A Visita Ad Linina dos bispos do Centro-Oeste da CNBB prossegue nesta quinta-feira, 13 de fevereiro, com uma agenda cheia. Os bispos celebram a Eucaristia na Basílica São João de Latrão e visitam três dicastérios na parte da manhã: O Tribunal da Penitenciária Apostólica, a Congregação para Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica e ainda a Congregação para a Causa dos Santos. De tarde, mais trabalho: eles participam de um encontro na Pontificia Comissão para a América Latina e depois, no mesmo prédio, visitam a Congregação para os Bispos.
Congregação para o Culto Divino
Ontem, quarta-feira, de manhã, os bispos encontraram-se com o Cardeal guineense, Robert Sarah, prefeito da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos. O início do diálogo com o cardeal ficou a cargo de dom Marcony Vinicius, bispo auxiliar de Brasília (DF). Quando o encontro se encerrou, o secretário-executivo do regional, Pe. Eduardo Luiz de Rezende conversou com Dom Marcony. Ele falou da importância do dicastério para a vida da Igreja: “em primeiro lugar, a Liturgia é a vida da Igreja, como nos diz o documento conciliar ela fonte e cume de toda a vida da Igreja e não só dos atos e dos ritos litúrgicos. E visitar a Congregação da Liturgia é, antes de mais nada, estar unido ao pensamento do Papa, à Santa Mãe Igreja, aos documentos da Igreja e, ao mesmo tempo, levar para o nosso Regional aquilo que a Mãe Igreja pode ainda nos ajudar tirando nossas dúvidas e trazer aqui para a Congregação aquilo que é a vida do Regional, no campo da Liturgia. Então, nós colocamos os aspectos dos nossos congressos, dos temas, da formação e, logicamente, da Liturgia que se desenvolve de forma bem específica no rosto de cada Igreja Particular. Isto foi o conteúdo da visita. Ao mesmo tempo, tiramos algumas dúvidas. Foi colocado, sobretudo, o aspecto do rito extraordinário que, como deixou muito bem claro o Cardeal, é extraordinário. Não podemos transformar o rito extraordinário em ordinário e o ordinário em extraordinário. Em todas aquelas dioceses onde têm grupos que pedem esse rito, segundo a summorum pontificum, o bispo deve ter um ou dois lugares, uma ou duas paróquias disponíveis para esse rito”.
Pe. Eduardo perguntou a dom Marcony qual seria a mensagem ao Regional depois de um encontro como aquele da Congregaçã o para o Culto Divino e ele respondeu: “a mensagem de uma maior unidade no campo litúrgico; de um esforço maior na formação; de alegrar o nosso povo com celebrações vivas que levem a celebrar o mistério pascal de Nosso Senhor e levem a colocar toda a vida na Liturgia e toda a Liturgia na vida, ou seja, fazer da própria vida um rito de louvor a Deus e fazer das celebrações, momentos de encontro com o Senhor, de ação de graças por tudo aquilo que Ele concede de bom para nós, para o nosso Regional. A Liturgia é a vida da Igreja, e, portanto, vivamos o mistério pascal de Nosso Senhor e nos deixemos guiar por Ele e pelo Seu Santo Espírito”.
Secretaria de Estado
Recebidos pelo Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, os bispos visitaram a Secretaria no meio da manhã de ontem. Desta vez, quem ficou responsável de começar a conversa foi o Cardeal arcebispo de Brasília (DF), dom Sergio da Rocha. Depois do encontro, ele explicou: “A Igreja necessita de diálogo, de relacionamento com os poderes públicos, particularmente com o governo de cada país. Então, na Secretaria de Estado do Vaticano há uma sessão especialmente voltada para o relacionamento com os Estados. E nós, ali estivemos fazendo essa visita primeiramente para poder dialogar sobre a postura que a própria Igreja cultiva quando se trata do relacionamento com os poderes públicos e é claro que nós podemos resumir essa postura na questão do respeito à autonomia, a competência própria, a missão própria seja da Igreja, seja do Estado, isto é, não misturamos, mas estamos a serviço do mesmo povo em cada país. Portanto, a Igreja quer estabelecer diálogo respeitoso, oferecendo a sua contribuição própria em relação não só ao Poder Executivo, mas também Legislativo e o Judiciário em cada país”.
Dom Sérgio continuou: “Foi muito bom ouvir orientações da Secretaria de Estado a respeito desse tema e, sobretudo, reafirmar aquilo que tem sido a conduta da Igreja no Brasil, graças a Deus, inspirada na Doutrina Social da Igreja, que é o relacionamento respeitoso, cordial através do diálogo, da cooperação naquilo que é possível, em projetos de caráter social e que sejam de inspiração cristã ou aprovados pela própria visão que nós temos na Igreja, enfim, eu creio que nós saímos desta visita a essa sessão da Secretaria de Estado com uma disposição sincera de, cada vez mais, procurar dialogar com os poderes públicos, mas em favor do nosso povo, pelo bem comum, pelo bem da nossa gente, especialmente aqueles que estão em situações mais difíceis, de maior sofrimento e vulnerabilidade”.
Congregação para a Educação Católica
Antes do almoço de ontem, os bispos ainda puderam ir visitar a Congregação para Educação Católica. Dom Levi Bonato, bispo auxiliar de Goiânia (GO), foi o responsável pelo início da conversa. Quando terminou a reunião, ele deu um depoimento ao Pe. Eduardo: “o encontro, como todos os que tivemos até agora, foi muito bom, muito benéfico para nós. Aprendemos muita coisa e tivemos a ocasião de constatar que a Congregação realmente acompanha tudo o que acontece no mundo, em termos de Educação Católica. Sejam as dificuldades que nós temos desde o Ensino Religioso fundamental até os problemas que nós temos com as nossas universidades. Foi tratado do tema das unidades pontifícias que agora não existe mais esse título por causa dessa diferenciação de que já não são mais universidades do Papa, que antes estavam muito próximas do Papa”.
Dom Levi reconheceu também que “todos os bispos que ali estavam aprenderam muito, tiveram essa visão do que acontece com o Ensino Católico em todo o mundo. Isso para nós foi muito bom porque, com certeza, poderemos levar para as nossas dioceses ideias novas. Se não pudermos colocar em prática tudo o que aprendemos aqui dessa Congregação, pelo menos tivemos uma boa experiência sobre o Ensino Religioso”.
Pe. Eduardo pediu um destaque especial para o Regional, dom Levi disse: “Eu destacaria a questão da autenticação dos títulos conseguidos em Roma. Eles nos explicaram bem como isso pode ser feito. E também os caminhos que podemos seguir daqui para frente. Isso foi uma coisa muito boa. E também, eu acho que as indicações pontuais que eles nos deram com relação a universidade pontifícia, com relação a aprovação do nosso Instituto que agora será um Instituto aprovado junto ao nosso Seminário Diocesano, o Instituto Santa Cruz (de Goiânia). Para nós, realmente, é muito bom porque o instituto arquidiocesano seria para atender a Província de Goiânia. Dessa maneira, os nosso estudantes não precisarão mais reconhecer os seus diplomas, pois eles estarão reconhecidos pela Igreja Católica”.
Colégio Pio Brasileiro
Na parte da tarde, os bispos foram para uma visita especial ao Colégio Pio Brasileiro, situado na Via Aurélia, em Roma. Administrado atualmente pela CNBB, este Colégio “é o espaço e o ambiente onde vive uma Comunidade presbiteral destinada à formação permanente de presbíteros diocesanos do Brasil e de outros países, podendo também acolher presbíteros religiosos que vêm a Roma para realizar estudos de pós-graduação: extensivo, mestrado, doutorado e pós-doutorado”.
Quando chegaram ao Colégio, foram acolhidos pela direção e pelos estudantes. Celebraram a missa que foi presidida por dom Waldemar Passini, bispo de Luziânia (GO) e presidente do Regional Centro-Oeste. Na homilia, ao se referir ao Evangelho do dia, ele disse: “O Senhor, hoje, faz-nos um convite impressionante. Ele nos convida a observarmos, com atenção, o que sai do interior, o que pode desprestigiar, desqualificar o ser humano. Pode mostrar o seu estado de decomposição, por assim dizer. O que sai do homem. O que entra, os alimentos, não há problema. A nosso vigilância muda. A tradição judaica reflexão tinha preocupação, um rigor sobre os alimentos, o que se pode ou que não se pode. Mas, também escondido aí, um domínio sobre a realidade. Agora, uma outra vigilância, sobre o coração, sobre o qual nós não temos domínio e aí só podemos nos colocar nas mãos de que tem tem acesso ao nosso coração e pode transformar. Então, Jesus nos provoca extremamente numa linguagem tão simples, ele nos diz o que sai do homem isso é o que o torna impuro, pois é de dentro do coração que sai... e toda lista de pecados”.
Dom Waldemar disse ainda, no final da homilia, disse: “eu fico encantado com essa percepção divina, como Senhor não desistiu de nós. Em todas as circunstâncias, ele nos busca e nos atrai. Para justamente transformar que há possibilidade de salvação, o nosso interior (...) os tempos de estudo tem uma dose ascética... quero fazer um convite: estudem muito e uma grande atenção à vida de oração e comunitária e, de modo muito particular, a direção espiritual. Este é um tempo de procura do Senhor. O Senhor está procurando cada um de nós”.
Depois da missa, os bispos jantaram com os padres diretores do Colégio e os estudantes e, em seguida, voltaram para a Domus Romana Sacerdotalis.