Tu és Pedro, e eu te darei as chaves do Reino dos céus.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-20
O bispo da diocese de Rubiataba-Mozarlândia, dom Adair José Guimarães, realizou sua primeira visita pastoral à paróquia Nossa Senhora da Glória, Catedral de Rubiataba. Acolhido pelo pároco, monsenhor Vanildo Fernandes da Mota e por lideranças de diversas pastorais, grupos e movimentos, a visita de caráter missionário, que durou uma semana, foi marcada por intensas atividades.
No primeiro dia houve uma caminhada pelo centro da cidade até a igreja Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, local que foi celebrada a missa de abertura. No encontro com cerca de 400 professores da rede municipal e estadual de ensino, ministrou palestra sobre o tema “Ideologia de Gênero e o momento cultural atual”. Houve também um encontro com os alunos em visitas que dom Adair fez a diversas escolas.
Já no encontro com os vereadores e com o prefeito, ele pontuou o sentimento da população em relação a administração atual. “Reproduzi ao prefeito e vereadores o descontentamento da população em relação à atual gestão municipal”, disse.
Visita aos presos
Dom Adair também se reuniu com catequistas e catequizandos, Pastoral Familiar, Setor Juventude, Conselho de Pastoral, Conselho de Administração, Sociedade São Vicente de Paulo e Lar dos Idosos, Pastorais Sociais (Criança, Idoso, Carcerária e Sobriedade). Nesses encontros as pastorais apresentaram os seus trabalhos e todas receberam orientação do bispo. A Pastoral Carcerária, por sua vez, preparou uma visita do bispo à unidade prisional da cidade na qual dom Adair ministrou uma reflexão com os presos sobre o “Nascer de Novo”.
Entrevista
O bispo também visitou enfermos nas casas, atendeu confissões e celebrou missa com os idosos. O Santíssimo Sacramento foi exposto para adoração durante um dia. Ele orientou catequese ao povo, celebrou missa pelas vocações e a rádio local fez uma manhã de entrevistas com dom Adair sobre eventos da diocese e questionamentos dos ouvintes. O prelado ainda aproveitou para fazer inspeção patrimonial, documental e litúrgica na Paróquia com o pároco e auxílio de um advogado. Ajudaram na visita pastoral a chanceler da Cúria, irmã Maria da Conceição Cunha e o Seminarista em estágio, Bruno Miguel. A Cúria deverá expedir uma ata de todas as atividades com as observações do bispo. A visita ocorreu nos dias 3 a 10 de maio.
“Bem-aventurados os puros de coração porque verão a Deus” (Mt 5, 8). Com este tema, o mesmo que o papa Francisco refletiu com a juventude por ocasião da 30ª Jornada Mundial da Juventude celebrada nas dioceses no Domingo de Ramos (29 de março), o Setor Juventude da diocese de Rubiataba-Mozarlândia e a paróquia Nossa Senhora do Rosário de Aruanã (GO) realizaram a 6ª Jornada Diocesana da Juventude (JDJ) nos dias 16 e 17 de maio, encontro que reuniu mais de 500 jovens de toda a diocese.
O evento contou com a presença do bispo diocesano, dom Adair José Guimarães, que é também referencial para o Setor Juventude do Regional Centro-Oeste da CNBB (Goiás e Distrito Federal). A JDJ também teve a presença de vários padres que atenderam confissões dos jovens e dos representantes de todos os movimentos juvenis da diocese.
Munidos do kit peregrino (viseira, caneta, chaveiro e garrafinha de água) os jovens foram acolhidos pelas famílias da comunidade, em suas casas. A peregrinação começou no sábado, às 17h, em um percurso de 2 quilômetros pela cidade com pausas para oração e meditação. Os momentos tiveram a animação do padre referencial para a juventude, Jamel Carlos Dias de Andrade.
À noite, a jornada foi abrilhantada por um show católico na Praça Couto Magalhães, às margens do Rio Araguaia, com animação do cantor, apresentador e escritor Diego Fernandes. “Foi um momento profundo de oração, evangelização e animação; ninguém conseguiu ficar parado”, comentou o bispo.
Celebração e catequese
Na manhã de domingo (17) logo após o café da manhã dos peregrinos, dom Adair presidiu a celebração eucarística que foi concelebrada pelo pároco e demais padres presentes. O bispo orientou ainda uma catequese para os jovens, enquanto os padres atendiam confissões e acontecia uma animação com o Ministério Mensageiro do Espírito.
O padre Jamel Carlos também deu uma palestra sobre afetividade e sexualidade. A adoração ao Santíssimo Sacramento com o padre José Barbosa, de Nova Crixás (GO) foi um momento marcante da 6ª JDJ. Antes do envio do bispo, foi anunciada a cidade de Mozarlândia para sediar a 7ª JDJ, nos dia 14 e 15 de maio de 2016.
Cerca de 3 mil pessoas da diocese de Goiás e regiões vizinhas participaram da 8ª Festa da Colheita que aconteceu no dia 6 de junho, em Itapuranga. Promovido pela diocese e Comissão Pastoral da Terra (CPT), o evento celebra a colheita dos frutos da agricultura familiar e as lutas históricas dos trabalhadores.
No início da festa, o bispo diocesano, dom Eugênio Rixen comentou a história e luta de dom Tomás, bispo emérito que faleceu a pouco mais de um ano. “Se estivesse fisicamente entre nós, certamente estaria aqui”, disse. Ele falou também sobre a agricultura familiar. “São os agricultores familiares que produzem os alimentos que vão para nossas mesas”.
Após um momento de animação e apresentação circense, a celebração da Palavra aconteceu por volta das 16h. O povo reunido na Praça da Feira recebeu chapéus de palha e saiu em caminhada pelas ruas da cidade. No trio elétrico, palavras de ordem e músicas motivavam os peregrinos, que vibravam, num emocionante entardecer.
Apresentações culturais da região como a tradicional Folia de Lages, e os cantores populares Zé Lemes, Adão Rosa e Romerson Alves, além de grupos de dança, passaram pelo palco. Na Praça Nossa Senhora de Fátima, em frente à igreja matriz, o palco com alimentos, bandeiras e peneiras esperava os romeiros.
Premiação
O Prêmio Dom Tomás Balduíno foi entregue a personagens importantes nas lutas do campo: Luismar Ribeiro, Maria Aparecida, Adão Rosa, Zé Lemes, Nelo Bonone, Itamar Aparecido, Isabel Carlos, Jadir Pessoa, Waltuir Moreira, João Queiroz e Cleonice Queiroz.
No encerramento da festa, as quitandas, frutas e sucos foram partilhados pelos participantes, numa comunhão fraterna e comprometida com as lutas por terra, agroecologia e vida em abundância. A Festa da Colheita produziu uma carta-compromisso em que os participantes assumiram a defesa da lei estadual da agricultura familiar, a produção agroecológica, a defesa dos direitos dos trabalhadores, do cerrado, e a partilha das terras.
O arcebispo emérito de Goiânia, dom Antonio Ribeiro de Oliveira, celebra nesta quarta-feira, 10 de junho, 89 anos de vida. Nascido em Orizona (GO), a 136 quilômetros da capital, no dia 10 de junho de 1926, ele é filho de José Ribeiro de Oliveira e Luiza Marcelina de Castro.
Foi ordenado padre no dia 2 de abril de 1949, em Mariana (MG) e nomeado bispo em 25 de agosto de 1961. A ordenação episcopal aconteceu em 29 de outubro do mesmo ano, em Goiânia. Renunciou em 8 de maio de 2002.
Dom Antonio Ribeiro é conhecido pelo trabalho que desempenhou sempre a favor dos mais pobres. No livro O Profeta de Bengala, organizado pelo Padre Alaor Rodrigues de Aguiar, da Arquidiocese de Goiânia, está registrado em poucas linhas. Dom Antonio é “a esperança testemunhada entre os mais pobres dos pobres e dentro de desafios reais é confirmada pela fé no Deus Vivo, presente no meio de nós. É assim que o Pastor e Bispo da Arquidiocese declama o seu grande amor a Igreja, Povo querido de Deus”.
O livro também destaca o arcebispo como “servidor da causa dos mais excluídos quando se coloca nas origens de muitas escolas, nas lutas pelo estudo de qualidade com a formação integral; foi reconhecido como o educador nos caminhos do antigo Estado de Goiás”, ainda, “aquele que apelou para que a Constituinte de 1987 respondesse às necessidades do povo” e homem de Deus que “confirma na Páscoa de 1988, com clareza, sua opção evangélica preferencial pelos pobres” e que soube “orientar e participar diretamente da prática de uma coordenação mais participativa e mais representativa das forças vivas de nossa Igreja particular de Goiânia”. Em 1991, quando o papa João Paulo II, hoje Santo, visitou a capital, continua o texto, dom Antonio “mostra ao papa a cara e o coração da Igreja de Goiânia e recebe dele a confirmação de sua missão – ‘continue, dom Antonio, com este espírito’”.
Atividades como bispo
Como bispo, foi auxiliar de Goiânia de 1961 a 1976; administrador apostólico de Goiás, de 1966 a 1967; administrador apostólico de Itumbiara de 1972 a 1973; membro da Comissão representativa da CNBB; membro Comissão Episcopal para Traduções de Textos Litúrgicos; membro do Conselho Estadual de Educação de Goiás; Padre Conciliar de 1962 a 1965; bispo de Ipameri de 1976 a 1986; membro do Conselho Fiscal da CNBB por dois mandatos; presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB de 1987 a 1991 e por fim, arcebispo de Goiânia de 1986 a 2002. É autor do livro Semana Santa sem Padre, que escreveu na diocese de Ipameri e Carta Pastoral sobre Eleições, além de pronunciamentos e cartas circulares diversas. Seu lema episcopal é “Para que todos sejam um”.
Prezados irmãos e irmãs, cristãos católicos e pessoas de boa vontade: Em nome de Jesus, quero me dirigir a todos os que se encontram de coração aberto para acolher uma palavra a respeito da tentativa de inserção da chamada “ideologia de gênero” no Plano Municipal de Educação (PME), a ser votado até o final de junho, em cada um dos nossos municípios. Na condição de Pastor, missão a mim confiada, exorto a todos os irmãos e irmãs na fé e pessoas de boa vontade em geral para que busquem, com empenho, se informar sobre a tramitação do assunto junto aos vereadores, representantes do povo, em suas respectivas cidades. Uma vez informados, manifestem a eles, de modo respeitoso e firme, a sua posição contrária a essa perigosíssima ideologia.
A ideologia de gênero, varrida do Plano Nacional de Educação (PNE), no ano passado, não descansa em paz como algumas pessoas menos avisadas possam pensar. Ao contrário, “diabólica” como é – para usar as palavras do Papa Francisco –, ela visa agora entrar na vida de nossas crianças e adolescentes não mais pela esfera federal, mas sim, municipal: onde cada município fica responsável por implantar ou recusar esse sistema de ideias nefasto e antinatural em seu plano de ensino. Se isso se der em sua totalidade será a destruição do ser humano.
Com efeito, a tese mestra da ideologia de gênero é a seguinte: o ser humano nasce com um sexo biológico definido (homem ou mulher), mas, além dele, existiria o sexo psicológico ou o gênero que poderia ser construído livremente pela sociedade na qual o indivíduo está inserido. Em outras palavras, esta ideologia defende que não existiria mais uma mulher ou um homem naturais, ao contrário, o ser humano nasceria sexualmente neutro, do ponto de vista psíquico, e assim, a sua constituição como homem ou mulher, seria social.
Em seu discurso de 21/12/2012 à Cúria Romana, o Papa Bento XVI já lançava uma ampla advertência quanto ao uso do “termo ‘gênero’ como nova filosofia da sexualidade”. Dizia ele que “o homem contesta o fato de possuir uma natureza pré-constituída pela sua corporeidade, que caracteriza o ser humano. Nega a sua própria natureza, decidindo que esta não lhe é dada como um fato pré-constituído, mas é ele próprio quem a cria. De acordo com a narração bíblica da criação, pertence à essência da criatura humana ter sido criada por Deus como homem ou como mulher. Esta dualidade é essencial para o ser humano, como Deus o fez. É precisamente esta dualidade como ponto de partida que é contestada. Deixou de ser válido aquilo que se lê na narração da criação: ‘Ele os criou homem e mulher’ (Gn 1,27). Isto deixou de ser válido, para valer que não foi Ele que os criou homem e mulher; mas teria sido a sociedade a determiná-lo até agora, ao passo que agora somos nós mesmos a decidir sobre isto. Homem e mulher como realidade da criação, como natureza da pessoa humana, já não existem. O homem contesta a sua própria natureza”. Papa Bento abordou a ideologia de gênero outra vez, um mês mais tarde, em 19/01/2013, dizendo que “os Pastores da Igreja – a qual é ‘coluna e sustentáculo da verdade’ (1Tm 3,15) – têm o dever de alertar contra estas derivas tanto os fiéis católicos como qualquer pessoa de boa vontade e de razão reta”.
Ao fiel católico leigo – demais cristãos e pessoas de boa vontade em geral – cabe colocar os mais próximos em alerta e, sobretudo, perguntar aos políticos profissionais que conhece (especialmente aos vereadores) qual é a postura deles sobre a ideologia de gênero. É importante que esses representantes do povo se posicionem ante a subversão dos planos do Criador.
Para conhecer melhor essa questão sugiro a leitura do artigo: Reflexões sobre a ideologia de gênero, do Cardeal Dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro, publicado no site da CNBB, em 28/03/14. Afinal, diante de Deus, todos somos responsáveis – em maior ou menor grau – pela delicadíssima questão em foco.
Peço, pois, que cada um daqueles a quem chegar esta minha comunicação, em consciência, diante de Deus e do próximo, com o direito que lhe assiste enquanto cristão, enquanto pessoa de bem e enquanto cidadão brasileiro, se empenhe no combate à ideologia de gênero de teor “diabólico”, como tem declarado o Papa Francisco.
Que o Senhor Jesus cubra você e toda a sua família, de bênçãos e graças divinas.
Dom Mauro Montagnoli, CSS
Bispo diocesano de Ilhéus
O papa Francisco decidiu fazer uma mudança nas rubricas do Missal Romano relativas ao Rito do “Lava pés” contido na Missa da Santa Ceia: de agora em diante, entre as pessoas escolhidas pelos pastores poderão ser incluídas também as mulheres.
O papa explica sua decisão numa Carta endereçada ao prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, cardeal Robert Sarah. Por conseguinte, o referido dicastério vaticano emitiu um Decreto a propósito.
Expressar a caridade sem limites de Jesus
“Expressar plenamente o significado do gesto realizado por Jesus no Cenáculo, o seu doar-se ‘completamente’, para a salvação do mundo, a sua caridade sem limites”: com essas palavras, o papa Francisco explica, na Carta ao cardeal Sarah, a decisão de modificar a rubrica do Missal Romano que indica as pessoas escolhidas para receber o “Lava-pés” durante a missa da Santa Ceia, na Quinta-feira Santa.
Incluídas as mulheres entre os fiéis escolhidos
A decisão do papa, tomada “após atenta ponderação”, explica o próprio pontífice, faz de modo que “de agora em diante os pastores da Igreja possam escolher os participantes para o rito entre todos os membros do povo de Deus”.
Efetivamente, se antes estes deviam ser homens adultos ou jovens, agora – explica o decreto da Congregação para o Culto Divino – poderão ser quer homens, quer mulheres, “convenientemente jovens e idosos, sadios e doentes, clérigos, consagrados e leigos”, incluídos casados e solteiros.
“Esse pequeno grupo de fiéis deverá representar a variedade e a unidade de cada porção do povo de Deus”, ressalta o dicastério, sem especificar o seu número.
Explicar adequadamente aos escolhidos o significado do rito
Ademais, o Santo Padre recomenda que “seja dada aos escolhidos uma adequada explicação do significado do próprio rito”. Cabe a estes – escreve o secretário da Congregação para o Culto Divino, Dom Arthur Roche, num artigo para o L’Osservatore Romano – oferecer com simplicidade a sua disponibilidade.
“Cabe a quem cuida das celebrações litúrgicas preparar e dispor todo necessário para ajudar todos a participar frutuosamente deste momento: a vida de todo discípulo do Senhor é memorial (anamnesi) do ‘mandamento novo’ ouvido no Evangelho.”
Gesto já realizado pelo Papa Francisco
Vale recordar que o papa Francisco já realizou o rito do Lava-pés com a participação de algumas mulheres, por exemplo, na Quinta-feira Santa do ano passado, quando celebrou, em Roma, a missa da Ceia do Senhor no Cárcere de Rebibbia.
Com informações da Rádio Vaticano
Queridos irmãos e irmãs!
O Ano Santo da Misericórdia convida-nos a refletir sobre a relação entre a comunicação e a misericórdia. Com efeito, a Igreja unida a Cristo, encarnação viva de Deus Misericordioso, é chamada a viver a misericórdia como traço característico de todo o seu ser e agir. Aquilo que dizemos e o modo como o dizemos, cada palavra e cada gesto deveria poder expressar a compaixão, a ternura e o perdão de Deus para todos. O amor, por sua natureza, é comunicação: leva a abrir-se, não se isolando. E, se o nosso coração e os nossos gestos forem animados pela caridade, pelo amor divino, a nossa comunicação será portadora da força de Deus.
Como filhos de Deus, somos chamados a comunicar com todos, sem exclusão. Particularmente próprio da linguagem e das ações da Igreja é transmitir misericórdia, para tocar o coração das pessoas e sustentá-las no caminho rumo à plenitude daquela vida que Jesus Cristo, enviado pelo Pai, veio trazer a todos. Trata-se de acolher em nós mesmos e irradiar ao nosso redor o calor materno da Igreja, para que Jesus seja conhecido e amado; aquele calor que dá substância às palavras da fé e acende, na pregação e no testemunho, a «centelha» que os vivifica.
A comunicação tem o poder de criar pontes, favorecer o encontro e a inclusão, enriquecendo assim a sociedade. Como é bom ver pessoas esforçando-se por escolher cuidadosamente palavras e gestos para superar as incompreensões, curar a memória ferida e construir paz e harmonia. As palavras podem construir pontes entre as pessoas, as famílias, os grupos sociais, os povos. E isso acontece tanto no ambiente físico como no digital. Assim, palavras e ações hão-de ser tais que nos ajudem a sair dos círculos viciosos de condenações e vinganças que mantêm prisioneiros os indivíduos e as nações, expressando-se através de mensagens de ódio. Ao contrário, a palavra do cristão visa fazer crescer a comunhão e, mesmo quando deve com firmeza condenar o mal, procura não romper jamais o relacionamento e a comunicação.
Por isso, queria convidar todas as pessoas de boa vontade a redescobrirem o poder que a misericórdia tem de curar as relações dilaceradas e restaurar a paz e a harmonia entre as famílias e nas comunidades. Todos nós sabemos como velhas feridas e prolongados ressentimentos podem aprisionar as pessoas, impedindo-as de comunicar e reconciliar-se. E isto aplica-se também às relações entre os povos. Em todos esses casos, a misericórdia é capaz de implementar um novo modo de falar e dialogar, como se exprimiu muito eloquentemente Shakespeare: «A misericórdia não é uma obrigação. Desce do céu como o refrigério da chuva sobre a terra. É uma dupla bênção: abençoa quem a dá e quem a recebe» (“O mercador de Veneza”, Ato IV, Cena I).
É desejável que também a linguagem da política e da diplomacia se deixe inspirar pela misericórdia, que nunca dá nada por perdido. Faço apelo, sobretudo àqueles que têm responsabilidades institucionais, políticas e de formação da opinião pública, para que estejam sempre vigilantes sobre o modo como se exprimem a respeito de quem pensa ou age de forma diferente e ainda de quem possa ter errado. É fácil ceder à tentação de explorar tais situações e, assim, alimentar as chamas da desconfiança, do medo, do ódio. Pelo contrário, é preciso coragem para orientar as pessoas em direção a processos de reconciliação, mas é precisamente tal audácia positiva e criativa que oferece verdadeiras soluções para conflitos antigos e a oportunidade de realizar uma paz duradoura. «Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. (...) Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5, 7.9).
Como gostaria que o nosso modo de comunicar e também o nosso serviço de pastores na Igreja nunca expressassem o orgulho soberbo do triunfo sobre um inimigo, nem humilhassem aqueles que a mentalidade do mundo considera perdedores e descartáveis!
A misericórdia pode ajudar a mitigar as adversidades da vida e dar calor a quantos têm conhecido apenas a frieza do julgamento. Seja o estilo da nossa comunicação capaz de superar a lógica que separa nitidamente os pecadores dos justos. Podemos e devemos julgar situações de pecado – violência, corrupção, exploração, etc. –, mas não podemos julgar as pessoas, porque só Deus pode ler profundamente no coração delas. É nosso dever admoestar quem erra, denunciando a maldade e a injustiça de certos comportamentos, a fim de libertar as vítimas e levantar quem caiu. O Evangelho de João lembra-nos que «a verdade [nos] tornará livres» (Jo 8, 32). Em última análise, esta verdade é o próprio Cristo, cuja misericórdia repassada de mansidão constitui a medida do nosso modo de anunciar a verdade e condenar a injustiça. É nosso dever principal afirmar a verdade com amor (cf. Ef 4, 15). Só palavras pronunciadas com amor e acompanhadas por mansidão e misericórdia tocam os nossos corações de pecadores. Palavras e gestos duros ou moralistas correm o risco de alienar ainda mais aqueles que queríamos levar à conversão e à liberdade, reforçando o seu sentido de negação e defesa.
Alguns pensam que uma visão da sociedade enraizada na misericórdia seja injustificadamente idealista ou excessivamente indulgente. Mas tentemos voltar com o pensamento às nossas primeiras experiências de relação no seio da família. Os pais amavam-nos e apreciavam-nos mais pelo que somos do que pelas nossas capacidades e os nossos sucessos. Naturalmente os pais querem o melhor para os seus filhos, mas o seu amor nunca esteve condicionado à obtenção dos objetivos. A casa paterna é o lugar onde sempre és bem-vindo (cf. Lc 15, 11-32). Gostaria de encorajar a todos a pensar a sociedade humana não como um espaço onde estranhos competem e procuram prevalecer, mas antes como uma casa ou uma família onde a porta está sempre aberta e se procura aceitar uns aos outros.
Para isso é fundamental escutar. Comunicar significa partilhar, e a partilha exige a escuta, o acolhimento. Escutar é muito mais do que ouvir. Ouvir diz respeito ao âmbito da informação; escutar, ao invés, refere-se ao âmbito da comunicação e requer a proximidade. A escuta permite-nos assumir a atitude justa, saindo da tranquila condição de espectadores, usuários, consumidores. Escutar significa também ser capaz de compartilhar questões e dúvidas, caminhar lado a lado, libertar-se de qualquer presunção de onipotência e colocar, humildemente, as próprias capacidades e dons ao serviço do bem comum.
Escutar nunca é fácil. Às vezes é mais cômodo fingir-se de surdo. Escutar significa prestar atenção, ter desejo de compreender, dar valor, respeitar, guardar a palavra alheia. Na escuta, consuma-se uma espécie de martírio, um sacrifício de nós mesmos em que se renova o gesto sacro realizado por Moisés diante da sarça-ardente: descalçar as sandálias na «terra santa» do encontro com o outro que me fala (cf. Ex 3, 5). Saber escutar é uma graça imensa, é um dom que é preciso implorar e depois exercitar-se a praticá-lo.
Também e-mails, sms, redes sociais, chat podem ser formas de comunicação plenamente humanas. Não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do homem e a sua capacidade de fazer bom uso dos meios ao seu dispor. As redes sociais são capazes de favorecer as relações e promover o bem da sociedade, mas podem também levar a uma maior polarização e divisão entre as pessoas e os grupos. O ambiente digital é uma praça, um lugar de encontro, onde é possível acariciar ou ferir, realizar uma discussão proveitosa ou um linchamento moral. Rezo para que o Ano Jubilar, vivido na misericórdia, «nos torne mais abertos ao diálogo, para melhor nos conhecermos e compreendermos; elimine todas as formas de fechamento e desprezo e expulse todas as formas de violência e discriminação» (Misericordiae Vultus, 23). Em rede, também se constrói uma verdadeira cidadania. O acesso às redes digitais implica uma responsabilidade pelo outro, que não vemos, mas é real, tem a sua dignidade que deve ser respeitada. A rede pode ser bem utilizada para fazer crescer uma sociedade sadia e aberta à partilha.
A comunicação, os seus lugares e os seus instrumentos permitiram um alargamento de horizontes para muitas pessoas. Isto é um dom de Deus, e também uma grande responsabilidade. Gosto de definir esse poder da comunicação como «proximidade». O encontro entre a comunicação e a misericórdia é fecundo na medida em que gerar uma proximidade que cuida, conforta, cura, acompanha e faz festa. Num mundo dividido, fragmentado, polarizado, comunicar com misericórdia significa contribuir para a boa, livre e solidária proximidade entre os filhos de Deus e irmãos em humanidade.
Papa Francisco
Vaticano, 24 de Janeiro de 2016.
O papa Francisco iniciou suas atividades nesta sexta-feira (22) celebrando a missa na capela da Casa Santa Marta.
O pontífice comentou o Evangelho do dia (Mc 3, 13-19), que narra a escolha dos Doze Apóstolos por parte de Jesus: os escolhe “para que estejam com Ele e para enviá-los a pregar com o poder de expulsar os demônios”. Os Doze – afirmou o papa – “são os primeiros bispos”. Depois da morte de Judas, Matias é eleito: é “a primeira ordenação episcopal da Igreja”. “Os bispos são colunas da Igreja”, chamados a serem testemunhas da Ressurreição de Jesus:
“Nós bispos temos esta responsabilidade de ser testemunhas: testemunhas que o Senhor Jesus está vivo, que o Senhor Jesus ressuscitou, que o Senhor Jesus caminha conosco, que o Senhor Jesus nos salva, que o Senhor Jesus deu a sua vida por nós, que o Senhor Jesus é a nossa esperança, que o Senhor Jesus nos acolhe sempre e nos perdoa. O testemunho. A nossa vida deve ser isto: um testemunho. Um verdadeiro testemunho da Ressurreição de Cristo”.
Os bispos – prosseguiu Francisco – têm duas tarefas específicas:
“A primeira tarefa do bispo é estar com Jesus na oração. A primeira tarefa do bispo não é fazer planos pastorais... não, não! Rezar: esta é a primeira tarefa. A segunda é ser testemunha, isto é, pregar. Pregar a salvação que o Senhor Jesus nos deixou. Duas tarefas não fáceis, mas são propriamente essas duas tarefas que fortificam as colunas da Igreja. Se esses pilares se enfraquecem porque o bispo não reza ou reza pouco, se esquece de rezar; ou porque o bispo não anuncia o Evangelho, se ocupa de outras coisas, a Igreja também se enfraquece; sofre. O povo de Deus sofre. Porque os pilares são fracos”.
“A Igreja sem o bispo não pode ser” - disse o papa – por isso “a oração de todos nós pelos nossos bispos é uma obrigação, mas uma obrigação de amor, uma obrigação de filhos em relação ao Pai, uma obrigação de irmãos, para que a família permaneça unida na confissão de Jesus Cristo, vivo e ressuscitado”:
“Por isso, eu gostaria hoje de convidar vocês a rezarem por nós, bispos. Porque nós somos pecadores, nós também temos fraquezas, também nós temos o perigo de Judas: porque também ele tinha sido eleito como uma coluna. Nós também corremos o risco de não rezar, de fazer algo que não seja anunciar o Evangelho e expulsar os demônios ... Rezar, para que os bispos sejam o que Jesus quis, que todos sejamos testemunhas da Ressurreição de Jesus. O povo de Deus, reza pelos bispos. Em cada missa, se reza pelos bispos: se reza por Pedro, a cabeça do colégio episcopal, e se reza pelo bispo local. Mas isso é pouco, se diz o nome, e muitas vezes se diz por força de hábito, e se continua. Rezar pelo bispo, com o coração, pedir ao Senhor: Senhor, cuide do meu bispo; cuide de todos os bispos, e envie-nos bispos que sejam verdadeiras testemunhas, bispos que rezem, e bispos que nos ajudem, com a sua pregação, a compreender o Evangelho, para termos a certeza de que Tu, Senhor, estás vivo, e estás conosco”.
Fonte: Rádio Vaticano
“Meu Filho, porque agiste assim conosco? Teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura!” (Lc 2,48)
Pais aflitos, à procura de um Filho, pelo visto tranquilamente sossegado no seu admirável mundo novo, bem no coração da cidade santa de Jerusalém. Pais aflitos procuram o Filho, como quem tem de aprender a ser pai e a ser mãe, agora de outra maneira. E o Filho, já crescido, que, sem se darem conta, deixara de ser Menino Jesus, surpreende os pais com uma declaração de independência: “Por que me procuráveis? Não sabíeis que devo estar na casa de meu Pai?” Maria e José partilham assim a aflição e a procura dos pais de hoje: pais com dúvidas sobre o modo correto de educar, pais atentos e com vontade de fazer o melhor que sabem e podem, mas ainda assim, pais perdidos no mar desconhecido do relacionamento com os filhos, desde a infância, mas, sobretudo, a partir da adolescência.
Eu gostaria, hoje, de me pôr na pele desses pais aflitos e ajudar, com algumas sugestões, a atravessar esse mar desconhecido e tumultuoso do relacionamento com os filhos. E, à luz do Evangelho de hoje, abrir horizontes de esperança e de confiança, na sua missão educativa.
1º. Intervir na infância. A criança estabelece relações de proximidade, vínculos de afetividade, de respeito e de autoridade, já a partir do útero e desde o leite materno. A ligação com os filhos é, por isso, a base mais segura para o desenvolvimento da sua capacidade de conhecer, de amar e de se relacionar. Mais vale a presença atenta, simples e gratuita dos pais, que todos os presentes bem embrulhados.
2º. Os pais devem desenvolver, desde o nascimento, uma empatia calorosa com os filhos, em que se conjuguem, de modo equilibrado, o amor e a disciplina, a proteção e o controle, a compreensão e a correção, a atenção a cada um e o sentido do outro. A autoridade dos pais constrói-se nessa relação.
3º. A esse respeito, importa compreender e aceitar que cada filho é único, diferente na ordem do nascimento, da saúde, do temperamento, da inteligência, do sucesso. Mas também é verdade que, não obstante as acentuadas diferenças, os filhos são iguais. E são iguais porque são irmãos. E são irmãos não em função daquilo que são ou daquilo que têm, mas em função daquilo que primeiro lhes foi dado e feito, em função de um Amor que está na sua origem: o amor dos pais e o amor de Deus. A experiência do amor é antes de mais a experiência de ser amado!
4º. Os pais têm de aprender a estabelecer limites para os filhos, desde o nascimento. O mesmo olhar que cuida e protege, também proíbe, censura, adverte, corrige, de modo que a criança não se sinta o centro do mundo e o rei da casa, até se tornar o tirano da família. Sem limites, a criança incha de importância e chega à adolescência incapaz de perceber que “o mundo está muito para além do seu umbigo”!
5º. Para tomar consciência dos seus limites e para saber como se comportar, a criança precisa também de regras, rotinas, horários, hábitos e disciplina, rituais e tradições. Ambiente organizado, regras claras, responsabilidades atribuídas, são o modo mais eficaz para favorecer a autonomia e consolidar a autoestima dos filhos; as festas de família, as festas religiosas, a celebração dos aniversários, merecem ser assinalados e ajudam a família a crescer na sua identidade e proximidade. Também a esse respeito nos dão um belo exemplo “os pais de Jesus que iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa”.
6º. Um diálogo, de cinco minutos, com os filhos vale mais do que dezenas de horas no psicólogo. Os pais são, sem dúvida, os melhores terapeutas dos filhos, pela simples razão de serem quem os conhece melhor. Esse diálogo ganha, sempre que diminuir a crítica e se preferir a apreciação estimulante. Quanto ao diálogo com as crianças, por que não retomar a tradição de ler ou contar uma história a elas? Muitas vezes, tensas e caladas, as crianças conseguem, por esse meio, exprimir emoções, afetos, vivências.
7º. É importante dialogar, explicar, justificar atitudes e comportamentos, em relação aos filhos. Mas há situações, na infância e talvez mais ainda na adolescência, que não são discutíveis nem negociáveis: um filho não pode usar linguagem obscena em nenhuma circunstância; as questões de saúde e de segurança dos filhos são inegociáveis e por isso quando os pais não têm conhecimento certo do programa, da companhia e do destino, têm de dizer “não”, mesmo correndo o risco de que o seu filho seja o único a não participar em tal atividade. Nesse campo das “saídas”, mais vale, aos pais, pecar por rigor do que falhar por desleixo. Maria e José “começaram a procurar Jesus entre os parentes e conhecidos. E, não O encontrando, voltaram a Jerusalém, à sua procura”. Em caso nenhum, a democracia na família derruba a hierarquia. Assim, o normal é que sejam os pais a ter a última palavra. Vede como, apesar da sua resposta ousada e surpreendente, o adolescente Jesus “desceu então com Maria e José para Nazaré e era-lhes submisso”.
8º. Por causa de um “não”, os pais têm, muitas vezes, de suportar o desamor temporário dos seus filhos, porque a criação de um limite e a frustração daí resultante são essenciais para o futuro da criança, sobretudo na adolescência. Educar não é estar sempre a premiar e a gratificar os filhos, muito menos esperar que os filhos nos confirmem como bons pais e nos alimentem do afeto; educar é fazer a pessoa sair de si mesma, fazê-la olhar o outro, acolher os outros. E isso implica conduzir, frustrar, transmitir valores. Custe o que custar.
9º. Importante, sempre, é responsabilizar os filhos por atividades adequadas à sua idade: arrumar o quarto, pôr a mesa, etc. Também o adolescente, precisamente porque não é nenhum doente e muito menos um demente, deve ser estimulado a responsabilizar-se por tarefas, a assumir responsabilidades, a fazer opções. Assim aprende a ser adulto.
10º. Não posso esquecer, por último, como é importante melhorar a comunicação entre a escola e a família, entre a família e a Igreja, entre a família e Deus. Nenhuma família pode, por si só, dar tudo o que os filhos precisam para crescer, como Jesus, em sabedoria, em estatura e em graça! Contai conosco. Contamos convosco. Deus esteja com todos vós e abençoe as nossas famílias!
Dom Washington Cruz
Arcebispo de Goiânia
A Diocese de Goiás promove nesta sexta-feira (12), das 9h às 15h, no Centro de Pastoral Luiz Ório, o 5º Encontro Diocesano de Fé e Política com o tema “Agricultura familiar e espiritualidade da criação”, com assessoria do ministro do Desenvolvimento Agrário Patrus Ananias.
O encontro tem o objetivo fortalecer a fé e ação política, reorganizar e construir um mundo justo, onde todos e todas possam viver bem e em plenitude, independente de sua origem e avançar num diálogo de novas iniciativas para a desmercantilização da vida, propondo outro projeto político para todos os povos, em harmonia com a natureza, com o próximo e consigo mesmo.
Em carta convite, o bispo diocesano, dom Eugênio Rixen convida vereadores, coordenadores de conselhos de participação, lideranças de agricultores, organizações da agricultura familiar, entre outros. Ele cita o papa Paulo VI ao dizer que “a política é uma das mais altas expressões da caridade cristã|” e destaca que “a fé e o Evangelho são presentes de Deus, fundamentais para iluminar e fortalecer os responsáveis pelo governo da coisa pública”.
Mais informações: (62) 3371-1206 ou pelo e-mail Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
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