Formação foi realizada pela Pastoral da Educação na noite do dia 16 de março
Na quinta-feira, dia 16 de março, a Pastoral da Educação do Regional Centro-Oeste realizou Live Formativa sobre a Campanha da Fraternidade 2023, cujo tema é “Fraternidade e Fome”. Realizada por meio da plataforma Zoom, a formação teve mediação do Dom João Justino, arcebispo de Goiânia e bispo referencial da Educação e Ensino Religioso Regional; do coordenador da Pastoral da Educação, Prof. Valdivino Ferreira; e palestra da Irmã Claudia Chesini, da Associação Nacional de Educação Católica (ANEC).
Após a bênção inicial do Dom João Justino, Irmã Cláudia destacou em sua apresentação que no tempo quaresmal, a Igreja volta-se para situações existenciais do povo brasileiro com a realização da Campanha da Fraternidade. “A campanha é um desafio para todos nós católicos, mas também para todos os cidadãos, professores e professoras”, afirmou a religiosa. Ela lembrou que no ano passado, por exemplo, com a Campanha da Fraternidade sobre a educação, a sociedade refletiu sobre as lacunas da educação e encontrou uma série de desafios.
Neste ano, o desafio se faz presente novamente, agora sob a vertente da fome. Ela comentou uma fala do papa que aponta a fome como “tragédia e vergonha para a humidade”, pois afronta os princípios fundamentais da Doutrina Social da Igreja: destinação universal dos bens, dignidade integral da pessoa, primazia do bem comum. A CF, neste sentido, tem vários objetivos, conforme Irmã Cláudia. “Despertar o espírito comunitário e cristão na busca do bem comum; educar para a vida em fraternidade; renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação evangelizadora, em vista de uma sociedade justa e solidária”.
Fome de que?
Engana-se, contudo, quem pensa que a fome tratada pela Campanha da Fraternidade é apenas a fome de alimentos. Esse é a principal fome, mas a Irmã Cláudia apontou que a CF-2023 nos faz pensar também sobre a fome de relações justas, de cidadania, de beleza, de sentido e de transcendência. Com relação à fome de alimentos saudáveis e nutritivos, o panorama da fome no Brasil em 2022 aponta que apenas quatro em cada 10 domicílios conseguem manter acesso pleno à alimentação, ou seja, os outros seis lares se dividem, numa escala que vai dos que convivem com a possibilidade de não ter alimentos no futuro até aqueles nos quais as pessoas já passam fome. A fonte dos dados é a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede PENSSAN). As regiões mais afetadas no Brasil são: Norte (25,7%), e Nordeste (21%). A Região Centro-Oeste aparece abaixo da média nacional: (12,9%). Entre a população branca a insegurança alimentar está em 46,8% e entre os negros em 65%.
Irmã Cláudia apontou algumas das causas da fome no país: “comportamentos morais lastimáveis, fatores climáticos, estrutura fundiária, políticas agrícolas”. Ela citou, com dados do Texto-Base da CF-2023, um fator preocupante que está impregnado em nossa cultura: o desperdício. “39 mil toneladas de comida em condições de serem aproveitadas vão para o lixo diariamente em mercados, feiras, fábricas, restaurantes, quitandas, açougues e fazendas. O número leva em conta dados de vários setores: agricultura, indústria, varejo e serviços. Tamanha quantidade é suficiente para prover três refeições diárias para aproximadamente, 19 milhões de pessoas”. Para reverter esse triste quadro, muito tem sido feito por ONGS, Sociedade São Vicente de Paulo, Cáritas Brasileira, Pastoral da Criança, Fome Zero, Economia de Francisco e Clara. “Diante da fome todos são convidados a fazer alguma coisa. Não é para despedir a multidão. Somos chamados a uma proposta de ação pessoal e comunitária-social, sociopolítica; divulgar ações de superação da fome, aderir à Jornada Mundial dos Pobres proposta pelo papa Francisco, promover a Coleta Nacional da Solidariedade e ir ao encontro dos que tem fome”, sublinhou Irmã Cláudia. Um dos grandes desafios hoje, continuou, é o cuidado da casa comum para que todos possam se alimentar com dignidade, isso no contexto do 3º Ano Vocacional do Brasil e do processo sinodal.
A íntegra da live pode ser assistida neste link. Clique aqui