Sexta, 22 Mai 2015 16:37

Carta Pastoral: A ideologia de gênero ressurge

 

Prezados irmãos e irmãs, cristãos católicos e pessoas de boa vontade: Em nome de Jesus, quero me dirigir a todos os que se encontram de coração aberto para acolher uma palavra a respeito da tentativa de inserção da chamada “ideologia de gênero” no Plano Municipal de Educação (PME), a ser votado até o final de junho, em cada um dos nossos municípios. Na condição de Pastor, missão a mim confiada, exorto a todos os irmãos e irmãs na fé e pessoas de boa vontade em geral para que busquem, com empenho, se informar sobre a tramitação do assunto junto aos vereadores, representantes do povo, em suas respectivas cidades. Uma vez informados, manifestem a eles, de modo respeitoso e firme, a sua posição contrária a essa perigosíssima ideologia.

A ideologia de gênero, varrida do Plano Nacional de Educação (PNE), no ano passado, não descansa em paz como algumas pessoas menos avisadas possam pensar. Ao contrário, “diabólica” como é – para usar as palavras do Papa Francisco –, ela visa agora entrar na vida de nossas crianças e adolescentes não mais pela esfera federal, mas sim, municipal: onde cada município fica responsável por implantar ou recusar esse sistema de ideias nefasto e antinatural em seu plano de ensino. Se isso se der em sua totalidade será a destruição do ser humano.

Com efeito, a tese mestra da ideologia de gênero é a seguinte: o ser humano nasce com um sexo biológico definido (homem ou mulher), mas, além dele, existiria o sexo psicológico ou o gênero que poderia ser construído livremente pela sociedade na qual o indivíduo está inserido. Em outras palavras, esta ideologia defende que não existiria mais uma mulher ou um homem naturais, ao contrário, o ser humano nasceria sexualmente neutro, do ponto de vista psíquico, e assim, a sua constituição como homem ou mulher, seria social.

Em seu discurso de 21/12/2012 à Cúria Romana, o Papa Bento XVI já lançava uma ampla advertência quanto ao uso do “termo ‘gênero’ como nova filosofia da sexualidade”. Dizia ele que “o homem contesta o fato de possuir uma natureza pré-constituída pela sua corporeidade, que caracteriza o ser humano. Nega a sua própria natureza, decidindo que esta não lhe é dada como um fato pré-constituído, mas é ele próprio quem a cria. De acordo com a narração bíblica da criação, pertence à essência da criatura humana ter sido criada por Deus como homem ou como mulher. Esta dualidade é essencial para o ser humano, como Deus o fez. É precisamente esta dualidade como ponto de partida que é contestada. Deixou de ser válido aquilo que se lê na narração da criação: ‘Ele os criou homem e mulher’ (Gn 1,27). Isto deixou de ser válido, para valer que não foi Ele que os criou homem e mulher; mas teria sido a sociedade a determiná-lo até agora, ao passo que agora somos nós mesmos a decidir sobre isto. Homem e mulher como realidade da criação, como natureza da pessoa humana, já não existem. O homem contesta a sua própria natureza”. Papa Bento abordou a ideologia de gênero outra vez, um mês mais tarde, em 19/01/2013, dizendo que “os Pastores da Igreja – a qual é ‘coluna e sustentáculo da verdade’ (1Tm 3,15) – têm o dever de alertar contra estas derivas tanto os fiéis católicos como qualquer pessoa de boa vontade e de razão reta”.

Ao fiel católico leigo – demais cristãos e pessoas de boa vontade em geral – cabe colocar os mais próximos em alerta e, sobretudo, perguntar aos políticos profissionais que conhece (especialmente aos vereadores) qual é a postura deles sobre a ideologia de gênero. É importante que esses representantes do povo se posicionem ante a subversão dos planos do Criador.

Para conhecer melhor essa questão sugiro a leitura do artigo: Reflexões sobre a ideologia de gênero, do Cardeal Dom Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro, publicado no site da CNBB, em 28/03/14. Afinal, diante de Deus, todos somos responsáveis – em maior ou menor grau – pela delicadíssima questão em foco.

Peço, pois, que cada um daqueles a quem chegar esta minha comunicação, em consciência, diante de Deus e do próximo, com o direito que lhe assiste enquanto cristão, enquanto pessoa de bem e enquanto cidadão brasileiro, se empenhe no combate à ideologia de gênero de teor “diabólico”, como tem declarado o Papa Francisco.

Que o Senhor Jesus cubra você e toda a sua família, de bênçãos e graças divinas.

 

Dom Mauro Montagnoli, CSS
Bispo diocesano de Ilhéus

 

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