Segunda, 27 Março 2017 13:18

Lectio Divina com os jovens: os sinais de Jesus para que enxerguemos

No dia 25 de março, Dom Moacir refletiu sobre a cura do cego de nascença. Ontem, 1º de abril, a meditação foi sobre a ressurreição de Lázaro. No último encontro, dia 8, haverá celebração penitencial

No quarto encontro da Lectio Divina com os jovens, na Paróquia Universitária São João Evangelista, Dom Moacir Arantes, bispo auxiliar de Goiânia, fez o caminho da Leitura Orante da Palavra de Deus a partir do Evangelho de João (9,1-42), que apresenta a cura do cego de nascença, um dos sinais de Jesus. Em seis blocos, o bispo convidou os presentes a refletirem sobre o que o Senhor quer que enxerguemos.

Nos três primeiros versículos, ele disse que o Mestre constata a realidade ao passar pela beira do caminho, momento em que o cego chama a atenção dos discípulos e Jesus aproveita a oportunidade para se revelar. A figura do cego, conforme Dom Moacir, representa um morto em vida que nunca conheceu a luz. “Conhecer a luz é ter vida”, afirmou. Nos versículos 4 a 5, Jesus diz que é preciso que se faça a obra daquele que o enviou, porque, sem ele, não há luz, vida, obra de Deus.

O agir do Mestre, nos capítulos 6 e 7, orienta o cego a procurar sua libertação. “Ele não pediu cura porque não sabe da sua doença. Nunca enxergou, mas Jesus vai até ele e toma a iniciativa de curá-lo”, afirmou. O bispo também explicou a simbologia deste momento: “Jesus fez o seu barro, usou sua saliva para curar o cego e dar a ele sua liberdade de ir ou não a algum lugar. A piscina, lugar da água, representa o Espírito Santo, o amor de Deus que ele experimenta ao se lavar para recobrar sua saúde”.

Curado, o homem muda de vida e nem mesmo os seus vizinhos o reconhecem. Nesse momento, segundo Dom Moacir, o ex-cego é apresentado pelo escritor sagrado não mais como um mendigo sentado, mas como um novo homem. Aqui aparece o questionamento dos fariseus sobre a cura ter sido realizada no sábado, ação que vai contra a cultura judaica. “Percebemos ainda duas cegueiras nesse momento: a cegueira de nascença e a resistência em aceitar Jesus. O homem, por sua vez, sabe que quem o curou é alguém de Deus, mas desconhece que ele seja filho do Altíssimo”. Adiante, nos versículos 35 a 38, Jesus fica sabendo que os fariseus expulsam o ex-cego e então o procura. É nesse momento que o Mestre pede que o curado faça sua escolha. “Tu crês no Filho do Homem?” E ele reconhece que está diante de Deus. “O projeto de Jesus é que ele se livre da cegueira, que o homem escolha Deus, se livre da morte e da escuridão, e o ex-cego adere”.

A cegueira no dia a dia

O confronto com os fariseus também é muito simbólico, segundo o bispo. “O homem agora curado já não está mais sozinho e Jesus o defende porque Deus sempre busca o interesse da pessoa. A nós cabe conhecer o projeto dele, sabendo que rejeitar é mais grave do que parece porque a quem muito foi dado, muito será cobrado”, disse. O cego de nascença – continuou Dom Moacir – é um exemplo de que Jesus atrai, cura, ajuda a reencontrar o seu lugar junto do Pai. Ele convidou os presentes a se colocarem no lugar do cego. “Em que estágio estamos no projeto de Jesus? Tem gente que reflete sobre ele o dia inteiro, mas não o adere. Nós fingimos que somos cegos diante da vida. Às vezes somos cegos quando nos interessa”. O bispo também questionou sobre como nos relacionamos com nós mesmos, com o próximo, e que tipo de barro estamos sendo na família, na sociedade, no trabalho. “Precisamos tirar a trava dos nossos olhos para depois tirar a do nosso irmão”, pontuou.

Os participantes da Lectio Divina também foram convidados a colocar uma venda preta. As luzes foram apagadas e Dom Moacir os convidou a viverem a experiência do cego por alguns minutos. “Ser cegos para valorizarmos a visão de uma vida inteira. Precisamos pedir a Jesus que nos mostre nossas cegueiras. O que precisamos ver para viver?”, refletiu. “Qual é a escuridão que nos tem atormentado, de que precisamos ser libertados? Jesus é a luz. Então peça luz para a decisão que precisa tomar por meio de sua oração interior”, convidou. Em seguida, todos tiraram as vendas, como sinal de adesão à luz.

Como proposta de ação, Dom Moacir desafiou os jovens a ajudarem alguém a conhecer a Eucaristia e o Sacramento da Confissão. Pediu também que façam o exercício de convidar amigos e familiares a participarem da Santa Missa, bem como a tentar enxergar alguém da família de modo positivo, pelas suas qualidades. “A cegueira nos faz enxergar apenas os defeitos, o negativo”, completou.



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