Tu és Pedro, e eu te darei as chaves do Reino dos céus.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-20
Agosto foi mês das vocações, setembro é mês da Bíblia, outubro será mês das missões. Assim segue o ano pastoral no Brasil, destacando aspectos da vida e missão da Igreja. Buscando auxiliar às comunidades, paróquias e dioceses, a Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da Conferência Nacional dos Brasil (CNBB) disponibilizou dois subsídios de apoio aos fiéis que desejam celebrar o Mês da Bíblia, agora em setembro. A data foi criada em 1971, com a finalidade de instruir os fiéis sobre a Palavra de Deus. Este ano o tema é “Para que n’Ele nossos povos tenham vida – Livro da Sabedoria” e o lema “A sabedoria é um espírito amigo do ser humano”.
Em 2018, o texto-base para o Mês da Bíblia se propõe a auxiliar a leitura e o estudo da primeira parte literária do Livro da Sabedoria (Sb 1,1-6,21). Como objetivo principal, prevê que as pessoas, de forma individual, e as comunidades, em grupo, cheguem à leitura do texto bíblico, por mais que este se revele exigente. O itinerário foi organizado de modo simples, a fim de que se tornasse o mais prático possível, colocando-se a serviço da compreensão daquilo que o Livro da Sabedoria expõe em seus primeiros capítulos.
Segundo o arcebispo de Curitiba e presidente da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, dom José Antônio Peruzzo, será muito importante estudá-lo. “Teremos eleições neste ano de 2018. É possível antever um quadro de fortes tensões. A situação social e política do nosso Brasil, sabemos, é de muitas inquietações. E o Livro da Sabedoria nos oferecerá muitas inspirações para temas como justiça, sentido da vida e o bem comum. É preciso que compreendamos que quem não ama a sabedoria, buscará argumentos até para a violência”, afirmou o arcebispo.
Organizado de forma simples, a fim de que se tornasse o mais prático possível e colocando-se a serviço da compreensão daquilo que o Livro da Sabedoria expõe em seus primeiros capítulos, o texto-base inicialmente apresenta informações introdutórias sobre o conceito da “sabedoria”, o contexto histórico-geográfico do Livro da Sabedoria e a organização literária desse escrito. Além disso, o subsídio apresenta um estudo das cinco unidades literárias que configuram a primeira parte do Livro da Sabedoria. Sua última parte se propõe a enfrentar o desafio de uma leitura do Livro da Sabedoria à luz da fé em Jesus Cristo.
“A Igreja Católica sempre manteve a fé de que a Palavra de Deus, de forma misteriosa, faz-se presente na Bíblia. Que a leitura e o estudo do Livro da Sabedoria favoreçam, no Mês da Bíblia de 2018, um encontro autêntico com a Palavra de Deus, capaz de nos iluminar na busca da verdade e justiça”, diz um trecho da parte introdutória do texto-base.
Encontros Bíblicos
Além do texto-base, a Comissão também disponibiliza um roteiro de encontros bíblicos, com cinco encontros, que tem a finalidade de ajudar os grupos de reflexão a aprofundarem a espiritualidade pessoal e comunitária. “Este é para que com ele possamos nos deixar iluminar pela Palavra Orante que a sabedoria nos proporciona”, afirma dom José Antônio Peruzzo.
Os cinco encontros estão na metodologia da Leitura Orante, que já é bem conhecida na Igreja no Brasil. Os dois materiais, tanto o texto-base quanto os encontros bíblicos podem ser adquiridos por meio da editora da CNBB, a Edições CNBB. Eles estão disponíveis para compra por meio do site: www.edicoescnbb.com.br
Fonte: CNBB Nacional
Uma tradição pastoral já consagrada, aqui no Brasil, dá ao mês de setembro um grande relevo ao santo livro da Bíblia. Isto porque, no dia 30 deste mês, comemora-se São Jerônimo, sacerdote e doutor da Igreja, que traduziu dos originais para o latim quase todos os livros sagrados. Dentre os colaboradores do papa São Dâmaso foi um dos teólogos mais preparados e conceituados.
Após a tradução dos Setenta – tradução da bíblia hebraica feita por 72 representantes de diversos grupos de Israel – muitas divergências dogmáticas surgiram, a ponto de se fazer necessária uma nova tradução latina da Palavra de Deus. O papa Dâmaso, em 384 D.C., confiou então a São Jerônimo a tarefa de redigir uma tradução latina do Antigo e do Novo Testamento.
Na Bíblia, encontramos abundantemente o Plano, o desígnio salvífico de Deus para toda a humanidade. O evangelista João termina o seu Evangelho afirmando de forma hiperbólica: “Há muitas coisas que Jesus fez e que, se fossem escritas uma por uma, creio que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que seriam escritos” (Jo 21,25).
A transmissão da revelação divina é universal, destinada a todos os homens e mulheres, em todas as línguas e culturas, para todos os contextos. Porque “Deus quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2,4). Por isso, é necessário que Cristo seja anunciado a todos os homens, segundo o seu próprio mandamento: “Ide, pois, a todas as nações. Fazei com que todos os povos se tornem meus discípulos” (Mt 28,19).
A Bíblia nos aproxima de Deus. Há quem a leia como um cientista que busca as verdades acerca do homem, da sociedade e de Deus. A Bíblia não é uma tese científica. Nela não encontraremos esboçadas razões de natureza pragmática. A Bíblia é o resultante de uma expressão literária da fé de um povo. Todo o conteúdo da revelação que ali está expressa é também linguagem da cultura. E da cultura de uma sociedade localizada num lugar específico (na região do Oriente Médio), num tempo específico (aproximadamente entre 1.000 anos antes de Cristo e 100 anos depois de seu nascimento). E também mediada pelas experiências individuais daqueles através de quem Deus falou, seja por meio dos profetas, dos evangelistas ou dos apóstolos. Portanto, para compreendermos a Bíblia em sua inteireza, é necessário que tenhamos boas informações acerca das culturas de dentro das quais os livros foram escritos. E absorver o que é essencial nas narrativas contidas nos livros sagrados.
Espera-se que este mês da Bíblia seja um tempo oportuno para que todos encontremos em suas páginas uma consequente orientação para o tempo presente. Afinal, a Bíblia é um rico tesouro de fé transmitida de geração em geração. Sua riqueza é infinita e sua atualidade é fascinante. É o próprio Deus quem nos fala.
Dom Washington Cruz
Arcebispo de Goiânia
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