Tu és Pedro, e eu te darei as chaves do Reino dos céus.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-20
Queridos irmãos e irmãs!
Antes de dar início à catequese, gostaria de saudar um grupo de casais que celebram as bodas de ouro. Este sim que é “o vinho bom” da família! O vosso é um testemunho que os recém-casados — que saudarei mais tarde — e os jovens devem aprender. É um bonito testemunho. Obrigado pelo vosso testemunho. Depois de ter comentado algumas parábolas da misericórdia, hoje reflitamos sobre o primeiro dos milagres de Jesus, que o evangelista João chama “sinais”, porque Jesus não os realizou para suscitar admiração, mas para revelar o amor do Pai. O primeiro desses sinais prodigiosos é narrado precisamente por João (2,1-11) e realiza-se em Caná da Galileia. Trata-se de uma espécie de “portal de entrada”, no qual são esculpidas palavras e expressões que iluminam o inteiro mistério de Cristo e abrem o coração dos discípulos à fé. Vejamos algumas delas.
Na introdução encontramos a expressão “Jesus com os seus discípulos” (v. 2). Aqueles que Jesus tinha chamado para o seguir, uniu-os a si numa comunidade e então, como uma família única, tinham sido convidados para as núpcias. Dando início ao seu ministério público nas bodas de Caná, Jesus manifesta-se como o esposo do povo de Deus, anunciado pelos profetas, e revela-nos a profundidade da relação que nos une a Ele: é uma nova Aliança de amor. Qual é o fundamento da nossa fé? Um ato de misericórdia com o qual Jesus nos uniu a si. E a vida cristã é a resposta a este amor, é como a história de dois namorados. Deus e o homem encontram-se, procuram-se, acham-se, celebram-se e amam-se: exatamente como o amado e a amada no Cântico dos Cânticos. Todo o resto vem como consequência dessa relação. A Igreja é a família de Jesus sobre a qual derrama o seu amor; é esse amor que a Igreja conserva e deseja doar a todos.
No contexto da Aliança compreende-se também a observação de Nossa Senhora: “Já não têm vinho” (v. 3). Como é possível celebrar as núpcias e festejar se falta o que os profetas indicam como um elemento típico do banquete messiânico (cf. Am 9, 13-14; Gl 2, 24; Is 25, 6)? A água é necessária para viver, mas o vinho exprime a abundância do banquete e a alegria da festa. É uma festa de casamento na qual falta o vinho; os noivos envergonham-se disso. Mas imaginai terminar uma festa de casamento bebendo chá; seria uma vergonha. O vinho é necessário para a festa. Transformando em vinho a água das ânforas utilizadas “para a purificação ritual dos judeus” (v. 6), Jesus realiza um sinal eloquente: transforma a Lei de Moisés em Evangelho, portador de alegria. Como disse o próprio João noutro excerto: “A Lei foi dada por Moisés, a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (1, 17).
Fazei o que ele vos disser
As palavras que Maria dirige aos servos coroam o quadro esponsal de Caná: “Fazei o que ele vos disser” (v. 5). É curioso: são as suas últimas palavras narradas pelos Evangelhos. São a sua herança que entregou a todos nós. Também hoje Nossa Senhora diz a todos nós: “Fazei o que ele — Jesus — vos disser”. Eis a herança que nos deixou: é bonito! Trata-se de uma expressão que evoca a fórmula de fé utilizada pelo povo de Israel no Sinai em resposta às promessas da aliança: “Faremos tudo o que o Senhor disser!” (Ex 19, 8). E com efeito em Caná os servos obedeceram. “Jesus ordena-lhes: Enchei as ânforas de água. Eles encheram-nas até cima. Tirai agora, disse-lhes Jesus, e levai ao chefe dos serventes. E levaram” (vv. 7-8). Nessas núpcias, foi deveras estabelecida uma Nova Aliança e aos servos do Senhor, isto é, a toda a Igreja, foi confiada a nova missão: “Fazei o que ele vos disser!”. Servir o Senhor significa ouvir e praticar a sua Palavra. Foi a recomendação simples mas essencial da Mãe de Jesus e é o programa de vida do cristão. Para cada um de nós, beber da ânfora equivale a confiar-nos à Palavra de Deus para sentir a sua eficácia na vida. Então, juntamente com o chefe dos serventes que experimentou a água que se transformou em vinho, que também nós possamos exclamar: “Guardaste o vinho melhor até agora” (v. 10). Sim, o Senhor continua a reservar aquele vinho bom para a nossa salvação, assim como continua a brotar do lado trespassado do Senhor.
A conclusão da narração soa como uma sentença: “Este foi o primeiro milagre de Jesus; realizou-o em Caná da Galileia. Manifestou a sua glória, e os seus discípulos creram nele” (v. 11). As bodas de Caná representam muito mais do que a simples narração do primeiro milagre de Jesus. Como um relicário, Ele conserva o segredo da sua pessoa e a finalidade da sua vinda: o esperado Esposo dá início às núpcias que se realizam no Mistério pascal. Nessas bodas Jesus une a si os seus discípulos com uma Aliança nova e definitiva. Em Caná os discípulos de Jesus tornam-se a sua família e em Caná nasce a fé da Igreja. Para aquelas bodas todos somos convidados, a fim de que o vinho novo já não venha a faltar!
Audiência Geral do papa Francisco. Praça São Pedro, 8 de junho de 2016
Queridos irmãos e irmãs!
Um dia Jesus, aproximando-se da cidade de Jericó, fez o milagre de restituir a vista a um cego que mendigava sentado à beira do caminho (cf. Lc 18,35-43). Hoje queremos compreender o significado deste sinal porque diz respeito diretamente também a nós. O evangelista Lucas narra que aquele cego estava sentado à beira do caminho, pedindo esmola (cf. v. 35). Um cego naqueles tempos — mas também até há pouco tempo — podia viver só de esmola. A figura deste cego representa muitas pessoas que, inclusive hoje, se encontram marginalizadas por causa de uma deficiência física ou de outro tipo. Está afastado da multidão, está ali enquanto as pessoas passam atarefadas, absortas em seus pensamentos e em tantas coisas... E as estradas, que podem ser um lugar de encontro, para ele são ao contrário um lugar de solidão. Uma multidão que passa... E ele sozinho.
É triste a imagem de um marginalizado, sobretudo no pano de fundo da cidade de Jericó, o maravilhoso e luxuriante oásis no deserto. Sabemos que precisamente a Jericó chegou o povo de Israel no final de um longo êxodo do Egito: aquela cidade representa a porta de entrada na terra prometida. Recordemos as palavras que Moisés pronuncia naquela circunstância: “Se houver no meio de ti um pobre entre os teus irmãos, em uma de tuas cidades, na terra que te dá o Senhor, teu Deus, não endurecerás o teu coração e não fecharás a mão diante de teu irmão pobre; pois nunca faltarão pobres na terra, e por isso dou-te esta ordem: abre tua mão ao teu irmão necessitado ou pobre que vive em tua terra” (Dt 15,7.11). É estridente o contraste entre esta recomendação da Lei de Deus e a situação descrita pelo Evangelho: enquanto o cego gritava invocando Jesus, as pessoas repreendiam-no para que calasse, como se não tivesse direito de falar. Não têm compaixão por ele, aliás, ficam incomodados com os seus gritos. Quantas vezes nós, ao ver muita gente na estrada — gente necessitada, doente, que não tem o que comer — ficamos incomodados. Quantas vezes, quando nos deparamos com numerosos migrantes e refugiados, ficamos incomodados. É uma tentação que todos temos. Todos, até eu! É por isso que a Palavra de Deus nos admoesta recordando-nos que a indiferença e a hostilidade tornam cegos e surdos, impedem que vejamos os irmãos e não permitem que reconheçamos o Senhor neles. Indiferença e hostilidade. E por vezes esta indiferença e hostilidade transformam-se também em agressões e insultos: “mandai embora toda esta gente! ”, “ponde-os noutro lugar!”. Esta agressão é a mesma que faziam as pessoas quando o cego gritava: “mas, vai-te embora, por favor, não fales, não grites”.
De mendigo a discípulo
Observemos um pormenor interessante. O Evangelista diz que alguém no meio da multidão explicou ao cego o motivo da presença de toda aquelas pessoas dizendo: “Passa Jesus, o Nazareno!” (v. 37). A passagem de Jesus está indicando com o mesmo verbo com o qual no livro do Êxodo se fala da passagem do anjo exterminador que salva os Israelitas na terra do Egito (cf. Ex. 12, 23). É a “passagem” da Páscoa, o início da libertação: quando Jesus passa, há sempre libertação, sempre salvação! Portanto, ao cego é como se fosse anunciada a sua Páscoa. Sem se deixar atemorizar, o cego grita várias vezes em direção a Jesus reconhecendo-o como o Filho de Davi, o Messias esperado que, secundo o profeta Isaías, teria aberto os olhos aos cegos (cf. Is 35, 5). Diferentemente da multidão, este cego vê com os olhos da fé. Graças a ela a sua súplica tem grande eficácia. Com efeito, ao ouvir a sua voz, “Jesus parou e mandou que lho trouxessem” (v. 40). Deste modo, Jesus tira o cego da beira do caminho e coloca-o no centro da atenção dos seus discípulos e da multidão. Pensemos também nós, quando estivemos em situações difíceis, inclusive em situações de pecado, como foi o próprio Jesus quem nos pegou pela mão e nos tirou da beira da estrada para nos doar a salvação. Realiza-se assim uma dúplice passagem. Primeiro: as pessoas tinham anunciado uma boa nova ao cego, mas não queriam ter nada a ver com ele; agora Jesus obriga todos a tomar consciência de que o bom samaritano implica pôr no centro do próprio caminho aquele que estava excluído. Segundo: por sua vez, o cego não via, mas a sua fé abre-lhe o caminho da salvação, e ele depara-se no meio de quantos desciam pelas ruas para ver Jesus. Irmãos e irmãs, a passagem do Senhor é um encontro de misericórdia que une todos à volta d’Ele para permitir que reconheçamos quem necessita de ajuda e de conforto. Jesus passa também na nossa vida; e quando passa Jesus, eu dou-me conta, é um convite a aproximar-me d’Ele, a ser mais bondoso, a ser um cristão melhor, a seguir Jesus.
Jesus dirige-se ao cego e pergunta-lhe: “Que queres que eu faça por ti?” (v. 41). Estas palavras de Jesus são surpreendentes: o Filho de Deus agora está em frente do cego como um servo humilde. Ele, Jesus, Deus, diz: “Mas, que queres que eu faça por ti? Como queres que eu te sirva?”. Deus faz-se servo do homem pecador. E o cego responde a Jesus já não chamando-lhe “Filho de Davi”, mas “Senhor”, o título que a Igreja desde o início aplica a Jesus Ressuscitado. O cego pede para poder voltar a ver e o seu desejo é atendido: “Recupera a vista! Vai, a tua fé te salvou” (v. 42). Ele mostrou a sua fé invocando Jesus e querendo absolutamente encontrá-lo, isto trouxe-lhe em dom a salvação. Graças à fé agora pode ver e, sobretudo, sente-se amado por Jesus. Por esta razão, a narração termina referindo que o cego “começou a segui-lo glorificando Deus” (v. 43): torna-se discípulo. De mendigo a discípulo, também este é o nosso caminho: todos nós somos mendigos, todos. Precisamos sempre de salvação. E todos nós, todos os dias, devemos dar este passo: de mendigos a discípulos. Deste modo, seguindo o Senhor entra a fazer parte da usa comunidade. Aquele que queriam silenciar, agora testemunha em voz alta o seu encontro com Jesus de Nazaré, e “todo o povo, vendo isto, deu louvor a Deus” (v. 43). Acontece um segundo milagre: o que ocorreu ao cego faz com que também o povo veja. A mesma luz ilumina todos unindo-nos na oração de louvor. Assim Jesus infunde a sua misericórdia sobre todos os que encontra: chama-os, faz com que venham ter com ele, reúne-os, cura-os e ilumina-os, criando um novo povo que celebra as maravilhas do seu amor misericordioso. Deixemo-nos também nós chamar por Jesus, e deixemo-nos curar por Jesus, perdoar por Jesus, e vamos atrás de Jesus louvando a Deus. Assim seja!
Audiência Geral do papa Francisco. Praça São Pedro, 15 de junho de 2016
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