Domingo, 05 Março 2017 13:14

Lectio Divina com os jovens: ações para vencer as tentações dos desertos do dia a dia

A iniciativa continua todos os sábados, até o dia 8 de abril. Ontem a reflexão foi sobre A Transfiguração do Senhor. No próximo sábado (18) será sobre A Samaritana

Com o tema “A exemplo de Maria, acolher a palavra”, em sintonia com o Ano Vocacional Mariano, teve início na Arquidiocese de Goiânia, na noite do dia 4 de março, a Lectio Divina (Leitura Orante da Palavra) com os jovens, iniciativa anual promovida pelo Setor Juventude. A leitura do Evangelho do último domingo, 1º da Quaresma (Mt 4,1-11), em que Jesus foi guiado pelo Espírito e tentado pelo demônio no deserto, inspirou as orientações do bispo auxiliar de Goiânia, Dom Moacir Arantes, na Paróquia Universitária São João Evangelista. Ele refletiu, neste início da Quaresma, sobre as tentações que sofreu o filho de Deus. “Jesus vem para colocar à prova o tipo de filho de Deus que ele é. Ele vem para fazer uma escolha. E nós também viemos para um propósito”, refletiu o bispo.

Dom Moacir iniciou convidando os jovens a viverem a Quaresma por meio de atividades que transformam. “Precisamos construir experiências de intimidade com Jesus. Por isso, estamos aqui nesta noite para acompanhá-lo no deserto, em sua paixão, vivendo como apóstolos dele, enviados em missão, para construirmos uma vida digna à luz do Evangelho”, orientou. Mas por que fazer isso? Segundo o bispo, porque a grande verdade da vida é que Deus ama a todos, sem distinção, antes, durante e após o nascimento. “Ele sempre esteve”, disse.

Algumas explicações a respeito da leitura também foram feitas pelo bispo, para que os jovens consigam contemplar de maneira mais profunda o mistério da paixão de Cristo. “O deserto do qual fala o Evangelho não é um lugar geográfico, mas uma experiência, um estar, porque ser feliz é uma missão. O deserto é um lugar onde não há ninguém para ser culpado. A única coisa que se move no deserto é a pessoa que está nele. Nossa única preocupação no deserto é sobreviver porque ali nos distraímos e vivemos a experiência da solidão”. No dia a dia, segundo Dom Moacir, quem conduz para o deserto é o Espírito, mas o diabo está disfarçado em muitas experiências. Em relação ao número 40, ele explicou que não é só o tempo cronológico e uma informação matemática, embora o evangelista Mateus trabalhasse com números. “Esse número é o tempo necessário para se preparar para uma ação. Jesus, logo que sai da experiência do Batismo, se recolhe no deserto porque é preciso um tempo de solidão”, justificou.

No tempo quaresmal, conforme o bispo, é preciso se abrir ao próximo, ver no outro o rosto de Cristo. “Quem não tem propósito na vida nunca vai ter propósito com o outro”, comentou. Explicando a fome que passou Jesus, Dom Moacir disse que se trata da fragilidade humana, das necessidades básicas que nós temos e que Jesus, embora filho de Deus, também assumiu. E Satanás, citado pelo evangelista na maior parte da leitura como diabo, é o opositor aos projetos, a má influência que pode vir até mesmo de um amigo. “Precisamos, diante de tudo isso, fazer escolhas, sabendo que as grandes decisões não são feitas sob os holofotes”. Para isso, sugeriu: “as grandes escolhas são feitas sempre no silêncio da mente e do coração. Temos que escolher que tipo de filhos vamos ser. Quem é você? Não sua profissão, não de quem é esposa, namorado ou filho. Quem é você? Somos mais do que aquilo que possuímos”, refletiu.

Seguindo a metodologia da Lectio Divina (preparação, leitura, meditação, oração, contemplação e ação), o bispo concluiu ilustrando que as tentações pelas quais passou Jesus no deserto, e que todos também estão sujeitos a passar, são: “primeira: não precisar de ninguém; segunda: ser o centro da vida de todos; terceira: ter poder e dinheiro e ser dono de todos”. Para vencê-las, eis os caminhos: “Jesus venceu com três atitudes. Pensando a partir da Palavra de Deus: alimentando com ela os pensamentos diante das necessidades; colocando o coração na confiança em Deus: não o tentando ou duvidando dele; servindo e adorando apenas ele: não agindo pelo desejo de riquezas e poder”.



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