Tu és Pedro, e eu te darei as chaves do Reino dos céus.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-20
Após a repercussão da fala do Papa Francisco em um documentário sobre o direito de homossexuais a estarem em uma família e de terem uma proteção legal, o bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Ricardo Hoepers, respondeu ao portal G1 a respeito do tema.
Perguntado se havia algum posicionamento da Conferência a respeito do tema, dom Ricardo explicou que, dentro da CNBB, “não houve nenhum tipo de avaliação em relação à fala do Papa Francisco para o documentário”. Mas ofereceu luzes para entender a fala do pontífice e a visão da Igreja sobre o tema.
“Percebo que o Papa Francisco mais uma vez demonstra sua serenidade, voltando-se também às questões reais da vida cotidiana. Ele tem uma sensibilidade pastoral tão aguçada que nos impressiona com seu nível de humanidade”, observou.
Ressaltando que era uma fala para um documentário, não um pronunciamento oficial ou que se insere em seu magistério, dom Ricardo salientou a forma com que Francisco aborda o tema, também em sintonia com os apelos contra a “globalização da indiferença”. “O Papa fala com o coração aberto sobre os reais sofrimentos das pessoas de condição homoafetiva. Em uma sociedade que exclui com preconceitos e violência, é uma fala sobre dignidade e, acima de tudo de respeito que devemos ter para com todas as pessoas”, afirmou.
“No caso das pessoas em condição homoafetiva, muitas delas são abandonadas pelas suas famílias, discriminadas pela sociedade, e à margem dos direitos de ter uma cidadania respeitada. A realidade da discriminação também pode levar à violência e à exclusão social. Portanto, diante desses perigos, o Papa entende que uma lei deve buscar garantir a seguridade que toda pessoa merece por ser cidadão de direitos”, pontou.
Doutrina sobre a família
O comentário do Papa, dentro do contexto do documentário, no entanto, não muda em nada do ponto de vista doutrinal ou dogmático sobre a família, segundo dom Ricardo, que destacou o parágrafo 292 da Exortação Apostólica pós-sinodal Amoris laetitia – sobre a alegria do amor na família para salientar a continuidade da Igreja que caminha “em pleno acordo com a Tradição da Igreja sobre a sacralidade do Matrimônio e sua dignidade no plano de Deus”.
“o matrimônio cristão, reflexo da união entre Cristo e a Igreja, realiza-se plenamente na união entre um homem e uma mulher, que se doam reciprocamente com um amor exclusivo e livre fidelidade, se pertencem até a morte e abrem à transmissão da vida, consagrados pelo sacramento que lhes confere a graça para se constituírem como Igreja doméstica e serem fermento de vida nova para a sociedade (Amoris laetitia, n. 292).
Outro bispo que também situou a fala do Papa Francisco em acordo com o Magistério e a Doutrina sobre a dignidade da pessoa humana e sobre a família foi dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo de Campo Grande (MS). Em vídeo postado no canal da arquidiocese no Youtube ele resgata a fala do Papa e explica que a mesma “se insere perfeitamente dentro daquilo que a Igreja manifesta, por exemplo, no Catecismo”.
Fonte: CNBB Nacional
Anunciada a nomeação do novo arcebispo da arquidiocese de Brasília (DF), nesta quarta-feira, 21 de outubro. O Papa Francisco escolheu dom Paulo Cezar Costa, até então bispo de São Carlos (SP). A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) enviou saudação a dom Paulo Cezar pela nova missão, agora na Capital Federal.
A arquidiocese de Brasília estava vacante desde 11 de março deste ano, quando o então arcebispo, o cardeal Sergio da Rocha, foi nomeado arcebispo de Salvador (BA) e primaz do Brasil. Durante o período de vacância, o bispo auxiliar dom José Aparecido Gonçalves de Almeida desempenhou a função de administrador diocesano.
Dom Paulo Cezar Costa
Natural de Valença (RJ), dom Paulo Cezar Costa nasceu em 20 de julho de 1967, filho de Geraldo Manoel da Costa Amaral e Maria Alice Miranda Amaral. Possui graduação em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia da arquidiocese do Rio de Janeiro (1991), Mestrado (1998) e Doutorado (2001) em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana.
Foi ordenado presbítero aos 5 de dezembro de 1992. Em seu ministério presbiteral, foi vigário paroquial, pároco, reitor do Seminário Diocesano Paulo VI, em Nova Iguaçu (RJ). Colaborou na Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) como membro do grupo de peritos da Comissão Episcopal de Doutrina e membro do Instituto Nacional de Pastoral.
Também atuou no âmbito acadêmico: na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), foi professor titular, coordenador e diretor do Departamento de Teologia. No Instituto de Filosofia e Teologia Paulo VI, foi professor e diretor. Ainda exerceu docência no Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro e na Escola Teológica São Bento (ETSB).
Em 2010, foi nomeado pelo Papa Bento XVI como bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ). Durante o quadriênio 2011-2015, foi membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da CNBB. Na realização da JMJ-2013, atuou como diretor administrativo.
Em 22 de junho 2016, foi nomeado 7º bispo da diocese de São Carlos pelo Papa Francisco. Sua posse canônica ocorreu no dia 6 de agosto daquele ano, na Catedral de São Carlos. Atualmente, é integrante do grupo de bispos consultivos do Conselho Episcopal Latino Americano (Celam); presidente do Grupo de Análise de Conjuntura Eclesial da CNBB; responsável pelo Setor Universidades da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação da CNBB; referencial para o Instituto Nacional de Pastoral Alberto Antoniazzi (Inapaz); membro do Conselho Permanente da CNBB; membro da Pontifícia Comissão para América Latina e do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos.
Saudação a Dom Paulo Cezar Costa
Brasília-DF, 21 de outubro de 2020
Estimado irmão, dom Paulo Cezar Costa,
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) alegra-se pela notícia de sua nomeação como novo arcebispo da Arquidiocese de Brasília (DF), divulgada nesta quarta-feira, 21 de outubro. Junto com a porção do povo de Deus desta Igreja Particular que acolhe a sede de nossa Conferência, queremos te acolher e bendizer a Deus pelo seu sim.
Sua doação à Igreja, por meio dos diversos serviços desempenhados, desde o tempo de presbítero, nos aponta um horizonte de um pastoreio frutuoso. Aqui recordamos sua atuação no grupo de peritos da Comissão Episcopal de Doutrina e no Instituto Nacional de Pastoral. Já como bispo, durante o período em que foi auxiliar na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro, contribuiu na mesma Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé, desta vez como membro.
Atualmente, tem enriquecido o trabalho desta Conferência ao presidir o Grupo de Análise de Conjuntura Eclesial e ser o referencial para o Setor Universidades da CNBB e para o Instituto Nacional de Pastoral Alberto Antoniazzi (INAPAZ). Em âmbito universal, foi escolhido pelo Santo Padre como membro da Pontifícia Comissão para América Latina e do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Aqui sublinhamos também sua atuação como consultor no Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM).
Receba com nossos votos esta reflexão do Papa Francisco sobre Unidade e Profecia – na Santa Missa com a bênção dos pálios para os novos arcebispos metropolitanos, em junho deste ano: “A unidade é um princípio que se ativa com a oração, porque a oração permite ao Espírito Santo intervir, abrir à esperança, encurtar as distâncias, manter-nos juntos nas dificuldades […] a profecia nasce quando nos deixamos provocar por Deus: não quando gerimos a própria tranquilidade, mantendo tudo sob controle. […] Quando o Evangelho inverte as certezas, brota a profecia. Só quem se abre às surpresas de Deus é que se torna profeta”.
Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil e de Brasília, interceda e conduza seu pastoreio, participando do sonho de São João Bosco no coração desta Terra de Santa Cruz.
Em Cristo,
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB
Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima (RR)
Segundo Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB
Fonte: CNBB Nacional
O papa Francisco nomeou nesta quarta-feira, 21 de outubro, dom Moacir Silva Arantes, 51 anos, atual bispo auxiliar na arquidiocese de Goiânia (GO), como o terceiro bispo da diocese de Barreiras (BA). A diocese estava vacante desde a nomeação de dom Josafá Menezes da Silva como arcebispo de Vitória da Conquista (BA), em 9 outubro de 2019.
Trajetória eclesial
Mineiro de Itapecerica, dom Moacir nasceu em 3 de junho de 1969, filho de Bento Alves Arantes e Irene Pinto de Araújo, dom Moacir Silva Arantes, sendo o 13º de 15 irmãos. Formou-se em filosofia e teologia em Belo Horizonte (MG) e foi ordenado padre em 14 de agosto de 1999.
Já foi pároco e administrador paroquial em seis municípios da diocese de Divinópolis (MG), bem como reitor dos seminários diocesanos, membro do conselho presbiteral e coordenador da Pastoral das Vocações e ministérios da diocese.
No Regional Leste 2 (Espírito Santo e Minas Gerais) foi assessor eclesiástico da Pastoral Familiar e por último assessor nacional da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Dom Moacir foi nomeado bispo auxiliar de Goiânia pelo papa Francisco, no dia 11 de maio de 2016, e ordenado na igreja matriz de São Bento, em sua terra natal, Itapecerica (MG), no dia 13 de agosto do mesmo ano, sob a imposição das mãos do bispo emérito de Divinópolis (MG), dom José Belvino do Nascimento, e dos bispos co-ordenantes, dom José Carlos de Souza Campos (diocesano de Divinópolis) e dom Washington Cruz, arcebispo de Goiânia.
Tomou posse no dia 26 de agosto de 2016, na catedral Nossa Senhora Auxiliadora, em Goiânia. Seu lema episcopal é In Simplicitate Cordis (Com simplicidade de coração). O bispo integra a atual presidência do Regional Centro-Oeste da CNBB, com mandato até 2023, onde exerce a função de secretário.
Saudação a Dom Moacir Silva Arantes
Brasília-DF, 21 de outubro de 2020
Estimado irmão, Dom Moacir Arantes,
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) recebeu com alegria a notícia de sua nomeação como bispo de Barreiras (BA), nesta quarta-feira, 21 de outubro de 2020.
Desejosos de que tenha exitoso pastoreio à frente desta Igreja Particular, destacamos as palavras do Santo Padre após a oração do Ângelus no domingo 18 de outubro, ao recordar Dia Mundial das Missões 2020, para nos fortalecer nesta exigente missão de tecer a fraternidade na terra: ““Eis-me aqui, envia-me! Tecelões de fraternidade. Essa é uma palavra bonita “tecelões”. Cada cristão é chamado a ser um tecelão de fraternidade. De maneira especial, assim são os missionários e missionárias – sacerdotes, leigos, homens e mulheres consagrados – que semeiam o Evangelho no grande campo do mundo. Rezemos por eles e ofereçamos-lhe o nosso apoio concreto”.
Agradecemos a sua dedicação à esta Conferência, especialmente pela contribuição na Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, por seu trabalho como bispo auxiliar da arquidiocese de Goiânia (GO), e pelo seu serviço à caminhada da Igreja no regional Centro-Oeste da CNBB, onde tem contribuído, como secretário, na atual presidência cujo mandato vai até 2023.
Com nossas preces,
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG)
Presidente da CNBB
Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Primeiro Vice-Presidente da CNBB
Dom Mário Antônio da Silva
Bispo de Roraima (RR)
Segundo Vice-Presidente da CNBB
Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
Secretário-geral da CNBB
Fonte: CNBB Nacional
Atender às necessidades de formação e sanar dúvidas dos agentes pastorais, quanto aos direitos autorais e de imagem. Este é objetivo da cartilha preparada e distribuída gratuitamente, a partir de uma iniciativa da Pascom Brasil. Para acessar o material, clique aqui.
Uma das principais dificuldades encontradas na prática pastoral refere-se ao uso de imagens (que foto é permitida? como dar os créditos? todas as fotos podem ser usadas?) ou até mesmo o uso de um texto autoral. Pensando nisso, um grupo de trabalho se reuniu, discutiu e propôs a elaboração deste subsídio. Sem pretensão de esgotar o assunto, mas de dar dicas simples e orientações precisas sobre um tema tão importante, esta é a primeira de outras temáticas a serem abordadas numa perspectiva pastoral.
Facilidade no trabalho
Para Adielson Agrelos, coordenador da Pascom no Regional Leste 1 (estado do Rio de Janeiro) e do GT Produção da Pascom Brasil, estar presente num grupo de trabalho tão qualificado como o composto para elaboração do subsídio nos diz que estamos no caminho certo naquilo que escolhemos tanto profissionalmente, como no sentido pastoral.
“Acredito que, por ser um material elaborado a partir do objetivo central de toda comunicação, ou seja, claro – conciso – coerente, facilitará muito o trabalho dos nossos agentes para que possamos desde já nos adequar às exigências dos novos tempos no que diz respeito aos direitos do cidadão e à proteção de dados”, afirmou.
Grupo de trabalho
Adielson Agrelos, coordenador do GT Produção da Pascom Brasil
André Fachetti Lustosa, fotógrafo e advogado
Manuela Castro, coordenadora da assessoria de comunicação da CNBB
Marcus Tullius, coordenador geral da Pascom Brasil
Silvonei José, Vatican Media
Dr. Wellington Santana, advogado e assessor jurídico da Diocese de Duque de Caxias
Fonte: CNBB Nacional
Em outubro de 1717, o Conde de Assumar, então Governador do Brasil, foi em visita a Guaratinguetá. Visto que aqueles eram dias de abstinência de carne, Felipe Pedroso, Domingos Martins Garcia e João Alves foram encarregados de procurar outro tipo de alimento para o ilustre visitante e sua comitiva.
Após algumas tentativas decepcionantes, os pescadores encontraram uma imagem de terracota, representando a figura da Imaculada Conceição. Ela foi pescada em duas vezes: na primeira, acharam o corpo e, na segunda, a cabeça. O fato ocorreu no Porto de Itaguaçu. Como nos relatos bíblicos, a pesca sucessiva foi extremamente abundante.
Os piedosos pescadores e seus familiares iam rezar, todas as noites, diante da imagem da Virgem Imaculada na casa de Felipe Pedroso. Mais tarde, este construiu um pequeno oratório onde colocou a imagem aparecida. Todos os sábados, os vizinhos e as pessoas que sabiam do fato, se reuniam para rezar o Terço. A partir disso, começaram a ocorrer milagres e o povo começou a chamar a imagem como Nossa Senhora Aparecida.
Em 1745 foi inaugurada a primeira capela; com o passar do tempo, em 1842, foi iniciada a construção de um templo, inaugurado em 8 de dezembro de 1888 e, em 1893, elevado a Santuário de Nossa Senhora da Conceição Aparecida.
Em 1904, deu-se a coroação solene da imagem, a pedido do Papa São Pio X; em 1930, Pio XI a declarou e proclamou “Rainha e Padroeira do Brasil”.
Em 1967, o Papa Paulo VI ofereceu a “Rosa de Ouro” à Basílica de Aparecida, por ocasião dos 250 anos do aparecimento da imagem.
A atual Basílica Nacional foi inaugurada, solenemente, em 1980, pelo Papa São João Paulo II.
Papa Francisco e Nossa Senhora Aparecida
No dia 12 de outubro de 2019, no âmbito dos trabalhos do Sínodo dos Bispos para a Amazônia o Papa Francisco gravou uma mensagem ao povo brasileiro, uma mensagem especial de grande atualidade:
No dia de Nossa Senhora Aparecida, trago no coração o povo brasileiro e envio uma saudação. Que Ela, pequenina e humilde, continue os cobrindo e acompanhando em seu caminho: caminho de paz, de alegria, de justiça. Que Ela os acompanhe em suas dores, quando não podem crescer por tantas limitações políticas ou sociais ou ecológicas, e de tantos lugares provêm. Que Ela os ajude a crescer e a se libertar continuamente. Que os abençoe.
O lugar da Mãe Aparecida nas Santas Missões
Todos bem conhecem o amor e o carinho que os Missionários Redentoristas têm para com Nossa Senhora. Esse apreço foi herdado de Santo Afonso, o “cantor das glórias de Maria”.
Nas missões alfonsianas a expressão pública da devoção mariana tinha um lugar especial na programação da missão. Uma das cerimônias mais tocantes se realizava no interior da igreja com a imagem da Santíssima Virgem sendo conduzida em procissão, encerrando-se com um grande sermão alusivo sobre ela. Era esse o modo de se proceder: a imagem ficava exposta todas as noites; porém nesse dia ela saia de seu altar. Logo após o ato de contrição para o qual tudo já devia estar preparado, abria-se as portas da igreja e os sacerdotes vestidos com seus hábitos carregavam o andor com a imagem da Virgem, passando por entre os fiéis, indo colocá-la no lugar de costume, junto do púlpito. E ali realizava-se o grande sermão que tocava o coração de todos, movendo os últimos empedernidos.
Herança alfonsiana e conhecimento da “alma religiosa” do brasileiro
Quando os redentoristas alemães vieram para o Brasil, depois de alguns anos de prática missionária, as Santas Missões ao estilo pregado pelas equipes missionárias de São Paulo passaram a contar com um grande triunfo nacional que se chama Nossa Senhora Aparecida. É incontestável, que essa imagem tão pequenina, atraía multidões de brasileiros. Ela se tornou a grande missionária, rainha das missões, mãe das comunidades e, na esteira de sua benção, se encontram os missionários redentoristas.
Foi na missão pregada na cidade valeparaibana de Queluz que pela primeira vez se levou a imagem à missão. Isso no ano de 1902. Padre Lourenço Gahr, cronista daquela missão nos deixou um precioso relatório, que destaca o patrocínio da Mãe de Deus. Assim escreveu ele:
“Ninguém ali se lembrava de uma missão. Desta vez, foi como se a graça caísse como um raio sobre os corações, obrigando-os a ouvir a Palavra de Deus e a receber os sacramentos. Apesar da muita e continuada chuva, a procura do confessionário foi intensa desde a madrugada até noite adentro. A atração particular do povo foi uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, que leváramos e expuséramos à veneração. Diante dela rezavam os fiéis sem cessar e montavam guarda”.
Redentoristas de São Paulo: as primeiras missões
A partir de então, seguindo a tradição alfonsiana, Maria, em sua imagem de Aparecida, passou a ser venerada nas Santas Missões, sempre deixando uma feliz lembrança nas mentes e corações aqueles que eram missionados.
Para fazer crescer o fervor e a devoção, alguns atos se tornaram comuns em cada missão pregada: toda pregação sempre é encerrada com o missionário falando de Nossa Senhora. Também o sábado, dedicado à Nossa Senhora, conta com atos especiais. Além do mais, em cada missão se fazia a recepção festiva da imagem missionária, e se organizava uma guarda de honra que se revezava junto da imagem.
Como atos de piedade ainda hoje são realizadas consagrações, procissões e promessas e em muitas paróquias missionadas dá-se a criação de irmandades e arquiconfrarias.
Além destas formas de expressão da religiosidade próprias da espiritualidade redentorista, nas missões também são aproveitadas outras formas e expressões já existentes no Brasil, mas que foram clarificadas. Inclusive algumas formas antes consideradas como “profanas” são aproveitadas como a queima de fogos na recepção da imagem missionária, nas procissões, no dia do cruzeiro, usando ainda o colorido das bandeiras, dos estandartes e fitas.
Algumas das expressões da religiosidade popular bem esclarecidas tornaram-se decisivas no sucesso de uma missão especialmente aquelas que se relacionavam com Nossa Senhora e o altar onde fica a imagem, conhecido como “Altar da Graça” é ainda hoje preparado com todo esmero e dedicação.
Fonte: A12
Com o tema: “A vida é missão” e o lema “Eis-me aqui, envia-me” (Is 6,8), a Comissão Episcopal para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) iniciou na quinta-feira, 1° de outubro, dia de Santa Teresinha, a Campanha Missionária 2020.
Durante todo esse mês de outubro, a Comissão realiza junto com as Pontifícias Obras Missionárias (POM), a Comissão para a Amazônia e outros organismos que compõem o Conselho Missionário Nacional (COMINA) as atividades do mês missionário.
A campanha convida a todos serem discípulos missionários e serem sinal de esperança para tantas vidas doadas de forma solidária, principalmente, neste momento em que o mundo passa pela pandemia da Covid-19 que mudou completamente as relações humanas.
Para o bispo de Chapecó (SC) e presidente da Comissão para a Ação Missionária, dom Odelir José Magri, ser missionário é viver como cristão, discípulo de Jesus como batizado e a partir de uma vocação especifica. É responder ao chamado de Deus, sair e fazer-se próximo.
Dom Odelir destaca que o missionário é convidado a ir às periferias da sociedade para testemunhar a perseverança do amor paciente e fiel de Deus pelas pessoas de nosso tempo, que se expressa com amor gratuito no compromisso da solidariedade, especialmente para com os pobres, os últimos, os excluídos.
Mês Missionário no Brasil
No Brasil, o mês missionário é celebrado em outubro desde 1972, mês para o qual em que se produz materiais a partir de um tema e lema alinhados com a Campanha da Fraternidade. De acordo com o diretor das Pontifícias Obras Missionárias (POM), padre Maurício Jardim, o mês temático dedicado a missão nos ajuda recordar nossa natureza missionária que não se reduz aos eventos, cursos, formações e atividades.
Para Dom Odelir, o mês missionário é uma oportunidade a mais para rezar, refletir, aprofundar e viver a missão. “O mês missionário ajuda a tomar mais consciência da identidade missionária da Igreja da sua razão de ser. É Assumir o desafio de colocar-se ‘em saída’ na perspectiva do apelo do Papa Francisco que diz que a ação missionária é o paradigma de toda obra da Igreja. A verdade é que a missão renova Igreja”, aponta.
Dentro dessa caminhada missionária da Igreja no Brasil se desenvolve, desde agosto de 2017, o Programa Missionário Nacional (PMN) que foi construído de forma sinodal. Segundo padre Maurício, o PMN é fruto de um processo escuta dos dezoito regionais da CNBB e reflexões iniciadas pela equipe executiva do Conselho Missionário Nacional (COMINA).
Desde então, vem se trabalhando de forma colaborativa para que a missão seja o eixo norteador das prioridades definidas no programa e demais atividades da ação evangelizadora da Igreja no Brasil.
“Como pequena semente, o PMN não é algo acabado, mas deverá acompanhar e assumir a novidade que o Espírito Santo suscita na vida das pessoas e das comunidades eclesiais missionárias, a exemplo do que acontece com as diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil”, ressalta padre Maurício.
Programa Missionário Nacional
O Programa Missionário Nacional (PMN) foi construído de forma sinodal. Ele é fruto de um processo escuta dos dezoito regionais da CNBB e reflexões iniciadas pela equipe executiva do Conselho Missionário Nacional (COMINA), em agosto de 2017. Deseja colaborar para que a missão seja o eixo norteador das prioridades definidas no programa e demais atividades da ação evangelizadora da Igreja no Brasil.
O PMN além da escuta e definições de prioridades para caminhada missionária da Igreja do Brasil, está fundamentado em bases antropológicas, bíblicas, eclesiológicas e teológicas que, provenientes do encontro com Jesus Cristo, alimentam, motivam e sustentam o viver missionário. Esses fundamentos nos oferecem bases para a compreensão da missão e nos ajudam a colocar, em prática, as prioridades e projetos aprovados pela assembleia do Conselho Missionário Nacional (COMINA), abril 2019 e que fazem parte deste programa. Essa etapa sinodal da construção do PMN foi denominada “iluminar”.
No Brasil, há uma pluralidade de iniciativas missionárias que exigem um trabalho missionário com fios condutores comuns a fim de crescermos na comunhão missionária.
Como pequena semente, o PMN não é algo acabado, mas deverá acompanhar e assumir a novidade que o Espírito Santo suscita na vida das pessoas e das comunidades eclesiais missionárias, a exemplo do que acontece com as diretrizes gerais da ação evangelizadora da Igreja no Brasil.
Pontifícias Obras Missionárias
As Pontifícias Obras Missionárias (POM) são organismos oficiais da Igreja Católica, vinculados à Congregação para a Evangelização dos Povos. Existem para intensificar a animação, a formação e a cooperação missionária em todo o mundo. São uma rede universal de oração e solidariedade inspirada no testemunho de Paulina Jaricot.
As Pontifícias Obras Missionárias têm como objetivo “promover o espírito missionário universal no seio do povo de Deus” (Congregação para Evangelização dos Povos, Cooperatio Missionalis, 5). A identidade das POM pode ser resumida em duas palavras: universalidade, isto é, todas as Obras para todos os povos; e pontifícias, isto é, são Obras do Papa para toda a Igreja. Constituem uma rede universal, em 130 países, a apoiar o Papa no seu compromisso missionário com todas as Igrejas particulares. Realizam isso mediante a oração, que é a alma da missão, e o auxílio material aos cristãos no mundo inteiro, ajudando a despertar a consciência missionária ad gentes.
“Às quatro Obras atribui-se a qualificação de ‘pontifícias’ porque se desenvolveram também com o apoio da Santa Sé que, ao fazê-las próprias, lhes concedeu um caráter universal” (Cooperatio Missionalis, 4)
Quatro obras Pontifícias:
Pontifícia Obra da Propagação da Fé – fundada em 1822 por Pauline Marie Jaricot, visa suscitar o compromisso pela evangelização universal em todo o povo de Deus e promover, nas Igrejas particulares, a ajuda espiritual e a cooperação material. No Brasil, a Obra tem atividades junto às juventudes, às famílias, aos idosos e enfermos.
Pontifícia Obra da Infância e Adolescência Missionária – fundada em 1843 por Dom Carlos Forbin-Janson, visa despertar a consciência missionária universal nas crianças e adolescentes, animando-as a partilhar a fé e os bens materiais. O lema que traduz o carisma da Obra é: “Crianças e adolescentes rezando e ajudando crianças e adolescentes”.
Pontifícia Obra Missionária de São Pedro Apóstolo – fundada em 1889 por Joana Bigard e sua mãe Stephanie, visa sensibilizar o povo cristão sobre a importância do clero local das Igrejas mais necessitadas. Incentiva os fiéis a colaborar espiritual e materialmente com a formação dos candidatos ao sacerdócio e à vida consagrada.
Pontifícia União Missionária – fundada em 1916 pelo Beato Padre Paolo Manna, é responsável pela formação missionária do clero, dos seminaristas, da vida consagrada masculina e feminina e dos cristãos leigos e leigas. A mística das quatro Obras tem o tripé: Oração, Sacrifício e Ofertas, ou seja, a oferta existencial da própria vida e a partilha econômica para a missão universal.
As três primeiras Obras nasceram na França e, para se tornarem universais, foram declaradas pontifícias em 3 de maio de 1922, pelo Papa Pio XI. A quarta Obra, União Missionária do Clero, nasceu na Itália e foi declarada pontifícia em 28 de outubro de 1956, por decreto do Papa Pio XII.
Conheça a carta do Conselho Missionário Nacional enviada a todo povo de Deus na Igreja no Brasil.
Carta Campanha Missionária 2020 COMINA
Saiba mais sobre a Campanha Missionária 2020
Fonte: CNBB Nacional
Quais são os grandes ideais mas também os caminhos concretos para aqueles que querem construir um mundo mais justo e fraterno nas suas relações quotidianas, na vida social, na política e nas instituições? Esta é a pergunta à qual pretende responder, principalmente, “Fratelli tutti”: o Papa define-a como uma "Encíclica Social" (6) que toma o seu título das "Admoestações" de São Francisco de Assis, que usava essas palavras "para se dirigir a todos os irmãos e irmãs e lhes propor uma forma de vida com sabor do Evangelho" (1). A Encíclica tem como objetivo promover uma aspiração mundial à fraternidade e à amizade social. No pano de fundo, há a pandemia da Covid-19 que - revela Francisco - "irrompeu de forma inesperada quando eu estava escrevendo esta carta". Mas a emergência sanitária global mostrou que "ninguém se salva sozinho" e que chegou realmente o momento de "sonhar como uma única humanidade", na qual somos "todos irmãos". (7-8).
No primeiro de oito capítulos, intitulado "As sombras dum mundo fechado", o documento debruça-se sobre as muitas distorções da época contemporânea: a manipulação e a deformação de conceitos como democracia, liberdade, justiça; o egoísmo e a falta de interesse pelo bem comum; a prevalência de uma lógica de mercado baseada no lucro e na cultura do descarte; o desemprego, o racismo, a pobreza; a desigualdade de direitos e as suas aberrações como a escravatura, o tráfico de pessoas, as mulheres subjugadas e depois forçadas a abortar, o tráfico de órgãos (10-24). Estes são problemas globais que requerem ações globais, sublinha o Papa, apontando o dedo também contra uma "cultura de muros" que favorece a proliferação de máfias, alimentadas pelo medo e pela solidão (27-28).
A muitas sombras, porém, a Encíclica responde com um exemplo luminoso, o do bom samaritano, a quem é dedicado o segundo capítulo, "Um estranho no caminho". Nele, o Papa assinala que, numa sociedade doente que vira as costas à dor e é "analfabeta" no cuidado dos mais frágeis e vulneráveis (64-65), somos todos chamados a estar próximos uns dos outros (81), superando preconceitos e interesses pessoais. De fato, todos nós somos corresponsáveis na construção de uma sociedade que saiba incluir, integrar e levantar aqueles que sofrem (77). O amor constrói pontes e nós "somos feitos para o amor" (88), acrescenta o Papa, exortando em particular os cristãos a reconhecerem Cristo no rosto de cada pessoa excluída (85). O princípio da capacidade de amar segundo "uma dimensão universal" (83) é também retomado no terceiro capítulo, "Pensar e gerar um mundo aberto": nele, Francisco exorta cada um de nós a "sair de si mesmo" para encontrar nos outros "um acrescentamento de ser" (88), abrindo-nos ao próximo segundo o dinamismo da caridade que nos faz tender para a "comunhão universal" (95). Afinal – recorda a Encíclica - a estatura espiritual da vida humana é medida pelo amor que nos leva a procurar o melhor para a vida do outro (92-93). O sentido da solidariedade e da fraternidade nasce nas famílias que devem ser protegidas e respeitadas na sua "missão educativa primária e imprescindível" (114).
O direito a viver com dignidade não pode ser negado a ninguém, afirma ainda o Papa, e uma vez que os direitos são sem fronteiras, ninguém pode ser excluído, independentemente do local onde nasceu (121). Deste ponto de vista, o Papa lembra também que é preciso pensar numa "ética das relações internacionais" (126), porque cada país é também do estrangeiro e os bens do território não podem ser negados àqueles que têm necessidade e vêm de outro lugar. O direito natural à propriedade privada será, portanto, secundário em relação ao princípio do destino universal dos bens criados (120). A Encíclica também coloca uma ênfase específica na questão da dívida externa: embora se mantenha o princípio de que toda a dívida legitimamente contraída deve ser paga, espera-se, no entanto, que isto não comprometa o crescimento e a subsistência dos países mais pobres (126).
Ao tema das migrações é, ao invés, dedicado em parte o segundo e todo o quarto capítulo, "Um coração aberto ao mundo inteiro": com as suas "vidas dilaceradas" (37), em fuga das guerras, perseguições, catástrofes naturais, traficantes sem escrúpulos, arrancados das suas comunidades de origem, os migrantes devem ser acolhidos, protegidos, promovidos e integrados. Nos países destinatários, o justo equilíbrio será entre a proteção dos direitos dos cidadãos e a garantia de acolhimento e assistência aos migrantes (38-40). Especificamente, o Papa aponta algumas "respostas indispensáveis" especialmente para aqueles que fogem de "graves crises humanitárias": incrementar e simplificar a concessão de vistos; abrir corredores humanitários; oferecer alojamento, segurança e serviços essenciais; oferecer possibilidade de trabalho e formação; favorecer a reunificação familiar; proteger os menores; garantir a liberdade religiosa. O que é necessário acima de tudo" - lê-se no documento -, é uma legislação (governance) global para as migrações que inicie projetos a longo prazo, indo além das emergências individuais, em nome de um desenvolvimento solidário de todos os povos (129-132).
O tema do quinto capítulo é "A política melhor", ou seja, a que representa uma das formas mais preciosas da caridade porque está ao serviço do bem comum (180) e conhece a importância do povo, entendido como uma categoria aberta, disponível ao confronto e ao diálogo (160). Este é o popularismo indicado por Francisco, que se contrapõe ao "populismo" que ignora a legitimidade da noção de "povo", atraindo consensos a fim de instrumentalizar ao serviço do seu projeto pessoal (159). Mas a melhor política é também a que protege o trabalho, "uma dimensão indispensável da vida social" e procura assegurar que cada um tenha a possibilidade de desenvolver as suas próprias capacidades (162). A verdadeira estratégia contra a pobreza, afirma a Encíclica, não visa simplesmente a conter os necessitados, mas a promovê-los na perspectiva da solidariedade e da subsidiariedade (187). A tarefa da política, além disso, é encontrar uma solução para tudo o que atenta contra os direitos humanos fundamentais, tais como a exclusão social; tráfico de órgãos, e tecidos humanos, armas e drogas; exploração sexual; trabalho escravo; terrorismo e crime organizado. Forte o apelo do Papa para eliminar definitivamente o tráfico de seres humanos, "vergonha para a humanidade", e a fome, porque é "criminosa" porque a alimentação é "um direito inalienável" (188-189).
A política da qual há necessidade, sublinha ainda Francisco, é aquela centrada na dignidade humana e que não está sujeita à finança porque "o mercado por si só, não resolve tudo": os "estragos" provocados pela especulação financeira mostraram-no (168). Assumem, portanto, particular relevância os movimentos populares: verdadeiros "torrentes de energia moral", devem ser envolvidos na sociedade, de uma forma coordenada. Desta forma - afirma o Papa -, pode-se passar de uma política "para" os pobres para uma política "com" e "dos" pobres (169). Outro desejo presente na Encíclica diz respeito à reforma da ONU: perante o predomínio da dimensão econômica, de fato, a tarefa das Nações Unidas será dar uma real concretização ao conceito de "família de nações", trabalhando para o bem comum, a erradicação da pobreza e a proteção dos direitos humanos. Recorrendo incansavelmente à "negociação, aos mediadores e à arbitragem" - afirma o documento pontifício - a ONU deve promover a força da lei sobre a lei da força (173-175).
Do sexto capítulo, "Diálogo e amizade social", emerge também o conceito de vida como "a arte do encontro" com todos, também com as periferias do mundo e com os povos originais, porque "de todos se pode aprender alguma coisa, ninguém é inútil, ninguém é supérfluo" (215). Particular, então, a referência do Papa ao "milagre da amabilidade", uma atitude a ser recuperada porque é "uma estrela na escuridão" e uma "libertação da crueldade, da ansiedade que não nos deixa pensar nos outros, da urgência distraída" que prevalecem em época contemporânea (222-224). Reflete sobre o valor e a promoção da paz, o sétimo capítulo, intitulado "Percursos dum novo encontro", no qual o Papa sublinha que a paz é "proativa" e visa formar uma sociedade baseada no serviço aos outros e na busca da reconciliação e do desenvolvimento mútuo. A paz é uma "arte" em que cada um deve desempenhar o seu papel e cuja tarefa nunca termina (227-232). Ligado à paz está o perdão: devemos amar todos sem exceção - lê-se na Encíclica -, mas amar um opressor significa ajudá-lo a mudar e não permitir que ele continue a oprimir o seu próximo (241-242). Perdão não significa impunidade, mas justiça e memória, porque perdoar não significa esquecer, mas renunciar à força destrutiva do mal e da vingança. Nunca esquecer "horrores" como a Shoah, os bombardeamentos atómicos em Hiroshima e Nagasaki, perseguições e massacres étnicos - exorta o Papa - devem ser sempre recordados, novamente, para não nos anestesiarmos e manterem viva a chama da consciência coletiva. E também é importante fazer memória do bem. (246-252).
Parte do sétimo capítulo se detém, então, sobre a guerra: "uma ameaça constante", que representa a "negação de todos os direitos", "o fracasso da política e da humanidade", "a vergonhosa rendição às forças do mal". Além disso, devido às armas nucleares, químicas e biológicas que afetam muitos civis inocentes, hoje já não podemos pensar, como no passado, numa possível "guerra justa", mas temos de reafirmar fortemente "Nunca mais a guerra! A eliminação total das armas nucleares é "um imperativo moral e humanitário"; em vez disso - sugere o Papa - com o dinheiro do armamento deveria ser criado um Fundo Mundial para acabar de vez com a fome (255-262). Francisco expressa uma posição igualmente clara sobre a pena de morte: é inadmissível e deve ser abolida em todo o mundo. "O homicida não perde a sua dignidade pessoal - escreve o Papa – e o próprio Deus Se constitui seu garante" (263-269). Ao mesmo tempo, a necessidade de respeitar "a sacralidade da vida" (283) é reafirmada onde "partes da humanidade parecem sacrificáveis ", tais como os nascituros, os pobres, os deficientes, os idosos (18).
No oitavo e último capítulo, o Pontífice se detém sobre "Religiões ao serviço da fraternidade no mundo" e reitera que o terrorismo não se deve à religião, mas a interpretações erradas de textos religiosos, bem como a políticas de fome, pobreza, injustiça e opressão (282-283). Um caminho de paz entre a religiões é, portanto, possível; por isso, é necessário garantir a liberdade religiosa, direito humano fundamental para todos os crentes (279). Uma reflexão, em particular, a Encíclica faz sobre o papel da Igreja: ela não relega a sua missão à esfera privada e, embora não fazendo política, não renuncia à dimensão política da existência, à atenção ao bem comum e à preocupação pelo desenvolvimento humano integral, segundo os princípios evangélicos (276-278).
Enfim, Francisco cita o "Documento sobre a fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência comum", assinado por ele mesmo em 4 de fevereiro de 2019 em Abu Dhabi, junto com o Grande Imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyib: desta pedra miliar do diálogo inter-religioso, o Pontífice retoma o apelo para que, em nome da fraternidade humana, o diálogo seja adoptado como caminho, a colaboração comum como conduta, e o conhecimento mútuo como método e critério (285).
Fonte e foto: Vatican Media
Nos dias 3 a 7 de novembro, acontecerá o Congresso Internacional sobre a Proteção dos Menores e das Pessoas Vulneráveis. Durante esses dias haverá uma extensa programação com conferências, debates, além de comunicações e espaço de apresentação de trabalhos e pesquisa.
O evento, que será totalmente virtual, é organizado pelo Pontifício Instituto Superior de Direito Canônico do Rio de Janeiro e Extensões de Goiânia e Londrina (PR), pela Sociedade Brasileira de Canonistas (SBC), pelo Curso de Teologia da PUC Goiás, pelo Instituto Superior de Direito Canônico de Santa Catarina e Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, com o apoio das Arquidioceses de Goiânia e Londrina.
Assista no Instagram da Arquidiocese de Goiânia, ao vídeo que apresenta o objetivo do Congresso Internacional. A explicação é do padre Cristiano Faria, coordenador do Mestrado em Direito Canônico de Goiânia. A programação e o link para inscrições já estão disponíveis no site da nossa arquidiocese e das demais instituições parceiras e apoiadoras do congresso.
Fonte: Arquidiocese de Goiânia
Nesta quarta-feira, 30 de setembro, os bispos do Regional Centro-Oeste da CNBB (Goiás e Distrito Federal) divulgam mensagem sobre as eleições municipais 2020 em Goiás. No texto, os bispos, juntamente com os administradores diocesanos do regional, dirigem palavras de encorajamento e esperança à luz da fé em Jesus Cristo e deixam claro que “a Igreja não é partidária, mas busca conscientizar o eleitor e incentivar os fiéis leigos que se sentem chamados a representar o povo com um mandato político.”
A mensagem enfatiza que as eleições que se aproximam são uma nova oportunidade carregada de esperança na construção de municípios mais justos e solidários. Os bispos orientam também para a conscientização de que as eleições são um processo muito importante e indispensável para a comunidade. “Queremos colaborar com a formação de uma comunidade com pessoas exercendo diferentes funções, entre elas prefeito e vereadores, que sempre podem fazer um pouco mais pelo bem de todos. Além disso, cremos no Espírito Santo que continuamente assiste aqueles governantes que se deixam conduzir por Ele”.
Ao fim da mensagem, os bispos e administradores diocesanos oferecem algumas orientações práticas em vista do processo eleitoral como não dá crédito a candidatos que querem comprar voto; observar se o candidato defende ou não a dignidade da pessoa humana e da vida em todas as suas etapas, desde a concepção até a morte natural; desconfiar de candidatos com campanhas milionárias; observar se o candidato tem seu nome envolvido em corrupção ou fraude.
LEIA ABAIXO A MENSAGEM NA ÍNTEGRA
“E a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5).
Caros fiéis, neste ano de eleições municipais, queremos lhes dirigir uma palavra de encorajamento e esperança. Fazemos isso à luz da fé em Jesus Cristo e movidos pela missão apostólica.
Percebemos uma redescoberta do interesse pelo debate político nos últimos anos em toda a população, o que é muito importante para a democracia. Encorajamos as pessoas de bem a assumirem funções públicas, com projetos inovadores que vislumbrem o bem-estar, a dignidade de todos e medidas que visem a superação dos desafios causados pela pandemia da Covid-19. Quanto aos leigos católicos, é pertinente o chamado do Papa Francisco: “é necessária uma nova presença de católicos na política na América Latina. Uma ‘nova presença’ que implique não só novos rostos nas campanhas eleitorais, mas também e sobretudo novos métodos que permitem forjar alternativas que sejam ao mesmo tempo críticas e construtivas. Alternativas que busquem sempre o bem possível, mesmo que seja modesto. Alternativas flexíveis, mas com uma clara identidade social e cristã” .
É ainda o Papa Francisco quem nos recorda: “a política não é a mera arte de administrar o poder, os recursos ou as crises. A política é uma vocação de serviço” . Aqui está um princípio a considerarmos ao elegermos prefeitos e vereadores: escolher pessoas cuja história de vida demonstra disposição a servir o município.
As novas eleições nos abrem a esperança da possibilidade de dar mais um passo na construção de um município mais justo e solidário. Embora certos de que nossa esperança se realiza plenamente para além das condições históricas, queremos colaborar com a formação de uma comunidade com pessoas exercendo diferentes funções, entre elas prefeito e vereadores, que sempre podem fazer um pouco mais pelo bem de todos. Além disso, cremos no Espírito Santo que continuamente assiste aqueles governantes que se deixam conduzir por Ele.
As eleições municipais são aquelas que mais envolvem as pessoas. Trata-se do debate das questões que tocam diretamente a vida e o dia-a-dia dos cidadãos. Os candidatos são mais conhecidos, pois transitam pelas ruas das cidades e podem inclusive fazer parte de algum grupo paroquial. O processo eleitoral no nível municipal por vezes costuma até mesmo dividir as comunidades paroquiais. Por isso, requer-se dos fiéis maturidade, união no que é essencial e respeito pela liberdade do outro.
Esperamos que haja diálogos e debates orientados pelo respeito, sinceridade intelectual, rejeição pelas notícias falsas e desejo e opção de alcançar o bem comum.
Por fim, nós, bispos e administradores diocesanos do Regional Centro-Oeste da CNBB, convidamos os fiéis católicos ao exercício da corresponsabilidade na construção de municípios justos e fraternos por meio do voto, da participação ativa no acompanhamento dos eleitos e na construção, implementação e fiscalização das políticas públicas junto aos novos prefeitos e vereadores.
Vale recordar que a Igreja não é partidária, mas busca conscientizar o eleitor e incentivar os fiéis leigos que se sentem chamados a representar o povo com um mandato político. Oferecemos abaixo algumas orientações em vista de um processo eleitoral pautado na ética e nos valores cristãos:
a) Não dê crédito a candidatos que querem comprar seu voto;
b) Observe se o candidato defende ou não a dignidade da pessoa humana e da vida em todas as suas etapas, desde a concepção até a morte natural;
c) Observe se o candidato tem seu nome envolvido em corrupção ou fraude;
d) Conheça o itinerário político do candidato; saiba se tem vida honesta e trajetória de vida pública limpa;
e) Conheça a proposta de atuação ou governo, se tem planos de ação consistentes, planejados e se é capaz de honrar tais projetos;
f) Esteja alerta sobre promessas fantasiosas, irrealizáveis, e discursos enganosos. Muitos usam a arte da oratória para fazer do povo refém, dependente de esmolas e benefícios imediatos;
g) Desconfie de candidatos com campanhas milionárias que, uma vez eleitos, poderão recuperar seus investimentos por vias desonestas.
h) Esteja atento:
a. Ao candidato “doril”: aquele que ganhou seu voto e sumiu. Também aquele que perdeu e só aparece na época da eleição;
b. Ao candidato “pele de cordeiro”: se diz preocupado com o bem do povo, mas depois não só tira a lã, mas “come a carne” pensando apenas nos seus interesses ou do seu grupo;
c. Ao candidato “camaleão”: aquele que muda de “cor” ou de lado conforme a conveniência, desde que ganhe ou não perca os seus privilégios.
i) Que, uma vez candidatos, os fiéis leigos não instrumentalizem sua liderança na ação evangelizadora da Igreja. Continua atual o salutar ensinamento da Igreja de que os sacerdotes e religiosos estão excluídos da possibilidade de serem candidatos.
j) Não espalhe notícias falsas (Fake News) de nenhum candidato.
Que a bênção do Deus Trino, perfeita comunidade, e o cuidado materno de Nossa Senhora Aparecida acompanhem nossos passos rumo a uma sociedade mais justa e fraterna.
Foi divulgado, nesta terça-feira (29/09), o tema da mensagem do Papa Francisco para o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais que será celebrado em maio de 2021.
“'Vinde ver' (Jo 1, 46). Comunicar encontrando as pessoas como e onde estão” é o tema escolhido pelo Santo Padre.
“Vinde ver”. Essas palavras do apóstolo Filipe são centrais no Evangelho: o anúncio cristão, ao invés de palavras, é feito de olhares, testemunhos, experiências, encontros e proximidade. Em uma palavra, vida. Essas palavras, citadas no Evangelho de João (1, 43-46), foram escolhidas pelo Papa Francisco como tema da 55ª Mensagem para o Dia das Comunicações Sociais. “Comunicar encontrando as pessoas como e onde estão” é o subtítulo.
Eis a citação evangélica: “No dia seguinte, Jesus resolveu partir para a Galileia e encontrou Filipe. Jesus lhe disse: 'Segue-me'. Filipe era de Betsaida, a cidade de André e Pedro. Filipe encontrou Natanael e lhe disse: 'Encontramos aquele de quem escreveram Moisés, na Lei, e os Profetas: Jesus, filho de José, de Nazaré'. Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair algo de bom? Filipe lhe disse: 'Vem e vê'”.
Na mudança de época que estamos vivendo, num tempo que nos obriga à distância social por causa da pandemia, a comunicação pode tornar possível a proximidade necessária para reconhecer o que é essencial e compreender realmente o significado das coisas.
Não conhecemos a verdade se não fazemos experiência, se não encontramos as pessoas, se não participamos de suas alegrias e tristezas. O velho ditado “Deus encontra você onde você está” pode ser um guia para aqueles que trabalham na mídia ou na comunicação na Igreja. No chamado dos primeiros discípulos, com Jesus que vai ao seu encontro e os convida a segui-lo, vemos também o convite para usar todos os meios de comunicação, em todas as suas formas, para alcançar as pessoas como são e onde vivem.
Fonte: Vatican news
Bispo referencial
Dom Marcony Vinícius Ferreira
Coordenador: Pe. Fábio Carlos
Contato (62) 99439-6064
E-mail: padrefc@outlook.com
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