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Desde segunda-feira (15) acontece no estádio Mangueirão, em Belém (PA) a 17ª edição do Congresso Eucarístico Nacional (CEN2016). De acordo com dados oficiais da organização do evento, participam cerca de 150 expositores, 300 bispos, 1500 padres e 50 mil congressistas de todos os estados do Brasil, além de autoridades civis e religiosas.

O cardeal arcebispo emérito de São Paulo (SP), Dom Cláudio Hummes, foi nomeado pelo papa Francisco Legado Pontifício para o evento. Ao presidir a missa de abertura, na segunda-feira, ele exortou os cristãos presentes à prática da caridade diária aos mais necessitados, ação que revela os verdadeiros discípulos de Cristo. Ele também ressaltou que a Eucaristia é a fonte e o ápice de toda a evangelização porque toda missão e atividade da Igreja são conduzidas pela Eucaristia.

O purpurado pediu também em sua homilia que que a Igreja seja corajosa, fortalecida pela Eucaristia e que todos repartam o pão material e espiritual com os povos da Amazônia para que Cristo seja reconhecido. Já o arcebispo de Belém, Dom Alberto Taveira, convocou os cristãos para viver tudo o que foi preparado para o Congresso Eucarístico. “O país está com olhos voltados para a Amazônia e temos que mostrar que não somos apenas uma terra missionária, mas que possuímos muito a oferecer com a riqueza cristã do nosso povo. Queremos que o Brasil veja com um olhar bonito e positivo para a nossa região”, disse o arcebispo.

Procissão Fluvial

O CEN2016 segue até domingo (21) com celebrações eucarísticas diárias em vários ritos, procissões com Jesus Eucarístico, jornadas pastorais e outras atividades, como a Procissão Eucarística Fluvial que partiu de Manaus (AM) no dia 8 de agosto, passou pelas prelazias e dioceses de Itacoatiara (AM), Parintins (AM), Óbidos (PA), Santarém (PA), Gurupá (PA) e Ponta de Pedras (PA). Chegou em Belém na quarta-feira (17). A Procissão Fluvial é um presente para as duas cidades que já receberam o Congresso Eucarístico Nacional: Belém, em 1953 e Manaus, em 1976.

Do Regional Centro-Oeste, diversos bispos participam do CEN2016, entre eles o presidente, Dom Messias dos Reis Silveira; o arcebispo de Brasília e presidente da CNBB Nacional, Dom Sergio da Rocha; o arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz; o bispo auxiliar de Goiânia, Dom Levi Bonatto; o bispo de São Luís de Montes Belos, Dom Carmelo Scampa. Na tarde de ontem (17), Dom Messias presidiu missa na Catedral da Sé.

Confira a programação completa

A História do Brasil foi desde o início assinalada com a fé na eucaristia. No altar do sertão, o povo se reuniu para celebrar tendo as árvores por ornamento, o canto dos pássaros como melodia que toca a alma e por público a presença de povos que passaram a se relacionar a partir do mistério eucarístico. No desenvolvimento da gigantesca população brasileira não faltou a presença de Jesus cumprindo a sua promessa de estar presente com os discípulos todos os dias, até o final dos tempos (Cf. Mt 28,20).

Este mistério tão lindo e gratificante tem suas raízes no infinito amor de Deus, que não abandona os seus filhos. É bonito ver o zelo que Deus tem ao alimentar os seus filhos no deserto, mesmo que estes lhes pareçam rebeldes. Ao Profeta Elias, Ele oferece o misterioso pão que o põe de pé para que chegue ao Horeb. Posteriormente, no tempo de Deus, o Verbo se faz carne e a carne se torna pão do Céu para quem dele comer tenha a vida eterna.

Enquanto Jerusalém se organiza para celebrar a Páscoa chega no meio daquelas pessoas um grupo diferente que trazia consigo o “Pão da Vida”. Jesus era a vida dos apóstolos. Ele, naquela ocasião, se tornaria o cordeiro imolado como de fato veio acontecer. Na celebração da última ceia, Ele antecipou o gesto da Cruz e se deu em alimento para a humanidade oferecendo sua carne e sangue para o sustento das pessoas. Uma ordem foi dada: “Fazei isto em memória de mim”. Essa ordem foi levada a sério e após a morte e ressurreição de Jesus as comunidades passaram a se reunir e os apóstolos, nestas ocasiões, presidiam fervorosas celebrações. A Mãe de Jesus certamente estava presente, naquelas celebrações, e ouvia dos apóstolos as palavras ditas pelo seu filho, Jesus (cf. Texto Base - XVII Congresso Eucarístico Nacional).

Ao longo da história da Igreja a Eucaristia foi o sustento da vida dos cristãos. Por causa dela muitas pessoas se tornaram mártires molhando a terra com o sangue vigorado no sangue de Jesus eucarístico. A Eucaristia ajudou os pecadores a se reanimarem, os pais a educarem os seus filhos, a juventude a firmar seus passos vacilantes e aos idosos a concluírem com serenidade a vida que Deus lhes deu.

Milhares de vocações sacerdotais foram surgindo e o pão eucarístico foi sendo levado para os mais distantes povos da terra. No Brasil surgiu a belíssima ideia de se celebrar os Congressos Eucarísticos, o primeiro foi realizado em 1933 na cidade de Salvador, na Bahia. O último foi em Brasília, em 2010 e agora chegou a vez de Belém.

O XVII Congresso Eucarístico acontece em Belém, nos dias 15 a 21 de agosto deste ano de 2016. O tema do Congresso é: “Eucaristia e partilha na Amazônia missionária”. O Brasil se volta para Belém. Os Bispos do Brasil estarão lá. Milhares de sacerdotes, religiosos, consagrados e cristãos leigos impulsionados pelo amor eucarístico vão celebrar este Congresso. Com certeza o Brasil vai sentir vontade de saciar a fome eucarística que existe na Amazônia missionária. Jesus, hoje faz uma provocação à Igreja do Brasil. Ao perceber gente com muita fome do pão da Palavra e da Eucaristia Ele diz: “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Lc 9,13). A Igreja no Brasil formada com sentimentos eucarísticos pode e vai oferecer o Pão do Céu que está guardado no seu coração.

Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo Diocesano de Uruaçu-GO e presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB