Quarta, 16 Junho 2021 15:56

A parábola do Reino

Não são poucos os que se questionam como seja possível que algo de bom e belo floresça no meio de tanta escuridão e maldade?

Não são poucos os que acham que estão no tempo errado e que não pertencem ou não querem pertencer a este lugar, pois, até onde os olhos enxergam, veem, tão somente, tristeza e dor! Neste mundo, portanto, com o que iremos comparar o Reino de Deus?

Muitos acreditam que é preciso um grande poder para combater toda esta escuridão!

Eu não acredito que o Evangelho nos dê autoridade para proceder assim. O Reino de Deus não começa com grandes coisas, o Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra (Mc 4,31).

Ele começa com as coisas pequenas e simples. Com o esforço quotidiano do trabalho comum daqueles que não cedem à tentação do mal, para começar. Começa pela fé dos pequenos e a esperança dos tolos, e cresce mais do que todas as hortaliças.

A fé dos pequenos e a esperança dos tolos são semeadas na terra sem que ninguém saiba como ela vai germinar, pois o Reino de Deus é como quando alguém que espalha a semente na terra. Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece (Mc 4,26-27).

Por onde quer que analisemos, grandeza e poder não são respostas promissoras para o enfrentamento do mal e dos desafios da humanidade.

A grandeza de Deus é se tornar pequeno no meio de nós. Tão pequeno que foi possível tocá-lo. Fazer-se pequeno é a estonteante declaração de amor que Deus nos faz! Seria contraditório, portanto, que o seu Reino fosse sustentado no poder e na força da grandeza.

A pequenez inquebrantável de muitos pequenos é a semente do Reino jogada pelos cantos deste arado que é o mundo, onde urtigas e ervas daninhas parecem ter tomado conta. Mas elas não vencerão! Ainda que poucas, as sementes do bem sempre terão preferência em relação ao mal, pois ninguém prefere um grande feixe de urtigas a um punhado de trigo.

O Reino de Deus pode ainda não ter se alastrado pelo campo e sufocado o mal, mas o trabalho diário dos pequenos ilumina e demarca o campo onde se combate pelo coração e a alma deste mundo.

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO)

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