Segunda, 17 Fevereiro 2020 03:33

Bispos do regional Centro-Oeste encerram vista Ad limina Apostolorum

Encerra-se, oficialmente, nesta segunda-feira, 17 de fevereiro, a Visita Ad Limina Apostolorum ao Papa e ao Vaticano, realizada pelos membros do Regional Centro-Oeste da CNBB. Os bispos terão ainda dois encontros em dicastérios, neste último dia: Assinatura Apostólica e Congregação para a Cultura.

Fim de semana

O correspondente oficial do Regional, padre Francisco Agamenilton, registrou os últimos dois dias da seguinte maneira:

DIA 15 - Neste dia nossas atividades foram reduzidas. Às 9h fizemos uma reunião na Domus Sacerdotalis para identificarmos os pontos e conteúdos mais significativos da visita ad limina ocorridos até agora. Refletimos sobre o que o Santo Padre nos disse e iniciamos a avaliação da visita. Ao meio-dia celebramos a missa presidida por Dom Marcony.

DIA 16 - Iniciamos o Dia do Senhor com a celebração da missa, às 8h, presidida por Dom Fernando Brocchini, na capela da Domus Sacerdotalis. Esta foi a única atividade deste dia.

 

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Missa do Sábado

Homilia de dom Marcony Vinicius.

Hoje, nós temos a divisão dos reinos e, ao mesmo tempo, a profecia do reino de Jeroboão, o reino do norte, que se revoltou e, ao mesmo tempo, por ganância, por soberba, com medo de perder o domínio para Roboão do sul, ele, então cria objetos de culto e substitui Deus. Continuidade da homilia de dom Francisco, ontem, que dizia que quando a gente não escuta Deus, a gente faz o culto para si mesmo, para a satisfação própria. Até mesmo para a política do momento, não perder o poder para Judá. E, como consequência, vem a queda do reino do norte com todo o extermínio, diz a Escritura.

Alguns detalhes dessa primeira leitura. “Aqueles que queriam, eram feitos sacerdotes”. Interessante isso: a vocação deixa de ser algo que é escolha de Deus e passa ser desejo dos homens para a satisfação própria. Hoje, temos que pedir a Deus muito discernimento para aqueles que procuram o ministério sacerdotal. Saber até onde é desejo de Deus, até onde é vocação e até onde é o modismo dos dias de hoje, não só em Brasília, mas, creio também, que em nosso Regional e no Brasil como temos assistido a padres que com um ano, dois anos, deixam o ministério. É preciso sempre perguntar se Deus quer, qual é a vontade de Deus. E isso é um dom, é uma graça. Uma graça de estado que Deus nos dá, como bispos, para percebermos onde está a Sua vontade e onde está vontade do homem, do homem como um todo, não só de cada um, mas do homem com a vontade do mundo de fazer também do ministério algo aprazível e algo que substitua a minha vontade, como foi o caso de Jeroboão. Deus escolhe, Deus suscita, Deus chama, Deus purifica, Deus não deixa faltar. A gente tem que confiar nessa Providência por mais que esteja ao nosso redor, com poder que temos, o poder dado por Deus como bispos pareça firme e, por isso, tenhamos medo, tenhamos receio e buscamos outras saídas.

Num segundo momento, este salmo nos diz muito. É Deus que se recorda de nós. É Ele que ama o seu povo. É interessante também nos revestirmos de humildade. O povo não é nosso. Um só é o Esposo. Um só. Nós participamos do ministério único de nosso Senhor de ser sacerdote, de ser esposo de sua Igreja e, por isso, Seu amor é imenso. E Ele não deixa faltar nem o povo para o seu pastor, impressionante isso tanbém, nem o pastor para o seu rebanho.

É no Evangelho que nós encontramos o desejo de Deus. Se no Antigo Testamento, a gente vê o desejo dos homens e a idolatria com outros altares, no Evangelho, nós vemos um único altar.  Tomou, deu graças, partiu e deu. Todos nós reconhecemos nesta ação da multiplicação dos pães, primeiro, a escolha de Jesus: “dai, vós mesmos”. Eu sinto Jesus dizendo assim: “Eu já dei a vocês o essencial. Vocês já têm o que Eu recebi do meu Pai. Então, agora a responsabilidade de vocês é dar ao povo, alimentar o povo”. O nosso povo continua sedento, sedento dessa comunhão entre nós, dessa unidade na doutrina e desse dar o que é essencial, que é a Eucaristia. Para isso fomos ordenados. Eu sempre digo, quando tenho oportunidade, aos padres: “são duas coisas que só nós podemos fazer, é a Eucaristia e a Confissão. O restante, outros podem dar. Daí vós mesmos”.

“Quantos pães tendes?” Dom Sergio diz muito isso: a gente tem que fazer a procissão com o andor que a gente tem. A gente faz a diocese com os padres que a gente tem. E Jesus também fez com os que Ele tinha. “Quantos pães tendes?” O que vocês têm? Jesus conta com o que a gente tem da nossa sabedoria, da nossa experiência, da nossa inteligência, sobretudo do nosso coração e aquilo que a gente tem, todos nós reconhecemos, que recebemos da Igreja, da Mãe Igreja. Então, dai aquilo que vocês possuem. E daquilo que a gente tem, Jesus multiplica. A ação é dele, não é nossa. O milagre é dele, não é nosso. “E saciou todo o povo”. E ainda entrou aqui, de gorjeta, os peixes. Todo o aspecto de que aquilo que Ele vai nos falar nestes dias, no Sermão da Montanha, nas missas de domingo. É o que Ele mesmo fez. Quando Jesus nos pede, Ele pede que a gente dê muito mais do que se espera. “Ouvistes o que foi dito, eu porém vos digo”, ouviremos amanhã, no Evangelho. Jesus pede que a gente dê muito mais. Não só a túnica, mas também o manto. Não só cem passos, mas duzentos. Não só a bolsa, mas tudo o que temos. Jesus nos pede a gente muito mais, porque Ele nos deu muito mais. Então, Ele não deu simplesmente o necessário, mas deu muito mais a ponto de sobrar, de ter que recolher. É a confiança na Providência.

Neste dias, eu tenho visto na Ad Limina, tanta graça de Deus diante da nossa pequenez, das nossas necessidades, das nossas interrogações, dos nossos medos, se a gente é assim muito honesto como é que me coloco nessa situação. E a gente vem buscar respostas em Roma como os padres buscam respostas no bispo. Alguém e dê a resposta e a gente fique seguro para atuar daquela maneira. A confiança nas mãos de nosso Senhor, de que Ele provê aquilo que a gente não tem. Nós não temos, aqui no deserto, como nós vamos prover? O mundo, hoje, anda num deserto. Um deserto de verdade, um deserto de postura, com o que nós chamamos hoje de globalização, enfim, de polarização. Perdido, sem um alimento certo, sem se saciar. E nós somos os pastores do mundo de hoje, é a nós que Jesus confia. Não simplesmente a sua Palavra, mas Ele, que é Palavra do Pai, mas Ele como carne, Ele como Pessoa, Ele como resposta para o mundo de hoje. E a primeira resposta é para nós que participamos do Seu pastoreio: “comeram, ficaram saciados, satisfeitos”. Nós devemos satisfazer o povo com Cristo. Ele é o alimento, Ele é a luz, Ele é a verdade, Ele é a vida.

Quero, nessa missa com vocês, pedir a Deus o dom da sabedoria para que a gente saiba guiar o povo e dar ao povo aquilo que Jesus já nos deu. Que a gente ensine o nosso clero a não ter que inventar coisas, mas dar o que nós já recebemos, recebemos da Mãe Igreja (...) não é simplesmente um mero sentimento ou emocional, mas o sentir-se Igreja e porque recebemos fomos nutridos pela Igreja, porque agora podemos dar. (...) Deus quer chamar a gente para servir a Igreja, servir o Povo de Deus. Então, que Deus nos dê a sabedoria de dar aquilo que Ele já nos deu, que é seu Filho, Jesus Cristo. Que em cada Eucaristia, mesmo aquelas que rezamos nos recônditos de nossas capelas, que nós tenhamos ali presente todo o povo. Saciemos o povo de Deus com aquilo que Ele nos deu, mesmo que seja um trabalho pastoral ou uma celebração, que estejamos nas mãos de Deus. Pensemos em saciar o povo com a Providência de Deus através da nossa oração, do nosso pastoreio e, como pede, hoje, o Papa Francisco, com o nosso testemunho. Assim seja!

Missa do domingo

Homilia de dom Antônio Fernando Brochini

Vejamos onde essas palavras de Jesus Cristo parecem nos levar, bem como todos esses três textos da Sagrada Escritura. Paulo já nos alertou que Deus nos revelou com uma sabedoria que estava escondida, desde todos os tempos. E a revelou no Espírito Santo. Então, a partir desse princípio da revelação, desta sabedoria que é a presença do próprio Espírito em nossa vida, é que nós entendemos aquilo que o Livro dos Provérbios nos alertava: quem tem em si, no seu coração, o temor do Senhor, este viverá. Esta sabedoria que nos leva a honrar Deus em tudo, principalmente naquele que foi salvo ação de Cristo Jesus, na cruz. Como diz Paulo, se soubessem e tivessem o conhecimento dessa sabedoria que nos foi revelada, não teriam crucificado o Senhor. A sabedoria já seria esse princípio purificador do nosso ser e de toda a nossa vida.

No Evangelho, o Senhor mostrando a continuidade desse princípio transformador que leva, no chamado Sermão da Montanha, a uma radical transformação na compreensão da lei, dos mandamentos, dos preceitos de Deus. Não pela lei, simplesmente, mas aquilo que a lei deve provocar em nós, aquilo que as indicações de Deus devem nos provocar. Não fazer apenas o que está escrito, a letra da lei mata. Jesus está dizendo: vamos dar um passo a mais.  Vamos progredir. Vamos buscar a perfeição que é revelada do Pai.

Que estas palavras de hoje nos levem também a essas atitudes práticas da vida em que devemos colocar o principio da misericórdia de Deus que nos revelou os seus desígnios de salvação. Celebrarmos esse de ato de infinito amor de Deus e que peçamos e compreendamos a plenitude da sabedoria que nos foi derivada na busca da perfeição em tudo o que fazemos, falamos e realizamos. Em nós e no testemunho junto aos nossos irmãos.

 

 

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