Segunda, 23 Março 2015 17:13

Domingo de Ramos: não existe humildade sem humilhação

 

No dia em que a Igreja celebra o Domingo de Ramos, que marca o início da Semana Santa, o papa Francisco presidiu a celebração eucarística na Praça São Pedro, com a participação de milhares de fiéis.

A cerimônia teve início com a bênção dos ramos, seguida da procissão. Os ramos recordam a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. E no centro desta celebração tão festiva, disse o papa em sua homilia, está a palavra contida no hino da Carta aos Filipenses: “Humilhou-se a si mesmo”.

O caminho da humildade

Para Francisco, esta palavra desvenda o estilo de Deus e do cristão: a humildade. “Um estilo que nunca deixará de nos surpreender e pôr em crise: jamais nos habituaremos a um Deus humilde! Humilhar-se é, antes de tudo, o estilo de Deus: Deus humilha-se para caminhar com o seu povo, para suportar as suas infidelidades.”

Esta Semana que nos leva à Páscoa, acrescentou o pontífice, só será Santa se caminharmos por esta estrada da humilhação de Jesus. Nestes dias, ouviremos o desprezo dos chefes do seu povo e as suas intrigas para o fazerem cair. Assistiremos à traição de Judas. Veremos o Senhor ser preso, condenado à morte, flagelado e ultrajado.

Ouviremos que Pedro, a “rocha” dos discípulos, o negará três vezes. Ouviremos os gritos da multidão, que pedirá a sua crucificação. E o veremos coroado de espinhos.
“Este é o caminho de Deus, o caminho da humildade. É a estrada de Jesus; não há outra. E não existe humildade sem humilhação”, destacou o papa, explicando que humildade quer dizer serviço, significa dar espaço a Deus despojando-se de si mesmo, “esvaziando-se”. “Esta é a maior humilhação.”

O caminho do mundanismo

Contudo, frisou Francisco, há outro caminho, contrário ao de Cristo: o mundanismo.
“O mundanismo oferece-nos o caminho da vaidade, do orgulho, do sucesso... É o outro caminho. O maligno o propôs também a Jesus, durante os quarenta dias no deserto. Mas Ele rejeitou-o sem hesitação. E, com Cristo, também nós podemos vencer esta tentação, não só nas grandes ocasiões, mas também nas circunstâncias ordinárias da vida.”

O papa deu o exemplo de tantos homens e mulheres que cada dia, no silêncio e escondidos, renunciam a si mesmos para servir os outros: um familiar doente, um idoso sozinho, uma pessoa deficiente, um sem-teto. E citou ainda a humilhação daquelas pessoas que, por sua conduta fiel ao Evangelho, são discriminadas e perseguidas, definindo-as os mártires de hoje, pois suportam com dignidade insultos e ultrajes para não renegar Jesus.

“Durante esta semana, emboquemos também nós decididamente esta estrada, com tanto amor por Ele, o nosso Senhor e Salvador. Será o amor a guiar-nos e a dar-nos força. E, onde Ele estiver, estaremos também nós.”

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