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Cerca de 422 crianças, adolescentes, jovens e assessores de sete dioceses do Regional Centro-Oeste da CNBB (Goiás e Distrito Federal), participaram do 18º Encontro Regional da Infância e Adolescência Missionária (ERIM), que aconteceu na Paróquia Nossa Senhora do Lago, na Região do Lago Norte.

A missa de abertura foi presidida pelo bispo auxiliar de Brasília e referencial para a dimensão missionária na Arquidiocese, Dom Valdir Mamede. Logo após, cada Igreja particular fez a apresentação de um painel temático sobre a situação das crianças no continente europeu, atividade que está em sintonia com a 4ª Jornada Nacional da Infância e Adolescência Missionária (IAM), celebrada em maio deste ano. O primeiro dia foi encerrado com a reza do Terço Missionário caminhando pelas ruas da comunidade do Varjão.

O secretário nacional da IAM, padre André Luiz de Negreiros partilhou o tema do encontro, “Pequenos missionários anunciadores da misericórdia”, e o lema, “IAM do Centro-Oeste glorifica o Senhor em suas misericórdias” (Eclo 17, 27b). Durante sua fala pediu que as crianças ali presentes fizessem um desenho sobre seu entendimento de misericórdia.

A tradicional gincana missionária também aconteceu, conduzida pela Juventude Missionária de Brasília com provas, perguntas e respostas, entre outras atividades. Houve espaço também para um momento formativo dos assessores diocesanos da IAM com padre André e adoração ao Santíssimo Sacramento. Dois padres missionários que fazem curso de iniciação à missão no Brasil, no Centro Cultural Missionário (CCM), atenderam confissões de 90 crianças e adolescentes. A noite cultural com apresentação de músicas e peças teatrais sobre os países da Europa, encerrou as atividades do segundo dia, 8 de outubro.

Misericórdia e Missão

No último dia de encontro, os participantes deram início às atividades passando pela Porta Santa, na Catedral Nossa Senhora Aparecida e participando, logo em seguida, da missa presidida pelo padre Inocêncio Xavier, da Diocese de Uruaçu. Depois da celebração a garotada passeou pela Esplanada dos Ministérios. O 18º ERIM terminou com a avaliação do encontro e a formalização do compromisso missionário. Cada diocese escolheu uma obra de misericórdia para colocar em prática até o fim de 2016.

Carlos Eduardo, de 11 anos, da Arquidiocese de Brasília, gostou do ERIM porque foi um momento especial para conhecer novas pessoas, confessar e passar pela Porta Santa da Misericórdia. Já Ana Luísa, de 8 anos, gostou principalmente do Terço Missionário. “As crianças rezaram bem alto pelas ruas e toda a comunidade pode ouvir. Eu arrepiei e gostei muito”, declarou. José e Fátima, uma das famílias acolhedoras, disse que acolher os missionários foi um aprendizado que jamais será esquecido. “Receber esses pequenos missionários foi uma alegria para todos nós. Eles conversaram sobre sua família, cidade e explicaram o que é a IAM. Sempre rezavam antes das refeições agradecendo a Deus pelos alimentos e pedindo por todas as crianças do mundo inteiro”, disse Fátima.

Sete dioceses participaram do 18º ERIM: Brasília, Goiânia, Uruaçu, Luziânia, Formosa, Jataí e Anápolis. Os participantes ficaram hospedados em quatro comunidades da Paróquia Nossa Senhora do Lago: Matriz, Capela Frei Galvão, no Taquarí; Capela Nossa Senhora Mãe dos Migrantes, no Varjão; e Capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, nos Olhos d’Água. Em 2017 não haverá ERIM. As coordenações diocesanas da IAM decidiram priorizar a formação dos grupos e assessores. Uma assembleia da IAM e da Juventude Missionária (JM) será realizada em fevereiro na qual será definida a diocese que sediará o 19º ERIM em 2018.

Informações: IAM/Arquidiocese de Brasília

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No dia 6 de outubro a Comissão de Trabalho das Avaliações e Assembleias se reuniu na sede do Regional Centro-Oeste da CNBB, em Goiânia, para avaliar a caminhada pastoral da Igreja em Goiás e no Distrito Federal no ano de 2016. Para isso, o grupo tomou como base um questionário respondido pelos coordenadores de pastorais do regional e das dioceses, com o objetivo de identificar o rosto da Igreja no Centro-Oeste.

O material é fundamentado nas cinco urgências presentes nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil (DGAE). Segundo o bispo de Uruaçu e presidente do regional, Dom Messias dos Reis Silveira, foi identificado, pelas respostas, que o empenho pastoral existe, mas ele ressaltou que a caminhada pode ser mais efetiva. “Observamos que a experiência existe, mas há também um grande desejo de avançar”, sublinhou.

Foi avaliada também a caminhada regional durante o Ano Santo da Misericórdia que termina no próximo mês. Dom Messias comentou que a prática dos mutirões de confissões, por exemplo, já existia em várias dioceses e, em 2016, foi intensificado, sobretudo nos tempos fortes da Quaresma e do Advento.

O presidente do regional também destacou a celebração do Dia da Divina Misericórdia, no segundo domingo da Páscoa, que aconteceu em algumas dioceses, além das formações como o estudo do Motu Proprio do papa Francisco, Mitis Iudex Dominus Iesus (O Senhor Jesus, Juiz clemente) sobre a reforma do processo canônico para as causas de declaração de nulidade do matrimônio no Código de Direito Canônico, em março, e a capacitação Voluntários da Misericórdia, que aconteceu no mês de maio.

O coordenador regional da Pastoral da Comunicação (Pascom), irmão Diego Joaquim, disse que o trabalho da comissão é positivo e fundamental para a caminhada pastoral do regional, uma vez que sua responsabilidade é identificar fragilidades e conquistas para que a Igreja avance. “Identificamos que importantes iniciativas aconteceram, mas alguns problemas ainda existem e por isso se faz muito necessária a avaliação da comissão para crescermos juntos como Igreja regional”, afirmou. Ele também avaliou que “há necessidade de maior interação das pastorais com o regional e desse com as pastorais para a Igreja no Centro-Oeste crescer em comunhão e unidade na evangelização”.

Ano Vocacional Mariano

Participou ainda da primeira reunião de avaliação, o secretário do regional e bispo auxiliar de Goiânia, Dom Levi Bonatto, que declarou que o grupo avaliou positivamente a ação pastoral do regional em 2016 e que as expectativas para o próximo ano também estão nessa linha, já que a orientação é que todas as dioceses vivenciem o ano pela promoção de eventos vocacionais e marianos. O coordenador da Pastoral Vocacional, padre Elias Aparecido, que também foi convidado a participar da reunião de avaliação do ano antecipou que irá se basear no trabalho feito pela Comissão das Avaliações para avançar na organização do Ano Vocacional Mariano em 2017. “Aquilo que deu certo nós vamos dar continuidade e aquilo que não deu iremos repensar”, disse.

 Na segunda reunião de avaliações, a ser realizada no dia 18 de novembro, a Pastoral Vocacional irá apresentar propostas de iniciativas concretas para a vivência do Ano Vocacional Mariano. Segundo padre Elias, a expectativa é positiva porque a divulgação e os preparativos estão sendo feitos com antecedência. No dia 7 de maio de 2017 já está prevista a realização da Jornada Vocacional Regional, com visita à Catedral Nossa Senhora Aparecida, em Brasília, e um dia inteiro com atividades temáticas dedicadas ao evento. Os subsídios para a jornada já estão sendo desenvolvidos.

Integram a Comissão de Trabalho das Avaliações e Assembleias, o presidente do regional, Dom Messias; os representantes das pastorais da Aids, Familiar, Juvenil e Comunicação e da Diocese de Ipameri e do Ordinariado Militar do Brasil.

 

Quinta, 13 Outubro 2016 17:10

Missionários Marianos

Ser missionário é uma vocação da pessoa cristã. O missionário não é apenas alguém que fala de Deus, mas principalmente anuncia a partir Dele. Quem vive em comunhão profunda com Deus através da oração, mesmo sem dizer muitas palavras torna-se uma presença evangelizadora na sociedade e se faz mensagem.

Olhando para Nossa Senhora, se percebe que ela, embora tenha vivido quase no silêncio, se tornou um ícone de evangelização. Ela viveu em comunhão profunda com o Pai e acolheu a sua divina vontade, a ponto de se tornar a Mãe de Jesus, o grande missionário do Pai.

Outubro é para a Igreja o mês do rosário e o mês missionário. Podemos dizer que é um mês especial para despertar a vocação missionária nos devotos de Nossa Senhora. A oração do Rosário ajuda a formar e a fortalecer o discípulo missionário de Jesus. São muitos os testemunhos de pais que formaram nos seus filhos a consciência e a fidelidade cristã a partir da oração do Rosário. Muitos dos devotos da Virgem Maria que têm o costume de rezar o terço se tornam missionário visitando as famílias. São muitas as visitas que acontecem nos lares por causa da devoção do Rosário.

Recordo-me com alegria do meu tempo de adolescente em que eu era chamado, nas casas, para rezar o terço e as novenas de Nossa Senhora. Muitas vezes uma imagem peregrina da Virgem percorria as casas nas zonas rurais e as pessoas se tornavam visitadoras umas das outras, acompanhadas da presença da Mãe de Jesus. Eu era um pequeno missionário junto daquele povo.

No mês de outubro cultivemos a profunda devoção do Santo Rosário e permitamos que Nossa Senhora desperte em nós o desejo de irmos ao encontro dos irmãos que estão afastados. Esse deslocamento missionário deve ser para anunciar a alegria do evangelho. É tempo de alegremente sermos missionários marianos.

 

Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo Diocesano de Uruaçu-GO e presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB

Amados irmãos e irmãs,

No livro do profeta Jeremias, os capítulos 30 e 31 são chamados “livro da consolação”, porque neles a misericórdia de Deus apresenta-se com toda a sua capacidade de confortar e abrir o coração dos aflitos à esperança. Hoje queremos também nós ouvir essa mensagem de consolação.

Jeremias dirige-se aos israelitas que foram deportados para terras estrangeiras e prenuncia-lhes o regresso à pátria. Esse retorno é sinal do amor infinito de Deus Pai que não abandona os seus filhos, mas ocupa-se deles e salva-os. O exílio tinha sido uma experiência devastadora para Israel. A fé tinha vacilado porque em terra estrangeira, sem o templo, sem o culto, depois de terem visto o país destruído, era difícil continuar a crer na bondade do Senhor. Vem-me à mente um pensamento pela vizinha Albânia e como depois de tantas perseguições e destruição conseguiu erguer-se na dignidade e na fé. Assim tinham sofrido os israelitas no exílio.

Por vezes, também nós podemos viver uma espécie de exílio, quando a solidão, o sofrimento e a morte nos fazem pensar que fomos abandonados por Deus. Quantas vezes ouvimos estas palavras: “Deus esqueceu-se de mim”: são pessoas que sofrem e se sentem abandonadas. E quantos irmãos nossos, por sua vez, estão a viver neste tempo uma real e dramática situação de exílio, distantes da sua pátria, tendo ainda nos olhos os destroços das suas casas, no coração o medo e muitas vezes, infelizmente, a dor pela perda de entes queridos! Nesses casos, podemos questionar-nos: onde está Deus? Como é possível que tanto sofrimento possa abater-se sobre homens, mulheres e crianças inocentes? E quando procuram entrar nalguma parte são-lhe fechadas as portas. E estão ali, na fronteira, porque estão fechadas muitas portas e muitos corações. Os migrantes de hoje que sofrem o frio, sem alimentos e não podem entrar, não sentem o acolhimento. Fico muito feliz quando ouço ou vejo que há nações, governantes, que lhes abrem o coração e as portas!

O profeta Jeremias dá-nos uma primeira resposta. O povo exilado poderá voltar a ver a sua terra e a experimentar a misericórdia do Senhor. É o grande anúncio de consolação: também hoje Deus não está ausente, nessas situações dramáticas. Deus está próximo, e faz obras grandes de salvação para quem n’Ele confia. Não se deve ceder ao desespero, mas continuar a ter a certeza que o bem vence qualquer mal e que o Senhor enxugará todas as lágrimas e nos libertará de qualquer receio. Por isso Jeremias empresta a sua voz às palavras de amor de Deus pelo seu povo: “Com amor eterno te amei; / também com amável benignidade te atraí. / Ainda te edificarei, e serás edificada, / ó virgem de Israel! / Ainda serás adornada com os teus adufes / e sairás com o coro dos que dançam” (31,3-4).

A misericórdia de Deus repatria os exilados

O Senhor é fiel, não abandona na desolação. Deus ama com um amor infinito, que nem sequer o pecador pode impedir, e graças a Ele o coração do homem enche-se de alegria e consolação.

O sonho confortador do retorno à pátria continua nas palavras do profeta que, dirigindo-se a quantos regressarão a Jerusalém, diz: “Hão de vir, e exultarão na altura de Sião, / e correrão aos bens do Senhor: / o trigo, e o mosto, e o azeite, / e os cordeiros, e os bezerros; / e a sua alma será como um jardim regado, / e nunca mais andarão tristes” (31,12).

Na alegria e no reconhecimento, os exilados voltarão para Sião, subindo ao monte santo rumo à casa de Deus, e assim poderão novamente elevar hinos e orações ao Senhor que os libertou. Esse regressar a Jerusalém e aos seus bens é descrito com um verbo que literalmente significa “afluir, escorrer”. O povo é visto, num movimento paradoxal, como a enchente de um rio que escorre rumo à altura de Sião, subindo em direção ao cimo do monte. Uma imagem ousada para dizer quanto é grande a misericórdia do Senhor!

A terra, que o povo se viu obrigado a abandonar, tinha-se tornado desolada e presa de inimigos. Mas agora, volta a ganhar vida e refloresce. E os próprios exilados serão como um jardim regado, como uma terra fértil. Israel, reconduzido pelo seu Senhor à pátria, assiste à vitória da vida sobre a morte e da bênção sobre a maldição.

É assim que o povo é fortalecido e confortado por Deus. Esta palavra é importante: confortado! Os repatriados recebem vida de uma fonte que os irriga gratuitamente.

A esse ponto, o profeta anuncia a plenitude da alegria, e sempre em nome de Deus proclama: “e tornarei o seu pranto em alegria, / e os consolarei, e transformarei em regozijo a sua tristeza” (31,13).

O salmo diz-nos que quando regressaram à pátria o rosto encheu-se de sorriso; é uma alegria enorme! É o dom que o Senhor quer fazer também a cada um de nós, com o seu perdão que converte e reconcilia.

O profeta Jeremias deu-nos o anúncio, apresentando o retorno dos exilados como um grande símbolo da consolação concedida ao coração que se converte. O Senhor Jesus, por seu lado, levou a cumprimento esta mensagem do profeta. O regresso verdadeiro e radical do exílio e a luz confortadora depois da escuridão da crise de fé realizam-se na Páscoa, na experiência plena e definitiva do amor de Deus, amor misericordioso que concede alegria, paz e vida eterna.

Audiência Jubilar do papa Francisco. Praça São Pedro, 16 de março de 2016

 

Quarta, 23 Março 2016 15:50

A misericórdia no Tríduo Pascal

Queridos irmãos e irmãs,

A nossa reflexão sobre a misericórdia de Deus introduz-nos hoje no Tríduo pascal. Viveremos a Quinta-feira, a Sexta-feira e o Sábado Santo como momentos fortes que nos permitem entrar cada vez mais no grande mistério da nossa fé: a Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Tudo, nesses três dias, fala de misericórdia, porque torna visível até onde pode chegar o amor de Deus. Ouviremos a narração dos últimos dias de vida de Jesus. O evangelista João oferece-nos a chave para compreender o seu sentido profundo: “Ele que amara os seus que estavam no mundo, levou até ao extremo o seu amor por eles” (13,1). O amor de Deus não tem limites. Como repetia com frequência Santo Agostinho, é um amor que vai “até ao fim sem fim”. Verdadeiramente Deus oferece-se todo por cada um de nós sem se poupar em nada. O Mistério que adoramos nesta Semana Santa é uma grande história de amor que não conhece obstáculos. A Paixão de Jesus dura até ao fim do mundo, porque é uma história de partilha com os sofrimentos de toda a humanidade e uma presença permanente nas vicissitudes da vida pessoal de cada um de nós. Resumindo, o Tríduo pascal é memorial de um drama de amor que nos doa a certeza de que nunca seremos abandonados nas provações da vida.

Na Quinta-feira Santa Jesus institui a Eucaristia, antecipando no banquete pascal o seu sacrifício no Gólgota. Para que os discípulos compreendessem o amor que o anima, lava-lhes os pés, dando mais uma vez pessoalmente o exemplo do modo como eles mesmos deveriam agir. A Eucaristia é o amor que se torna serviço. É a presença sublime de Cristo que deseja saciar todos os homens, sobretudo os mais débeis, para os tornar capazes de percorrer um caminho de testemunho entre as dificuldades do mundo. Não só. Ao dar-se a nós como alimento, Jesus atesta que devemos aprender a repartir com os outros esse alimento para que se torne uma comunhão verdadeira de vida com quantos vivem em necessidade. Ele doa-se a nós e pede-nos que permaneçamos n’Ele para fazermos o mesmo.
A Sexta-feira Santa é o momento culminante do amor. A morte de Jesus, que na cruz se abandona ao Pai para conceder a salvação ao mundo inteiro, exprime o amor doado até ao fim, sem fim. Um amor que pretende abraçar todos, sem exclusões. Um amor que se estende a todos os tempos e lugares: uma fonte inesgotável de salvação na qual cada um de nós, pecadores, pode beber. Se Deus nos demonstrou o seu amor supremo na morte de Jesus, então também nós, regenerados pelo Espírito Santo, podemos e devemos amar-nos uns aos outros.

O silêncio de Maria

E, por fim, o Sábado Santo é o dia do silêncio de Deus. Deve ser um dia de silêncio, e devemos fazer tudo a fim de que para nós seja deveras um dia de silêncio, como foi naquele tempo: o dia do silêncio de Deus. Jesus deposto no sepulcro partilha com toda a humanidade o drama da morte. É um silêncio que fala e exprime o amor como solidariedade com os abandonados desde sempre, que o Filho de Deus alcança preenchendo o vazio que só a misericórdia infinita de Deus Pai pode colmar. Deus cala-se, mas por amor. Neste dia o amor – aquele amor silencioso ‒ torna-se expectativa da vida na ressurreição. Pensemos no Sábado Santo: far-nos-á bem pensar no silêncio de Nossa Senhora, “a Crente”, que permanecera em silêncio na expectativa da Ressurreição. Nossa Senhora deve ser o ícone, para nós, daquele Sábado Santo. Pensemos no modo como Nossa Senhora viveu aquele Sábado Santo; na expectativa. É o amor que não duvida, mas espera na Palavra do Senhor, para que se manifeste e resplandeça o dia de Páscoa.

Tudo é um grande mistério de amor e misericórdia. As nossas palavras são pobres e insuficientes para o exprimir plenamente. Pode ajudar-nos a experiência de uma jovem, pouco conhecida, que escreveu páginas sublimes sobre o amor de Cristo. Chamava-se Juliana de Norwich. Era analfabeta essa jovem que teve algumas visões da paixão de Jesus e depois, tornando-se uma prisioneira, descreveu com linguagem simples, mas profunda e intensa, o sentido do amor misericordioso. Dizia: “Então o nosso bom Senhor perguntou-me”: ‘Estás contente que eu tenha sofrido por ti?’. “Respondi: Sim, bom Senhor, e agradeço-te muitíssimo; sim, bom Senhor, que sejas bendito”. Então Jesus, o nosso bom Senhor, disse: “Se estás feliz, também eu estou. Para mim ter sofrido a paixão por ti é uma alegria, uma felicidade, um júbilo eterno; e se pudesse sofrer mais, o faria”. Este é o nosso Jesus, que a cada um de nós diz: “Se pudesse sofrer mais por ti, o faria”.

Como são bonitas essas palavras! Permitem que compreendamos deveras o amor imenso e sem confins que o Senhor sente por cada um de nós. Deixemo-nos envolver por essa misericórdia que vem ao nosso encontro; e nestes dias, enquanto mantemos fixos os olhos na paixão e na morte do Senhor, acolhamos no nosso coração a grandeza do seu amor e, como Nossa Senhora no Sábado, em silêncio, na expectativa da Ressurreição.

Audiência Jubilar do papa Francisco. Praça São Pedro, 23 de março de 2016

Cerca de 85 pessoas participaram da Jornada da Comunicação do Regional Centro-Oeste da CNBB (Goiás e Distrito Federal) que aconteceu nos dias 7 a 9 de outubro, no Seminário Regina Minorum, em Anápolis. O tema central do evento, Comunicação e Liturgia, foi assessorado pelo frei Alberto Beckhäuser, OFM, doutor em Teologia com especialização em Liturgia. Desde 1967, o frade acompanha de perto a caminhada pós-conciliar da reforma e da renovação litúrgica no Brasil, da qual se tornou um dos protagonistas. Atualmente, é professor no Instituto Teológico Franciscano, em Petrópolis (RJ).

A Jornada da Comunicação contou também com quatro oficinas sob o aspecto da liturgia (Transmissão de Rádio e TV; Cobertura para mídia impressa e digital; Cobertura para redes sociais; Cobertura fotográfica) ministradas por agentes da Pascom, com formação técnica e atuação no regional. O jornalista e diretor da Associação Filhos do Pai Eterno (Afipe), Tayrone Di Martino, abriu o primeiro dia de jornada com uma palestra sobre “A comunicação como motivação e realização”.

O palestrante disse que os comunicadores precisam conhecer seu público, para que possam levar a mensagem com mais eficácia. Para isso, ele explicou as várias formas como as pessoas se relacionam com o mundo pelos sentidos visual, auditivo e cinestésico. “Tem pessoas que se comunicam com maior facilidade quando estão vendo, outras quando ouvem e ainda aquelas quando sentem o contato físico. É importante para nós saber como o outro se orienta para perceber a importância de se comunicar a partir desses princípios porque dessa forma influenciamos com mais eficácia”, sublinhou o palestrante. Tayrone também enfatizou que cabe aos comunicadores avançarem no desenvolvimento dos níveis de aprendizagem para desempenharem com maestria aquilo a que se propõem.

Na manhã de sábado (8), frei Alberto deu início à abordagem do tema Comunicação e liturgia, sob a ótica da riqueza da comunicação litúrgica e a comunicação dos símbolos e dos ritos. O especialista explicou que a Pastoral da Comunicação tem a importante missão de comunicar para além da catequese, dos dados, dos elementos e da formação e ajudar o povo a mergulhar no mistério celebrado. “Quando nós comunicamos Deus e entramos em comunhão com ele, em Cristo, que é o mistério pascal, nós estamos realmente sendo divinizados”, justificou. Para isso, segundo ele, a formação litúrgica é muito importante. “Os comunicadores precisam realmente compreender o que é celebrado, por isso uma formação litúrgica facilita. Precisamos usar os meios de comunicação para ajudar o povo a conhecer Cristo, vivê-lo, celebrá-lo e anunciá-lo aos outros”.

Por fim, frei Alberto disse que não há fórmula para evangelizar pela comunicação na liturgia. Mas ele indicou o primeiro passo a ser dado pelos comunicadores. “Antes de evangelizar precisamos evangelizar-nos, ou seja, viver a espiritualidade, a mística da fé cristã que se expressa prioritariamente na liturgia e particularmente na Eucaristia. Não adianta queremos comunicar se nós não temos o que comunicar”, declarou. A motivação maior, ainda conforme o assessor, é comunicar pelo nosso exemplo de vida e só depois disso usar todos os meios possíveis para anunciar o Cristo.

Avaliação

O bispo de Uruaçu, presidente do regional e referencial para a comunicação no Centro-Oeste, Dom Messias dos Reis Silveira, afirmou que a jornada mais uma vez cumpriu o seu papel de formar, trocar experiências e aproximar os agentes da Pascom no regional. “Saímos do encontro fortalecidos porque o evento possibilitou a partilha entre os participantes, o conhecimento e um aprofundamento sobre a liturgia e, o mais impressionante, foi a vontade de participar dessas pessoas”. Dom Messias também comentou que os agentes da Pascom devem estar preparados para evangelizar e formar para que a comunicação favoreça a relação entre as pessoas e com Jesus.

Irmão Diego Joaquim, CSsR, coordenador da Pascom no regional, também avaliou positivamente a jornada. “O encontro superou as expectativas não só pela qualidade dos temas apresentados pelo frei Alberto e pelos assessores nas oficinas, mas, sobretudo, pela disposição dos participantes em aprender, trocar experiências e criar. Isso é muito bom e um sinal de que Deus chama, inspira e a gente tem procurado acrescentar ao esforço desses jovens que estão aqui para responder a esse chamado que é usar as técnicas, os recursos e os meios de comunicação para anunciar a Boa-Nova de Jesus”, disse.

Para a coordenadora da Pascom na Diocese de Luziânia, Viviane de Sena Sousa, que participou da jornada com mais um agente da Pastoral da Comunicação e outro da Pastoral Litúrgica da sua diocese, o encontro foi uma motivação a mais para levar adiante os trabalhos. “Percebi no encontro que nossa missão é muito maior do que aquela que estamos executando, por isso é fundamental a realização de eventos como esse. Saio daqui completamente renovada para colocar em prática tudo o que aprendemos para realmente fazer com que a Pascom funcione, cresça e evangelize”.

Na missa de encerramento da jornada, Dom João Wilk, bispo de Anápolis, e ex-referencial para a Pascom no regional, antes de Dom Messias, elevou graças a Deus para que o encontro proporcione aos agentes da Pastoral da Comunicação o encontro com Deus e os mistérios da salvação. Ele também aproveitou para anunciar a criação do cardeal brasileiro Dom Sergio da Rocha, que é presidente da CNBB e pertence ao Regional Centro-Oeste.

A próxima Jornada da Comunicação ficou marcada para os dias 6 a 8 de outubro de 2017, com tema e local ainda a serem definidos.

 

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Na manhã deste domingo (9), o papa Francisco anunciou a realização de um consistório para a criação de novos cardeais. O Brasil foi contemplado com a escolha do arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Sergio da Rocha. A celebração acontece na véspera do encerramento do Ano Santo da Misericórdia proclamado pelo pontífice no ano passado.

“Com alegria, anuncio que sábado, 19 de novembro, na véspera do fechamento da Porta Santa da Misericórdia, realizarei um Consistório para nomear 13 novos cardeais, de cinco continentes. Sua proveniência, de 11 nações, expressa a universalidade da Igreja que anuncia e testemunha a Boa Nova da Misericórdia de Deus em todos os cantos da terra. A inclusão dos novos cardeais na Diocese de Roma manifesta também a inseparável relação existente entre a Sé de Pedro e as Igrejas particulares ao redor do mundo”, disse o papa.

No domingo, 20 de novembro, Solenidade de Cristo Rei, conclusão do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, o papa concelebrará a Missa com os novos cardeais, com o Colégio Cardinalício, os arcebispos, bispos e presbíteros.

Pastoral

Aos membros do Colégio Cardinalício, Francisco ainda decidiu unir dois arcebispos e um bispo, eméritos, que se destacaram em seu serviço pastoral, e um presbítero que deu claro testemunho cristão. “Eles representam muitos bispos e sacerdotes que em toda a Igreja edificam o povo de Deus, anunciando o amor misericordioso de Deus no cuidado cotidiano do rebanho do Senhor e na confissão de fé”, explicou.

São os novos cardeais:

Dom Mario Zenari, núncio apostólico na Síria;
Dom Dieudonné Nzapalainga, C.S.Sp., arcebispo de Bangui (República Centro-africana);
Dom Carlos Osoro Sierra, arcebispo de Madri (Espanha);
Dom Sergio da Rocha, arcebispo de Brasília (Brasil);
Dom Blase J. Cupich, arcebispo de Chicago (EUA);
Dom Patrick D’Rozario, C.S.C., arcebispo de Daca (Bangladesh);
Dom Baltazar Enrique Porras Cardozo, arcebispo de Mérida (Venezuela);
Dom Jozef De Kesel, arcebispo de Malines-Bruxelas (Bélgica);
Dom Maurice Piat, arcebispo de Port Louis (Ilhas Maurício);
Dom Kevin Joseph Farrell, prefeito do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida (EUA);
Dom Carlos Aguiar Retes, arcebispo de Tlalnepantla (México);
Dom John Ribat, M.S.C., arcebispo de Port Moresby (Papua Nova Guiné);
Dom Joseph William Tobin, C.SS.R., arcebispo de Indianapolis (EUA).

Os arcebispos e bipo eméritos e os presbíteros escolhidos pelo papa são:
Dom Anthony Soter Fernandez, Arcebispo Emérito dei Kuala Lumpur (Malásia);
Dom Renato Corti, Arcebispo Emérito de Novara (Italia);
Dom Sebastian Koto Khoarai, O.M.I, Bispo Emérito de Mohale’s Hoek (Lesoto);
Padre Ernest Simoni, Presbítero da Arquidiocese de Shkodrë-Pult (Scutari – Albânia).

Com CNBB Nacional

 

No 5º Encontro Regional da Pastoral Familiar, que aconteceu nos dias 23 a 25 de setembro, em Brasília, com o tema “A alegria de ser família: o amor é a nossa missão”, e o lema, “O amor é paciente, é benfazejo” (1Cor 13,4), Goiânia foi definida a próxima sede do evento em 2018, mesmo ano em que será realizado o 9º Encontro Mundial das Famílias, em Dublin, na Irlanda. No encontro de Brasília, temas relevantes foram discutidos, como a vida familiar e conjugal, confirmando que o amor estável entre o homem e a mulher com os filhos, é fruto do amor indissolúvel e exclusivo entre homem e mulher. Foi destacado ainda no congresso que é essencial alimentar a graça do Sacramento do Matrimônio pela vivência da espiritualidade, cultivada na devoção eucarística e na Leitura Orante da Palavra de Deus.

Da Arquidiocese de Goiânia participaram 29 pessoas, integrantes da Pastoral Familiar, membros do Centro da Família Coração de Jesus, de sete paróquias e o bispo auxiliar Dom Moacir Arantes, que ministrou a palestra Indicações práticas para a experiência da misericórdia nos trabalhos da Pastoral Familiar. Ouvido pelo Encontro Semanal, o bispo disse que a escolha de Goiânia reflete o reconhecimento do Regional Centro-Oeste da CNBB (Goiás e Distrito Federal) e uma oportunidade para a Igreja de Goiânia. “Reconhecimento porque é confiada à nossa Pastoral Familiar a missão de realizar um evento tão grande que congrega todas as dioceses do nosso regional e uma oportunidade porque pela realização do congresso nós nos preparamos fisicamente para receber as outras igrejas particulares e espiritualmente para fortalecer ainda mais nossos trabalhos em prol das famílias”, disse.

Dom Moacir recebeu das mãos do bispo de Anápolis e referencial para a Pastoral Familiar no regional, Dom João Wilk, a imagem da Sagrada Família que permanecerá na Arquidiocese até a realização do 6º congresso. Reuniões serão realizadas ainda para definir se a imagem irá peregrinar pelas paróquias e para a escolha do tema e lema do evento.

Fonte: Arquidiocese de Goiânia

1) Há relatos de que a Igreja Católica não realizava missas de sétimo dia para as pessoas que cometeram suicídio. Isso é verdade? Por que não fazia?

De fato a anterior legislação canônica, promulgada em 1917 pelo papa Bento XV excluía os suicidas dentre aqueles aos quais se deveria negar a sepultura eclesiástica (cf. c. 1240 § 1 nº 3) e, por consequência, ao que tivesse sido negada a sepultura eclesiástica, se lhe negava igualmente a missa exequial (missa de corpo presente) e também aquelas por ocasião do aniversário de morte e outros ofícios fúnebres públicos (cf. c. 1241).

Quanto ao período de vigência daquela legislação, a interpretação da doutrina majoritária referente aos dois cânones acima citados era a seguinte: “mesmo rechaçando o erro daqueles que afirmam que todos os que se suicidam não estão em são juízo, é preciso reconhecer que nem sempre é coisa fácil determinar quando os suicidas agiram com deliberação, nem quando provocaram a morte a si mesmos os que aparecem enforcados ou afogados ou mortos de um tiro ou de uma facada, mesmo que se encontre a arma junto ao cadáver. E está claro que enquanto não conste com certeza o suicídio deliberado e ademais este seja de domínio público, não se lhes pode privar da sepultura eclesiástica” (cf. ALONSO MORÁN, S., Comentário al c. 1240 § 1 nº 3 in Código de Derecho Canónico, BAC, Madrid 1951, p. 465).

A legislação canônica de 1917 foi revogada aos 25 de janeiro de 1983 com a promulgação do novo Código de Direito Canônico pelo papa João Paulo II, o qual entrou em vigor no dia 27 de novembro do mesmo ano.

2) Atualmente a Igreja faz ou não missa de sétimo dia para a pessoa que se suicidou?


A vigente legislação canônica, promulgada pelo papa João Paulo II aos 25 de janeiro de 1983 e que entrou em vigor no dia 27 de novembro do mesmo ano, estabelece em seus cânones 1183-1185 os casos nos quais “se deve conceder ou negar as exéquias eclesiásticas”.

A concessão de exéquias eclesiásticas se entende como um direito dos fiéis e como uma obrigação correlativa dos responsáveis pela sua concessão. Aliás, os próprios fiéis procuram que ninguém, a quem corresponda, seja privado delas.

Agora, a negação de exéquias eclesiásticas não exclui desde já, a possibilidade de oferecer sufrágios e orações em favor de qualquer pessoa defunta seja ou não crente, posto que a norma se refere unicamente em sentido específico às exéquias eclesiásticas, que como é sabido, diferem dos sufrágios, e estes por sua vez, são sempre possíveis em favor de quaisquer defuntos. Por outra parte, se trata de uma matéria delicada, como indicam os autores, que supõe uma exceção ao princípio geral do direito às exéquias eclesiásticas. Portanto, a negação de exéquias deve ser interpretada de forma estrita. Também é preciso levar em conta a sensibilidade do povo cristão e o próprio legislador que favorecem a generosidade e por isso se eliminou da legislação canônica a privação da sepultura eclesiástica (como uma sanção penal) por ser demasiado duro e ineficaz.
O elenco dos casos nos quais “se deve negar as exéquias eclesiásticas” encontra-se no c. 1184 e, ali não se contempla o fato dos suicídios. Durante a fase de revisão do texto, antes da sua promulgação, o fato foi levantado, mas não houve a sua incorporação no texto definitivo porque se julgou que antes que esclarecer, iria provocar ainda mais interrogações.

Assim, neste suposto se deve resolver a questão com benignidade: a) devem-se remover quaisquer possibilidades de escândalos na comunidade; b) deve-se evitar a missa exequial (missa de corpo presente); c) mas, não se proíbem os denominados sufrágios, dentre os quais se situa a comumente denominada “missa de sétimo dia”.


3) Como a Igreja vê o suicídio?

4) A pessoa que se suicida tem salvação ou condenação eterna (céu e inferno)? Qual a posição da Igreja sobre isso?

Responderei as duas perguntas numa só consideração.

O Catecismo da Igreja Católica, promulgado mediante a Constituição Apostólica “Fidei depositum”, do papa João Paulo II, datada de 11 de outubro de 1992, em sua terceira parte (“A vida em Cristo”), secção segunda (Os dez mandamentos), capítulo segundo (“Amarás o próximo como a ti mesmo), artigo sexto (O quinto mandamento), número I (O respeito à vida humana), esclarece acerca do suicídio:

“Cada um é responsável por sua vida diante de Deus que lha deu e que dela é sempre o único e soberano Senhor. Devemos receber a vida com reconhecimento e preservá-la para sua honra e a salvação de nossas almas. Somos administradores e não os proprietários da vida que Deus nos confiou. Não podemos dispor dela” (nº 2280).

“O suicídio contradiz a inclinação natural do ser humano a conservar e perpetuar a própria vida. É gravemente contrário ao justo amor de si mesmo. Ofende igualmente o amor do próximo porque rompe injustamente os vínculos de solidariedade com as sociedades familiar, nacional e humana, às quais nos ligam muitas obrigações. O suicídio é contrário ao amor do Deus vivo (nº 2281)”.

“Se for cometido com a intenção de servir de exemplo, principalmente para os jovens, o suicídio adquire ainda a gravidade de um escândalo. A cooperação voluntária ao suicídio é contrária à lei moral” (nº 2282).

“Distúrbios psíquicos graves, a angústia ou o medo grave da provação, do sofrimento ou da tortura podem diminuir a responsabilidade do suicida” (nº 2282).

“Não se deve desesperar da salvação das pessoas que se mataram. Deus pode, por caminhos que só Ele conhece, dar-lhes a ocasião de um arrependimento salutar. A Igreja ora pelas pessoas que atentaram contra a própria vida” (nº 2283).

Dom Valdir Mamede

Bispo auxiliar de Brasília

Quarta, 05 Outubro 2016 18:22

Mês Missionário

A “A Igreja, por sua natureza, é missionaria”, afirmou com muita ênfase, o Concílio Vaticano II no Decreto “Ad gentes”. A missão leva para frente o processo que tem seu início na Trindade Santa: o Pai envia o Filho; o Filho envia o Espirito; Cristo envia os Apóstolos. Cada um, pelo batismo, é um enviado para transmitir a Boa-Nova e a Vida em plenitude para todos, com a coragem de ir até os extremos confins da terra. Temos documentos do Magistério riquíssimos, produzidos nestes últimos anos, suficientes para criar consciência missionária, compromisso e entusiasmo em todos. Não é necessário repetir o que já faz parte do nosso patrimônio teológico e diria até espiritual e pastoral de nossa vida.

É mais urgente transformar as intuições conciliares, as pistas da “Evangelii Nuntiandi” do Beato Paulo VI e os reiterados apelos do papa Francisco para nos tornarmos uma “Igreja em saída”, uma Igreja não para si, mas para o mundo, “fermento” que sabe deixar o espaço necessário para que Cristo levede a massa.

Adentrando numa reflexão mais concreta percebemos que a maioria de nossas comunidades trabalham somente para si, zelam de quem já as acompanham, pouquíssimo fazem pelo enorme e preocupante número dos afastados. Seria necessário somente ler as programações anuais de nossas Igrejas particulares para perceber isso com clareza.

Se depois olhamos os novos “areópagos” da cultura moderna com o olhar de Cristo Pastor, como não concluir que caminhamos por estradas paralelas!?

O Evangelho não é repetitivo, não é conjunto de palestras, não é conjunto de eventos atrativos etc., mas radical e criativa novidade que exige de cada um sair da rotina cansativa e desgastante de sempre ou da loucura de invenções bizarras e exotéricas, típicas de alguns grupos. A criatividade sadia é já um forte desafio para a nova evangelização e nem sempre estamos preparados e dispostos a isso.

Mas não seria suficiente a capacidade de “adaptar” a verdade de sempre ao hoje, se faltasse o testemunho pessoal e comunitário. Parece-me que imperam ainda muitas palavras bonitas e poucos gestos proféticos entre nós. Terá por acaso terminado em nosso país, a época dos mártires, dos profetas? Deus não queira, mas há muitos envolvimentos no que é típico do mundo e certo afastamento do que é próprio do Evangelho. Será que é somente pessimismo de quem está chegando ao fim da linha ou há algo de verdadeiro nisso? Papa Francisco fala forte sobre muito assuntos concretos. Determinadas falas parecem até ofensivas, mas se a gente medita percebe que estamos longe da radicalidade evangélica.

A missão obriga cada um a se renovar pessoalmente, para servir às nossas comunidades de maneira mais ousada; exige uma enorme vontade de sair da “toca” que criamos e na qual nos encontramos bem; exige sair do ninho e aprender a voar alto.

Além disso, talvez tenha chegado a hora de juntar nossas forças para dar algum sinal concreto que queremos ser uma Igreja em saída, missionária. Precisamos deixar para trás tudo o que é “chover no molhado”, por ser um simples repetir daquilo que já sabemos e sempre dizemos. Isso como Regional Centro-Oeste. Há tentativas louváveis de alguma diocese neste sentido, mas nem todas as nossas Igrejas particulares tem condições de assumir sozinhas, por exemplo, uma missão “ad gentes” ou também “ad intra”. Por que não estudar juntos o problema e não dar algum passo concreto como regional?

Outro problema: nem todas as nossas Igrejas têm um presbitério numeroso e qualificado. Por que não nos ajudar um pouco mais também nessa área? Que adianta falar de “comunhão e partilha” se isso tudo não passa de teoria e na prática eu quero mostrar que caminho melhor do que meu vizinho e não me importa se ele está eclesialmente capengando? Que Igreja missionaria é essa? Aliás, que Igreja é essa?
O mês Missionário proporciona muitos subsídios para refletir, mas não oferece a vontade de agir, temos que encontrá-la em nós mesmos.

Deus queira que outubro não seja um mês temático entre tantos, que deixa a Igreja como está.


Dom Carmelo Scampa
Bispo de São Luís de Montes Belos

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