Tu és Pedro, e eu te darei as chaves do Reino dos céus.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-20
O bispo de Ipameri (GO) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Guilherme Antônio Werlang, em entrevista ao programa de televisão Igreja no Brasil, falou sobre o trabalho realizado pela Pastoral Carcerária nos presídios e com as famílias dos encarcerados.
Na primeira parte da entrevista, dom Guilherme destaca o trabalho de evangelização, os desafios e comenta sobre a proposta de Justiça Restaurativa, que é uma das bandeiras da Pastoral Carcerária.
Confira:
Dom Guilherme, para ficarmos por dentro da realidade, qual é o trabalho que é feito pela Pastoral Carcerária?
Dom Guilherme Werlang: A Pastoral Carcerária da Igreja Católica fundamenta-se no evangelho de Jesus Cristo escrito por Mateus, no capitulo 25, versículo 36, onde Jesus diz: “Eu estava preso e você veio me visitar”. Então, o fundamento desse trabalho é ir àqueles nossos irmãos, àquelas nossas irmãs que estão encarcerados por alguma razão de delitos, de crimes, de coisas erradas que praticaram na vida, pelas quais foram condenados. Infelizmente muitos ficam muito tempo presos antes de serem condenados e, então, a Pastoral Carcerária quer ouvir o clamor, ouvir o grito que brota, que ecoa por detrás das grades. A Pastoral Carcerária, dentro dos cárceres, faz orações, celebrações, anuncia a palavra de Deus, especialmente mostrando um Deus pronto a perdoar, a ser misericordioso. A Pastoral Carcerária quer ser presença de Jesus Cristo, presença da Igreja e olhar especialmente para que os direitos humanos, a dignidade humana do encarcerado seja também respeitada, porque isso não é a mesma coisa de dizer que ele não fez nada de errado. Tem pessoas que confundem isso, porque, por maior que seja o delito que ele tenha cometido, por mais gente que ele tenha prejudicado, ele precisa ser respeitado enquanto ser humano, ele permanece ser humano, ele permanece nosso irmão, ela permanece nossa irmã, permanecem filhos e filhas de Deus.
Nesse contexto de evangelização e de promoção da dignidade humana das pessoas encarceradas, quais são os principais desafios enfrentados pela Pastoral Carcerária?
Dom Guilherme Werlang: São tantos os desafios que a Pastoral Carcerária tem, que eu poderia apenas, em um espaço tão curto quanto é esse nosso Programa, elencar alguns, por exemplo: o próprio sistema carcerário brasileiro em si já é o maior de todos os desafios; a superlotação dos nossos presídios, das nossas delegacias provisórias, eu mesmo visito cárceres, eles ficam literalmente empilhados, então esse é um desafio, porque tira toda dignidade, ele fere de morte a dignidade humana; outro grande desafio que nós temos, não só da Pastoral Carcerária, mas a Pastoral enfrenta isso de uma forma especifica, é que mais ou menos 60% dos presos são jovens de 18 a 29 anos e, desses jovens, a grande maioria absoluta são pobres e são negros. Então, como nós quereremos fazer aquele ditado de um Deus que é justo, de um Deus que é misericordioso quando basta você ir lá?! Você não precisa falar com ninguém, basta olhar...
Uma outra questão: de 1990 a 2014, a população carcerária cresceu no Brasil em 575%. Veja o que significa isso, como fazer uma Pastoral vendo isso? Outro grande desafio: os cárceres são verdadeiras universidades de fabricação de criminosos. Tem pessoas que cometeram pequenos delitos e estão lá dentro misturados com outros que já são profissionais do crime. A Pastoral Carcerária enfrenta esse desafio de como anunciar o evangelho, numa universidade do crime que é hoje o sistema carcerário brasileiro. Além disso, o preconceito que a sociedade brasileira tem em relação ao preso, em relação às suas famílias, o desafio de como trabalhar com as famílias que foram vítimas das agressões, das violências, por fim, como fazer uma reinserção, como o preso não ficar revoltado e ficar mais violento do que ele era antes de entrar no cárcere.
E uma proposta defendida pela Pastoral Carcerária - o papa Francisco, inclusive, tem falado sobre isso - é a Justiça Restaurativa. Como funciona este método?
Dom Guilherme Werlang: Alguma parte dos telespectadores certamente já ouviu falar ou conhece a Justiça Restaurativa. Mas a grande maioria dos brasileiros nunca ouviu falar de Justiça Restaurativa. A nossa justiça, naquilo que diz respeito ao encarcerado, ao sistema prisional brasileiro, é uma justiça punitiva e vingativa. Ora, com uma justiça punitiva e vingativa você não consegue recuperar ninguém! A justiça restaurativa acontece especialmente em países europeus e africanos. Impressionante, mais tem vários países africanos que já estão trabalhando a Justiça Restaurativa.
Fundamentalmente, ela se baseia no princípio de recuperação, de restauração por meio de trabalhos comunitários. Você trabalha na Justiça Restaurativa o restaurar - a própria palavra diz - restaurar a pessoa que cometeu o delito por meio de trabalhos comunitários compensatórios total, quando é possível, ou parcial, de acordo com o crime, para ele próprio e para as vítimas, para as famílias ou pessoas que foram vítimas da agressão. Então, restaurar não é só pagar uma pena, e não é só fazer uma vingança. “Você fez isso, agora você vai sofrer, você merecer apodrecer dentro do presidio!”, como é infelizmente a linguagem de muita gente do Brasil. E o pior é que muitos deles que se dizem cristãos e cristãs!
Nos Estados Unidos e no Canada, os cárceres de lá estão muito longe da Justiça Restaurativa. A reincidência nos Estados Unidos e no Canadá passa de 40, 50% em crimes de quem cumpre a justiça tradicional, enquanto nos países europeus e da África, onde a Justiça Restaurativa funciona relativamente bem, especialmente na Suíça, e em alguns outros lugares, a reincidência cai de mais de 50% para 16%. Então, veja bem: nós precisamos lutar, a Pastoral Carcerária em nome da Igreja Católica no Brasil luta para que nós possamos aperfeiçoar e implantar em muitos lugares a Justiça Restaurativa ao invés da punitiva, vingativa e uma justiça mais baseada no ódio do que propriamente na justiça e na restauração e na recuperação do apenado e daquele que sofreu a violência praticada.
A segunda e última parte da entrevista estará disponível na quinta-feira, dia 14 de janeiro. O bispo responde questões sobre a mulher presa e os projetos nocivos de privatização dos presídios.
O programa Igreja no Brasil vai ao ar semanalmente nas emissoras de TV de inspiração católica.
Fonte: CNBB
Um encontro realizado nos dias 5 a 8 de janeiro, na Diocese de Luziânia, teve como principal fruto a criação da equipe nacional de formadores das Santas Missões Populares (SMP) e das equipes regionais. Participaram do evento 40 missionários, de 11 estados brasileiros e 16 dioceses. Entre os presentes havia padres, religiosos, diáconos, seminaristas e três bispos: Dom Adriano Ciocca (Diocese de São Félix do Araguaia-MT); Dom Afonso Fioreze (Diocese de Luziânia); Dom Leonardo Steiner (secretário geral da CNBB e bispo auxiliar de Brasília).
O objetivo das equipes de formação é zelar e cuidar para que as Santas Missões Populares sejam fiéis à missão de Jesus nos dias de hoje. Em sua fala, Dom Leonardo declarou a importância do modelo missionária das SMP pelo protagonismo dos leigos. “Os leigos iniciaram a Igreja, pois os primeiros anúncios foram desenvolvidos por eles. A missão do leigo é anunciar Jesus e hoje estamos vivendo esse momento rico na Igreja porque as SMP dão autonomia aos leigos, ajudando-os, cada vez mais, a se engajarem na comunidade e se sentirem Igreja”.
O modelo das Santas Missões Populares, fundado pelo padre Luís Mosconi, segundo o secretário geral da CNBB, “é um trabalho que mantém a essência da missionariedade da Igreja porque vem das bases, não é imposta e com elas a Igreja está sempre em estado permanente de missão”.
Essência das SMP
O encontro também possibilitou aos participantes refletirem sobre a essência das Santas Missões Populares, tema que foi aprofundado pelo padre Luís Mosconi a partir de palavras-chaves relacionadas à dimensão missionária. “Missão é relação entre ação e mística; a mística cristã brota de uma profunda experiência trinitária (Ex. 3, 7-10); ação e mística são inseparáveis; a diferença entre mística e espiritualidade é o estilo de vida e a mística gera a espiritualidade”.
Outro tema aprofundado por Mosconi foi a formação do formador. “Formar é uma arte e leva tempo porque é um trabalho de moldura e a grandeza da pessoa é deixar-se moldar pelo oleiro (dimensão existencial e personalizada); o formando é aquele que recebe uma proposta de forma; o formador é alguém que se coloca como companheiro que ajuda a; nós somos ao mesmo tempo formador e formando e sempre seremos formandos; formação é um processo permanente e pede conversão porque é toda ação necessária para adquirir uma forma; certas formações deformam e a maior perversidade é deformar a personalidade; reformar é desenvolver uma forma; transformar é evoluir a personalidade; informar é investir todo tipo de instrumentos para formar, sobretudo para criar consciência crítica por isso o formador não pode ser ingênuo; não se vive sem forma e o papel do formador é antes de tudo ser discípulo missionário de Jesus de Nazaré hoje”.
Os nomes indicados para as equipes de formação nacional e regionais são provisórios e deverão ser consultados. No decorrer dos trabalhos as equipes receberão sugestões de como organizar o funcionamento e articulação para o desenvolvimento das iniciativas missionárias pelo Brasil.
Amados irmãos e irmãs
Tenho a alegria de apresentar-lhes o novo site do nosso Regional Centro-Oeste da CNBB. Por ele desejamos comunicar o dinamismo da Igreja situada no coração do Brasil. Nosso regional tem uma intensa vida em Cristo, pois existe como organismo de comunhão e vive para cumprir o mandato que Jesus deixou. “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 116,15). O Evangelho com sua força transformadora deve se difundir em todas as dioceses pela ação dos agentes missionários que aí atuam e também dos meios de comunicação.
Com esse site, o rosto da comunhão eclesial que vivenciamos se tornará mais visível, conhecido e evangelizador. Talvez consigamos chegar onde a presença física não consiga ir. O site se torna nosso referencial de encontro e partilha de experiências. Aqui o internauta encontrará informações da Igreja no mundo, no Brasil e principalmente no Regional Centro-Oeste.
O objetivo não é só informar, mas também ser canal de formação e meio de evangelização. Ele é uma iniciativa midiática necessária nos tempos atuais. “A Igreja acolhe os meios de comunicação social como dons de Deus, na medida em que criam laços de solidariedade, de justiça e de fraternidade entre os homens. Por isso, a Igreja considera importante marcar presença ativa nos processos e meios de comunicação social. Seria impossível, hoje em dia, cumprir o mandato de cristo, sem utilizar as vantagens oferecidas por esses meios que permitem levar a mensagem a um número muito superior de homens. O Concílio Ecumênico Vaticano II exorta os católicos a que sem demora, usem os meios de comunicação social, nas diversas formas de apostolado. É imprescindível que a Igreja se faça presente nos novos areópagos e crie espaços de encontro e diálogo em vista da evangelização” (Diretório de Comunicação da Igreja no Brasil, 155).
Sentimos a necessidade de repaginar o site anterior. Conforme o Documento de Aparecida, estamos numa época de mudanças e de mudança de época. Precisávamos de um site mais atraente, de fácil acessibilidade e visibilidade. Eis que agora está no ar o novo a serviço do Regional Centro-Oeste. Façamos um esforço para divulgá-lo e ao mesmo tempo alimentá-lo com as informações dos acontecimentos realizados por nós e também trazer para ele a formação que deve penetrar em nossos corações. Dessa forma, ele será como uma fonte a jorrar no deserto.
Deus abençoe mais essa iniciativa de nosso regional e faça crescer o seu Reino entre nós e entre todas as pessoas que nossa mensagem alcançar, pois pelas vias virtuais não existem fronteiras.
Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo Referencial da Comunicação
Presidente do Regional Centro-Oeste
O mês de maio é um dos meses mais bonitos do ano. Ele está longe do barulho do carnaval, está distante da agitação do fim do ano, tem a leveza e a ternura das noivas; está envolto nos mistérios da palavra mãe pronunciada com delicadeza e doçura pelos filhos; rememora Maria, a mãe de Jesus; e tem um toque eucarístico que nos leva a adorarmos o divino redentor.
Maria é a mãe de Jesus. Geneticamente a carne de Jesus é toda proveniente de Maria uma vez que na concepção do Filho de Deus não houve a participação de José. Por isso, na Eucaristia, encontramos Maria.
Jesus instituiu a Eucaristia que é seu corpo e sangue dados para a vida do mundo. Esse corpo e sangue santos foram gerados em Maria por ação de Deus. Não há como entrar em comunhão com Jesus sem viver a ternura de Maria que o gerou, o acompanhou nos seus dias terrenos e esteve presente no início da Igreja sendo presença de Mãe que muito acreditou na obra de seu Filho.
A Eucaristia é o pão da unidade. Vivemos em um momento histórico em que há muitas divisões na humanidade, na sociedade, nas religiões, nas famílias, nos relacionamentos humanos e na vida pessoal de cada um. Maria sempre foi sinal de uma unidade profunda e corajosa. Unida ao mistério Divino ela disse sim se abrindo para que a vontade de Deus se cumprisse colaborando, desta forma, para a restauração da unidade que foi rompida pelos velhos pais da humanidade. Unida aos necessitados ela escalou montanhas para socorrer sua prima Isabel. Unida às famílias esteve em Caná da Galiléia e pediu aos discípulos de Jesus para fazerem tudo o que Ele dissesse sabendo que o Vinho melhor seria encontrado. No calvário quando a Palavra estava se tornando muda ali estava ela certamente não com os sentimentos humanos de perda, ou desespero, mas de fé confiante na Redenção que seu Filho estava realizando. Ela tinha confiança de que haveria uma vitória triunfal. Unida aos apóstolos no Cenáculo foi sinal de esperança para os enlutados. Maria gloriosa é sinal de que tudo é efêmero e a vida se ilumina com os raios da presença de seu Filho Ressuscitado.
Maria enquanto acompanhava a vida de Jesus e dos apóstolos, vivia uma Eucaristia antecipada. Ela se doava, rezava e muitas vezes como hóstia silenciosa, sem emitir nenhuma palavra deixava que pedaços de si fossem arrancados para nutrir o mundo. Cada sofrimento vivido por seu Filho era um pedaço arrancado daquela materna hóstia antecipada que se fazia oblação ao Pai. Sabemos que para viver a Eucaristia é preciso muita fé, amor e contemplação. Essas realidades não faltaram na vida de Maria que viveu antecipadamente o mistério da Eucaristia e por isso a chamamos de mulher eucarística.
Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo Diocesano de Uruaçu
Presidente do Regional Centro-Oeste
Meditação sobre Magnificat: Lc 1, 46-55
1) A minha alma engrandece o Senhor, e o meu espírito exulta em Deus, Meu Salvador
- Senhor é um título divino. Os primeiros cristãos diziam: “Jesus é o Senhor”, contrariando as pretensões do imperador que utilizava este título para si. Deus é absoluto, o último fim.
- Deus é o Salvador; nós somos perdidos, afundamos no pecado.
2) Porque olhou para a humilhação de sua serva
- Maria reconhece que o que ela é, é obra da graça de Deus. Não se vangloria, nem se exalta. Reconhece sua condição de criatura diante do criador. Não é dona, mas serva, a imagem do servo sofredor (Is 52, 13 - 53,12).
3) Sim! Doravante as gerações todas me chamarão bem-aventurada
- Maria é chamada de bem-aventurada porque aceitou o plano de Deus para ela.
- Maria é estimada pelo povo porque a sua vida é modelo para os cristãos.
Seu “sim” e a sua “disponibilidade” incentivam a sermos discípulos/as de Jesus.
4) O Todo-Poderoso fez grandes coisas por mim
- O poder de Deus está no seu amor;
- Apesar da nossa fragilidade, Deus pode fazer grandes coisas em nós, basta nos abrir à sua graça.
5) O seu nome é santo
- Nós também somos chamados à santidade. No entanto, precisamos distinguir santidade e perfeição. A procura desta última leva facilmente ao orgulho (cf. Lc 18, 9-14). A santidade se consegue na medida em que nós nos abrimos à graça de Deus.
6) Sua misericórdia perdura de geração em geração
- Deus é rico em ternura e misericórdia;
- No Pai-Nosso dizemos: “Perdoai as nossas ofensas, como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.
- Na cruz, Jesus disse: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem”;
- O perdão faz parte do amor. Quem não sabe perdoar, não sabe amar. Todos precisam da misericórdia de Deus.
7) Para aqueles que o temem
- O temor é diferente do medo. No amor não existe medo, mas temor;
- O temor é o respeito a Deus.
8) Agiu com a força do seu braço, dispersou os homens de coração orgulhoso
- Como já vimos, Jesus teve muitas dificuldades com as pessoas cheias de si, prepotentes, orgulhosos;
- O projeto de Deus é ver derrubadas as pessoas que dominam os outros, que esmagam os pequenos.
9) Depôs poderosos de seus tronos e a humildes exaltou
- Deus quer dignidade para os pequenos.
10) Cumulou de bens os famintos e despediu ricos de mãos vazias
- Dom Helder Câmara, no seu famoso texto sobre “Mariama” (Maria) fala: “nem rico, nem pobre”.
- Não adianta uma inversão de poder, se os humildes uma vez no poder dominam os outros. Precisamos caminhar por um mundo mais humano.
11) Socorreu, Israel, seu servo lembrando-o sua misericórdia
- Nosso Pai caminha conosco. Jesus é nosso irmão. Ele é cheio de ternura e misericórdia para conosco;
- As boas coisas que ele fez para nós no passado, ele continua fazendo para nós hoje. Deus é fiel.
12) Conforme prometeu a nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência para sempre
- Nosso Deus caminha conosco através da história. Ele não nos abandona;
- As maravilhas que faz no tempo de Abraão, ele continua fazendo hoje.
Dom Eugênio Rixen
Bispo Diocesano de Goiás
Neste mês de junho celebramos a Solenidade de Corpus Christi. Nesta ocasião muitas pessoas vão ornamentar as ruas para a passagem da Procissão que conduz o Santíssimo Sacramento. Penso na importância de ornamentarmos também a nossa vida interior para acolher a Cristo. Sei que a juventude educada na presença de Jesus Eucarístico tem um jeito diferente de se viver e de se portar na sociedade. Precisamos de muitos jovens eucarísticos. Precisamos de jovens que adoram o Senhor, que visitam as igrejas, que vão até a capela do Santíssimo e se prostram por alguns instantes em silêncio diante do grande mistério. Precisamos de jovens que se extasiam na contemplação da Eucaristia. Precisamos de jovens famintos de Deus e por isso vão participar da Missa. Desejo que a juventude se torne cada vez mais eucarística. A alegria de Jesus está na juventude que o acolhe e o ama. Jovem, reflita muito, pois penso que Jesus deseja que você seja eucarístico. O jovem eucarístico não somente recebe e acolhe a Jesus, mas se torna eucaristia, pois corajosamente entrega a sua vida para servir às pessoas necessitadas e à Igreja. Jovem eucarístico é aquele que deixa retirar pedaços de si sem reclamar. Ele doa pedaços do seu tempo, do seu amor, da sua alegria, da sua fé e da luz que está nele para que a luz de outras pessoas se acendam. Um grande abraço eucarístico em todos vocês.
Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo Diocesano de Uruaçu
Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB
A Parada Gay de São Paulo fez um enorme barulho. Muito barulho é sinal de que existe um grande vazio. Existe vazio nos causadores do barulho, nos que o ouvem, o acolhem, ou reclamam. Existem muitos vazios nos tempos atuais, como podemos constatar em nós mesmos. Esses vazios são como que buracos existenciais que somente serão preenchidos se houver o acolhimento de um amor maior.
Quando se perde o sentido da vida ela fica vazia, sem alegria e a pessoa fica sem motivações para viver. Vida vazia é vida aberta para o mundo da droga, da violência, do desrespeito, da exploração que se torna visível em toda atitude de desamor. É preciso novamente amorizar a vida. A melhor sugestão para se entrar no processo de amorização é viver a partir de Jesus que amou até aqueles que o desrespeitaram e lhe tiraram a vida.
A Igreja ama com o coração de Cristo. O que aconteceu em São Paulo, embora com uma linguagem não comum, pode ser um pedido de abertura para deixar Deus entrar na vida e, seguir na mesma, com a leveza de quem ama a Cruz do Cristo e ama aquela cruz que Ele pediu que todo discípulo a carregasse todos os dias. Os sofrimentos dos homessexuais são cruzes que somente eles conhecem o seu peso e suas dores. Em Cristo e na comunidade de seus discípulos eles encontram o alívio para suas angústias e proteção para as ameaças. As ações da Igreja tem provado isso.
Certamente lá no meio de tantos barulhentos que estavam na Parada Gay, existiam algumas pessoas gays que eram o Sal da terra e a Luz do mundo como pediu Jesus. No peito de algumas pessoas que ali estavam certamente ardia o amor de Jesus e não concordavam com os absurdos cometidos. Existem muitos homessexuais que vivem de forma digna, cristã e prestam um grande serviço nas famílias e na comunidade.
Uma presença Cristã no meio dos mais variados setores da sociedade faz as sementes do Reino germinar e crescer. Deus escolhe algumas pessoas, as capacita e as coloca no meio do mundo para ajudar o mundo a ser melhor.
A forma exagerada, desrespeitosa e maldosa de manifestar o sofrimento causou muita estranheza e revelou uma fraqueza de fé, mas Deus ama e se aproxima daqueles que lhes faltam esse valor fundamental e especialmente quando alguém hospeda a dor, em si. A falta de fé é curável. Muitas vezes uma fé pura salva a vida, como Jesus gostava de dizer “ A tua fé te salvou” (Cf. Mc 5,34; Lc 7,50).
Onde existe uma pessoa que sofre podemos ter certeza que Cristo está sofrendo naquela pessoa. Por este motivo o caminho da Igreja será sempre um caminho de cura, de libertação, de construção da paz e valorização do ser humano. A Igreja jamais vai expor a imagem de um Gay desrespeitando-o porque o ama com o amor de Jesus. Ela só conseguiria ultrajar a imagem de um de seus filhos, mesmo que ingrato, se estive muito vazia do amor de Cristo, mas nunca está. Todas as pessoas querem ser amadas. Jesus merece ser amado por todos nós, apesar da nossa fragilidade humana. É preciso que todos se deem as mãos e vivam em favor do bem, amando, convivendo com as diferenças e se respeitando mutuamente. O caminho do amor é o melhor caminho.
Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo da Diocese de Uruaçu – GO
Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB
A Igreja preocupa-se com o bem estar de todo ser humano e por isso desenvolveu a Doutrina Social da Igreja que é o conjunto de ensinamentos relativos à vida social, apresentados pela Igreja para inspirar a boa conduta cristã dos fiéis e de todas as pessoas de boa vontade.
Ela foi surgindo aos poucos, fruto de um trabalho conjunto e sequencial e o seu conteúdo foi sendo elaborado através das Encíclicas Pontifícias a partir do século XIX.
A Encíclica “Rerum Novarum” escrita em 1892, pelo Papa Leão XIII pode ser apresentada como o primeiro documento desta doutrina. Era necessário, na época, que a Igreja se pronunciasse principalmente a respeito da Revolução Industrial e o tratamento que os operários estavam sofrendo nas indústrias. Tivemos outras grandes encíclicas como a “Quadragésimo Anno” de Pio XI e “Mater et Magistra” e Pacis in Terris de João XXIII.
Esse corpo de ensinamentos não apresenta somente conteúdos históricos, mas também princípios e orientações morais para a vida social, econômica, e política que mantêm a sua validade ao longo do tempo.
A Doutrina Social da Igreja não deve confundir-se com o que se denomina “pensamento social católico” que é uma contribuição sobre a vida social procedente de diversas escolas do pensamento católico. Os documentos dessa doutrina são apresentados com alguns elementos básicos. O primeiro são os Princípios de Reflexão, que constituem os seus elementos fundamentais. Sublinham as bases que se hão de respeitar para construir uma convivência social segundo os critérios universais que possam ser aceitos por todos. Depois temos os Critérios de Juízos que avaliam a realidade social. Esses critérios estão fundamentados sobre os Princípios de Reflexão e interpretam ou permitem avaliar sistemas e estruturas sociais como instituições, realizações práticas e situações concretas que ocorrem na sociedade. E, finalmente, as Diretrizes de ação que servem para orientar a atividade dos cristãos na vida social.
Os apoios da Doutrina Social da Igreja estão bem definidos. A principal fonte é a Sagrada Escritura. Muitos textos bíblicos já são sociais ou deduzem-se da concepção implícita do ser humano. Isto se verifica tanto no Antigo como no Novo Testamento. Também podemos falar da Tradição, visto que os Padres da Igreja sempre aplicaram os trechos da Sagrada Escritura para os problemas da época. E ainda o Magistério da Igreja porque ela recebeu de Cristo a autoridade divina de interpretar autenticamente a Revelação e a Lei Moral.
Algumas pessoas criticam a ação da Igreja na ordem temporal, achando que ela deve permanecer somente no âmbito espiritual, mas é legítima essa atuação desde que baseada em princípios evangélicos. O próprio Cristo responde a questão: “Assim como o Pai me enviou, assim eu vos envio a vós”, (Jo, 20, 21) Estas palavras relacionadas com outras, exprimem que a Igreja há de prolongar a missão de Cristo no mundo.
A ordem temporal está contaminada pelo pecado original, e isto faz com que surjam fatores que são desfavoráveis ao desenvolvimento humano e por isso é necessária a mediação da Igreja para viver-se a justiça e a caridade.
A missão da Igreja é igual à de Cristo, é sobrenatural e tem por fim a salvação dos homens, mas inclui também a reta ordenação das realidades temporais, pois esta é uma forma de manifestar-se a caridade.
Dom Levi Bonatto
Bispo auxiliar de Goiânia
Secretário do Regional Centro-Oeste
Três dioceses do Regional Centro-Oeste da CNBB (Goiás e Distrito Federal) lançaram suas páginas na internet recentemente. O Ordinariado Militar do Brasil foi a primeira. A página moderna está disponível no endereço http://www.arquidiocesemilitar.org.br/. Ao se pronunciar sobre o novo veículo de comunicação o arcebispo militar, Dom Fernando Guimarães afirmou que “a finalidade do site é evangelizar e facilitar a comunicação, aproximando o público com a Igreja que se faz presente no meio militar, bem como divulgar os trabalhos pastorais junto a toda família militar no Brasil”. A página tem versão adaptada para dispositivos móveis como celulares e tablets.
No dia 28 de novembro, durante a 14ª Assembleia Diocesana de Pastoral, foi ao ar o site da Diocese de Rubiataba-Mozarlândia. O veículo era uma necessidade há muito tempo, segundo o bispo diocesano, Dom Adair José Guimarães. “A comunicação social tornou-se indispensável para as instituições e seguimentos. O portal de nossa diocese insere-se dentro dessa exigência de comunicação”, disse. Ainda segundo ele, “o sítio virtual de uma diocese constitui-se na amostragem preliminar de sua identidade e missão que as pessoas, num primeiro momento, podem tomar conhecimento em favor de pesquisas ou informação. No nosso caso queremos que esse espaço virtual possa veicular não apenas os dados formais que registram nossa existência histórica, mas a partilha das atividades que o Espírito de Deus nos leva a realizar”, explicou. O site pode ser acessado pelo endereço http://www.diocesederubiataba.com/
Diocese de Luziânia
Já a Diocese de Luziânia publicou sua página na internet no dia 12 de dezembro de 2015, Festa da Padroeira da América Latina, Nossa Senhora de Guadalupe. Para o bispo coadjutor daquela diocese, Dom Waldemar Passini Dalbello, o site é um “instrumento de integração entre os municípios que pertencem à Igreja de Luziânia”, sobretudo de cidades em que as culturas são tão distintas. “Os moradores de algumas cidades estão mais vinculados a Brasília, do que ao seu município ou à cidade goiana vizinha”, comenta o bispo. Fora da diocese, continua Dom Waldemar, “o site aproxima a vida das paróquias, informa sobre iniciativas em âmbito diocesano e destaca alguns pronunciamentos e atividades do papa e da Igreja no Brasil”. Ele aponta também que pelas redes sociais, “a nossa diocese busca aprimorar sua capacidade de levar a Boa Nova do Evangelho e da vida em comunidade, desejando ser mais próxima e cultivar relacionamentos”. Acesse a página em http://www.diocesedeluziania.com.br/
Queremos olhar para o Sacramento da Confirmação deixando-nos iluminar pela linguagem dos sinais sagrados com que ele se celebra. De fato, toda a Liturgia é um agir simbólico. Porque nela, mediante sinais sagrados, se significa e realiza a santificação dos homens – obra da Santíssima Trindade – que se concretizou de forma definitiva e insuperável no mistério pascal de Cristo; e, mediante os mesmos sinais sagrados se significa e realiza o culto perfeito e integral que Cristo e a Igreja – a cabeça e o Corpo; o Esposo e a Esposa – rendem ao Pai na força do Espírito. Por isso, para nós, “simbólico” não se opõe ao “real”.
1) O primeiro grande “sinal” da celebração da Crisma é a assembleia. Por vezes, estas celebrações são marcadas por alguma agitação que é quase inevitável quando o número dos crismandos é grande. Essa é uma das situações em que vale a pena investir na organização, preparação e acolhimento. Caso contrário, em vez do “sinal” da assembleia tem-se o contrassinal de um mercado...
2) O segundo grande sinal é o bispo que, normalmente, preside a essas celebrações. No Ocidente de Rito Romano, quando se generalizou o Batismo de Crianças, a razão fundamental pela qual a Confirmação se separou da celebração do Batismo foi para assegurar a presença do bispo na iniciação cristã dos fiéis. E é bem que nesses casos não se perca, na Confirmação, o “sinal sagrado” da ligação ao bispo, o sucessor dos apóstolos, testemunha de Pentecostes. Isso não impede – aliás, até está previsto – que, quando o número dos crismandos é elevado, o bispo associe a si um ou vários presbíteros que crismem com ele. O bispo é sempre o ministro originário” da Confirmação e não deixa de o ser mesmo quando esta, eventualmente, é ministrada por presbíteros (ministros extraordinários), sob a sua autoridade.
3) Na Iniciação cristã de adultos (ou equiparados, nos termos do Direito), prevalece o princípio da recepção conjunta do Batismo, Confirmação e Eucaristia, numa única celebração (em princípio, na Vigília Pascal). É óbvio que, frequentemente, o ministro será um presbítero. Contudo, o Direito Canônico determina que nesses casos sejam previamente dados a conhecer ao bispo diocesano para que ele, se assim o entender, possa presidir ao Rito da Eleição ou, mesmo à celebração dos Sacramentos; e o Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos sugere que se organize no tempo pascal – tempo da mistagogia – um encontro de todos os neófitos com o bispo.
Quando o “sinal do bispo” é valorizado, não são precisas muitas explicações para compreender que a Confirmação vincula mais perfeitamente o fiel cristão à Igreja e à sua missão, como apóstolo e testemunha.
Dom Washington Cruz, CP
Arcebispo de Goiânia
© 2025 CNBB Centro-Oeste - Todos os direitos reservados
Rua 93, nº 139, Setor Sul, CEP 74.083-120 - Goiânia - GO - 62 3223-1854