Quarta, 20 Mai 2015 18:38

Em nova Carta Encíclica, Francisco exorta todos a uma “conversão ecológica”

“Que tipo de mundo queremos deixar a quem vai suceder-nos, às crianças que estão a crescer?” Este interrogativo é o âmago da Laudato si’, a aguardada Encíclica ecológica do papa Francisco.

O nome foi inspirado na invocação de São Francisco “Louvado sejas, meu Senhor”, que no Cântico das Criaturas recorda que a terra “se pode comparar ora a uma irmã, com quem partilhamos a existência, ora a uma mãe, que nos acolhe nos seus braços”. Agora, esta terra maltratada e saqueada se lamenta e os seus gemidos se unem aos de todos os abandonados do mundo.

No decorrer de seis capítulos, o papa convida a ouvir esses gemidos, exortando todos a uma “conversão ecológica”, a “mudar de rumo”, assumindo a responsabilidade de um compromisso para o “cuidado da casa comum”.

O pontífice se dirige certamente aos católicos, aos cristãos de outras confissões, mas não só: quer entrar em diálogo com todos, como instrumento para enfrentar e resolver os problemas. Eis alguns temas analisados na Encíclica: as mudanças climáticas; a questão da água; a dívida ecológica; mudança nos estilos de vida

A Encíclica retoma a linha proposta na Evangelii Gaudium: “A sobriedade, vivida livre e conscientemente, é libertadora”. O papa propõe mudanças nos estilos de vida, através da educação e da espiritualidade. Uma educação ambiental que incida sobre gestos e hábitos cotidianos, da redução do consumo de água, à separação do lixo até “desligar luzes desnecessárias”. Para Francisco, “uma ecologia integral é feita também de simples gestos quotidianos, pelos quais quebramos a lógica da violência, da exploração, do egoísmo”. O pontífice recorda, porém, que tudo isso será mais fácil a partir de um olhar contemplativo que vem da fé: “o crente contempla o mundo, não como alguém que está fora dele, mas dentro, reconhecendo os laços com que o Pai nos uniu a todos os seres”.

O coração da proposta da Encíclica é a ecologia integral como novo paradigma de justiça; uma ecologia “que integre o lugar específico que o ser humano ocupa neste mundo e as suas relações com a realidade que o circunda”. A esperança permeia todo o texto e, segundo Francisco, não se deve pensar que esses esforços não mudarão o mundo. A crise ecológica, portanto, é um apelo a uma profunda conversão interior. Pode-se necessitar de pouco e viver muito.

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Com informações da Rádio Vaticano

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