Tu és Pedro, e eu te darei as chaves do Reino dos céus.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-20
“Como um jovem conservará puro o seu caminho”? Para esta pergunta inquietante o próprio Salmo traz a resposta dizendo que é observando a palavra (Cf. Sl 119,9). O questionamento deste Salmo nos faz pensar no projeto que cada um deve ter para sua vida, pois é sabido que a vida é um caminho a ser percorrido e precisa de sinalização neste caminho para se atingir a meta.
Pensemos na comparação da vida com uma semente. A semente por menor que seja se colocada na terra, encontrar as condições para germinar e crescer vai se transformar numa planta que produzirá frutos. Quando a planta estiver grande poderá alguém, olhando para ela, dizer que no início era apenas uma semente, mas que ela chegou no ponto em que se encontra porque houve projeto a seu respeito, foi cultivada e, por isso ela atingiu a meta. A vida se assemelha a essa realidade da semente. Dentro de cada pessoa está o futuro em potência, mas é preciso colaborar para o seu desenvolvimento. À frente de cada um se abre um caminho, mas é preciso encontrar a melhor forma de trilhá-lo.
O cristão é alguém que deve olhar para a frente se perguntando como está? Como deseja estar? Onde quer chegar? Para a concretização dos objetivos que essas perguntas suscitam se faz necessário ter um projeto de vida pessoal. Todas as pessoas podem e devem alimentar os seus sonhos, especialmente se forem iluminados por Deus. Para se fazer um projeto de vida pessoal é importante buscar a intimidade com Deus na oração, na escuta e meditação da sua palavra e formar e consciência de acordo com os critérios de Jesus, apresentados na sua boa nova.
Eis alguns elementos que podem ajudar na construção de um Projeto de Vida para que cada um chegue lá onde Deus quer que se chegue. As metas podem ser escolhidas nos níveis apresentados abaixo. Em cada um deles escolhe-se as palavras que mais precisam ser observadas para o crescimento pessoal e assim a meta vai sendo planejada. Veja, medite e escolha as palavras que vão indicar o seu itinerário de vida.
Nível Pessoal: Saúde, corpo, sexualidade, lazer, vocação, liberdade, autoestima, virtudes, responsabilidade e consumismo.
Nível Comunitário: amigos, família, comunidade, grupo, convivência, diálogo, namoro, perdão, unidade, equipe e fraternidade.
Nível Espiritual: fé, oração, missa dominical, confissão, crisma, devoção mariana, leituras espirituais, retiros, leitura orante da Bíblia.
Nível Pastoral: Igreja, Pastorais, Movimentos, Grupos, participação, corresponsabilidade, discípulo missionário, liturgia e ecumenismo.
Nível Missionário: Sociedade, política, ecologia, missão, voluntariado, redes sociais, caridade, cidadania, justiça e paz, profissão e solidariedade.
Nível Intelectual: estudos, cursos, cultura, diálogo razão-fé-ciência, estudo bíblico, juízo crítico, leitura de documentos da Igreja, redes sociais, desenvolvimento de habilidades e arte.
Quando se tem um Projeto de vida elaborado se pode olhar para o futuro esperançoso e dizer com esperança que se está caminhando para a meta. Deus acompanha amorosamente essa trajetória de amadurecimento de seus filhos e filhas. O que não se pode é viver sem esperança, sem metas e sem objetivos. A vida é curta demais para se vivê-la de qualquer jeito. O tempo da vida é o tempo de descobrir e começar a andar no caminho da eternidade.
Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo da Diocese de Uruaçu – GO
Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB
O ano da Vida Consagrada é também para que todo o povo de Deus reze ao Senhor pela Vida Contemplativa, uma vocação tão especial e necessária, despertando o interesse pelas vocações à vida consagrada contemplativa. “Só Deus basta”. Este verso do conhecido poema teresiano é como uma composição sapiencial, ao estilo dos salmos. É o resumo essencial das pessoas contemplativas. Enquanto peregrinamos neste mundo entre luzes e sombras, as pessoas contemplativas nos recordam que também hoje Deus é o único necessário, que há de se buscar primeiro o Reino de Deus, que a vida nova no Espírito prenuncia a consumação dos bens invisíveis e futuros.
Transcrevo uma passagem da carta do Papa Francisco ao Sr. Bispo de Ávila, tendo como motivo a celebração do Ano Jubilar Teresiano (15.x.2014) que se refere ao caminho da oração:. “Quando os tempos são “duros”, “são necessários amigos fortes de Deus” para sustentar os mais frágeis (Vida, 15, 5). Rezar não é um modo de fugir, nem de se colocar dentro de uma bolha, e nem sequer de se isolar, mas de progredir numa amizade que quanto mais cresce, tanto mais põe em contato com o Senhor, “amigo autêntico” e fiel “companheiro” de viagem, com o qual “tudo pode ser suportado”, porque Ele sempre «nos infunde ajuda e coragem, e nunca nos abandona” (Vida, 22, 6).
Para rezar, “o essencial não é pensar muito, mas amar muito” (Moradas, IV, 1, 7), dirigir o olhar para fitar Aquele olha constantemente para nós com amor e nos suporta com paciência (cf. Caminho, 26, 3-4). Deus pode atrair as almas a Si através de muitas veredas, mas a oração é o “caminho seguro” (Caminho, 21, 5). Deixá-la significa perder-se (cf. Vida, 19, 6). Estes conselhos da santa são de atualidade perene! Por conseguinte, vivei, ao longo do caminho da oração, com determinação e sem parar, até ao fim! Isto é válido de maneira particular para todos os membros da vida consagrada. Numa cultura do provisório, vivei a fidelidade do “sempre, sempre, sempre” (Vida, 1, 4); num mundo sem esperança, mostrai a fecundidade de um “coração apaixonado” (Poesia 5); e numa sociedade com tantos ídolos, sede testemunhas de que “só Deus basta!” (Poesia 9).
Vivamos com alegria neste ano de graça a jornada da vida consagrada pelos/as contemplativos (21/11) e demos graça a Deus pelo dom da vida consagrada contemplativa, que tanto enaltece o Rosto de Cristo, que resplandece em sua Igreja.
Visitem as Casas de Vida Contemplativa em nosso Regional. Para quem se interessar os endereços são os seguintes:
Carmelo da Santíssima Trindade e da Imaculada Conceição. Rua Gabriel Alves de Carvalho, nº875 – 75380 - Trindade – GO. E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Dom Washington Cruz, CP
Arcebispo de Goiânia
A Diocese de São Luís de Montes Belos está se preparando para a 12ª Romaria Diocesana que acontecerá no dia 29 de agosto, em São Luís. Já é costume e não é difícil congregar as pessoas para o encontro.
A finalidade geral do evento é redescobrir o espirito de pertença à Igreja Particular, “a diocesaneidade”. Somos 37 paróquias, mas juntos formamos uma Igreja só, com os mesmos objetivos, caminho e plano de pastoral, embora vividos e realizados de forma diferentes nas comunidades. A diocesaneidade exige muito espírito de comunhão e partilha, de abertura e de solidariedade. Algo de bonito está acontecendo nestes anos e vale a pena investir e continuar a insistir nessa direção.
A finalidade específica do evento este ano é o Envio dos Missionários para a realização da Missão Continental.
Anos atrás a diocese se viu comprometida nas Santas Missões Populares e a experiência foi positiva, embora não houve continuidade na vivência missionária no dia a dia. Muitos se equivocaram e acabaram o ardor missionário junto com a Semana Missionária. Foi um evento bonito, mas apenas um evento.
Com a Missão Continental indicada pelo Documento de Aparecida e pela CNBB, pretendemos de fato tornar o "ide e fazei discípulos meus todos os povos" algo de permanente e que perpasse a vida pastoral. Não será fácil, mas vamos tentar.
Oficialmente, o projeto foi lançado no ano passado com a Carta Pastoral “Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. Já houve momentos e trabalhos comunitários nas cinco Regiões e nas paróquias, sobretudo com o Documento da CNBB que as paróquias sejam rede de comunidades. Chegou o momento do envio que exige agora uma intensa formação dos missionários.
Para ser sincero, a realização das Santas Missões Populares encontrou mais aceitação por parte das paróquias. Já a Missão Continental custa mais a encontrar o entusiasmo necessário para que a Palavra corra e seja glorificada. Mas não desanimamos e continuamos a estimular os Agentes de Pastoral para que o que o Mestre pede possa se concretizar. A missão não é uma opção da Igreja, não é uma iniciativa de alguém, é um imperativo categórico de Cristo que constantemente nos envia: “Ide e dizei o que eu vos disse...”.
Se a Diocese perder o espírito da missão e investir todas suas energias na “pastoral da manutenção” do que já tem e faz, acaba traindo sua própria identidade e fica sempre claro que “quando o sal perde o sabor, não serve mais para nada a não ser jogado fora e pisado pelos homens”.
Dom Carmelo Scampa
Bispo de São Luís de Montes Belos
No próximo dia 30 de janeiro, às 19h, acontecerá na Catedral Nossa Senhora Aparecida, de Cascavel (PR), sob a imposição das mãos do arcebispo emérito dessa arquidiocese, Dom Lúcio Ignácio Baumgaertner, a ordenação episcopal do novo bispo da Diocese de Jataí (GO), monsenhor Nélio Domingos Zortea, 52 anos, que foi nomeado no dia 18 de novembro, pelo papa Francisco. Natural de Iraí (RS) e pertencente ao clero da Arquidiocese de Cascavel (PR), o monsenhor, que é formado em Filosofia, Teologia e tem especialização livre em Psicopedagogia para formadores, acumula diversas funções nos seus 20 anos de sacerdócio.
Nos últimos dez anos foi pároco da Catedral de Cascavel. Foi também formador de ministros da sagrada comunhão eucarística, reitor do Seminário São José durante oito anos, coordenador arquidiocesano da Pastoral Carcerária, juiz auditor da Câmara Eclesiástica, vigário geral da arquidiocese, membro do Conselho de Consultores e de Presbíteros, decano por duas vezes, diretor da instituição mantenedora do Centro Interdiocesano de Teologia de Cascavel por quatro anos, coordenador da Pastoral Presbiteral e presidente da Associação de Presbíteros Seculares da arquidiocese.
Ao receber a notícia da nomeação para a Diocese de Jataí, que está vacante desde 28 de maio de 2014, monsenhor Nélio disse ter ficado surpreso. Depois de pensar por um dia sobre o chamado para a nova missão, respondeu seu sim à Igreja. “O núncio apostólico Dom Giovanni d’Aniello disse que o papa espera um bispo generoso e disponível para essa missão, por isso respondi meu sim”, declarou o bispo eleito em entrevista ao site do Regional Centro-Oeste da CNBB. Ele, no entanto, não esconde sua preocupação com o trabalho que requer responsabilidade. “Depois da surpresa veio a preocupação porque como padre sei um pouco como são as dificuldades para se coordenar uma diocese, seja pastoral e administrativamente, com o presbitério e o povo de Deus, mas vou conhecer e viver aquilo que a Igreja pede, sobretudo, o que a Palavra de Deus propõe para nós a partir da pessoa de Jesus Cristo e viver a missão que é me confiada”, declarou.
Questionado sobre como percebe a missão do pastor diocesano, ele disse que “os padres são as pernas e os braços do bispo” e que quando é confiada uma diocese a um bispo, é da mesma forma ao seu presbitério. “A função do bispo é desenvolver a mesma missão de Jesus com seus apóstolos: cuidar dos padres, dos seminaristas, estar presente na vida do Povo de Deus, ser de fato um animador para levar em frente aquilo que a Igreja recebeu de Jesus, procurando viver e transmitir os seus ensinamentos”, explicou.
Sobre as palavras do papa Francisco, que no último Encontro de Novos Bispos, realizado em Roma, em outubro do ano passado, pediu que os bispos estejam em saída – sejam missionários – ele disse que essa é e sempre será a essência da Igreja. “O trabalho da Igreja é por excelência missionário seja ao sair de casa em casa, anunciando a Boa Nova pelos meios de comunicação, animando os presbíteros e religiosos e, por excelência, motivando os leigos para que sejam cristãos no ambiente onde eles estão, bem como as lideranças para que elas sejam convictas quanto à pessoa de Jesus Cristo”. E completou. “A missão da Igreja nunca termina, ela é contínua e sempre crescente porque nós a expandimos cada vez mais”.
Ministério
O ministério do monsenhor Nélio terá início no dia 13 de fevereiro, quando será acolhido na catedral de Jataí, às 9h30 da manhã. Os primeiros passos como bispo se dará de forma prudente, conhecendo a região e o povo para depois “levar em frente as propostas da Igreja, que não é outra coisa senão a mensagem da salvação, o Evangelho de Jesus”. Disse ainda que o povo pode esperar do novo bispo, “um padre simples, dedicado ao serviço dentro das limitações humanas que possui, mas amigo, companheiro e dedicado ao serviço que lhe é confiado”.
A vida se desenvolve na dinâmica da acolhida e da despedida. Quando nasce uma criança ela é acolhida por aqueles que a esperam. Ela entra no convívio da família e recebe o amor das pessoas. Essa acolhida vai se estendendo na Igreja através do Batismo; na vizinhança através das relações sociais; na escola, na sociedade e em seus mais variados níveis. Enquanto vai se dando essa acolhida, também acontecem despedidas. Filhos deixam os pais para estudar, trabalhar, ou viver uma vocação específica no matrimônio, na vida consagrada, ou no sacerdócio. Acolhida e despedida é uma dinâmica constante para quem vive. Quem participa de despedidas, para não sofrer muito, precisa dar liberdade para a pessoa partir e se alegrar com o seu futuro.
A morte é uma despedida. Nela, temos que nos despedir da pessoa que amamos. Temos que deixá-la partir para um encontro definitivo com Deus. É preciso olhar para o futuro e não querer aprisionar a pessoa no passado, ou nas boas experiências que se viveu.
Não há para a pessoa humana maior certeza de que um dia a morte chegará para ela. Quem está vivo pode ser surpreendido a qualquer momento pela notícia do falecimento de uma pessoa amada. As notícias modificam os nossos sentimentos. A notícia da morte nos causa um espanto. Em geral, o sofrimento dos enlutados é sempre muito grande.
Pensando em ajudar as pessoas a atravessarem esses delicados momentos, escrevi um livro sobre o tema: “Superar a dor do luto”, o livro foi publicado pelas Paulinas e está à disposição das pessoas interessadas, no Brasil e também em Portugal. São trinta meditações concluídas com a dinâmica da leitura orante da Bíblia. É um livro para ser meditado e rezado.
Não se pode negar a dor. Ela é sinal de vida. Somente os vivos sentem dor. Não se pode negar a morte e a dor do luto. Existem pessoas que no dia da morte de um parente próximo se comportam como se não tivesse acontecido nada. Ficam como se estivessem anestesiadas. É preciso viver a perda. É preciso chorar, ou se emocionar. É preciso viver o momento das lágrimas. Quem não faz isso acaba retardando os sentimentos que vão se manifestar posteriormente como uma dor, mais grave, causada por um ferimento que se infeccionou.
Não dá para passar pelo luto sem sofrer, sem a dor, mas é possível iluminar essa travessia com a fé. É preciso nestas horas procurar avistar longe, olhar para o futuro que Deus reserva aos seus filhos.
Deus como pai, todos os dias assiste a morte de milhares de seus filhos, mas ele não sofre, pois para Ele a morte não é o fim. A morte é uma oportunidade para renovar nossa fé na vida eterna. Numa família quando algum membro recebe um prêmio todos se alegram. Na morte somos chamados a acolher a prêmio da vida plena oferecida por Deus. Olhando nessa dimensão se pode dizer que os enlutados precisam contemplar a alegria da salvação dada aos que partem rumo ao encontro com Cristo na eternidade.
Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo da Diocese de Uruaçu – GO
Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB
Neste mundo agitado e inquieto e nesta Igreja também sonolenta, redescobrir o verdadeiro rosto de Deus é graça incomparável. Papa Francisco, como bom jesuíta, adquiriu profundamente a dimensão da misericórdia da espiritualidade de Santo Inácio de Loyola e na hora certa a propõe a toda a Igreja.
Deus é bondade, clemência, perdão, misericórdia, confiança, diálogo, amor, paciência, sobretudo ele é Pai e como Pai se sente profundamente envolvido na sorte de cada um de seus filhos. Ele quer que ninguém se perca e tenha vida plena e abundante. Não fica contente com a morte do pecador, mas que se converta e viva. O nome de cada ser humano está escrito na palma de suas mãos, como diz o Profeta Isaías, portanto, cada um está presente ao seu coração de maneira pessoal e profunda.
Deus não se manifesta com "bravatas" na vida de ninguém, também o mais pervertido, com atitudes não corretas, vingativas, acusatórias. Seria suficiente analisar profundamente o comportamento do Pai Misericordioso apresentado por Lucas 15. O filho menor aprontou, abandonou a casa, se envolveu naquilo que não presta, mas o pai quando ainda estava longe o avistou, correu ao seu encontro, o abraçou, o beijou, colocou no seu dedo o anel, lhe restituiu a dignidade perdida com a nova veste, fez festa.
O verdadeiro rosto de Deus é esse; ele é o Pai de todas as misericórdias e de toda consolação, como diz o Apóstolo Paulo. O Ano da Misericórdia quer despertar em toda a Igreja essa grande realidade que o Filho nos revelou. Quer que através da contemplação da misericórdia do Pai a Igreja também se torne misericordiosa, atenta, samaritana diante de tantas pessoas chagadas e esgotadas, diante dos próprios fracassos e diante de inúmeros problemas que as encontram, não poucas vezes, impotentes.
É preciso, portanto, mudar a ideia que temos de Deus. Ele não é policial, juiz, mas Pai, Amor. É claro que isso levanta problemas sérios como a relação entre misericórdia e justiça. Mas não quero entrar no assunto, é suficiente ler o que o Catecismo da Igreja Católica diz para encontrar respostas esclarecedoras.
É urgente redescobrir o verdadeiro rosto do Pai de nosso Senhor Jesus Cristo para que, sentindo-nos amados, saibamos amar. Quem se sente amado, considerado, acolhido – ama, acolhe perdoa. Que conversão de 360 graus temos que fazer, seja em nível pessoal como eclesial! Infelizmente gostamos mais de apontar o dedo do que estender a mão; gostamos mais de nos apelar à lei e ao direito que ao Evangelho.
Que o Ano da Misericórdia desperte na Igreja do Filho que nos amou até o fim quando ainda éramos pecadores, um desejo profundo de entender os comportamentos divinos para encarná-los nas situações humanas conflitivas e, às vezes, absurdas da vida pessoal, social e eclesial, colaborando na construção de um mundo novo, onde não há mais diferenças que dividem e afastam uns dos outros, mas onde o amor une e faz superar as inevitáveis diferenças que existem.
Porque não reler o hino à caridade (1Cor. 13) assim há de entender melhor o que é a misericórdia!?
Dom Carmelo Scampa
Bispo de São Luís de Montes Belos
No dia 11 de abril deste ano de 2015, o papa Francisco anunciou um Jubileu Extraordinário da Misericórdia, por meio da Bula de proclamação Misericordiae Vultus (O Rosto da Misericórdia).
“Na história da Igreja, a primeira celebração de um Ano Jubilar que se tem notícia foi proposta pelo papa Bonifácio VIII no ano de 1300 com o objetivo de permitir aos fiéis receberem o perdão dos pecados e as indulgências. Ele planejou que a cada 100 anos fosse instituído um Ano Santo. O papa Clemente VI reduziu o prazo convocando o segundo Ano Santo depois de 50 anos. Em 1475, passou a ser celebrado a cada 25 anos de forma ordinária e de forma extraordinária nas ocasiões em que o papa achar relevante. Até hoje foram celebrados 26 anos jubilares. São João Paulo II convocou o Ano Santo de forma extraordinária em 1983 e o último que celebramos foi o Ano Santo da Redenção, no ano 2000” (Jubileu da Misericórdia - Edições CNBB).
A abertura do Ano Santo da Misericórdia aconteceu no dia 8 dezembro de 2015 e seu término se dará no dia 20 de novembro de 2016. O início oficial do Ano Santo é simbolizado na abertura de uma Porta Santa, pela qual, os peregrinos passam com o propósito de deixar para traz tudo o que não está em sintonia com o Projeto de Jesus. A entrada do fiel na Igreja representa o encontro com a graça e o propósito de vida nova. Trata-se de um simbolismo da conversão interior.
O papa abriu a Porta Santa na Basílica de São Pedro no dia 8 dezembro e no dia 13, na Basílica de Latrão. Ele pediu que os bispos abrissem uma Porta Santa em suas Catedrais e/ou em alguma outra Igreja de grande peregrinação de fiéis. Os bispos atenderam ao pedido do Santo Padre.
A peregrinação faz parte das celebrações deste tempo forte de volta para Cristo. As comunidades, grupos, famílias e pessoas individualmente poderão se dirigir a algum lugar onde existe uma Porta Santa e passarem por ela. Os peregrinos receberão a indulgência plenária ao cruzarem a Porta Santa e praticarem os seguintes atos: confissão, eucaristia, oração na intenção do papa e profissão de fé.
O papa concede ainda indulgência plenária aos enfermos e idosos que não podem sair de suas casas, mas ouvem a missa através dos meios eletrônicos e rezam na intenção dele. Todas as vezes que essas pessoas participarem da missa por algum desses meios receberão a indulgência. A mesma é concedida também aos presos que se confessarem. A Porta Santa para os presos será a porta da cela, pois todas as vezes que passarem por ela com o coração e a mente voltados para Cristo receberão a indulgência. O papa deseja que a misericórdia do Senhor alcance todas as pessoas.
Vamos entender o que significa a indulgência plenária. Deus perdoa o pecador na Confissão, mas ficam as penas temporais, entretanto a indulgência as elimina. Imaginemos que tenhamos um acidente. Batemos no carro de uma pessoa. Há um pedido de perdão pelo ocorrido e esse é dado. Mas fica o prejuízo. As marcas do acidente. Pode se perguntar: “Quem vai pagar as despesas do conserto do carro, reparar o dano causado”? O reparo, o pagamento feito, representa a indulgência, pois quem a recebe, encontra-se totalmente livre e na graça. Cristo pagou com seu sangue os estragos de nossos pecados. A indulgência deve ser vista na perspectiva da “teologia da graça” e da comunhão dos santos. Cristo comunica a sua graça através da Igreja.
Uma das características do Ano Santo é o perdão, das dívidas e dos pecados. Será muito bom que os fiéis realizem peregrinações durante o Ano Santo. É importante que passem pela Porta Santa e se esforcem por viver a misericórdia e da misericórdia. Neste tempo o papa exorta a estudar e praticar as 14 obras de misericórdia que faz parte da Doutrina da Igreja. A misericórdia divina alcance a todos, mude os corações e as relações sociais tornem-se cada vez mais misericordiosas.
Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo da Diocese de Uruaçu – GO
Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB
Desde o dia 1º de outubro, se encontra em Tel Aviv, Israel, uma delegação eclesiástica da diocese de Uruaçu (GO). O objetivo da missão é selar o documento expedido pela Custódia da Terra Santa Gemellaggio, ou seja, Santuários Marianos Irmãos: Nossa Senhora d’Abadia de Muquém (Brasil) e Nossa Senhora de Nazaré (Israel). Nesses dias, o ícone (mosaico) da Nossa Senhora “brasileira” será fixado na Basílica de Nazaré.
A delegação é composta pelo presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB, dom Messias dos Reis Silveira; o reitor do Santuário de Muquém, padre Aldemir; o coordenador da Pascom diocesana, padre Delton Filho; o chanceler da diocese, padre Rogério; e o coordenador da Pastoral Vocacional, padre Elias. Eles permanecem na Terra Santa até o dia 12.
Como primeira atividade, dom Messias presidiu a missa de abertura desta missão no altar da cripta da Casa da Sagrada Família. Lugar sagrado lugar onde Jesus, Maria e José viveram até o início da vida pública de Cristo. Na homilia, o bispo afirmou que conforme o exemplo da Sagrada Família, a família diocesana de Uruaçu vive esse momento de graça na confiança plena da Divina Providência.
Além da peregrinação oficial da diocese aos lugares santos, a missão diocesana se prepara para a grande celebração do dia 10 de Outubro às 11h (hora local) em que será abençoado o ícone de Nossa Senhora da Abadia do Muquém que ficará exposto em Nazaré, coroando o ato de gemellaggio (fraternidade) entre os Santuários.
Nossa Senhora d´Abadia de Muquém, com seus 267 anos de devoção, pertence à Diocese de Uruaçu e ao povo de Deus, no Centro-Oeste do Brasil. É um momento histórico missionário na vida da Igreja de Uruaçu e no Santuário de Nossa Senhora d´Abadia.
Com informações e fotos da Pascom da Diocese de Uruaçu
Imagem: Missa na casa de Nossa Senhora. Local onde ela recebeu o anúncio do Anjo.
No dia 27 de setembro, a Pastoral Carcerária celebrou 20 anos de atuação na Arquidiocese de Goiânia. O arcebispo Dom Washington Cruz presidiu a missa em ação de graças na Catedral e rezou sob a inspiração da leitura do livro de Números, “Quem dera que todo o Povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu Espírito sobre eles”! (Nm 11,29), para que as pessoas sejam tocadas a servir os excluídos da sociedade. “Quem dera tivéssemos um agente da Pastoral Carcerária, apenas um em cada paróquia; na Arquidiocese teríamos mais de 120 agentes para levar amor aos nossos irmãos encarcerados”.
Nesses 20 anos de trabalho, o coordenador arquidiocesano, diácono Ramon Curado, destaca a missão da Pastoral Carcerária. “Lá dentro nós somos uma pastoral de escuta; dirigimo-nos todas as terças-feiras ao complexo prisional para ouvir o que aqueles irmãos têm a nos dizer; já aqui fora nossa missão é gritar pelas injustiças que eles passam, ou seja, somos também uma pastoral profética como foi enfatizado na leitura de hoje”.
Números
Já a coordenadora nacional para a questão da mulher presa, irmã Petra Silvia Pfaller, uma das fundadoras da Pastoral Carcerária de Goiânia, lamenta que o sistema prisional no estado de Goiás tenha caminhado para trás. “Se me pergunta o que conseguimos nesses 20 anos, eu respondo que não conseguimos nada porque o sistema piorou”. De acordo com ela, na antiga Agência Prisional Cepaigo, quando a pastoral começou, havia 500 presos, hoje são cerca de 1.400 na Penitenciária Odenir Guimarães.
Na Casa de Prisão Provisória com 600 vagas, há 2.200 homens presos com mais 120 mulheres. Em todo o complexo penitenciário há mais de 4 mil e numa cela pequena do centro de triagem com oito camas há entre 30 e 40 presos. As condições de trabalho dos agentes penitenciários também não são boas. Dois agentes trabalham em cada bloco do Centro de Prisão Provisória (CPP), atendendo cerca de 400 presos diariamente. “Enquanto nossos governantes não investirem em educação e saúde, a violência apenas irá aumentar porque prisão não resolve violência”. Ela destaca, porém, a dedicação dos agentes da pastoral. “São cristãos dispostos com muita fé e fidelidade que levam a presença da Igreja aos cárceres. Isso é um grande testemunho do amor de Deus”.
Com informações do Jornal Encontro Semanal e fotos da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Goiânia
A Pastoral da Sobriedade no Regional Centro-Oeste da CNBB (Goiás e Distrito Federal) encerrou suas atividades formativas no ano de 2015, no fim de semana, dias 2 a 4 de outubro, com o Curso para a formação de novos agentes e multiplicadores, evento que contou com a participação de 26 pessoas de seis dioceses (Brasília, Goiânia, Uruaçu, Itumbiara, Goiás e Rubiataba-Mozarlândia).
Realizado na sede do regional, em Goiânia, a formação contou com a assessoria dos membros da equipe nacional de formação, o padre João Ceconello e Ernestina Flores, de Curitiba (PR). De acordo com o coordenador da pastoral no regional, Nilson Almeida, o objetivo da formação é multiplicar a equipe de formação de novos agentes em Goiás e no Distrito Federal. “Queremos sanar um problema de falta de formadores; a partir dessa capacitação, pretendemos descentralizar e criar novas equipes de formação que atinjam as diversas dioceses espalhadas pelo regional”, disse. A pastoral pretende também reativar grupos na capital Goiânia e cidades circunvizinhas.
Ouvido, o padre João explicou que o processo formativo contempla os 12 passos da sobriedade cristã: admitir, confiar, entregar, arrepender-se, confessar, renascer, reparar, professar a fé, orar e vigiar, servir, celebrar e festejar. Os novos agentes, de acordo com ele, “tem a missão de implantar ou reativar os grupos de autoajuda nas paróquias e comunidades, no sentido de atuar na prevenção e recuperação de dependentes químicos”.
Sobriedade, um estilo de vida
Ernestina, por sua vez, explicou que o primeiro passo para se tornar um agente ou multiplicador da Pastoral da Sobriedade começa justamente no interessado. “O agente da pastoral precisa ser sóbrio, o que implica ter consciência do que é sobriedade; muitos acham que quem fuma é sóbrio, mas engana-se. O cigarro também tira a consciência. Para entender, é preciso saber que a Pastoral da Sobriedade é um estilo de vida que implica no vestir, no conversar, no comportamento. A sobriedade não se restringe apenas à dependência química, ou seja, não queremos apenas que a pessoa bloqueie o uso da droga, mas que ela redescubra o sentido da vida que passa pelo entendimento do projeto de Deus, na aceitação desse projeto e na caminhada rumo à conversão”, explicou.
Para o coordenador da pastoral na diocese de Uruaçu, Luís Humberto Ribeiro, a formação vai dar uma guinada na atuação da pastoral nos municípios presentes na diocese. “Em Uruaçu somos apenas dois agentes e com essa formação iremos ativar a pastoral em várias cidades, descentralizando assim o trabalho; em cidades como Rialma, Goianésia e Uruaçu, nós temos chácaras terapêuticas, mas nos faltam agentes para levar a pastoral adiante”.
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