Tu és Pedro, e eu te darei as chaves do Reino dos céus.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-20
Depois do encontro com líderes religiosos na cidade de Ur, terra de Abraão, o Papa Francisco voltou a Bagdá e presidiu neste sábado (06/03) a Santa Missa na Catedral Caldeia de São José. Na sua primeira homilia no Iraque o Papa falou sobre a sabedoria, o testemunho e as promessas.
Francisco iniciou afirmando que a “a sabedoria foi cultivada nestas terras desde tempos muito antigos. E comenta que com o livro da Sabedoria aprendemos uma perspectiva invertida sobre os privilegiados pela sabedoria: “Para o mundo, quem tem menos é descartado e quem tem mais é privilegiado; para Deus, não: quem tem mais poder é sujeito a um exame rigoroso, enquanto os últimos são os privilegiados de Deus”.
As Bem-aventuranças
E continuou: “Jesus, a Sabedoria em pessoa, completa esta inversão no Evangelho: não num momento qualquer, mas no início do primeiro discurso, com as Bem-aventuranças”. E explica que a inversão é total pois os pobres, os que choram, os perseguidos são declarados bem-aventurados. Explicando:
“Para Deus não é maior quem tem, mas quem é pobre em espírito; não quem pode tudo sobre os outros, mas quem é manso com todos; não quem é aclamado pelas multidões, mas quem é misericordioso com o irmão”
O amor é a nossa força
“A proposta de Jesus é sapiente, porque o amor, que é o coração das Bem-aventuranças, embora pareça frágil aos olhos do mundo, na realidade vence". “O amor é a nossa força, a força de tantos irmãos e irmãs que também aqui foram vítimas de preconceitos e ofensas, sofreram maus tratos e perseguições pelo nome de Jesus”. Concluindo o pensamento o Papa explica que enquanto a glória e vaidade no mundo passam o amor permanece.
Viver as bem-aventuranças
“Mas como se vivem as Bem-aventuranças?” Questionou o Papa logo explicando que simplesmente “exigem o testemunho diário”.
“Para se tornar bem-aventurado, não é preciso ser herói de vez em quando, mas testemunha todos os dias. O testemunho é o caminho para encarnar a sabedoria de Jesus. É assim que se muda o mundo: não com o poder nem com a força, mas com as Bem-aventuranças”
Testemunhar o amor de Jesus, como descreve São Paulo, em primeiro lugar é considerar que ‘a caridade é paciente’. Trata-se de um termo que exprime, na Bíblia, a paciência de Deus. Francisco esclarece que o homem ao longo da história continuou a trair a aliança pelas suas fraquezas, mas o Senhor nunca o abandonou, permaneceu sempre fiel, perdoou, recomeçou.
“A paciência de recomeçar sempre é a primeira qualidade do amor, porque o amor não se indigna, mas sempre recomeça”
“Quem ama não se fecha em si mesmo, quando as coisas correm mal, mas responde ao mal com o bem, lembrando-se da sabedoria vitoriosa da cruz” .
Força humilde do amor
Finalizando seu pensamento sobre a sabedoria e testemunha o Papa orientou: “Como reajo eu às situações funestas? À vista das adversidades, apresentam-se sempre duas tentações. A primeira é a fuga: fugir, virar as costas, desinteressar-se. A segunda é reagir, como irritados, com a força”. E pondera:
“Nem a fuga nem a espada resolveram coisa alguma. Ao contrário, Jesus mudou a história. Como? Com a força humilde do amor, com o seu paciente testemunho. O mesmo somos nós chamados a fazer; assim Deus realiza as suas promessas”
Na segunda parte de sua homilia falou sobre as promessas:
“A sabedoria de Jesus, encarnada nas Bem-aventuranças, pede o testemunho e oferece a recompensa, contida nas promessas divinas. De fato, vemos que a cada Bem-aventurança segue uma promessa: quem as vive terá o reino dos céus, será consolado, saciado, verá a Deus”.
Promessas através das nossas fraquezas
Mas como se realizam? O Papa respondeu: “Através das nossas fraquezas. Deus faz bem-aventurados aqueles que percorrem até ao fim o caminho da sua pobreza interior. Esta é a estrada; não há outra. Citando exemplos de Abraão, Moisés, Maria e Pedro que viveram a promessa através das nossas fraquezas e foram bem-aventurados o Pontífice afirmou:
“Às vezes, queridos irmãos e irmãs, podemos sentir-nos incapazes, inúteis. Não lhe demos crédito, pois Deus quer fazer maravilhas precisamente através das nossas fraquezas”. “É certo que somos provados, muitas vezes caímos, mas não devemos esquecer que, com Jesus, somos bem-aventurados".
As bem-aventuranças são para todos
Por fim o Papa concluiu: “Querida irmã, querido irmão, talvez olhes para as tuas mãos e te pareçam vazias, talvez sintas insinuar-se no coração a desconfiança e penses que a vida é injusta contigo. Se tal suceder, não temas! As Bem-aventuranças são para ti, para ti que estás na aflição, com fome e sede de justiça, perseguido”.
“Aqui, onde na antiguidade surgiu a sabedoria, nestes tempos se levantaram tantas testemunhas, muitas vezes transcuradas nos noticiários mas preciosas aos olhos de Deus; testemunhas que, vivendo as Bem-aventuranças, ajudam Deus a realizar as suas promessas de paz”.
Conforme levantamento feito pela Comissão Nacional de Presbíteros (CNP), o Centro-Oeste (Goiás e Distrito Federal) é o segundo regional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em número de padres infectados pela Covid-19, com 136 casos positivados. Já com relação ao número de mortes, o Sul 1 também fica em segundo lugar com o número de sete óbitos.
Os dados foram divulgados pela CNP, que é vinculada à CNBB, no dia 2 de março. Ao todo, o número de padres diocesanos do Brasil acometidos pela Covid-19 são 1390 e 65 vítimas, totalizando 1455 casos da doença. Os dados, apresentados pela CNP, foram consolidados com base em consultas aos regionais da CNBB.
Conforme o balanço, o Regional Sul 1 da CNBB que compreende o estado de São Paulo, é o que mais contabiliza infecções de padres por Covid-19 (168). Com relação ao número de mortes, o Regional Leste 1, que corresponde ao estado do Rio de Janeiro, e o Regional Norte 2, que compreende os estados do Pará e Amapá, são os que mais contabilizam óbitos, ambos com 12 cada.
Ocupando o terceiro lugar, por número de infecções, está o Nordeste 2, que abrange os estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas e Pernambuco (130). Levando em consideração o número de óbitos, em terceiro lugar, estão os Regionais Norte 1 (Amazonas e Roraima), Nordeste 2, e Leste 2, ambos com cinco óbitos cada.
Episcopado Brasileiro
No episcopado brasileiro, a Covid-19 também tem feito vítimas. Desde o início da pandemia no país, três bispos já tiveram o óbito confirmado pela doença. O caso mais recente foi o do arcebispo emérito do Rio de Janeiro, cardeal Eusébio Oscar Scheid, que faleceu no dia 13 de janeiro.
Além dele, Dom Henrique Soares da Costa, bispo de Palmares (PE) faleceu em 18 de julho, aos 57 anos de idade. Dom Aldo Pagotto, arcebispo emérito da Paraíba, também teve o óbito confirmado pela doença. O bispo faleceu em abril, aos 70 anos de idade.
Pan-Amazônia
Como acontece toda semana, a Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, tem lançado o informe semanal que recolhe os números da Covid-19 na Pan-Amazônia. Até 1º de março de 2021, segundo os números oficiais, os casos já chegaram em 2.174.226 e os falecidos são 53.983 desde o início da pandemia.
Na última semana, na Região Pan-amazônica, o aumento dos casos foi de 60.003 e os óbitos foram 1.535. Comparando os números com a semana anterior, vemos que tanto os contágios como os falecidos têm se reduzido mais de 25 %.
No Regional Norte 1 da CNBB, o número de casos é de 366.400 e os óbitos 11.598. Nos últimos sete dias, nas dioceses e prelazias que fazem parte do Regional Norte 1, os casos foram 11.269 e os falecidos chegaram em 427. Mesmo sendo uma situação grave, com uma média de 61 falecidos por dia e 1.609 casos a cada 24 horas, os números vão descendo nos últimos dias.
Fonte: CNBB Nacional
O Cristianismo é a religião da Humanidade, porque nela o Filho de Deus se fez um de nós! Deus se encarnou para salvar a humanidade a partir da própria humanidade. Para mostrar que na criação reside potencialmente toda condição graciosa para se obter a salvação.
Cristo não só se encarnou, mas viveu a condição humana sem se eximir de sua natureza! A experiência do Verbo encarnado testemunha a favor da criação de Deus! O humano visto como capaz de Deus (capax Dei) é o testemunho supremo da religião da humanidade!
Salvar o humano partindo do humano é um mistério indizível do Cristianismo. Deus, entrando no cerne da vida, mostra que a vida é mais do que pensamos dela!
Desde as alturas insondáveis Deus se encarna e revela a si mesmo para nós. A humanidade é capaz de suportar esse Deus e sua Encarnação.
Na Encarnação Jesus encontra a história humana, capax Dei, mas mergulhada em situações dramáticas que descobrimos nas experiências quotidianas. Pessoas afetadas pelo peso do pecado, das doenças, da injustiça, da pobreza, do abandono e da precariedade.
A aposta da Encarnação dobra na humanidade. Jesus encontra os enfermos de todo tipo e as corrige, sem desprezar as precariedades da vida, onde é necessário. Exemplos não faltam em todos os Evangelhos: Multiplicação dos pães, cura dos doentes, perdão aos pecadores. Mas não é só isso. O cristianismo não é apenas uma religião para os humanos, é uma religião do humano.
O humano e o divino se encontram na pessoa de Jesus Cristo, e a criatura nova toma forma em cada homem e mulher da história.
O Cristianismo, então, não é apenas a religião para os humanos, é também a mais humana, porque Jesus quis que muitos cooperassem com ela. São os apóstolos em primeiro lugar, em seguida uma multidão que é chamada a ter os mesmos sentimentos de Cristo (cf. Fl 2,5).
Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos
A coordenação da Pastoral de Comunicação (Pascom) da Diocese de Anápolis, realizará no dia 20 de março uma tarde com oficinas práticas de fotografia, arte/design, produção de texto e vídeo. O encontro de formação acontecerá das 14h às 16h30, e contará com a participação do padre Thiago Monteiro, assessor espiritual da pascom diocesana, e dos assessores: os fotógrafos Marcelo Faria e Ernani Rocha, o designer Samuel Sousa, a jornalista Inaê Ribeiro e o youtuber Guilherme Cadois.
Esta ação é resultado da última reunião da Pascom Diocesana, em novembro de 2020, na qual foi decidido que no mês de março de 2021, seria realizado oficinas práticas para as Pacom(s) paroquiais, com o intuito de melhorar os trabalhos pastorais.
É preciso confirmar a participação fazendo a inscrição gratuita, através do link (se inscreva aqui) . Segundo a coordenação diocesana, haverá limite de vagas por oficinas. A orientação é que os agentes da pastoral façam a inscrição para a oficina que julgar mais necessária, para o serviço pastoral.
De 1º de novembro de 2019 a 1º de agosto de 2020, a Comissão Pastoral da Terra (CPT), regional Goiás, desenvolveu o projeto “Agroecologia: defesa da vida e da diversidade”, com famílias da agricultura familiar em três assentamentos de reforma agrária na diocese de São Luís de Montes Belos (GO). Ao todo, 221 pessoas foram beneficiadas, entre adultos, jovens e crianças.
O projeto recebeu apoio do recurso arrecadado pelo Fundo Nacional de Solidariedade no Domingo de Ramos a partir da mobilização da Coleta da Solidariedade da Campanha da Fraternidade (CF) 2019.
Segundo a responsável pelo projeto, Lucimone Maria de Oliveira, agente da CPT regional Goiás, o objetivo central foi ajudar as famílias de agricultores a compreender e difundir as práticas agroecológicas, como um modelo sustentável de desenvolvimento que leva em conta a convivência e o respeito aos recursos naturais e ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, gera alimento e renda para as famílias beneficiadas.
A agente da CPT explica que com a formação teórica e técnica, a ação buscou aprofundar a agroecologia como eixo norteador de produção e de vida no campo. Para isto, ela explica, foram feitas visitas e realizadas três etapas de formação em agroecologia.
O tema “políticas públicas” da CF 2019, de acordo com ela, também foi aprofundado nas etapas presenciais das capacitações. À luz das reflexões sobre ecologia integral da Encíclica ‘Laudato Si’, do Papa Francisco, o projeto buscou também ter como norte a defesa e o cuidado do bioma Cerrado.
De acordo com Lucimone, no intervalo das etapas presenciais, foram realizadas visitas de acompanhamento e orientação técnica às famílias envolvidas nas atividades de implantação de quintais e pomares agroecológicos. Também foram desenvolvidas ações de valorização da cultura camponesa e das tradições culturais do Estado de Goiás e troca de experiências entre os cursistas, técnicos e agentes de pastoral.
O projeto sofreu alterações em sua execução e forma de realizar as atividades em função da pandemia do novo Coronavírus. Contudo, a agente da CPT Goiás informa que os objetivos foram alcançados.
“Acreditamos que todos envolvidos estejam cientes da importância da produção e da vida no campo priorizando a boa convivência com o meio ambiente e que as famílias estejam adotando técnicas agroecológicas. Ao final do projeto, os quintais agroecológicos foram implantados”.
Fundo Nacional de Solidariedade
A Campanha da Fraternidade tem como gesto concreto a Coleta Nacional da Solidariedade, realizada no Domingo de Ramos nas comunidades de todo o Brasil. Os recursos são destinados aos Fundos Diocesanos e Nacional da Solidariedade, que apoiam projetos sociais relacionados à temática da campanha de cada ano.
Em 2019, o Fundo Nacional de Solidariedade (FNS) distribuiu a quantia de R$3.814.139,81, atendendo a mais de 238 projetos. Em 2020, por causa da pandemia, não ocorreu arrecadação. Conheça alguns projetos apoiados pelo FNS. O portal da CNBB está divulgando, desde o dia 10 de fevereiro de 2021, uma série de matérias sobre cada um dos projetos apoiados em 2019.
Desde 2018, o FNS disponibiliza um site onde é possível acompanhar e saber como anda a evolução da prestação de contas de cada projeto, por meio do Portal da Transparência que pode ser acessado pelo endereço: www.fns.cnbb.org.br. Nele, há uma relação completa dos projetos aprovados. A CNBB também presta contas ao Ministérios da Cidadania e Justiça do Governo Federal, ao Ministério Público e ao Conselho de Assistência Social (CAS).
Fonte: CNBB Nacional
“Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1,15) é uma das palavras divina que acompanha o tempo quaresmal. Ela é uma exortação e uma provocação à liberdade dirigida a todas as pessoas. Nós, cristãos católicos, a fazemos ressoar em primeiro lugar para nós mesmos. Desta maneira, recordamo-nos que só em Deus encontramos salvação e vida feliz sem fim. Tomamos consciência que pecar é romper a aliança com Deus e, consequentemente, com as pessoas e a criação (cf. Gn 3). Deus é vida. Por isso, pecar é morrer. Converter-se é voltar para Deus. Portanto, converter-se é viver. Viver de modo humano é viver em comunhão ou em fraternidade.
Referindo-se à Quaresma como tempo litúrgico, as Normas Universais sobre o Ano Litúrgico e o Calendário nos dá a seguinte indicação: “o tempo da Quaresma visa preparar a celebração da Páscoa; a liturgia quaresmal, com efeito dispõe para a celebração do mistério pascal tanto os catecúmenos, pelos diversos graus de iniciação cristã, como os fiéis, pela comemoração do batismo e penitência” (n.27).
Falemos, então, da páscoa. Como palavra, “páscoa”, no seu sentido figurado, indica “saltar”, “passar”, perdoar; é passagem de uma situação para outra, da morte para a vida. A páscoa de Jesus, centro da fé cristã e do ano litúrgico, é a sua passagem da morte para a ressurreição. Pelo batismo nós participamos desta páscoa, ou seja, morremos para o pecado e renascemos para a vida em Cristo. A vida cristã é toda pascal. Nossos dias na terra são pascais: vivemos o contínuo esforço pessoal de renunciar o pecado e abraçar a graça santificante de Deus, morrer para o pecado e nascer para a Deus.
Deus permitiu novamente que a Quaresma e, provavelmente, a Páscoa sejam acompanhadas pela covid-19. Que provação! Vivamos estes dias com suas incertezas, angústias, medos e luto na perspectiva pascal. Atravessemos o vale da sombra e da morte firmes na fé e na esperança. A realidade da pandemia foi tocada pela Páscoa de Cristo. Por isso, “se com Cristo morremos, com Ele viveremos” (Rm 6,8); “tende coragem! Eu venci o mundo” (Jo 16,33). Estes dias passarão e ficarão a vida e os valores do Reino de Deus mais estampados em nós, pois este é um dos frutos das provações.
Ajudam-nos a viver este tempo rumo à Páscoa os consagrados exercícios espirituais: oração, jejum e esmola ou obras de caridade. A oração para ouvir e falarmos com Deus. O jejum para o nosso fortalecimento espiritual. A esmola para se fazer próximo ao irmão.
Uma boa proposta de obra de caridade para este tempo é ser fraterno e dialogante. Neste sentido, convido-lhe a refletir e renovar sua fé no Evangelho: você sabe o que é dialogar? Você dialoga? Como você apresenta a verdade para a outra pessoa? O que fala mais forte em seu coração: a paz e a unidade ou a divisão e o ódio? Como você se coloca diante de quem pensa e vive diferente de seus princípios religiosos e morais? Como você trata as pessoas de outras igrejas cristãs? Você tem respeitado as pessoas em suas escolhas? Você tem condenado o pecador ou o pecado? Antes de escolher um jeito de viver e compreender o mundo, somos pessoas humanas, criadas por Deus a sua imagem e semelhança. Jesus Cristo, por sua morte e ressurreição, fez de nós filhos de Deus Pai. Por isso, somos todos irmãos. Isso antecede qualquer adjetivo predicado à pessoa humana.
Assim, percorrendo o caminho quaresmal somos “pascalizados” por Jesus Cristo que nos torna, pelo poder do Espírito Santo, filhos amados do Pai-Nosso. Acompanha-nos neste itinerário São José, protetor da Santa Igreja, com a sua intercessão.
Dom Francisco Agamenilton Damascena
Bispo de Rubiataba-Mozarlândia – GO
No sábado, 20 de fevereiro, foi realizada de modo virtual o 1º Encontro de Coordenadores diocesanos e regionais de pastoral, coordenadores de movimentos e presidentes de organismos do regional. A primeira parte da reunião foi conduzida pelo padre Manoel de Oliveira Filho, da Arquidiocese de Salvador (BA), graduado em história, com experiência em teologia e ênfase em teologia pastoral. Ele proferiu palestra sobre o tema “Ações pastorais em tempo de pandemia”, com mediação do secretário executivo do regional, padre Eduardo Luiz de Rezende e do coordenador regional da Pastoral da Comunicação (Pascom) irmão Diego Joaquim.
“Não há receita, nem fórmula mágica, o momento é um horizonte novo com desdobramentos econômicos e psicológicos”, afirmou logo no início de sua fala o sacerdote, que também é pároco da Paróquia Ascensão do Senhor e professor da Universidade Católica de Salvador. Padre Manoel afirmou que neste tempo de pandemia precisa se sobressair a Igreja em processo, em caminho, isto é, a Igreja que está em construção com toda a dinâmica do caminho com suas contradições e incertezas. Para explicar melhor isso, ele citou o trecho do evangelho sobre os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35). “Neste tempo de pandemia Cristo caminha conosco, assim como caminhou com os discípulos de Emaús, entrando em sua estrada e história. Hoje nós estamos neste momento de incerteza assim como aqueles discípulos, não sabemos a quem a doença vai atingir, por isso precisamos nos compreender como povo de Deus a caminho para que ele nos ajude a serenar a alma. As respostas definitivas estão na fé, pois somos construtores da tenda da aliança”, explicou.
Entender que somos povo a caminho, ter uma base eclesiológica de povo de Deus, conforme o palestrante, faz toda a diferença nas práticas pastorais desse tempo. “Nossa segurança é Deus, não as estruturas”, disse. Concretamente, essas práticas pastorais se fazem muito eficientes quando a Igreja assume sua missão de tocar a vida das pessoas. “O principal eixo da evangelização é a proximidade. Jesus olhava as pessoas, estava com elas. Não há necessidade maior de evangelização que a proximidade”. Padre Manoel destacou que as prioridades pastorais precisam mudar. “Somos povo de Deus, não massa. Tocar na individualidade quer dizer fazer uma ligação telefônica, desenvolver projetos de escuta, de modo que o nível de proximidade seja um eixo transversal. Inspirados em Jesus que olhava, escutava, dava voz, tocava na realidade de cada um”.
Proximidade pelo ambiente virtual
Padre Manoel fez comentários sobre a Mensagem do papa emérito Bento XVI para o 43º Dia Mundial das Comunicações Sociais, de 2009, em que o Santo Padre cunhou pela primeira vez o termo “continente digital” ao se referir à internet. “Há mais de dez anos o papa Bento XVI apontou horizontes, consciente de que nós precisamos ocupar e bem esse espaço que é carregado de possibilidades. Na internet podemos ser presença de proximidade, desnudar a presença de toda a lógica do espetáculo que um dia acaba. Na tela também existe mãos entrelaçadas que geram proximidade. Esse é outro eixo pastoral”, refletiu.
Neste tempo de pandemia, continuou ainda o palestrante, é fundamental a mudança de paradigma com relação à dimensão pastoral, desenvolvendo formas novas de ação. Padre Manoel disse que um caminho novo é muito necessário, sobretudo que esteja próximo das pessoas que mais precisam. O mundo digital desde que começou a pandemia e posteriormente a esse período deverá continuar a ser híbrido, na visão do sacerdote. “A proximidade passa pela cultura do encontro. Esse é outro eixo pastoral. O mundo que assistimos agora e no tempo pós-pandêmico será presencial e remoto com todos os seus limites, mas também cheio de possibilidades. Limitado porque teremos que nos adaptar às diversas realidades e com possibilidades porque alcançaremos muito mais pessoas”. A cultura do encontro, que é um grande tema do pontificado do papa Francisco, conforme explicou o padre, precisa ser bastante explorado pela Igreja. “Nossas paróquias precisam chegar à realidade do outro, isso é tomar iniciativa, é a misericórdia que vai à miséria do outro. O que estamos vendo é um profetismo. Francisco anteviu o que estava por vir, por isso precisamos retomar o magistério dele que apontou caminhos para o que estamos vivendo. São cruciais para nós a sustentabilidade econômica e ecológica”.
Ao fim de sua apresentação, padre Manoel citou os verbos recorrentes no pontificado do papa Francisco: primeirear, envolver, acompanhar, frutificar e festejar. Ao refletir sobre as palavras, o palestrante disse que a pandemia não deve gerar medo, mas coragem para promover um encontro novo e ativo. “Neste momento, a Igreja precisa anunciar a Boa Nova sem medo. De que forma? Enraizando a coragem, não oferendo apenas algo, mas alguém: Jesus Cristo. Como bom baiano eu dou o exemplo de Santa Dulce dos Pobres. Ela não escreveu livro, não deu palestras, mas foi quem mais evangelizou na Bahia porque sua motivação estava na fé, no Deus da esperança. Sem dizer ela falava de Deus e tinha predileção pelos invisibilizados”.
Após a participação do padre Manoel foi aberto um momento para perguntas, que teve ampla participação dos coordenadores de pastorais, movimentos e organismos do regional. Alguns destacaram suas dificuldades pastorais neste tempo de pandemia, mas também os avanços que vem acontecendo gradativamente. Outros afirmaram que é necessário abandar as estruturas caducas, isto é, aquelas que não são mais eficientes e, ao mesmo tempo, aprimorar as novas formas de evangelização.
A segunda parte da reunião foi conduzida pelo irmão Diego Joaquim (Pascom e CPA) com os encaminhamentos do processo de planejamento da Reunião de Avaliação Regional a ser realizada em outubro deste ano. Após uma rápida explanação sobre o processo, ele pediu aos participantes, sugestões de temas e assessores para o evento. Várias sugestões foram apresentadas pelos coordenadores, as quais serão apresentadas aos bispos para deliberação, na próxima reunião do Conselho Regional Episcopal (CONSER), a ser realizada nos dias 16 a 18 de março, de modo virtual.
Padre Eduardo confirmou o 2º Encontro de Coordenadores diocesanos e Coordenadores (as) de pastoral, movimentos e presidentes de organismos do regional, a ser realizado nos dias 12 a 14 de agosto, com assessoria de Dom Leomar Brustolin, bispo auxiliar de Porto Alegre (RS), que trabalhará o tema: Criação e Animação de Comunidades Eclesiais Missionárias.
No dia 12 de fevereiro, a Diocese de Itumbiara realizou a 2ª Reunião Virtual da Pastoral da Comunicação (Pascom) que está em processo de implantação nesta Igreja particular. O encontro de formação contou com a participação de sete pessoas, das cidades de Vicentinópolis, Goiatuba, Buriti Alegre, Bom Jesus, Itumbiara e Morrinhos.
Um dos temas tratados na reunião foi a reflexão acerca da Mensagem que todos os anos o papa Francisco divulga por ocasião do Dia Mundial das Comunicações Sociais. A celebração acontece neste ano no dia 16 de maio, mas a mensagem foi divulgada no dia 23 de janeiro. “Vem e vede’ (Jo 1,46). Comunicar encontrando as pessoas como e onde estão”. Este é o tema do texto em que Francisco reflete sobre a comunicação que precisa ir para poder encontrar, e ver para poder anunciar. A mensagem do papa se aprofunda no evangelho de João (1,46) no qual o evangelista narra como a fé cristã se comunicou a partir dos primeiros encontros nas margens do rio Jordão e do lago da Galileia.
“Vem e verás” é uma provocação do papa Francisco, mas também uma angústia para que a comunicação possa a partir dos comunicadores, sair da comodidade “e mover-se, ir ver, estar com as pessoas, ouvi-las, recolher as sugestões da realidade, que nunca deixará de nos surpreender em algum dos seus aspetos”. Durante o encontro virtual da Pascom, o grupo conversou a respeito e chegou à conclusão de que na comunicação diocesana e paroquial é preciso mover-se também para que a comunicação se faça dinâmica, flua e transforme as relações, buscando ser uma pastoral transversal que gera comunhão na Igreja.
Outro ponto abordado na reunião foi a implantação da Coordenação Diocesana da Pascom, para que a pastoral se desenvolva e consiga fazer um trabalho que abranja os seus quatro eixos: formação, articulação, produção e espiritualidade. Um passo neste sentido é a criação de um formulário de cadastro da Pascom das Paróquias, que será disponibilizado no site da diocese e compartilhado pelas redes sociais e pelo whatsapp, a fim de a diocese possa ter uma visão de quantas paróquias já possuem Pastoral da Comunicação. O cadastro será disponibilizado ainda neste mês de fevereiro.
A 3ª Reunião Virtual da Pascom ficou agendada para o dia 15 de março, às 19h30, via google meet. Ficou marcada também para o dia 24 de abril, às 9h, na Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em Morrinhos (GO), a 1ª Reunião Presencial da Pascom, cujo objetivo é implantar a coordenação diocesana.
Leia a Mensagem do Papa Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Clique aqui
Foi divulgada, no dia 12 de fevereiro, a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma deste ano sobre o tema “Vamos subir a Jerusalém. Quaresma: tempo para renovar fé, esperança e caridade”.
O Pontífice convida a renovar a nossa fé, “neste tempo de conversão”, a obter “a «água viva» da esperança” e receber “com o coração aberto o amor de Deus que nos transforma em irmãos e irmãs em Cristo”. Francisco recorda que “na noite de Páscoa, renovaremos as promessas do nosso Batismo, para renascer como mulheres e homens novos por obra e graça do Espírito Santo. Entretanto o itinerário da Quaresma, como aliás todo o caminho cristão, já está inteiramente sob a luz da Ressurreição que anima os sentimentos, atitudes e opções de quem deseja seguir a Cristo”.
Quem jejua faz-se pobre com os pobres
“O jejum, a oração e a esmola, tal como são apresentados por Jesus na sua pregação, são as condições para a nossa conversão e sua expressão”, ressalta o Papa na mensagem.
De acordo com Francisco, o “jejum, vivido como experiência de privação, leva as pessoas que o praticam com simplicidade de coração a redescobrir o dom de Deus e a compreender a nossa realidade de criaturas que, feitas à sua imagem e semelhança, n’Ele encontram plena realização. Ao fazer experiência duma pobreza assumida, quem jejua faz-se pobre com os pobres e «acumula» a riqueza do amor recebido e partilhado. Jejuar significa libertar a nossa existência de tudo o que a atravanca, inclusive da saturação de informações, verdadeiras ou falsas, e produtos de consumo, a fim de abrirmos as portas do nosso coração Àquele que vem a nós pobre de tudo, mas «cheio de graça e de verdade»: o Filho de Deus Salvador”.
Dizer palavras de incentivo
“No contexto de preocupação em que vivemos atualmente onde tudo parece frágil e incerto, falar de esperança poderia parecer uma provocação. O tempo da Quaresma é feito para ter esperança, para voltar a dirigir o nosso olhar para a paciência de Deus, que continua cuidando de sua Criação, não obstante nós a maltratamos com frequência.”
O Pontífice convida no tempo da Quaresma, a estarmos “mais atentos em «dizer palavras de incentivo, que reconfortam, consolam, fortalecem, estimulam, em vez de palavras que humilham, angustiam, irritam, desprezam». Às vezes, para dar esperança, basta ser «uma pessoa amável, que deixa de lado as suas preocupações e urgências para prestar atenção, oferecer um sorriso, dizer uma palavra de estímulo, possibilitar um espaço de escuta no meio de tanta indiferença».”
“No recolhimento e oração silenciosa, a esperança nos é dada como inspiração e luz interior, que ilumina desafios e opções da nossa missão; por isso mesmo, é fundamental recolher-se para rezar e encontrar, no segredo, o Pai da ternura”, ressalta o Papa.
Tempo para crer, esperar e amar
“A caridade se alegra ao ver o outro crescer; e de igual modo sofre quando o encontra na angústia: sozinho, doente, sem abrigo, desprezado, necessitado. A caridade é o impulso do coração que nos faz sair de nós mesmos gerando o vínculo da partilha e da comunhão. «A partir do “amor social”, é possível avançar para uma civilização do amor a que todos nos podemos sentir chamados. Com o seu dinamismo universal, a caridade pode construir um mundo novo, porque não é um sentimento estéril, mas o modo melhor de alcançar vias eficazes de desenvolvimento para todos».”
Segundo Francisco, “viver uma Quaresma de caridade significa cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia por causa da pandemia de Covid19. Neste contexto de grande incerteza quanto ao futuro, ofereçamos, junto com a nossa obra de caridade, uma palavra de confiança e façamos sentir ao outro que Deus o ama como um filho. «Só com um olhar cujo horizonte esteja transformado pela caridade, levando-nos a perceber a dignidade do outro, é que os pobres são reconhecidos e apreciados na sua dignidade imensa, respeitados no seu estilo próprio e cultura e, por conseguinte, verdadeiramente integrados na sociedade»”.
“Queridos irmãos e irmãs, cada etapa da vida é um tempo para crer, esperar e amar. Que este apelo a viver a Quaresma como percurso de conversão, oração e partilha dos nossos bens, nos ajude a repassar, na nossa memória comunitária e pessoal, a fé que vem de Cristo vivo, a esperança animada pelo sopro do Espírito e o amor cuja fonte inexaurível é o coração misericordioso do Pai”, conclui o Papa.
Leia mensagem na íntegra. CLIQUE AQUI
A Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE) é proposta pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) como parte do itinerário quaresmal em preparação para celebrar a Páscoa do Senhor. Em conjunto com as demais Igrejas-membro do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), a CFE 2021 é a quinta edição dessa iniciativa que fortalece a caminhada ecumênica da Igreja conforme o convite de São João Paulo II na carta encíclica Ut Unum Sint. O documento pontifício é uma das tantas referências católicas que uma leitura superficial e até maldosa pode não permitir encontrar. Mas o Portal da CNBB ajuda nessa tarefa.
A origem
A Campanha da Fraternidade é uma iniciativa da Igreja no Brasil que, desde 1964, vem iniciando diversos processos de transformação à luz da Palavra de Deus como resposta do coração que se converte. Assim como Jesus ensina em Mateus 25, 40, a Igreja em Natal buscou há mais de 50 anos atender à necessidade urgente de famílias que necessitavam de alimento. E assim se seguiu colocando a caridade cristã em prática. Por meio da reflexão sobre a realidade à luz da Palavra de Deus, a Campanha da Fraternidade é um momento de convite à conversão no Tempo da Quaresma.
Conversão
E o texto base aponta para o chamado à conversão logo no início. Esse processo no centro da espiritualidade quaresmal “nos provoca a pensarmos e repensarmos cotidianamente nossa forma de estar no mundo”. Na busca pela conversão o convite é para refletir “como nos envolvemos com as transformações sociais, econômicas, espirituais, ecológicas, individuais e coletivas, a fim de que sejamos, cada vez mais coerentes com os ensinamentos de Jesus nos Evangelhos”.
O Catecismo da Igreja Católica ressalta as três formas de penitência interior do cristão ensinadas pela Escritura e pelos Padres da Igreja: o jejum, a oração e a esmola. Elas “exprimem a conversão, em relação a si mesmo, a Deus e aos outros”. No parágrafo 1435, a Igreja ensina que “a conversão realiza-se na vida quotidiana por gestos de reconciliação, pelo cuidado dos pobres, o exercício e a defesa da justiça e do direito, pela confissão das próprias faltas aos irmãos, pela correção fraterna, a revisão de vida, o exame de consciência, a direção espiritual, a aceitação dos sofrimentos, a coragem de suportar a perseguição por amor da justiça”.
A CFE 2021, portanto, convida à conversão ao diálogo e ao compromisso de amor:
“A Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021 quer ser um convite para viver um jejum que agrada a Deus e que conduz à superação de todas as formas de intolerância, racismo, violências e preconceitos. Queremos que nosso arrependimento contribua para assumirmos outras posturas em relação a cada pessoa que encontrarmos ao longo do caminho e que, ao longo dos 40 dias da Quaresma, nos perguntemos se nossa prática cristã promove a paz ou potencializa o ódio. Esperamos que este seja um tempo que nos ajude a testemunhar e anunciar com a própria vida que Cristo é a nossa paz, adotando comportamentos de acolhida, de diálogo, de não violência e antirracistas”, lê-se no texto base.
Seguimento a Jesus Cristo
Conversão, na realidade cristã também consiste em seguir a Jesus Cristo como discípulo. A CFE 2021 propõe uma trajetória que visa conduz a um reencontro com a vida de amor anunciada por Jesus. Ao refletir sobre o testemunho como pessoas batizadas, são feitas algumas perguntas: “Qual é o significado e o sentido do seguimento a Jesus? Associamos o nome de Jesus mais ao amor ou à intolerância? Nossa fé em Jesus Cristo tem contribuído para posturas de acolhida e de compromisso com as pessoas vulneráveis e vulnerabilizadas, pobres e excluídas e de comprometimento em projetos de superação das desigualdades?”
A fim de concretizar a oferta de Jesus “Eu vim para que todos tenham vida e vida em plenitude” ( Jo 10,10), a Campanha da Fraternidade 2021 quer ajudar “a florescer a cultura da paz como consequência da transformação de todas as estruturas desiguais como o racismo, a disparidade econômica, de todas as formas de segregação, geradoras de conflito e violência”.
Assim como os discípulos de Emaús, cuja passagem bíblica conduz as reflexões da CFE 2021, todos são chamados a redescobrir Cristo no caminho e aprender que “a paz do Ressuscitado que nos une”. Como um dos modos de viver a espiritualidade quaresmal, a CFE convida as comunidades de fé a realizarem o caminho de Emaús, a partir das seguintes paradas de acordo com o padre Patriky Samuel Batista:
1. Contemplar a realidade com os olhos da fé;
2. Iluminar a realidade a partir do texto dos discípulos de Emaús e também da carta de Paulo aos Efésios;
3. Contemplar as boas práticas que já existem em favor do diálogo e olhar a realidade e perceber sinais concretos de um caminho dialogal;
4. Celebrar. A grande convivência entre as Igrejas Cristãs é o grande testemunho que nós podemos oferecer ao mundo.
Empenho Ecumênico
Ao contrário da visão negacionista em relação ao Concílio Vaticano II, sobre a qual o Papa Francisco já alertou recentemente – “Quem não segue Concílio não está na Igreja” -, a Igreja reconhece que «fora da sua comunidade visível, se encontram muitos elementos de santificação e de verdade, os quais, por serem dons pertencentes à Igreja de Cristo, impelem para a unidade católica ».
«Por isso, as Igrejas e Comunidades separadas, embora creiamos que tenham defeitos, de forma alguma estão despojadas de sentido e de significação no mistério da salvação. Pois o Espírito de Cristo não recusa servir-se delas como de meios de salvação cuja virtude deriva da própria plenitude de graça e verdade confiada à Igreja Católica », afirma o Papa João Paulo II na Carta encíclica Ut Unum Sint – sobre o empenho ecumênico.
E é justamente esse documento católico que inspira a ação para recuperar a capacidade de dialogar e resgatar o diálogo como compromisso de amor. “Essa expressão ‘compromisso de amor’ se deve a São João Paulo II naquela carta encíclica Ut Unum Sint, onde o Papa nos exorta a testemunhar o diálogo como compromisso de quem ama”, recorda o secretário executivo de Campanhas da CNBB, padre Patrily Samuel Batista, na primeira videoaula sobre a CFE 2021. Para acessar uma formação edificante em vídeo sobre a CFE 2021, clique aqui.
Na encíclica publicada em 1995, São João Paulo II afirma que o empenho ecumênico deve fundar-se na conversão dos corações e na oração, “ambas induzindo depois à necessária purificação da memória histórica”. E ainda que “juntamente com todos os discípulos de Cristo, a Igreja Católica funda, sobre o desígnio de Deus, o seu empenho ecumênico de reunir a todos na unidade”.
“De fato, « a Igreja não é uma realidade voltada sobre si mesma, mas aberta permanentemente à dinâmica missionária e ecumênica, porque enviada ao mundo para anunciar e testemunhar, atualizar e expandir o mistério de comunhão que a constitui: a fim de reunir a todos e tudo em Cristo; ser para todos “sacramento inseparável de unidade” ».
O documento papal motivou iniciativas concretas no empenho ecumênico que, aqui no Brasil, resultou na primeira Campanha da Fraternidade Ecumênica no ano 2000.
“Eu mesmo tenciono promover todo e qualquer passo útil a fim de que o testemunho da Comunidade Católica inteira possa ser compreendido em toda a sua pureza e coerência, sobretudo na perspectiva daquele encontro que espera a Igreja no limiar do novo Milénio, hora excepcional em vista da qual ela pede ao Senhor que a unidade entre todos os cristãos cresça até chegar à plena comunhão”, escreveu João Paulo II.
Quando se faz memória da caminhada ecumênica no Brasil, ganha relevo o aprofundamento da compreensão de que tanto a missão como a evangelização devem ser orientadas para o que é essencial na fé em Jesus Cristo: crer em sua palavra, acolher seus mandamentos e a partir daí trabalhar para a superação das desigualdades, das violências, do exclusivismo das identidades confessionais.
Oração
Em mais de uma ocasião, o texto base da CFE 2021 oferece ainda uma oração, de autoria do cardeal José Tolentino Mendonça, para este tempo de pandemia. O poeta português, criado cardeal pelo Papa Francisco, pede em sua oração o livramento do coronavírus, mas de tantos outros, como “o vírus do pânico disseminado, que em vez de construir sabedoria nos atira desamparados para o labirinto da angústia”.
Livra-nos, Senhor, deste vírus, mas também de todos os
outros que se escondem dentro dele.
Livra-nos do vírus do pânico disseminado, que em vez
de construir sabedoria nos atira desamparados para o
labirinto da angústia.
Livra-nos do vírus do desânimo que nos retira a fortaleza
de alma com que melhor se enfrentam as horas difíceis.
Livra-nos do vírus do pessimismo, pois não nos deixa
ver que, se não pudermos abrir a porta, temos ainda
possibilidade de abrir janelas.
Livra-nos do vírus do isolamento interior que desagrega,
pois o mundo continua a ser uma comunidade viva.
Livra-nos do vírus do individualismo que faz crescer as
muralhas, mas explode em nosso redor todas as pontes.
Livra-nos do vírus da comunicação vazia em doses massivas,
pois essa se sobrepõe à verdade das palavras que
nos chegam do silêncio.
Livra-nos do vírus da impotência, pois uma das coisas
mais urgentes a aprender é o poder da nossa
vulnerabilidade.
Livra-nos, Senhor, do vírus das noites sem fim, pois não
deixas de recordar que tu mesmo nos colocaste como
sentinelas da aurora.
Fonte: CNBB Nacional
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