Nesta sexta-feira, 9 de novembro, a Igreja celebra a dedicação da Basílica Lateranense de Roma, a “Mãe de todas as igrejas da cidade e do mundo”. O templo é a arquibasílica papal, a catedral do papa. Para compreender esta festa proposta na Liturgia da Igreja, uma homilia do bispo de Palmares (PE), dom Henrique Soares da Costa, aponta três aspectos para a fé católica a respeito desta data.
O bispo destaca o templo dedicado a Deus como a imagem do próprio Cristo, o sentido comunitário da Igreja e a união com o bispo de Roma, que é a cabeça do Colégio dos Bispos. São estes três pontos que iluminam o povo católico na celebração desta festa.
A Igreja ensina que celebrar a dedicação de uma igreja é celebrar o corpo de Cristo ressuscitado e a memória do povo de Deus que caminha peregrino ao longo da história. Construída entre os anos de 314 e 335, a basílica de São João de Latrão está elevada sobre a propriedade oferecida e doada para esse fim pelo imperador Constantino. Assim como muitos edifícios romanos, a basílica foi construída em cima de ruínas da cidade. No local, havia o quartel da cavalaria do imperador Septímio Severo e posteriormente, no século I d.C., foi construído um palácio, chamado Palácio Laterano, sobrenome da família proprietária.
É nesta basílica que, tradicionalmente, o papa se reúne com o clero da diocese de Roma, na quinta-feira após a Quarta-feira de Cinzas. A catedral da diocese neste ano sediou a liturgia penitencial comunitária do clero romano, confissões e uma palavra do papa Francisco.
O nome oficial da basílica é Archibasilica Sanctissimi Salvatoris (Arquibasílica do Santíssimo Salvador), nome recebido na dedicação. A dedicação aos santos João Batista e João Evangelista veio mais tarde, popularizando o templo como basílica de São João de Latrão.
“Todo templo cristão dedicado a Deus é imagem do próprio Cristo: Ele, no seu corpo ressuscitado, é o verdadeiro templo, do qual o Templo de Jerusalém era apenas uma imagem e profecia”, explica dom Henrique recordando o Evangelho do dia (João 2,13-22). “É do corpo ressuscitado do Senhor, verdadeiro templo, que brota a água da vida, a água, que é símbolo do Espírito Santo”, comenta sobre a “realidade tão bela e misteriosa” apresentada na leitura de Ezequiel extraída para a Primeira Leitura deste dia (Ezequiel 47,1-2.8-9.12).
A veneração e o respeito aos templos católicos, principalmente às paróquias e catedrais que passam pela cerimônia de dedicação a Deus, devem-se, portanto, por eles serem “imagem do próprio corpo ressuscitado de Cristo, fonte do Espírito e lugar de encontro com o Pai”.
Igreja-comunidade
O segundo aspecto sobre o qual dom Henrique discorre é a Igreja como comunidade: “Nossos templos são chamados de “igreja” porque são casas da Igreja, espaço sagrado no qual a Igreja-Comunidade se reúne num só Espírito Santo para, unida ao Filho Jesus, elevar o louvor de glória ao Pai, sobretudo na Eucaristia. Assim, celebrar a dedicação de uma igreja-templo é recordar que nós somos Igreja-Comunidade, Corpo de Cristo, templo verdadeiro de Deus, pleno do Espírito Santo”.
Segundo dom Henrique, cada um dos batizados é uma pedra viva, “vivificada pelo Espírito, para formarmos um só edifício espiritual”. Configurados como corpo de Cristo, os membros da Igreja são chamados a assumir sua parte na edificação do Reino de Deus.
“Na Igreja, não somos espectadores; somos atores, somos participantes! Não nos omitamos, portanto; não recebamos a graça de Deus em vão! Tornamo-nos Igreja pelo Batismo, que nos fez membros do Corpo de Cristo e, em cada Eucaristia, vamos nos tornando sempre mais corpo de Cristo, até sermos plenamente configurados com ele na glória”, exorta.
Mãe de todas as Igrejas
Por fim, o bispo de Palmares convida à compreensão sobre a basílica do Latrão, a catedral da Igreja de Roma, ser a “Mãe de todas as Igrejas da Cidade e do mundo”, como está escrito em sua entrada. “A Igreja de Roma (isto é, a Arquidiocese de Roma) é a Igreja de Pedro e de Paulo, é a Igreja que preside à todas as outras dioceses do mundo, é a mais venerável de todas as Igrejas da terra”, explica.
A união de toda a Igreja na celebração da dedicação desta catedral, em Roma, está relacionada, então, ao papa e seu sinal “visível da unidade da Igreja na fé e na caridade”.
“A festa de hoje convida-nos também a rezar pela Igreja de Deus que está em Roma e pelo seu Bispo, Francisco. Convida-nos a estreitar nossos laços com Roma e o Papa, retomando nossa consciência do papel que ele tem como Vigário de Pedro, a quem Cristo confiou sua Igreja”, ensina dom Henrique.
O convite é para reafirmar a “comunhão firme, profunda e convicta com a Igreja de Roma e seu bispo”, “num mundo tão complexo, com tantas ideias, opiniões e modas, num cristianismo que vê surgir tantas seitas sem nenhum fundamento teológico, sem nenhuma seriedade, sem nenhum enraizamento na Tradição Apostólica, difundindo-se pela força do dinheiro e a conivência dos meios de comunicação, ávidos de lucro, fazendo um terrível mal à fé dos simples e desavisados”. O papa, hoje na pessoa de Jorge Mário Bergoglio, é a quem Cristo entregou de modo particular as chaves do Reino e deu a missão de confirmar na fé os irmãos.
“A comunhão com Roma é garantia de estar naquela comunhão que Cristo sonhou para a sua Igreja; é garantia de permanecer na fé apostólica, transmitida uma vez por todas, é garantia de não cair num tipo de cristianismo alheio àquilo que o Senhor Jesus pensou e estabeleceu”, afirma dom Henrique.
Fonte: CNBB Nacional/Foto de capa: Pexels/Pierre Sudre