Tu és Pedro, e eu te darei as chaves do Reino dos céus.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-20
Queridos irmãos e irmãs do Brasil!
Neste tempo quaresmal, de bom grado me uno à Igreja no Brasil para celebrar a Campanha “Fraternidade e a superação da violência”, cujo objetivo é construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência. Desse modo, a Campanha da Fraternidade de 2018 nos convida a reconhecer a violência em tantos âmbitos e manifestações e, com confiança, fé e esperança, superá-la pelo caminho do amor visibilizado em Jesus Crucificado.
Jesus veio para nos dar a vida plena (cf. Jo 10, 10). Na medida em que Ele está no meio de nós, a vida se converte num espaço de fraternidade, de justiça, de paz, de dignidade para todos (cf. Exort. Apost. Evangelii gaudium, 180). Este tempo penitencial, onde somos chamados a viver a prática do jejum, da oração e da esmola nos faz perceber que somos irmãos. Deixemos que o amor de Deus se torne visível entre nós, nas nossas famílias, nas comunidades, na sociedade.
“É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (1 Co 6,2; cf. Is 49,8), que nos traz a graça do perdão recebido e oferecido. O perdão das ofensas é a expressão mais eloquente do amor misericordioso e, para nós cristãos, é um imperativo de que não podemos prescindir. Às vezes, como é difícil perdoar! E, no entanto, o perdão é o instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para alcançar a serenidade do coração, a paz. Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança é condição necessária para se viver como irmãos e irmãs e superar a violência. Acolhamos, pois, a exortação do Apóstolo: “Que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento” (Ef 4, 26).
Sejamos protagonistas da superação da violência fazendo-nos arautos e construtores da paz. Uma paz que é fruto do desenvolvimento integral de todos, uma paz que nasce de uma nova relação também com todas as criaturas. A paz é tecida no dia-a-dia com paciência e misericórdia, no seio da família, na dinâmica da comunidade, nas relações de trabalho, na relação com a natureza. São pequenos gestos de respeito, de escuta, de diálogo, de silêncio, de afeto, de acolhida, de integração, que criam espaços onde se respira a fraternidade: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8), como destaca o lema da Campanha da Fraternidade deste ano. Em Cristo somos da mesma família, nascidos do sangue da cruz, nossa salvação. As comunidades da Igreja no Brasil anunciem a conversão, o dia da salvação para conviverem sem violência.
Peço a Deus que a Campanha da Fraternidade deste ano anime a todos para encontrar caminhos de superação da violência, convivendo mais como irmãos e irmãs em Cristo. Invoco a proteção de Nossa Senhora da Conceição Aparecida sobre o povo brasileiro, concedendo a Bênção Apostólica. Peço que todos rezem por mim.
Vaticano, 27 de janeiro de 2018.
Papa Francisco
Vivemos nossa vida eclesial marcada pelos tempos litúrgicos da Igreja. Agora estamos no gracioso tempo quaresmal. Não se trata de um período sombrio, ou de medos, mas de muito diálogo com Deus, de ajuda solidária e de superação das realidades que desejam escravizar a vida. A Quaresma para quem crê será um tempo de realizar um caminho libertador. Serão quarenta dias em que Cristo se recolherá no deserto de nossa vida para rezar dentro de nós e nos marcar com sua graça. Confiantes esperaremos chegar vitoriosos à Páscoa, tendo permitido que um jeito novo de viver mais humano, comprometido com a vida, sem violência e com Deus, seja assumido por nós. Se no deserto de nossa vida Cristo se recolhe para orar, podemos crer que apoiados na Graça Dele, nosso esforço de superação das misérias, fracassos e violências nos colocará no caminho de uma vida nova.
Neste ano, a Igreja nos recorda por meio da Campanha da Fraternidade, que somos todos irmãos (Mt 23,8). Têm sido diversas as situações em que o ser humano criado à imagem e semelhança de Deus experimenta a violência sendo vítima dela, ou a fazendo aparecer. A Campanha da Fraternidade nos convida a superar a violência em todas as suas dimensões. Cristo superou a violência da morte ressuscitando e sua morte se tornou fonte de santificação. Estamos na Quaresma. É tempo de superar a violência e crescer no amor.
É tempo de fazer o retiro quaresmal pregado pelo próprio Jesus que a cada domingo faz entrada em alguma área de nossa vida para nos iluminar. Já não mais andamos sem Deus neste mundo e nem sem as alegrias e inquietações dos irmãos.
Quaresma, além de tempo litúrgico, é também um tempo existencial. Quem nunca teve seu período quaresmal na vida? Quem nunca viveu tentações, não passou por sofrimentos alimentando esperanças? Quem nunca desejou a renovação de algo em sua vida? Quem nunca olhou com esperanças pascais para o amanhã? Não podemos negar que nossa vida tem mesmo um pouco de quaresma. Além disso, existe também uma quaresma na natureza que se refaz constantemente da sua velhice e dos estragos que a humanidade lhe causa.
Em tudo podemos ver Deus passando, nos estendendo sua mão, nos abençoando, curando, corrigindo e nos entusiasmando a prosseguir.
Para sermos uma sociedade nova, nossa vivência quaresmal na busca de libertação pessoal e comunitária, deve acender luzes de esperanças onde existem trevas. Desejo que nossa trajetória e vivência quaresmal sejam libertadoras, nos tornando mais humanos, cristãos e construtores da paz.
Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo da Diocese de Uruaçu – GO
Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB
O crescente aumento da violência em nosso país foi fator essencial para a escolha da temática da Campanha da Fraternidade neste ano. São múltiplas as formas de violência que têm levado o cidadão de bem a investir em proteção privada, uma vez que sente o descontrole e o fracasso do Estado diante da criminalidade. Esse fator, conforme o texto-base da campanha, deixa claro: “Todavia, essa aparente proteção também aumenta, colateralmente, o isolamento. Mantém-se à distância não só o potencial inimigo, mas também o amigo”.
De norte a sul do país constata-se uma epidemia de homicídios superior a muitos países no mundo. O Mapa da Violência no Brasil, de seis anos atrás, dá conta de números assustadores.
Homicídios
O Brasil tem 13.100,0% mais homicídios que a Inglaterra, 436,6% mais que os Estados Unidos e 609,3% que a Argentina. (Resultado por 100 mil habitantes)
Com o tema, “Fraternidade e Superação da Violência”, e o lema, “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8), a Campanha da Fraternidade deste ano propõe não o combate da violência, mas superação dela. Outra cultura, porém, só é possível quando nos reconhecermos irmãos. No lançamento da campanha em âmbito nacional, a temática foi tratada com destaque para a importância de considerar o outro como irmão, a fim de que seja construída uma cultura de não violência nos vários espaços sociais.
Lançamento Nacional
Nesta Quarta-feira de Cinzas (14), durante o lançamento nacional da CF-2018, o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Dom Sergio da Rocha, afirmou que “construir a Fraternidade para superar a violência é o objetivo da Campanha da Fraternidade”. Ele considerou que embora que seja importante a ação de cada um de nós, é preciso de ações comunitárias e reiterou que “a Igreja não pretende oferecer soluções técnicas para os problemas que aborda, mas o valor da fé e do amor que mostra que o semelhante não é um adversário, mas um irmão a ser amado”. O evento contou com a presença da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia.
Após a divulgação na manhã desta quarta-feira (7), da transferência do bispo diocesano de Ipameri (GO), Dom Guilherme Antônio Werlang, para a Diocese de Lages (SC), o Regional Centro-Oeste da CNBB (Goiás e Distrito Federal) por meio de sua presidência, divulgou nota de agradecimento a Dom Guilherme pelos 19 anos de pastoreio na Diocese de Ipameri. “A graça divina seja abundante em sua nova missão”, declarou o presidente, Dom Messias dos Reis Silveira. Ele também afirmou que a presença do bispo por quase duas décadas no regional, “foi uma força viva de animação para a Igreja nesta porção do povo de Deus”.
Agradecimento a Dom Guilherme Antônio Werlang
O Regional Centro-Oeste da CNBB tomou conhecimento na manhã de hoje, 7 de fevereiro, da decisão do papa Francisco, de transferir Dom Guilherme Antônio Werlang, para a vacante Diocese de Lages (SC), conforme notícias publicada no Jornal “L’Osservatore Romano” desta quarta-feira, às 12 horas de Roma.
Diante de importante decisão, nós do regional, louvamos a Deus pela vida e ministério de Dom Guilherme. Rezamos ainda para que a Graça Divina seja abundante em sua nova missão. Conte com nossas orações. O Regional Centro-Oeste agradece ao senhor por sua significativa ação na Diocese de Ipameri e em todo o regional, na certeza de que sua presença entre nós foi uma força viva de animação para a Igreja nesta porção do povo de Deus.
Em Cristo,
Dom Messias dos Reis Silveira
Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB
O papa Francisco transferiu o bispo diocesano de Ipameri (GO), Dom Guilherme Antônio Werlang, para a Diocese de Lages (SC). O comunicado foi feito pela Nunciatura Apostólica no Brasil na manhã desta quarta-feira, 7 de fevereiro. Dom Guilherme, agora, assume a vacante diocese de Lages (SC). A notícia foi publicada no Jornal “L’Osservatore Romano” desta quarta-feira, às 12 horas de Roma.
Dom Guilherme Werlang
O novo bispo de Lages nasceu em 5 de agosto de 1950, em São Carlos (SC). Fez seus estudos eclesiásticos (Teologia e Filosofia) entre 1972 e 1977. Sua profissão religiosa na Congregação dos Missionários da Sagrada Família foi em 22 de fevereiro de 1976 e sua ordenação presbiteral em 2 de dezembro de 1979. O prelado é especialista em Liturgia.
Dom Guilherme foi nomeado bispo em 19 de maio de 1999. Sua posse em 7 de agosto daquele ano. Seu lema episcopal é: “Para que todos tenham vida”. Como bispo, Dom Guilherme Werlang foi membro da Comissão Episcopal para o serviço da Caridade, da Justiça e da Paz; bispo acompanhante do Setor Juventude do Regional Centro-Oeste; fez parte da Comissão Episcopal para a Reforma e Construção da Sede Nacional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB); presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, mais tarde nomeada como Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora (2011 até o momento); também é membro do Conselho Episcopal Pastoral (Consep) e do Conselho Permanente da CNBB; além de compor a Comissão do Fundo Nacional de Solidariedade e o Conselho Econômico da CNBB.
O bispo auxiliar de Brasília e secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, enviou saudação em nome da Conferência ao novo bispo de Lages (SC).
Brasília-DF, 07 de fevereiro de 2018
Saudação da CNBB a Dom Guilherme Antônio Werlang
Prezado Irmão, Dom Guilherme Werlang.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) envia saudação ao senhor pela sua nomeação, publicada nesta quarta-feira pelo papa Francisco, como novo bispo da Diocese de Lages (SC).
Conhecemos o seu dedicado pastoreio à Diocese de Ipameri (GO) desde 1999. Apreciamos o seu serviço prestado como presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Social Transformadora da CNBB desde o quadriênio passado. Sabemos do seu pastoreio corajoso e sincero e desejamos que seu ministério continue fecundo em sua nova diocese.
Saudamos sua nomeação com as palavras do Santo Padre, papa Francisco, pronunciadas em encontro com os irmãos bispos no mês passado, no Chile, quando fez o seguinte apelo: “pedir ao Espírito Santo o dom de sonhar; por favor, nunca deixeis de sonhar, sonhar e trabalhar por uma opção missionária e profética que seja capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um instrumento mais adequado para a evangelização […] do que para uma auto-preservação eclesiástica. Não tenhamos medo de nos despojar daquilo que nos afasta do mandato missionário”.
A CNBB também cumprimenta e agradece a Dom Nelson Westrupp, bispo emérito de Santo André (SP) e Administrador Apostólico de Lages, que tem se ocupado em dar andamento na animação pastoral da diocese até a nomeação do novo bispo.
Em Cristo,
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário-Geral da CNBB
Fonte: CNBB Nacional
“Porque se multiplicará a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos” (Mt 24, 12)
Amados irmãos e irmãs!
Mais uma vez vamos encontrar-nos com a Páscoa do Senhor! Todos os anos, com a finalidade de nos preparar para ela, Deus na sua providência oferece-nos a Quaresma, “sinal sacramental da nossa conversão”, que anuncia e torna possível voltar ao Senhor de todo o coração e com toda a nossa vida.
Com a presente mensagem desejo, este ano também, ajudar toda a Igreja a viver, neste tempo de graça, com alegria e verdade; faço-o deixando-me inspirar pela seguinte afirmação de Jesus, que aparece no evangelho de Mateus: “Porque se multiplicará a iniquidade, vai resfriar o amor de muitos” (24, 12).
Esta frase situa-se no discurso que trata do fim dos tempos, pronunciado em Jerusalém, no Monte das Oliveiras, precisamente onde terá início a paixão do Senhor. Dando resposta a uma pergunta dos discípulos, Jesus anuncia uma grande tribulação e descreve a situação em que poderia encontrar-se a comunidade dos crentes: à vista de fenômenos espaventosos, alguns falsos profetas enganarão a muitos, a ponto de ameaçar apagar-se, nos corações, o amor que é o centro de todo o Evangelho.
Os falsos profetas
Escutemos este trecho, interrogando-nos sobre as formas que assumem os falsos profetas?
Uns assemelham-se a “encantadores de serpentes”, ou seja, aproveitam-se das emoções humanas para escravizar as pessoas e levá-las para onde eles querem. Quantos filhos de Deus acabam encandeados pelas adulações dum prazer de poucos instantes que se confunde com a felicidade! Quantos homens e mulheres vivem fascinados pela ilusão do dinheiro, quando este, na realidade, os torna escravos do lucro ou de interesses mesquinhos! Quantos vivem pensando que se bastam a si mesmos e caem vítimas da solidão!
Outros falsos profetas são aqueles “charlatães” que oferecem soluções simples e imediatas para todas as aflições, mas são remédios que se mostram completamente ineficazes: a quantos jovens se oferece o falso remédio da droga, de relações passageiras, de lucros fáceis mas desonestos! Quantos acabam enredados numa vida completamente virtual, onde as relações parecem mais simples e ágeis, mas depois revelam-se dramaticamente sem sentido! Estes impostores, ao mesmo tempo que oferecem coisas sem valor, tiram aquilo que é mais precioso como a dignidade, a liberdade e a capacidade de amar. É o engano da vaidade, que nos leva a fazer a figura de pavões para, depois, nos precipitar no ridículo; e, do ridículo, não se volta atrás. Não nos admiremos! Desde sempre o demônio, que é “mentiroso e pai da mentira” (Jo 8, 44), apresenta o mal como bem e o falso como verdadeiro, para confundir o coração do homem. Por isso, cada um de nós é chamado a discernir, no seu coração, e verificar se está ameaçado pelas mentiras destes falsos profetas. É preciso aprender a não se deter no nível imediato, superficial, mas reconhecer o que deixa dentro de nós um rasto bom e mais duradouro, porque vem de Deus e visa verdadeiramente o nosso bem.
Um coração frio
Na Divina Comédia, ao descrever o Inferno, Dante Alighieri imagina o diabo sentado num trono de gelo; habita no gelo do amor sufocado. Interroguemo-nos então: Como se resfria o amor em nós? Quais são os sinais indicadores de que o amor corre o risco de se apagar em nós?
O que apaga o amor é, antes de mais nada, a ganância do dinheiro, “raiz de todos os males” (1 Tm 6, 10); depois dela, vem a recusa de Deus e, consequentemente, de encontrar consolação n'Ele, preferindo a nossa desolação ao conforto da sua Palavra e dos Sacramentos. Tudo isto se permuta em violência que se abate sobre quantos são considerados uma ameaça para as nossas “certezas”: o bebê nascituro, o idoso doente, o hóspede de passagem, o estrangeiro, mas também o próximo que não corresponde às nossas expetativas.
A própria criação é testemunha silenciosa deste resfriamento do amor: a terra está envenenada por resíduos lançados por negligência e por interesses; os mares, também eles poluídos, devem infelizmente guardar os despojos de tantos náufragos das migrações forçadas; os céus – que, nos desígnios de Deus, cantam a sua glória – são sulcados por máquinas que fazem chover instrumentos de morte.
E o amor resfria-se também nas nossas comunidades: na Exortação apostólica Evangelii gaudium procurei descrever os sinais mais evidentes desta falta de amor. São eles a acédia egoísta, o pessimismo estéril, a tentação de se isolar empenhando-se em contínuas guerras fratricidas, a mentalidade mundana que induz a ocupar-se apenas do que dá nas vistas, reduzindo assim o ardor missionário.
Que fazer?
Se porventura detenhamos, no nosso íntimo e ao nosso redor, os sinais acabados de descrever, saibamos que, a par do remédio por vezes amargo da verdade, a Igreja, nossa mãe e mestra, nos oferece, neste tempo de Quaresma, o remédio doce da oração, da esmola e do jejum.
Dedicando mais tempo à oração, possibilitamos ao nosso coração descobrir as mentiras secretas, com que nos enganamos a nós mesmos, para procurar finalmente a consolação em Deus. Ele é nosso Pai e quer para nós a vida.
A prática da esmola liberta-nos da ganância e ajuda-nos a descobrir que o outro é nosso irmão: aquilo que possuo, nunca é só meu. Como gostaria que a esmola se tornasse um verdadeiro estilo de vida para todos! Como gostaria que, como cristãos, seguíssemos o exemplo dos Apóstolos e víssemos, na possibilidade de partilhar com os outros os nossos bens, um testemunho concreto da comunhão que vivemos na Igreja. A este propósito, faço minhas as palavras exortativas de São Paulo aos Coríntios, quando os convidava a tomar parte na coleta para a comunidade de Jerusalém: “Isto é o que vos convém” (2 Cor 8, 10). Isto vale de modo especial na Quaresma, durante a qual muitos organismos recolhem coletas a favor das Igrejas e populações em dificuldade. Mas como gostaria também que no nosso relacionamento diário, perante cada irmão que nos pede ajuda, pensássemos: aqui está um apelo da Providência divina. Cada esmola é uma ocasião de tomar parte na Providência de Deus para com os seus filhos; e, se hoje Ele Se serve de mim para ajudar um irmão, como deixará amanhã de prover também às minhas necessidades, Ele que nunca Se deixa vencer em generosidade?
Por fim, o jejum tira força à nossa violência, desarma-nos, constituindo uma importante ocasião de crescimento. Por um lado, permite-nos experimentar o que sentem quantos não possuem sequer o mínimo necessário, provando dia a dia as mordeduras da fome. Por outro, expressa a condição do nosso espírito, faminto de bondade e sedento da vida de Deus. O jejum desperta-nos, torna-nos mais atentos a Deus e ao próximo, reanima a vontade de obedecer a Deus, o único que sacia a nossa fome.
Gostaria que a minha voz ultrapassasse as fronteiras da Igreja Católica, alcançando a todos vós, homens e mulheres de boa vontade, abertos à escuta de Deus. Se vos aflige, como a nós, a difusão da iniquidade no mundo, se vos preocupa o gelo que paralisa os corações e a ação, se vedes esmorecer o sentido da humanidade comum, uni-vos a nós para invocar juntos a Deus, jejuar juntos e, juntamente conosco, dar o que puderdes para ajudar os irmãos!
O fogo da Páscoa
Convido, sobretudo os membros da Igreja, a empreender com ardor o caminho da Quaresma, apoiados na esmola, no jejum e na oração. Se por vezes parece apagar-se em muitos corações o amor, este não se apaga no coração de Deus! Ele sempre nos dá novas ocasiões, para podermos recomeçar a amar.
Ocasião propícia será, também este ano, a iniciativa “24 horas para o Senhor”, que convida a celebrar o sacramento da Reconciliação num contexto de adoração eucarística. Em 2018, aquela terá lugar nos dias 9 e 10 de março – uma sexta-feira e um sábado –, inspirando-se nestas palavras do Salmo 130: “Em Ti, encontramos o perdão” (v. 4). Em cada diocese, pelo menos uma igreja ficará aberta durante 24 horas consecutivas, oferecendo a possibilidade de adoração e da confissão sacramental.
Na noite de Páscoa, reviveremos o sugestivo rito de acender o círio pascal: a luz, tirada do “lume novo”, pouco a pouco expulsará a escuridão e iluminará a assembleia litúrgica. “A luz de Cristo, gloriosamente ressuscitado, nos dissipe as trevas do coração e do espírito”, para que todos possamos reviver a experiência dos discípulos de Emaús: ouvir a palavra do Senhor e alimentar-nos do Pão Eucarístico permitirá que o nosso coração volte a inflamar-se de fé, esperança e amor.
Abençoo-vos de coração e rezo por vós. Não vos esqueçais de rezar por mim.
Vaticano, 1 de Novembro de 2017
Solenidade de Todos os Santos
Francisco
A primeira Reunião de coordenadores diocesanos e de pastoral, e presidentes de organismos, do Regional Centro-Oeste da CNBB, aconteceu no sábado (3), na sede do regional, em Goiânia. Em pauta, um diálogo aberto sobre o processo de avaliação desta porção da Igreja, realizada no fim do ano passado; perspectivas para 2018, para as dioceses e pastorais; e encaminhamentos para o Ano da Família.
Dom Levi Bonatto, bispo auxiliar de Goiânia e secretário do regional, presidiu a missa de abertura, na qual ele refletiu sobre o Evangelho do dia (Mc 6,30-34), em que narra a compaixão de Jesus pelo seu povo que estava como que ovelha sem pastor. “Naquele momento em que ele e os apóstolos deveriam descansar, Jesus tem compaixão do povo e vai ensiná-los sobre o Reino de Deus. Para nós coordenadores, a evangelização significa nos preocupar mais com os outros e com aqueles que serão atingidos pelo nosso trabalho cujo objetivo é o nosso próximo, mas sempre por amor a Jesus Cristo”, afirmou.
Na primeira parte da reunião, os membros de pastorais, organismos e dioceses, refletiram sobre a identidade do Regional Centro-Oeste. “O fortalecimento da nossa identidade assegura a participação dos membros das mais diversas comunidades espalhadas no estado de Goiás e no Distrito Federal, na vida da Igreja”, afirmou o coordenador de pastoral da Diocese de Uruaçu, padre Francisco Agamenilton Damascena. Uma identidade forte, conforme as reflexões, é importante para que os agentes de pastoral nas bases participem também da vida do regional. O fruto disso, conforme o secretário executivo do regional, padre Eduardo Luiz de Rezende, é proporcionar a articulação de propostas para serem implantadas nas bases. Já o coordenador da Comissão Regional de Presbíteros (CRP), padre Mauro Francisco dos Santos, destacou em sua intervenção, que o regional gera compromisso que precisa ser traduzido para a realidade de cada diocese.
Durante o encontro, o coordenador da Pastoral da Comunicação (Pascom) e membro da Comissão Permanente de Avaliação, irmão Diego Joaquim, propôs a partilha de três questões que ajudaram os participantes da reunião a refletirem sobre as perspectivas pastorais do regional: Que instrumentos práticos podemos propor para os coordenadores em relação à articulação pastoral? Qual a nossa motivação prática para a nossa participação no regional? Como ajudar os bispos a terem clareza do papel do regional? Diversas respostas foram apresentadas, entre elas: conhecer nossos coordenadores de pastorais, para que eles, conhecendo o regional, sejam motivados a participar; a evangelização; Jesus Cristo, como centro da vida da Igreja; a comunhão entre as dioceses; e encaminhamento de iniciativas pastorais aos bispos, para que eles estejam cientes da articulação pastoral no regional.
Ficou agendado para os dias 9 a 11 de agosto, um curso de formação para os coordenadores de pastoral do regional, com assessor e local a serem confirmados.
Ano da Família
Ao fim do encontro, a Pastoral Familiar, por meio de sua coordenação: Maria Dóris e Leônidas Magalhães, apresentou a proposta de vivência do Ano da Família 2018. De acordo com eles, ao longo do ano, todas as dioceses serão visitadas. Eles destacaram que o tema do Ano Regional da Família, “O Evangelho da família, alegria para o mundo”, e o lema do Ano Nacional do Laicato, “Cristos leigos e leigas, sujeitos na Igreja em saída, a serviço do Reino”, se complementam, por isso é possível e importante que se viva as duas propostas em unidade. “O bispo presidente da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da CNBB, Dom João Bosco Barbosa de Sousa, explicou que a Sagrada Família foi escolhida para compor o cartaz do Ano Nacional Laicato, porque esta nos faz compreender o sentido de ser família. Ali tem o pai temente a Deus, o filho que ouve o seu Pai e a mãe que responde ao chamado vocacional”, afirmou. Maria Dóris disse ainda que o Ano Regional da Família será uma rica oportunidade de evangelizar as famílias a partir de encontros, congresso e refletir sobre mães santas, bem como levar a temática proposta para todas as comunidades das mais diversas paróquias presentes no regional.
O 6º Congresso Regional da Pastoral Familiar deve acontecer nos dias 7 a 9 de setembro, no Centro Pastoral Dom Fernando (CPDF), em Goiânia. O evento se realizará no mesmo estilo do Encontro Mundial das Famílias (EMF), com palestras e testemunhos, com foco na família. O evento será aberto no dia 7 com a Peregrinação das famílias do regional ao Santuário Sagrada Família.
A próxima Reunião de coordenadores diocesanos e de pastoral, e presidentes de organismos, do regional deverá acontecer no dia 11 de agosto.
Dia 2 de fevereiro a Igreja celebra a festa da Apresentação de Jesus ao Templo e o Dia Mundial da Vida Consagrada.
Cidade do Vaticano
Na festa da Apresentação de Jesus ao Templo, Dia da Vida Consagrada, o Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, cardeal Dom João Braz de Aviz, concedeu uma entrevista ao Vatican News em que manifesta gratidão aos consagrados e analisa suas principais dificuldades.
“O que nós sentimos é uma enorme gratidão à vida consagrada do mundo inteiro. Encontrar essas pessoas cuja única razão de existir é realmente Deus e a Igreja, isso deixa a gente muito feliz. Nesses dias, vai a nossa oração a cada consagrado, a cada pessoa que está buscando ser fiel à sua vocação, apesar das dificuldades.”
O cardeal brasileiro exorta os consagrados a “aguentar firme, aprofundar e remover os obstáculos, saber que há uma estrada de felicidade profunda, que não há outra igual neste mundo”.
Quanto aos ensinamentos do papa Francisco à vida consagrada, Dom João destaca o “olhar de Jesus sobre a pessoa”.
“Jesus olha e a pessoa entende que Ele chama. Isso é único, é uma relação entre Cristo e nós, entre Deus e nós. É entrar no mistério da pessoa de Jesus. Isso não podemos perder."
“Nós não somos feitos para conservar estruturas, para defender tradições do passado, para ter muito dinheiro, a nossa razão de ser é esse chamado, que depois é um envio para a missão. Essa é uma das palavras que o papa insiste muito.”
Todavia, para o Prefeito da Congregação, hoje um dos principais desafios da vida consagrada é perseverar nesse chamado.
“No chamado que a pessoa tem, ela quer ser feliz. É um diferencial da cultura do jovem hoje. O jovem quer ser feliz, então escolhe as coisas para ser feliz”, afirma, recordando que por outro lado este desejo comporta escolhas efêmeras, não definitivas.
Fonte: Vatican News
Reunidos no Centro de Estudos e Formação do Sumaré, no Rio de Janeiro (RJ), nos dias 22 a 26 de janeiro, cerca de 70 bispos estudaram o tema “O Ateísmo – formas atuais e desafios à evangelização”, na 27ª edição do Curso Anual para os bispos brasileiros, promovido pela Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. Do Regional Centro-Oeste da CNBB, participou o bispo auxiliar de Goiânia e secretário do regional, Dom Levi Bonatto; o bispo de Luziânia, Dom Waldemar Passini Dalbello; e o bispo de Formosa (GO), Dom José Ronaldo.
O curso contou com conferencistas e professores nacionais e internacionais, especialistas no tema, como o prelado do Opus Dei, Dom Fernando Ocáriz; o professor de Teologia Moral e sacerdote do Opus Dei em Brasília, Rafael José Stanziona; o filósofo e vice-reitor da Universidade Católica de Milão, prof. Dr. Francesco Botturi; e frei Francisco Patton, OFM, licenciado em Ciências da Comunicação, pela Pontifícia Universidade Salesiana de Roma, e Custódio da Terra Santa.
Para Dom Levi, a formação é de fundamental importância, uma vez que o tema é bastante atual e preocupante para a Igreja Católica. Segundo ele, durante o curso, os bispos procuraram encontrar soluções e/ou fazer considerações e reflexões que os levem a tratar desse tema de forma prática em suas dioceses. Entrevistado, Dom Levi explicou o que é o Ateísmo e os seus desdobramentos. “É a negação de Deus. Embora não seja novidade, ele sempre existiu em todas as épocas, mas se intensificou com o Marxismo – esse que é a negação de Deus por meio da exaltação do materialismo e das lutas de classe, conforme nos colocaram muito bem os palestrantes durante o curso”, afirmou.
O Relativismo – disse Dom Levi – também contribuiu para que o Ateísmo se disseminasse, uma vez que para aquele a verdade já não é mais verdade definitiva e o mesmo tema pode ter várias verdades sob o ponto de vista moral e o ponto de vista filosófico.
Ideologia de Gênero
Outro apontamento feito durante o curso foi sobre a Ideologia de Gênero, que também promove o Ateísmo. “A Ideologia de Gênero, que é uma negação contra a natureza, é, portanto, uma negação contra o criador, porque ela defende que o homem não nasce homem ou mulher, e, sim, que ele ou ela se fazem homem ou mulher durante a sua vida, e isso exclui Deus do processo”, comentou o bispo auxiliar de Goiânia.
Dom Levi também pontuou outros temas que levam a sociedade ao Ateísmo, como é o caso da secularização, que é a perda da presença de Deus no meio do mundo, ou seja, as pessoas não veem mais Deus como aquele que está no meio da sociedade, pois ele já não é o Pai da história e, diante disso, são outros os interesses que levam as pessoas a orientarem suas vidas”. O laicismo também foi estudado como consequência do Ateísmo. “O laicismo é uma ingerência de pessoas na Igreja e que agem em nome da Igreja para conseguir benefícios próprios e pessoais, inclusive fazendo coisas incorretas que não estão de acordo com a moral da Igreja. Já laicidade é a ingerência dos católicos que, com as suas ideias, transformam a sociedade com os bons costumes, e as boas ideias. Enfim, levam tudo aquilo que é bom do Catolicismo para a sociedade e para as suas famílias”, explicou.
Solução
Ao fim do curso, com as conclusões, foram apresentadas algumas soluções para o Ateísmo na atualidade. A primeira delas seria a redefinição da pessoa humana. Essa apresentação foi feita por Dom Fernando Ocáriz. “Redefinir a pessoa humana seria superar o materialismo, a Ideologia de Gênero, a secularização e o laicismo. Seria voltar a pessoa para o absoluto que é Deus”. Diante disso, conforme Dom Levi, a Igreja tem um importante papel. “A Igreja precisa dar formação às pessoas e de forma individualizada. Embora a formação coletiva seja importante, chega o momento em que a Igreja tem que criar condições de atender pessoa a pessoa, porque a conversão é muito pessoal. A Igreja tem que ajudar a pessoa a descobrir o absoluto, e a pessoa precisa ter onde viver essa fé absoluta, que é o encontro com Deus. É papel ainda da Igreja manter a pessoa no absoluto. E em seguida vem a parte sacramental, da liturgia, que o mantém na fé”.
Vivemos um tempo de profundas mudanças que muitos têm chamado de uma mudança de época. Um tempo de grandes transformações no modo de ver a realidade e de interagir com ela. Tais transformações afetam profundamente o homem e suas estruturas, e a família não está isenta, ela é profundamente afetada.
Neste tempo de mudanças, percebemos a presença de luzes e sombras. São luzes a maior liberdade de expressão, os avanços e as conquistas das ciências, a promoção e a valorização da mulher, a superação de preconceitos e racismos, o melhor reconhecimento dos direitos da criança e do idoso, a revolução da ternura proposta pelo papa Francisco, as novas metodologias de ação pastoral envolvendo crianças, jovens, casais e idosos, a disponibilidade de casais e famílias para viverem com profundidade sua experiência religiosa em encontros, comunidades paroquiais, comunidades de vida e grupos pastorais. São sombras: o individualismo exacerbado (cada pessoa considerada como uma ilha ou “cada um no seu quadrado”, ou cada pessoa se conduzindo por seus interesses particulares colocados como absolutos), os fundamentalismos religiosos e políticos, a crise de fé, a solidão (grande pobreza contemporânea), a predominância do financeiro sobre o humano, a banalização e relativização da vida, a mentalidade utilitarista, hedonista e pragmática, e tantas outras realidades.
Nesse contexto, a Igreja é chamada, por meio de sua Ação Evangelizadora, a dizer uma palavra de verdade e de esperança, a transmitir segurança e confiança. Isso ela faz fundando-se em sua convicção profunda sobre os grandes valores da vida humana, do matrimônio e da família, construídos considerando-se o projeto de Deus (o Evangelho da Vida, do Matrimônio e da Família). Tais valores ainda se constituem como uma resposta diante das buscas e aspirações que atravessam a existência humana.
Para que isso se concretize, urge construirmos uma Ação Evangelizadora conjunta, por meio da Pastoral Familiar e de todos os movimentos, serviços, institutos e comunidades de Vida que têm a família como sua missão. Essa Ação Evangelizadora precisa acolher as pessoas em sua existência concreta, fomentar o desenvolvimento de suas legítimas buscas e aspirações, encorajar o seu desejo de Deus e a sua vontade de sentir-se plenamente parte de uma Igreja viva e comprometida, apresentar a beleza da vida humana (desde a fecundação até o seu término natural), do matrimônio cristão e da família.
Continuaremos, nestes artigos, refletindo sobre essa Ação Evangelizadora e o compromisso da Igreja e de cada um de seus membros (leigos, religiosos, sacerdotes), nos diversos movimentos e pastorais, institutos e comunidades. É tempo de ouvir o chamado de Cristo dirigido aos discípulos, em seu tempo, e dirigido a nós em nosso tempo: “Avancem para águas mais profundas” (Lc 5,4). É preciso ir ao encontro das pessoas em suas realidades familiares e seus relacionamentos, e mostrar que cada pessoa e cada família é chamada, por Deus, a ser uma luz para um mundo que luta contra as trevas. Deus criou a luz para colocar ordem na criação, criou a família para dar ordenamento também à vida do homem e da mulher.
Dom Moacir Arantes
Bispo auxiliar da Arquidiocese de Goiânia
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