Tu és Pedro, e eu te darei as chaves do Reino dos céus.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-20
Neste sábado (11) a Pastoral da Sobriedade do Regional Centro-Oeste (Distrito Federal e Goiás) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) realiza Assembleia, em Goiânia. Participam do evento, coordenadores diocesanos e paroquiais. O objetivo é rearticular a ação pastoral no regional.
“A partir desta Assembleia vamos resgatar informações sobre existência de grupos de autoajuda, comunidades terapêuticas e grupos paroquiais e diocesanos no sentido de identificar a atuação da pastoral no Regional Centro-Oeste”, comentou o coordenador regional Nilson Almeida Vieira. Com a Assembleia, as coordenações da pastoral, presentes no Estado de Goiás e no Distrito Federal deverão ser atualizadas.
Desafios
Alguns desafios estão presentes nessa nova etapa da Pastoral da Sobriedade, segundo Nilson, mas o principal deles é a formação dos grupos para atuar nas bases junto aos usuários de drogas. “Só podemos resgatar essas pessoas se a pastoral estiver organizada, com um corpo formado”, disse. “O nosso objetivo é resgatar os dependentes químicos, que vêm sendo destruídos de forma avassaladora, em nossas capitais e no interior”. Um ponto positivo, nesse desafio, é o apoio que a pastoral vem recebendo. “A articulação no Regional está bastante positiva porque a CNBB está fazendo essa ponte com as dioceses e bispos”, declarou.
A Pastoral
É uma ação pastoral conjunta e concreta da Igreja na prevenção e recuperação de dependentes químicos, cujo objetivo é a busca e integração entre todas as pastorais, movimentos, comunidades terapêuticas, casas de recuperação que, com a pedagogia de Jesus libertador, tem a missão de resgatar e reinserir os excluídos, propondo a mudanças de vida pela conversão.
Reunida nesta sexta-feira (10) na sede do Regional Centro-Oeste da CNBB, em Goiânia, a coordenação executiva regional de catequese definiu o tema “50 anos da Dei Verbum” e o lema “Para que eu possa ouvir como discípulo” (Is 50, 4) da 6ª Romaria de Catequistas, evento que acontece anualmente em Trindade (GO), costuma reunir cerca de 3 mil catequistas das 12 dioceses do regional e que este ano acontecerá no dia 16 de agosto.
“Escolhemos essa temática porque iremos fazer várias reflexões sobre a Palavra de Deus na vida religiosa, nos serviços e na família e o Documento Dei Verbum, do Concílio Vaticano II, trata muito bem sobre a Sagrada Escritura na vida da Igreja”, explicou o bispo referencial para a catequese e vice-presidente do regional, dom Eugênio Rixen.
Além da romaria, na reunião também foram discutidos outros temas, como a ampliação da equipe executiva. “Neste ano temos como projeto a ampliação da equipe executiva que deverá ser composta de todos os coordenadores diocesanos de catequese”, afirmou a coordenadora da dimensão bíblico-catequética do regional, Cássia Maria Gonçalves Seixas.
Seminário de Catequese
Ainda no encontro houve reflexões sobre o ministério da coordenação; o papel do animador e do coordenador; e foram discutidas datas importantes de outros encontros de catequese durante todo o ano. Já está confirmado para os dias 12 a 14 de junho, o Seminário Regional de Catequese, que acontecerá em Goiânia, e deverá reunir coordenadores diocesanos e catequistas com caminhada nas dioceses. “Todas as reflexões e discussões nesse encontro deverão ser repassadas nas dioceses”, disse Cássia.
Nesta quarta-feira (15) começa a 53ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O encontro anual, que acontece em Aparecida (SP) reúne mais de 450 bispos, de 274 circunscrições eclesiásticas do país.
Às vésperas do evento, o bispo de São Luís de Montes Belos e secretário do Regional Centro-Oeste da CNBB, dom Carmelo Scampa, pontua as principais discussões que irão permear a assembleia, destacando a sua visão sobre o caminho trilhado pela Igreja no Brasil. O bispo explica também que o evento possibilita todos os anos reflexões sobre questões diversas vistas de ângulos particulares por cada bispo.
Com relação às Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), que serão revisadas e atualizadas nesta assembleia, dom Carmelo explica que sofrerão alguns acréscimos, sobretudo do magistério do papa Francisco, para o próximo quadriênio (2015-2019).
As atuais DGAE são compostas de cinco urgências, as quais, segundo o bispo, fazem parte de um “conjunto” e, portanto, são “inseparáveis” e “precisam avançar harmonicamente”. De acordo com ele, somente dessa forma é possível haver um equilíbrio pastoral. “Como colocar em segundo lugar uma Igreja em estado permanente de missão? Que é casa de iniciação à vida cristã? Lugar de animação bíblica da vida e da pastoral? Comunidade de comunidades, tendo em vista a atual concentração e centralização da paróquia? Uma Igreja a serviço da vida plena para todos? Tudo precisa ser reforçado com certa ênfase e coragem”, enumera.
Dom Carmelo diz que as comunidades que seguem a lógica das pastorais enriquem o conjunto. Por isso, ele acredita que as novas diretrizes devem focalizar de maneira objetiva em questionamentos do nosso tempo. “Em que sociedade vivemos, que cultura respiramos, quais contra-valores estão sendo implantados e entram de mansinho na cabeça e no coração de tantos cristãos? Como ser sal e luz numa realidade que caminha na contramão?”, questiona. E ele mesmo responde. “Parece-me que a defesa da vida plena precisa de mais coragem eclesial”.
Missão dos Cristãos
O bispo de São Luís de Montes Belos aponta uma direção para a retomada do protagonismo cristão na sociedade. “Não seria inútil recuperar o espírito de profecia que caracterizou por bastante tempo a Igreja no Brasil; precisamos caminhar juntos, pois a vida está ameaçada; não podemos ficar apenas nos discursos bonitos”. Para esse caminho dar certo, ele diz que é necessário, antes, “formação bíblica e capacidade de assumir com seriedade a missão”.
Comunidade de comunidades
Dom Carmelo vê com bons olhos o Documento 100 da CNBB, “Comunidade de comunidades: uma nova paróquia”, aprovado recentemente. Diz que é urgente a descentralização da paróquia defendido pelo documento e que a motivação para desenvolver esse trabalho precisa partir dos padres. “O Clero precisa parar de resistir e criar redes de comunidades, que significa ampliar os trabalhos; acreditar nos leigos; delegar tarefas às comunidades; garantir momentos fortes e sistemáticos de formação e isso demanda uma mudança radical de mentalidade”.
Missão Continental
A missão da Igreja, segundo o bispo, passa indispensavelmente pela coragem de falar “para fora de seu recinto”, mas ele ressalta que para isso é necessário “recuperar a visão bíblica dos profetas”, perseguir os objetivos com clareza; não só emitir documentos, mas enfrentar assuntos desafiadores em campos pouco explorados como o cultural, por exemplo. “Está na hora de nossa Igreja estar à altura de sua vocação missionária e não ter medo de pagar com a vida por defender a palavra que vem da força do Evangelho”.
Igreja a serviço da vida
Uma urgência que poderá ter realce mais significativo nas novas diretrizes da ação evangelizadora, segundo dom Carmelo, é a “Igreja a serviço da vida plena para todos”, isso porque neste ano a Campanha da Fraternidade 2015, “Fraternidade: Igreja e sociedade”, deu destaque ao tema e o papa Francisco também vem acentuando a questão. “Acredito que o novo documento irá dar evidência a essa urgência até porque ou a Igreja é fermento ou não serve para nada, conforme nos adverte da Campanha da Fraternidade deste ano e o papa está dando uma solene ‘sacudida’ neste sentido; o Brasil precisa urgente de uma Igreja mais missionária, profética, samaritana e solidária”, frisa.
Iniciação à vida cristã
O secretário do Regional Centro-Oeste não antecipa que tipo de contribuição poderá sofrer a urgência Igreja: casa da iniciação à vida cristã. Ele comenta que há muitas teorias, mas pondera que na prática as ações não alcançam o objetivo: “formar discípulos de Jesus e proporcionar o encontro e o encantamento por ele”. O bispo ainda comenta que o Rito de Iniciação Cristã de Adultos (RICA) “oferece pistas preciosas, mas infelizmente é seguido por poucos”.
Na Diocese de São Luís de Montes Belos, segundo dom Carmelo, há uma experiência de animação bíblica há mais de 10 anos com a Escola Bíblica que realiza quatro encontros anuais. Todo o material é elaborado pela própria diocese, que conta com dois padres especialistas em Bíblia. Mas ele ressalta que é necessário fazer mais. “Precisamos avançar até tornar a Palavra um instrumento que ‘aquece o coração’ e que se torna eixo fundamental e insubstituível de toda a ação pastoral. Deus queira que as novas diretrizes ajudem de forma concreta a fazer entender e assumir que a animação bíblica é de fato o combustível da vida, da pastoral e da evangelização”.
Tema prioritário: cristãos leigos e leigas
Por fim, questionado sobre o tema prioritário desta 53ª Assembleia Geral, o texto de
Estudos 107: Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade – Sal da Terra e Luz do mundo, dom Carmelo defende que a discussão reflete o amadurecimento da Igreja no Brasil e que o texto deveria se transformar em um futuro documento oficial da CNBB. “Os leigos são o 99,9 % da Igreja e sem eles não há caminhada. Os leigos estão inseridos nos desafios da família, da cultura, da saúde, da sociedade, da economia, da política. Ou a Igreja aposta e dá total confiança a eles ou será apenas Igreja de sacristia, sem a dimensão missionária e profética que lhe são próprias”, concluiu.
Teve início na manhã desta quarta-feira (15) as atividades da 53ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) evento que prossegue até o próximo dia 24 e reúne mais de 400 bispos do país, em Aparecida (SP). O primeiro ato do evento foi uma missa celebrada pelo presidente da CNBB, o cardeal dom Raymundo Damasceno Assis, na Basílica Nacional de Nossa Senhora Aparecida.
Dom Damasceno, que é arcebispo de Aparecida, pediu durante a celebração, as orações dos fiéis “pelos bons frutos da assembleia”. Já na homilia, reafirmou que o encontro dará “atenção prioritária” a atualização das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE) para o próximo quadriênio (2015-2019), a eleição da presidência da CNBB, dos presidentes das 12 Comissões Episcopais pastorais, dos delegados da entidade para representação do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e para o Sínodo dos Bispos, marcado para outubro, no Vaticano.
O cardeal enfatizou ainda, na celebração, que as diretrizes atualizadas, auxiliarão no “processo de planejamento pastoral para as igrejas particulares e para o secretariado geral da CNBB”. O tema prioritário da 53ª AG será o Estudo 107 da CNBB, “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade”.
Liturgia da Missa
O presidente da CNBB refletiu sobre o Tempo Pascal, dando destaque à missão de Jesus na história da salvação e luz da ressurreição, “manifestação total da misericórdia salvadora, boa nova por excelência e melhor anúncio que pode ser feito”. O cardeal comentou o amor de Deus pela humanidade a ponto de doar o seu filho à morte de cruz. As palavras do início do Evangelho de hoje, levam, segundo dom Damasceno, à “compreensão do significado da missão do Filho de Deus”.
Ao recordar a experiência dos discípulos com Cristo ressuscitado, indicou a missão da Igreja. “Tendo experimentado o amor misericordioso de Deus, que enche nossa vida de luz e alegria, que nos confere o sentido para viver, anunciamos a todos a mesma graça. Não há situação que não pode ser iluminada com a luz da ressurreição. Diante do amor de Deus e sua infinita misericórdia, todos os aspectos da vida humana podem ser transfigurados, principalmente o pecado e a morte”, disse o cardeal.
Cerimônia de abertura
Em coro, os bispos cantaram “Quero uma Igreja missionária, solidária e que saiba ouvir!”, nesta manhã, durante a cerimônia de abertura dos trabalhos da 53ª AG. Participaram do momento, que teve lugar no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, o prefeito da cidade de Aparecida, Antônio Marcio de Siqueira, e o reitor do Santuário Nacional, padre João Batista de Almeida, que deram as boas-vindas aos bispos.
Também presente, o núncio apostólico no Brasil, dom Giovanni d’Aniello, agradeceu o convite e a hospitalidade dos bispos, retransmitiu um abraço especial do papa Francisco e fez memória dos 50 anos da conclusão do Concílio Vaticano II e ainda a realização do Sínodo Ordinário, deste ano, sobre a Família.
Sobre o tema prioritário da assembleia, que trata dos leigos, o núncio confirmou que o cristão leigo enfrenta o mundo dando razões da sua própria esperança e enumerou os campos de apostolado dessa parcela da Igreja: “a educação, a assistência social, o progresso científico e a política”. Segundo o representante diplomático do papa, “o cristão leigo exerce uma ação apostólica que lhe é peculiar” e não um trabalho complementar ao dos ministros ordenados.
Dom Damasceno comentou que na assembleia do ano passado ficou decidido que as DGAE para o próximo quadriênio não serão inteiramente novas, mas profundamente renovadas, principalmente à luz da Encíclica Evangelii Gaudium e das palavras do papa Francisco durante a Jornada Mundial da Juventude, realizada no Rio de Janeiro, em julho de 2013.
A primeira coletiva de imprensa da 53ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada na tarde desta quarta-feira (15) contou com a participação do arcebispo de Porto Alegre (RS), dom Jaime Spengler; o arcebispo de Vitória da Conquista (BA), dom Luís Gonzaga Pepeu; e o bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG), dom Joaquim Mol.
Dom Pepeu explicou à imprensa o processo eleitoral para a presidência e as doze comissões da CNBB. Conforme disse, as eleições devem ter início na próxima segunda-feira (20), quando atingido o quórum de dois terços dos votos. “Todos os eleitores são para o serviço, assim como trabalha a Campanha da Fraternidade 2015, com o lema ‘Eu vim para servir’. Se eleito, o bispo é questionado se aceita esse serviço”, afirmou.
O processo tem como candidatos à presidência e vice-presidência, todos os bispos diocesanos. Já os auxiliares e coadjutores podem disputar a vaga de secretário geral. Se os dois primeiros escrutínios não alcançarem os dois terços necessários, o terceiro pode decidir as eleições por maioria absoluta e, caso isso não aconteça, o quarto e quinto escrutínios elegem os dois candidatos mais votados.
Diretrizes e Reforma Política
Dom Jaime, em poucas palavras, comentou a atualização das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), tema central desta 53ª AG. “A cada quatro anos a Assembleia é convidada a rever as Diretrizes. Ano passado, foi manifestado, com relação às Diretrizes em vigor, o desejo de haver apenas uma atualização que considerasse o magistério mais recente da Igreja, do papa Francisco, e principalmente da Evangelii Gaudium” (Exortação Apostólica A Alegria do Evangelho), recordou.
Dom Joaquim Mol, por sua vez, que é presidente da Comissão para o Acompanhamento da Reforma Política, falou sobre a necessidade imediata da reforma política. “Temos frequentemente assistido manifestações das quais não constam na pauta a reforma política. É uma pena, pois só por meio dela podemos melhorar o quadro político do país, eliminando a corrupção, a barganha, e outras práticas ruins da política, responsáveis por deixar grande parte da população na miséria”, afirmou. Dom Mol disse que a reforma política não resolve tudo, mas destacou que é um passo necessário. Ele fez ainda questão de dizer que a CNBB não é filiada a nenhum partido político, mas integrante da sociedade civil organizada, comprometida a contribuir para um Brasil melhor.
O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação Social da CNBB e arcebispo de Campo Grande (MS) dom Dimas Lara Barbosa, porta-voz da assembleia, ao acolher os jornalistas nesta primeira coletiva de imprensa, lembrou as palavras do papa Francisco ao dizer que o bom jornalismo se nutre de uma "sincera paixão pelo comum e pela verdade".
Com informações da CNBB Nacional
Dom Leonardo Steiner, secretário da CNBB, lembrou, no início da segunda sessão da tarde desta quinta-feira, 16 de abril, lembrou que o assunto dos regionais da Conferência tem sido colocado nas reuniões do Conselho Episcopal de Pastoral e do Conselho Permanente.
Os bispos do regional Centro-Oeste têm chamado, particularmente, a atenção do episcopado nacional sobre esse tema da importância dos regionais e necessidade de redefinições sérias a respeito do papel dos regionais para a Igreja do Brasil.
Dom Walmor Oliveira, arcebispo de Belo Horizonte, coordenador da comissão que tem estudado o tema, lembrou que é preciso aprofundar a importância dos regionais da Conferência dos bispos. Citou o Papa Francisco mostrando que a Igreja não é apenas uma liderança nacional. Algumas questões foram levantadas por dom Walmor: “os regionais podem desempenhar um papel mais decisivo na evangelização da região e uma presença pública da Igreja nessas mesmas regiões? Os representantes no Conselho Permanente levam as questões aos regionais? A sede nacional não está concentrando serviços que podem não ter benefício correspondente ao esforço feito? Os regionais não deviam ser o lugar da execução da pastoral e a sede nacional se ocupar das questões nacionais?” Diante desses questionamentos, a comissão tem refletido.
Dom Leonardo considerou que a questão será levada aos regionais aqui na assembleia e, posteriormente, será remetida para o Conselho Permanente da CNBB.
O jurista Rubens Ricupero, Oblato beneditino, ex-ministro da Fazenda do Governo Itamar Franco (1992-1994) ocupou o espaço da Assembleia Geral da CNBB reservado ao estudo da atual conjuntura social, política e econômica do Brasil. Considerou o convite a se dirigir aos bispos uma honra e antecipou que não tinha a pretensão de trazer nenhuma revelação.
Em sua análise, Ricupero apontou que o momento atual requer ponderação sobre o crescimento do país que, ao invés disso, está recuando. “O crescimento não é tudo, mas pode-se dizer que não sendo tudo, é quase tudo. Sem crescimento não há base para melhorar a vida social”. Ele alertou que se o crescimento não for retomado em pouco tempo, as conquistas sociais poderão ser ameaçadas. “As faixas da população que saíram da pobreza extrema fizeram isso graças ao crescimento. Se não voltarmos a crescer, essas conquistas já começam a mostrar corrosão. Desemprego cresce e temos perda do valor real dos salários”.
O peso da inflação
Com foco durante todo o tempo nas classes mais pobres, o analista afirmou que a inflação pesa, sobretudo, no bolso de quem depende de salários. “Essas pessoas já começam a diminuir o consumo e a inflação pode trazer uma intensificação dos mecanismos distributivos o que radicaliza a opinião pública”, ponderou.
Caminho
Aos bispos, o ex-ministro apontou que o caminho é lançar mão “de um ajuste que poupe os que são mais frágeis, que permita o equilíbrio da dívida pública e que atraia o investimento”. Ele comentou que o governo está consciente dessa realidade. “Conheço os ministros da fazenda e do planejamento e creio que eles merecem apoio”, disse. Ricupero acha que a popularidade do governo deve deixar de cair e que sejam criadas as condições para a condução do processo. “É possível que o mandato atual seja turbulento, mas o valor da Constituição, da lei e da participação deve ser preservado”, reforça.
Ainda durante suas colocações, ele afirmou que é muito difícil prever o movimento dos acontecimentos devido à velocidade das mudanças. Declarou que há um mês poderia dizer outra coisa. E sintetizou que o momento atual exige boa vontade dos brasileiros acima das visões divergentes, para que o Brasil não sofra nenhum retrocesso nas conquistas dos últimos 30 anos nos planos político, institucional e, principalmente, no combate à pobreza. “Qualquer sociedade será julgada pela maneira como trata os mais pobres, os mais frágeis, os mais vulneráveis. Esse é o sentido principal da ação política”, acrescentou.
Papa Francisco
O analista leu a Bula Misericordiae Vultus sobre o Ano Santo da Misericórdia, do papa Francisco. Nesse documento, o papa cita uma frase de Paulo VI, pronunciada no encerramento do Concílio Vaticano II, em 7 de dezembro de 1965: “em vez de diagnósticos desalentadores, se dessem remédios cheios de esperança; para que o Concílio falasse ao mundo atual não com presságios funestos mas com mensagens de esperança e palavras de confiança”. Para Ricupero, essa frase representa muito para os cristãos nesse momento social, político e econômico do Brasil. Ricupero concluiu com outra citação do papa Francisco em discurso feito no Brasil, em 2013: “Quando me pedem um conselho, minha resposta é sempre a mesma: diálogo, diálogo, diálogo. Ou se aposta no diálogo e na cultura do encontro ou todos perdemos”.
Esta foi a segunda vez que Rubens Ricupero se dirigiu à Conferência dos Bispos do Brasil. A primeira vez aconteceu há 21 anos, em Brasília, quando dom Luciano Mendes de Almeida era o presidente.
Nesta quarta-feira (15), o pároco da catedral do Rio de Janeiro, monsenhor Joel Portela Amado, fez longa reflexão aos bispos reunidos em assembleia, sobre aspectos do rosto da Igreja no Brasil hoje. Logo no início da apresentação, já ficou claro que sua exposição responderia duas partes: “a realidade que interpela a Igreja e a Igreja que interage com a realidade”.
Perplexidade, segundo ele, é “uma palavra que emerge com crescente vigor em nossos dias, termo que penso poder ajudar a compreender pastoralmente o que se passa neste mundo sob aceleradas transformações, não apenas no superficial, mas também e principalmente nas categorias mais profundas de compreensão da vida e consequente atuação sobre ela”, ponderou monsenhor Joel.
Ele destacou que emergem algumas possibilidades de reação diante de perplexidade, que se misturam na prática: lógica da flexibilidade e mobilidade nos critérios, em todos os campos, da vida, inclusive nos campos ético e religioso; lógica da individualidade, da solução de cada um, com grande dificuldade para olhar os sonhos; lógica do imediato, da solução a curto prazo, dos resultados que estejam ao alcance das mãos, com dificuldades para sonhos maiores e renúncias.
Igreja interage com a realidade
Monsenhor Joel apresentou alguns critérios por meio dos quais se vai interagir com as questões que chegam para a Igreja, considerando sempre as urgências na ação evangelizadora. Ele falou em três “vozes”. A primeira seria uma voz que tem se destacado e é muito ouvida: a voz do Papa Francisco: “Num mundo hoje, sem vozes nem lideranças significativas, o Santo Padre é, podemos dizer, unanimidade. Sua liderança moral é incontestável. Sua voz é ouvida, sua pessoa é admirada, sua presença é noticiada”.
Outro critério seria a expressão “voz acolhedora da Igreja” caracterizada pela “solidariedade a partir da cruz”. Segundo Joel é a Igreja que “não teme sujar-se nas lamas existenciais, correndo às pressas para as periferias, tenham essas periferias as formas que tiverem”. Um terceiro critério de interação da Igreja com a realidade atual seria representado por “uma voz que escuta”. “Creio que o Espírito tem dito à Igreja que, nestes e em todos os casos, a grande atitude é o acolhimento pessoal sob suas variadas formas. Acolhimento aqui não significa o atendimento incondicional das solicitações, fruto do medo de perder a freguesia, atitude mais própria de empórios religiosos do que da genuína ação evangelizadora”.
“Uma escuta que vai ao encontro” foi o quarto critério de interação apresentado por monsenhor Joel. “Outro aspecto a nos interpelar nestes tempos de perplexidade diz respeito à missão. Perplexidade e missão se articulam muito diretamente. O princípio é simples: maior a perplexidade, maior ainda deve ser a missão”, disse.
Na conclusão da reflexão, como um dos possíveis critérios de interação da Igreja com a realidade atual, monsenhor Joel apresentou o tema que foi aprofundado pelo papa Francisco na Bula do Ano Santo, lançada no último dia 11 de abril: a urgência da misericórdia. “Em tudo isso, importa identificar um viés apto a conduzir transversalmente a ação evangelizadora em nossos dias, fornecendo conteúdo, identidade, rosto, para tudo o que a Igreja fizer. A meu ver, este viés foi oficializado pelo papa Francisco ao convocar toda a Igreja para o Ano Santo da Misericórdia. De fato, a misericórdia é uma das maiores necessidades de nosso tempo. O que da Igreja se pede, neste momento da história, é que seja sinal transbordante e interpelador da misericórdia de Deus”, acrescentou.
A primeira parte da manhã desta quinta-feira (16) de trabalhos do plenário da Assembleia Geral da CNBB foi dedicada a apresentação do texto de trabalho que norteia a revisão das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE), principal tarefa do evento deste ano.
Apontamentos sobre a estrutura do texto, o conteúdo em particulares conceitos teológicos e de doutrina, foram algumas das observações feitas pelos bispos. Alguns presidentes de comissões pastorais da Conferência aproveitaram para atualizar alguns temas nas DGAE mediante o trabalho dos últimos quatro anos.
Foi o caso do presidente da Comissão de Ecumenismo e Diálogo Religioso, por exemplo, Dom Francesco Biasin, que chamou a atenção para alguns fenômenos sérios dentro do contexto de sua Comissão como a presença da violência e dos fundamentalismos. Para o bispo, essas realidades devem ser consideradas no novo texto das DGAE.
Já dom Sergio da Rocha, do Regional Centro-Oeste, e presidente da comissão que faz a nova redação das DGAE, falou no plenário a respeito do processo de trabalho que estão executando nos últimos meses e, principalmente, o tempo curto que se tem durante a assembleia para que o texto esteja pronto para ser votado. Desse modo, pediu aos bispos para que acelerem a entrega das contribuições, por escrito, para que a conclusão do trabalho ofereça um bom instrumento de reflexão para a Igreja no Brasil.
Novas sessões serão realizadas para discussão do tema. O secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, recordou aos colegas a importância da conclusão da redação das DGAE para que se inicie o processo de eleições da Conferência.
Na segunda coletiva de imprensa da 53ª Assembleia Geral da CNBB, um dos entrevistados, o arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), cardeal dom Orani João Tempesta retomou as análises de conjuntura social e eclesial, apresentadas na quarta-feira (15) pelo ex-ministro Rubens Ricupero e pelo monsenhor Joel Portella Amado, respectivamente.
“Os dois assuntos ajudam a situar o trabalho dos bispos diante da necessidade de evangelização, de missão da Igreja na sociedade, como lembrou o tema da Campanha da Fraternidade 2015”, comentou o cardeal. “A grande questão que temos na conjuntura eclesial diz respeito às mudanças culturais e ao aprofundamento das diretrizes, para que, de fato, a evangelização possa acontecer nesse cenário”, explicou.
Cristãos leigos
"Os cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade", outro tema da 53ª Assembleia, foi apresentado por dom Severino Clasen, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato. “É uma satisfação poder compartilhar com a imprensa o que temos construído sobre os cristãos leigos e leigas”, adiantou o bispo.
“Ano passado chegamos a esse texto de estudos nº 107 da CNBB, ‘Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade – ‘sal da terra luz do mundo’. Agora, teremos uma nova versão, atualizada de acordo com sugestões e contribuições recolhidas de grupos, regionais e dioceses, ao longo do último ano”, disse dom Severino. Segundo ele, "o desejo dos bispos é que o texto 107 continue a trazer avanços, para que os leigos assumam seu papel e, assim, caminhem rumo a um mundo mais fraterno".
O presidente da Comissão para o Laicato falou também, durante a coletiva, sobre os assassinatos de cristãos mundo afora pouco divulgados. “Não podemos nos calar diante dessas injustiças”, pediu.
Questão Indígena
“Paixão é o que move”, respondeu o bispo do Xingu (PA) e presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), dom Erwin Kräutler ao ser apresentado pelo porta-voz da assembleia, dom Dimas Lara Barbosa como um bispo que mesmo vivendo sob ameaça de morte em decorrência de seu trabalho, não perde a paixão pelo que faz.
Dom Erwin falou à imprensa que até pouco tempo atrás o Xingu era sinônimo de presença indígena, mas “de um tempo pra cá o Xingu remete à usina de Belo Monte, hidrelétricas e até lava-jato”. O bispo lembrou que, na época da Assembleia Constituinte, à frente do Cimi, esteve aliado aos índios na luta e conquista por direitos, que encheram o país de orgulho. Entretanto, ressaltou que os direitos não são cumpridos.
“O tempo passa e apesar do prazo para a demarcação das terras indígenas terem expirado em 1993, permanecemos até hoje sem que tenha sido efetivamente feito. Deixar as terras indígenas sem demarcação é deixar escancaradas as portas para a exploração, qualquer ocupação. A grande parte das violências contra povos indígenas estão de certa maneira ligadas aos conflitos de terra”, disse. De acordo com o bispo do Xingu, a paralisação das demarcações de terras indígenas está ligada aos interesses do agronegócio, que cada vez conquista mais representantes no congresso.
“Eu me pergunto sobre o que é defender o interesse nacional. Interesse de quem, da nação ou de alguns? Eu acho que estão defendendo o interesse de alguns em detrimento dos mais fracos, dos povos que vivem lá, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, não fomos perguntados. Inclusive, a situação é inconstitucional, uma vez que as decisões interessadas à região são tomadas pelo Congresso, em Brasília, quando os povos indígenas deveriam ser consultados no que diz respeito às suas áreas”, defendeu dom Erwin.
O porta-voz da Conferência também mencionou que na sessão de ontem, os bispos cantaram parabéns ao papa Bento XVI que celebrou, neste dia 15, 88 anos.
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