Terça, 12 Janeiro 2016 00:50

O Rosto da Misericórdia

 

No dia 11 de abril deste ano de 2015, o papa Francisco anunciou um Jubileu Extraordinário da Misericórdia, por meio da Bula de proclamação Misericordiae Vultus (O Rosto da Misericórdia). 

“Na história da Igreja, a primeira celebração de um Ano Jubilar que se tem notícia foi proposta pelo papa Bonifácio VIII no ano de 1300 com o objetivo de permitir aos fiéis receberem o perdão dos pecados e as indulgências. Ele planejou que a cada 100 anos fosse instituído um Ano Santo. O papa Clemente VI  reduziu o prazo convocando o segundo Ano Santo depois de 50 anos. Em 1475, passou a ser celebrado a cada 25 anos de forma ordinária e de forma extraordinária nas ocasiões em que o papa achar relevante. Até  hoje foram celebrados 26 anos jubilares. São João Paulo II convocou o Ano Santo de forma extraordinária em 1983 e o último que celebramos foi o Ano Santo da Redenção, no ano 2000” (Jubileu da Misericórdia - Edições CNBB).

A abertura do Ano Santo da Misericórdia aconteceu no dia 8 dezembro de 2015 e seu término se dará no dia 20 de novembro de 2016. O início oficial do Ano Santo é simbolizado na abertura de uma Porta Santa, pela qual, os peregrinos passam com o propósito de deixar para traz tudo o que não está em sintonia com o Projeto de Jesus. A entrada do fiel na Igreja representa o encontro com a graça e o propósito de vida nova. Trata-se de um simbolismo da conversão interior.

O papa abriu a Porta Santa na Basílica de São Pedro no dia 8 dezembro e no dia 13, na Basílica de Latrão.  Ele pediu que os bispos abrissem uma Porta Santa em suas Catedrais e/ou em alguma outra Igreja de grande peregrinação de fiéis. Os bispos atenderam ao pedido do Santo Padre. 

A peregrinação faz parte das celebrações deste tempo forte de volta para Cristo. As comunidades, grupos, famílias e pessoas individualmente poderão se dirigir a algum lugar onde existe uma Porta Santa e passarem por ela. Os peregrinos receberão a indulgência plenária ao cruzarem a Porta Santa e praticarem os seguintes atos: confissão, eucaristia, oração na intenção do papa e profissão de fé.

O papa concede ainda indulgência plenária aos enfermos e idosos que não podem sair de suas casas, mas ouvem a missa através dos meios eletrônicos e rezam na intenção dele. Todas as vezes que essas pessoas participarem da missa por algum desses meios receberão a indulgência. A mesma é concedida também aos presos que se confessarem. A Porta Santa para os presos será a porta da cela, pois todas as vezes que passarem por ela com o coração e a mente voltados para Cristo receberão a indulgência. O papa deseja que a misericórdia do Senhor alcance todas as pessoas.

Vamos entender o que significa a indulgência plenária. Deus perdoa o pecador na Confissão, mas ficam as penas temporais, entretanto a indulgência as elimina. Imaginemos que tenhamos um acidente. Batemos no carro de uma pessoa. Há um pedido de perdão pelo ocorrido e esse é dado. Mas fica o prejuízo. As marcas do acidente. Pode se perguntar: “Quem vai pagar as despesas do conserto do carro, reparar o dano causado”? O reparo, o pagamento feito, representa a indulgência, pois quem a recebe, encontra-se totalmente livre e na graça. Cristo pagou com seu sangue os estragos de nossos pecados. A indulgência deve ser vista na perspectiva da “teologia da graça” e da comunhão dos santos. Cristo comunica a sua graça através da Igreja. 

Uma das características do Ano Santo é o perdão, das dívidas e dos pecados. Será muito bom que os fiéis realizem peregrinações durante o Ano Santo. É importante que  passem pela Porta Santa e se esforcem por viver  a misericórdia e da misericórdia. Neste tempo o papa exorta a estudar e praticar as 14 obras de misericórdia que faz parte da Doutrina da Igreja. A misericórdia divina alcance a todos, mude os corações e as relações sociais tornem-se cada vez mais misericordiosas.

 

Dom Messias dos Reis Silveira

Bispo da Diocese de Uruaçu – GO

Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB

 

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