famílias naquele período. Dentro dos refúgios, elas se perguntavam: existe algum Ideal que não passa, que as bombas não podem destruir? E em cada trecho do Evangelho lido no meio dos escombros, elas fizeram uma descoberta: sim, existe e é Deus.
“O amor vence tudo”
No dia 13 de maio de 1944, houve um terrível bombardeio em Trento. À noite, durante o alarme, a família de Chiara pensou em fugir da cidade. Mas Chiara sente um forte apelo de Deus para não deixar Trento. “Quem não deixa pai, mãe, mulher, filhos e campos, não pode ser meu discípulo”. Ela nos conta:
Chiara Lubich e seus pais, anos depois.
“Na verdade, eu sentia dentro de mim que não podia sair de Trento, ainda que a minha casa tivesse sido destruída. Eu devia ficar, porque havia nascido entre mim e as minhas companheiras um vínculo forte e parecia-me que Deus queria que eu ficasse. No entanto, tomar esta decisão era um drama para a minha alma: era um drama, porque eu gostava muito dos meus pais, dos meus irmãos e irmãs. Naquele momento lembrei-me de uma frase que tinha aprendido na escola: “Omnia vincit amor”, o amor vence tudo”.
A partir de então, foram as “pequenas grandes” experiências no dia a dia, em meio a guerra, que transformaram a vida daquelas jovens. As palavras do Evangelho eram verdadeiras! Em apenas dois meses já eram 500 pessoas que viviam assim.
Duas experiências marcantes na história do Movimento dos Focolares
Chiara relembra:
“Um dia foi um verdadeiro espetáculo na nossa pequena casa ao vermos que, por quatro vezes, chegaram maçãs e nós as demos aos pobres. Chegaram outras maçãs e voltamos a dá-las aos pobres. Chegaram pela terceira vez , e voltamos a dá-las aos pobres. À noite chegou uma mala cheia de maçãs. Realmente: “Dai e vos será dado”. Era uma experiência contínua.”
“Pedi e recebereis”
“Já tínhamos compreendido que Jesus está presente, de certo modo, no pobre e que aquilo que se faz ao pobre, Ele o considera feito a Si. Recordo que uma vez encontrei um pobre que me disse: “Preciso de um par de sapatos número 42”. Com esta nova fé que Deus nos tinha dado – com a sua graça – entro numa igreja e digo a Jesus: “Jesus, tu precisas de um par de sapatos número 42. Peço-te: dá-me um”. Saio da igreja, encontro uma senhora que me entrega um embrulho: dentro estava um par de sapatos número 42”.
Um Evangelho para a nossa época
Chiara Lubich nos conta também que, no início, acreditavam que estavam apenas vivendo como todo cristão deve viver. Não desejavam nada de novo. Mas mais tarde, compreenderam que algumas palavras do Evangelho ressoavam de modo especial para aquele grupo, como “Amai uns os outros como Eu vos amei”, “Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome, Eu estarei no meio deles” e, em tudo especial, a última oração de Jesus ao Pai “Que todos sejam um”.
“Aquelas palavras, ‘que todos sejam um’, pareciam iluminadas por uma nova luz, e se tornaram o objetivo da nossa vida: levar a unidade lá onde quer que haja divisão. Desde os primeiros dias intuíamos que estava nascendo algo universal, que alcançaria os confins do mundo e que também iluminaria a cultura, a ciência, a política, a economia” (Chiara Lubich).
Esta, aliás, se tornou a carta magna do Movimento dos Focolares e já direcionava o Movimento para uma vida espiritual comunitária.
“Portanto, acho que nos dias de hoje poderíamos dizer que o Movimento oferece um Evangelho para este século.” (Chiara Lubich)
Espiritualidade da unidade
Profundamente marcado por muitas contradições dramáticas e, no entanto, tão rico de correntes de renovação, o nosso tempo se mostra invadido pela ação do Espírito Santo, como aconteceu nos momentos mais cruciais ao longo da história da humanidade.
Entre os sinais de esperança do nosso tempo, se encontra uma nova corrente de espiritualidade, focada no amor e na unidade, a espiritualidade da unidade, fruto de um carisma entregue pelo Espírito Santo a Chiara Lubich, para responder aos desafios e às expectativas da humanidade de hoje. E não é mesmo especial ter um carisma de unidade e fraternidade quando o mundo caminha rumo a uma civilização cada vez mais cosmopolita e plural?
A seguir, Chiara mesma responde algumas perguntas sobre a espiritualidade da unidade.
Antes de tudo, o que é uma espiritualidade?
Chiara: “Uma espiritualidade existe porque existiu uma vida que a elaborou. Uma espiritualidade é como o sumo espremido de um cacho de uvas. Uma espiritualidade é o sumo de uma vida”.
Qual foi a primeira centelha inspiradora da espiritualidade da unidade?
Chiara: “Simples como todas as coisas de Deus. Durante o flagelo da guerra, tivemos uma nova revelação sobre a verdadeira essência de Deus: Amor.“
Mas era necessário retribuir o amor. Como? “Não quem diz Senhor, Senhor, mas quem faz a vontade de meu Pai...” (cf Mt 7, 21).
O Espírito (que gostaria de chamar de carisma da unidade) começava a iluminar as Palavras do Evangelho, de modo especial aquelas que enfatizavam o amor – amor a Deus, amor ao próximo, o amor recíproco.
Nós procurávamos vivê-las e comunicávamos as experiências. E assim, tudo mudava: o relacionamento com Deus, com os próximos, com os inimigos. Sentimos que a vida cresceu em qualidade. Experimentávamos segurança, uma alegria jamais sentida, uma paz nova, uma luz inconfundível. Era Jesus que cumpria entre nós as suas palavras: “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, no meu amor, ali estou eu no meio deles (Cf. Mt 18,20). Mas precisava seguir o Amor mais explícito, Jesus crucificado, para realizar a unidade,
Compreendemos a Eucaristia como geradora e vínculo de unidade; Maria como Mãe do Belo Amor e da unidade; aprofundamos a Igreja como comunhão no amor; o Espírito Santo como o Amor personificado.
Estas palavras e realidades do Evangelho, que nos tinham envolvido de modo especial, começaram a dispor-se como linhas de uma nova espiritualidade centralizada no amor e na unidade: a espiritualidade da unidade que cria um novo estilo de vida. Com uma característica peculiar: ela não é vivida só pelos indivíduos isoladamente, mas numa forma comunitária”.
O que mudou na sua vida e na de todos os que a seguiram?
Chiara: “Através dessa espiritualidade, homens e mulheres de todo o mundo estão hoje tentando ser, lenta mas decididamente, ao menos lá onde se encontram, sementes de um povo novo, de um mundo mais solidário, principalmente com os mais abandonados, os mais pobres: sementes de um mundo mais unido.
Com ela é possível dar uma contribuição em toda parte, para sustentar com um suplemento de alma e de amor os esforços que já se verificam nessa direção.
O mundo de hoje exige uma espiritualidade?
Homens, mulheres, jovens, hoje carregam no íntimo uma grande exigência de espiritualidade. Têm sede de uma mística – como repete Papa Francisco – “na qual o movimento para o interior de si mesmo corresponda a caminhar para fora de si”.
Chiara, já anos atrás, percebeu qual é a grande atração dos tempos modernos: “atingir a mais alta contemplação e manter-se misturado entre todos, ombro a ombro”.
Santo João Paulo II, olhando rumo ao Novo Milênio, afirmou que “precisa promover uma espiritualidade da comunhão” e a definia como “o grande desafio que nos espera no início deste terceiro milênio, para ser fiel ao desígnio de Deus e corresponder às expectativas mais profundas do mundo” (cf. n. 43).
Esta espiritualidade comunitária está necessariamente ligada a uma Igreja?
Chiara: Não, é universal e pode ser vivida por muitos. Por ela, com efeito, abriram-se fecundos diálogos com todos os homens, com cristãos de muitas Igrejas, com fiéis de diversas religiões e com pessoas das mais variadas culturas, as quais encontram enfatizados nela os valores em que acreditam. Juntos nos encaminhamos para aquela plenitude da verdade que é a nossa meta.
Focolares no Brasil
O Brasil foi o primeiro país, depois das nações europeias, a acolher a mensagem de unidade e fraternidade do Movimento dos Focolares, num tempo em que a desigualdade social era ainda maior do que hoje e na sociedade fervia a urgência de uma radical mudança social.
A novidade inovadora do Evangelho, testemunhada com a vida das pessoas que vieram da Itália ao Brasil, encontrou no abraço brasileiro um terreno fecundo para disseminar a transformação que leva a fraternidade e o amor sem medidas, inclusive entre os mais necessitados.
Brasil: o berço da Economia de Comunhão
Foi aqui que, em 1991, Chiara Lubich, tocada pelos graves problema sociais, lançou as bases de uma verdadeira revolução no âmbito econômico com a Economia de Comunhão (EdC), projeto conhecido atualmente no mundo inteiro. E foi aqui, perto de São Paulo, que nasceu o primeiro “laboratório” da EdC: o Pólo empresarial Spartaco.
Mas a vida dos Focolares no Brasil não se desenvolveu apenas no campo da economia. Os seus reflexos encontram-se em vários campos no tecido social: educação, saúde, arte, psicologia. Não falta uma incidência no campo cultural. Um exemplo é o grupo de pesquisa sobre “Direito e Fraternidade”, ativo desde 2009 no Centro de Ciências Jurídicas da Universidade Federal de Santa Catarina. Há uma atuação também na política, com o Movimento Político pela Unidade que faz da fraternidade a lei fundamental do empenho público de modo que seja um autêntico serviço ao bem comum.
São várias as atividades do Movimento, em todos os estados, imersos nas problemáticas mais urgentes: a escola de formação política Civitas, em João Pessoa; as ações de solidariedade dos Jovens por um Mundo Unido; as olimpíadas para adolescentes; os encontros para as famílias. Muitos são os fatos concretos, vividos em família, nos quais o Evangelho se mostra como remédio para transformar as muitas situações de luta e desilusões, as consequências dolorosas de separações e divórcios, a abertura às adoções, ao diálogo entre as gerações, com outras famílias e às necessidades da sociedade. Afrodescendentes, ainda quotidianamente feridos pelos preconceitos raciais, são sanados pela acolhida e valorização nas comunidades do Movimento. Onde as antigas civilizações de índios reclamam os seus direitos, há uma comunidade do Movimento que não fica indiferente e se faz aliada com a força do Evangelho.
Partem os navios…
Mas de onde nasceu esta vida? Voltemos brevemente o olhar ao passado. O primeiro brasileiro a ter contato com o ideal da unidade do Movimento dos Focolares foi o Pe. João Batista Zattera, em 1956, na Itália onde encontrou “a pérola” que estava procurando: “uma comunidade que, como nas primeiras, todos eram um só coração e uma só alma”.
Dois anos depois (1958), chegam, em Recife, três focolarinos vindos da Itália: Marco Tecilla, Lia Brunet e Ada Ungaro. Eles logo comunicam a sua experiência em escolas, universidades, paróquias, associações, hospitais, famílias. E foi assim que esta terra quente e fértil abrigou a primeira comunidade local brasileira.
No ano de 1959, Chiara Lubich recebeu uma carta entusiástica do arcebispo de Recife, Dom Antônio de Almeida Morais Junior, pedindo a abertura de centros do Movimento na sua cidade, os primeiros fora da Europa. No mesmo ano partem para Recife quatro focolarinas (Ginetta Calliari, Fiore Ungaro, Marisa Cerini e Violetta Sartori) e quatro focolarinos (Marco Tecilla, Enzo Morandi, Rino Chiapperin e Gianni Buselato).
Rapidamente o Movimento se espalha pelos estados do Nordeste e sucessivamente por todo o país, nas metrópoles e nos vilarejos, entre jovens e adultos, brancos e negros, ricos e pobres. A fraternidade leva à comunhão dos bens, a força do amor evangélico vence ódio, vinganças, violências.
Em 1962 abre-se um centro em São Paulo. Nascem a Editora Cidade Nova e a revista Cidade Nova, instrumentos midiáticos para olhar o cotidiano sob a perspectiva da fraternidade.
Surgem muitas obras sociais como efeito de uma vida enraizada no Evangelho, como testemunham as experiências da Ilha de Santa Teresinha e Magnificat, no Nordeste; e do Bairro do Carmo, do Jardim Margarida e da Pedreira em São Paulo.
Aqui no Brasil floresceram também obras e iniciativas sociais que não fazem parte do Movimento, mas são inspiradas no seu carisma, como a “Missão Belém” que recolhe os “sem abrigo”, vítimas da droga e da prostituição; em Fortaleza, o CEU, Condomínio espiritual onde convivem 22 comunidades; e ainda a Fazenda da Esperança, a Casa do Menor, a Associação Rainha da Paz.
Surgem as Mariápolis Permanentes
Hoje existem centros em quase todas as 27 capitais dos estados e em muitas outras cidades. Em 1965, nos arredores de Recife, nasce o primeiro centro para a formação espiritual e social dos membros dos Focolares, onde se desenvolve uma Mariápolis permanente, pequena cidade de testemunho do Movimento, com o nome de Santa Maria.
Dois anos depois surge em São Paulo a Mariápolis Ginetta, para recordar uma das primeiras focolarinas, que teve uma função proeminente na difusão e no crescimento do Movimento no Brasil. Em seguida a de Belém, a Mariapolis Glória, e em Porto Alegre, o Centro Mariápolis Arnold, com um timbre ecumênico; e ainda o de Brasília, dedicado a Maria, Mãe da Luz.
Chiara Lubich sempre demonstrou um grande amor pelo Brasil e o seu povo. Em 1998, em sua última visita, um dos pais do Brasil democrático, o prof. Franco Montoro, dirigindo-se a ela durante um discurso proferido na Universidade de São Paulo (USP), reconheceu no pensamento e na obra do Movimento, não apenas no Brasil, um testemunho coerente que arrastou milhares de pessoas. Salvou os direitos do homem no tempo das ditaduras e, no boom da ciência, demonstrou qual tática deve guiar-nos. Promoveu o amor, a fraternidade universal.
Em março de 2014, o Brasil recebeu a visita de Maria Voce – Emmaus – atual presidente do Movimento dos Focolares. Emmaus esteve no Nordeste, Norte e Sudeste do Brasil, onde se encontrou com as comunidades, conheceu obras sociais e inaugurou a cátedra Chiara Lubich, na Universidade Católica do Recife.
Liderança coletiva
O Estatuto do Movimento dos Focolares prevê que ele seja sempre presidido por uma mulher, a fim de sublinhar o seu perfil mariano e a sua conotação predominantemente leiga e, deste modo “conservar o desígnio que Deus teve sobre ele, por ter confiado seu início e desenvolvimento a uma mulher”.
A atual presidente do Movimento dos Focolares é Margaret Karram, eleita Presidente do Movimento dos Focolares pela Assembleia Geral em 31 de Janeiro de 2021, a segunda focolarina a suceder à fundadora.
Margaret Karram
Margarete Karram foi eleita Presidente do Movimento dos Focolares pela Assembleia geral de 2021; é a terceira Presidente depois da fundadora Chiara Lubich e depois de Maria Voce eleita por dois mandatos.
Nasceu em Haifa, em Israel, em 1962, numa família católica palestiniana. Os valores e princípios cristãos, aprendidos desde criança, determinaram na sua formação uma forte abertura ao próximo, para além de cada religião e cultura. Frequentou a escola católica juntos das Irmãs Carmelitas em Haifa, onde, além de aprender árabe e hebraico, estudou o inglês e italiano.
Uma bagagem de conhecimentos, de experiências, mas também de sofrimento vivido que fizeram nascer no seu coração, desde adolescente, um forte desejo de agir para mudar a sociedade e o mundo ao redor. Aos quatorze anos encontra a espiritualidade dos Focolares que acolhe como uma resposta de Deus: compreende toda a força de viver as palavras do
Evangelho, momento por momento e em cada circunstância, consciente da potência de uma revolução gerada pelo amor verdadeiro, desinteressado e sem medidas.
Começa assim o seu empenho no diálogo entre cristãos, judeus, muçulmanos, israelenses e palestinos que a conduz por um período aos Estados Unidos onde estuda Hebraísmo na Universidade Judaica Americana.
Volta à pátria, torna-se corresponsável da comunidade dos Focolares na Terra Santa. Trabalha durante 14 anos no Consulado geral da Itália em Jerusalém. Colabora também em várias comissões e organizações para a promoção do diálogo entre as três religiões monoteístas, como na Comissão Episcopal para o diálogo inter-religioso, na Assembleia dos Católicos Ordinários da Terra Santa e a organização ICCI (Interreligious Coordinating Council em Israel).
Em 2013 recebeu o Mount Zion Award, prêmio para a reconciliação, junto com a estudiosa e pesquisadora judia Yisca Harani, pelo empenho no desenvolvimento do diálogo entre cultura e religiões diferentes.
Em 2014, no dia de Pentecoste, foi convidada a representar o Movimento dos Focolares na Invocação para a Paz nos Jardins Vaticanos, junto com o papa Francisco, o então Presidente do Estado israelense Shimon Peres e do Estado palestino Mahmūd Abbās.
Sempre no mesmo ano, pela Assembleia geral dos Focolares é eleita conselheira geral. No sucessivo sexênio (2014-2020) é conselheira para a Itália e Albânia e corresponsável do Centro do Movimento dos Focolares para o diálogo entre Movimentos eclesiais e novas
Comunidades católicas. Em 2016 recebeu o Prêmio internacional S. Rita, sob indicação por ter favorecido o diálogo entre cristãos, hebreus, muçulmanos, israelenses e palestinos, partindo da quotidianidade da vida vivida.
Jesús Moran Cepedano
Jesús Morán Cepedano foi eleito Copresidente do Movimento dos Focolares no dia 13 de setembro de 2014 pela Assembleia geral e reeleito para um segundo mandato a 1 de Fevereiro de 2021.
Nasceu no dia 25 de dezembro de 1957 em Navalperal de Pinares, Ávila (Espanha) e é de uma família de comerciantes que logo se mudou para Cercedilla, na Serra de Madrid.
Ao iniciar os estudos na universidade, encontra a mensagem do Evangelho proposta pelo Movimento dos Focolares por meio do testemunho de alguns contemporâneos. Realiza-se na novidade e na exigência revolucionária que a vida do Evangelho comporta. Decide doar-se a Deus na comunidade dos focolares em 1977. Depois de um período de formação, de 1979 a 1981 na cidadela de Loppiano (Itália), atravessa o oceano em direção à América Latina. De 1996 a 2004 foi delegado do Movimento no Chile e Bolívia. Lá foi ordenado sacerdote, no dia 21 de dezembro de 2002. De 2004 a 2008, foi corresponsável do Movimento no México e em Cuba.
Na Assembleia geral dos Focolares de 2008 foi eleito conselheiro geral e encarregado do aspecto da formação cultural dos membros do Movimento. É membro da “Escola Abba”, centro interdisciplinar de estudo dos Focolares, por sua competência em antropologia teológica e teologia moral.
É formado em filosofia pela Universidade Autônoma de Madrid e licenciado em teologia dogmática pela Pontifícia Universidade Católica de Santiago, Chile. Atualmente, está concluindo o doutorado em teologia na Pontifícia Universidade Lateranense, Roma. Publicou vários artigos sobre temas de antropologia filosófica e teológica.
Fonte: Focolares
"A oração pascal de Jesus por nós" foi o tema da catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira (16/06), realizada no Pátio São Dâmaso.
"A oração é uma das caraterísticas mais marcantes da vida de Jesus. Jesus rezava, e rezava muito. No decurso da sua missão, Jesus imergiu-se na oração, pois o diálogo com o Pai era o núcleo incandescente de toda a sua existência", sublinhou Francisco, ressaltando que "os Evangelhos testemunham que a oração de Jesus se tornou ainda mais intensa e densa na hora da sua paixão e morte".
Uma salvação total, messiânica
De fato, estes acontecimentos culminantes constituem o âmago da pregação cristã, o kerygma: as últimas horas vividas por Jesus em Jerusalém são o coração do Evangelho não só porque os Evangelistas dedicam um espaço proporcionalmente maior para esta narração, mas também porque o acontecimento da sua morte e ressurreição – como um relâmpago – lança luz sobre todo o resto da vicissitude de Jesus. Não era um filantropo que cuidava do sofrimento e das doenças humanas. Ele foi isso e muito mais. Nele não há apenas bondade: há salvação, e não uma salvação episódica – a que me salva de uma doença ou de um momento de desânimo – mas uma salvação total, messiânica, que dá esperança na vitória definitiva da vida sobre a morte.
Nos dias da sua última Páscoa encontramos Jesus totalmente imerso na oração. "Ele reza de forma dramática no Jardim do Getsémani, acometido por uma angústia mortal. No entanto, naquele exato momento Jesus dirige-se a Deus, chamando-lhe “Abbá”, Pai. Esta palavra aramaica, o idioma de Jesus, expressa intimidade e confiança. Quando sente as trevas que se adensam à sua volta, Jesus as atravessa com aquela pequena palavra: Abbá! Pai", frisou o Papa.
Tudo é oração nas três horas da Cruz
"Jesus reza também na cruz, envolto no silêncio obscuro de Deus. Contudo, nos seus lábios, mais uma vez, aflora a palavra “Pai”. É a oração mais audaz, porque na cruz Jesus é o intercessor absoluto: reza pelos outros, por todos, até por aqueles que o condenam, sem que ninguém, exceto um pobre malfeitor, se declare a seu favor. Todos estavam contra ele, ou indiferentes, somente o malfeitor reconhece o poder. «Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem»." A seguir, Francisco acrescentou:
No meio do drama, na dor atroz da alma e do corpo, Jesus reza com as palavras dos salmos; com os pobres do mundo, especialmente os esquecidos por todos, ele pronuncia as trágicas palavras do salmo 22: «Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?». Ele sentia o abandono e rezava. Na Cruz realiza-se o dom do Pai, que oferece o amor, ou seja, se realiza a nossa salvação. Tudo é oração nas três horas da Cruz. Jesus reza nas horas decisivas da Paixão e da morte. Com a ressurreição, o Pai responderá à sua oração. A oração de Jesus é intensa, a oração de Jesus é única, e se torna o modelo da nossa oração.
A oração de Jesus está conosco
O Papa reiterou que Jesus "rezou por mim, por cada um de nós. Cada um de nós pode dizer que Jesus na cruz rezou por mim. Rezou! Jesus pode dizer a cada um de nós que rezou por mim na última ceia e no madeiro da cruz. Até mesmo no mais doloroso do sofrimento não estamos sozinhos, a oração de Jesus está conosco. Que com a sua palavra possamos ir adiante".
Segundo o Pontífice, o aspecto mais bonito a recordar, na conclusão deste ciclo de catequeses dedicado ao tema da oração, é "a graça que não só imploramos, mas que, por assim dizer, fomos “implorados”, já somos acolhidos no diálogo de Jesus com o Pai, na comunhão do Espírito Santo". "Fomos queridos em Cristo Jesus, e também na hora da paixão, morte e ressurreição tudo nos foi oferecido. E assim, com a oração e com a vida, devemos ter coragem, esperança e com esta coragem e esperança sentir forte a oração de Jesus e seguir adiante", concluiu o Papa, concedendo a todos a sua bênção apostólica.
Fonte: Vatican News/Foto: Vatican Media
Nesta segunda-feira, 14 de junho, aconteceu em Luziânia (GO) a reunião dos bispos da Província Eclesiástica de Brasília, composta pela Arquidiocese de Brasília e pelas dioceses sufragâneas: Luziânia, Formosa, Uruaçu e o Ordinariado Militar do Brasil.
Uma Província Eclesiástica é formada por um conjunto de dioceses próximas territorialmente, que tem como sede a Arquidiocese Metropolitana, neste caso a Arquidiocese de Brasília. As dioceses da Província Eclesiástica se reúnem frequentemente com o objetivo de favorecer de forma eficaz a dimensão pastoral e a mútua relação entre os bispos.
O Regional Centro-Oeste é formada por duas Províncias Eclesiásticas. A Província Eclesiástica de Goiânia é formada pela Arquidiocese de Goiânia e pelas dioceses de Goiás, Rubiataba-Mozarlândia, São Luís de Montes Belos, Anápolis, Jataí, Itumbiara e Ipameri.
Desde o dia 25 de novembro de 2020, a Diocese de São Luís de Montes Belos vive o Ano Santo Jubilar em preparação para os 60 anos de missão, que é celebrado neste ano de 2021. Em razão desse importante acontecimento histórico, a Santa Missa de abertura foi celebrada por Dom Washington Cruz, arcebispo de Goiânia e 2º bispo diocesano (1987-2002). Foi ainda concelebrada por Dom Carmelo Scampa, bispo emérito da diocese, e Dom Lindomar Rocha, bispo diocesano.
Para marcar as celebrações deste Ano Jubilar, todas as paróquias da diocese estão recebendo a visita da imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida. A peregrinação tem como objetivo consagrar a diocese à Nossa Senhora, especialmente neste tempo de pandemia.
Segundo Dom Lindomar, "foi de maneira simples que essa peregrinação foi preparada, mas voltada para a fé e devoção do nosso povo a Maria Santíssima". Além disso, acrescenta o bispo, “também queremos motivar para a construção do Santuário Diocesano de Nossa Senhora Aparecida, em Bom Jardim de Goiás”, que já tem a parte principal construída.
A imagem já visitou as Foranias São Luís Gonzaga e São Sebastião. Atualmente, peregrina pelas paróquias da Forania São Paulo da Cruz e, posteriormente, pela Forania Nossa Senhora Aparecida. Em todas as paróquias, ela permanece por uma semana visitando as famílias (onde é possível) e reunindo os fiéis para momentos devocionais.
Criada a 41ª Paróquia da diocese
A Diocese de São Luís de Montes Belos celebrou no dia 5 de junho, a criação de sua nova paróquia: Nossa Senhora da Imaculada Conceição, em Iporá. Esta é a 41ª paróquia da diocese.
A Solene Celebração Eucarística foi presidida por Dom Lindomar Rocha, bispo diocesano, e concelebrada pelos padres Pablo Henrique, vigário forâneo e pároco da Paróquia São Paulo VI, Célio Amaro e Thiago, pároco e vigário da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora (respectivamente) e Egnaldo, vigário paroquial de Montes Claros e Diorama.
Segundo Dom Lindomar, “a alegria é grande, pois, não é uma paróquia nova somente para a cidade, mas para toda a diocese. Esta nova paróquia será para melhor servir os irmãos e irmãs.” Ainda, de acordo com o bispo, “a partir de agora, canonicamente, a paróquia está criada, mas existem alguns passos jurídicos a serem feitos. Contudo, o que faz uma comunidade ser paróquia, é a fé das pessoas e isso aqui já existia.”
O decreto de criação foi lido, após o Evangelho, pelo padre Célio Amaro, CP. Já no final da Santa Missa, o padre Pablo Henrique leu a ata de criação e fez os agradecimentos. Até o momento, ele era o pároco da comunidade e continuará como administrador da nova paróquia até o mês de agosto, quando será empossado o primeiro pároco, padre José Moreira.
A nova paróquia foi desmembrada das Paróquias Nossa Senhora Auxiliadora (confiada aos padres Passionistas) e São Paulo VI (criada em 2018). Farão parte da nova paróquia, as comunidades Nossa Senhora das Graças, Santa Gema, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora Mãe da Igreja, Nossa Senhora Aparecida e São Paulo da Cruz.
Fonte: Pascom da Diocese de São Luís de Montes Belos
O Pontífice inicia a mensagem de vídeo, fazendo a seguinte pergunta:
Será verdade o que alguns dizem, que os jovens não querem se casar, especialmente nestes tempos tão difíceis? Casar e partilhar a vida é algo maravilhoso.
Esse questionamento ecoa as dificuldades e complicações que muitas famílias e casamentos tiveram durante a pandemia. A taxa de casamentos, segundo alguns dados, vem diminuindo notavelmente desde 1972, a ponto de, em países como os Estados Unidos, atingir os pontos mais baixos da história. Além disso, em muitos países, a queda nas taxas de casamento foi acompanhada por um aumento na idade em que se casa. A média na Suécia, por exemplo, se aproxima agora aos 34 anos. Em termos de famílias, não se observa apenas que a proporção de filhos nascidos fora do casamento aumentou consideravelmente em quase todos os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas que se multiplicou o número de divórcios, que em alguns países chegam a mais da metade dos casamentos.
O confinamento, em muitos casos, gerou tensões e conflitos familiares e tornou a vida em comum uma tarefa mais árdua do que o normal. Porém, a mensagem do Papa encoraja a continuar:
É uma viagem trabalhosa, por vezes difícil, chegando mesmo a ser conflituosa, mas vale a pena animar-se. E nesta viagem de toda a vida, a esposa e o esposo não estão sozinhos; Jesus acompanha-os. O casamento não é apenas um ato "social"; é uma vocação que nasce do coração, é uma decisão consciente para toda a vida, que exige uma preparação específica.
"Por favor, nunca se esqueçam disto. Deus tem um sonho para nós, o amor, e pede-nos que o tornemos nosso. Façamos nosso o amor que é o sonho de Deus", diz ainda o Papa na mensagem de vídeo, convidando a rezar "pelos jovens que se preparam para o matrimônio com o apoio de uma comunidade cristã, para que cresçam no amor, com generosidade, fidelidade e paciência". "Porque para amar é preciso muita paciência. Mas vale a pena, não é mesmo?", conclui Francisco.
Ano especial dedicado à família
A videomensagem do Papa sobre o matrimônio chega num momento oportuno. Na festa da Sagrada Família de 2020, o Papa Francisco convocou um Ano especial dedicado à família que começou em 19 de março de 2021 com o seguinte lema: “Amor em família: vocação e caminho de santidade”. Essa convocatória coincide com o quinto aniversário da Exortação apostólica Amoris Laetitia e com o terceiro aniversário da Exortação apostólica Gaudete et Exsultate, dando destaque à vocação ao amor que cada pessoa tem dentro de sua casa. Além disso, acompanha outro acontecimento importante: o Ano de São José, que se estenderá até 8 de dezembro de 2021.
Foto: Vatican Media
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