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Quarta, 10 Agosto 2016 17:59

O ministério episcopal

 

O Concílio Vaticano II, interrompido pela guerra de 1870, não pôde infelizmente realizar a redação do tratado do bispo, já em projeto e todo esboçado. E o cardeal Saliège dizia, com sentimento de pesar: a teologia do episcopado ainda não foi estabelecida, devido à trágica interrupção do Concílio. No entanto, podemos afirmar legitimamente, hoje, que a teologia do bispo foi definida com clareza pelo Concílio Vaticano II.

Caminhando ao longo do mar da Galileia, Jesus viu dois irmãos: Simão (chamado Pedro) e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. E disse-lhes: “Vinde após mim e vos farei pescadores de homens”. Na mesma hora abandonaram suas redes e o seguiram.

O Evangelho é a “Boa Nova”, a notícia faustosa, a mensagem de alegria. Às vezes me pergunto: o que Anchieta trouxe para evangelizar nossa terra? Aí está algo do segredo do apostolado: sermos instrumentos de Cristo, mas sem instrumentalizar Jesus Cristo. Que simplicidade! Chamou-os, e eles abandonaram a barca, o pai, e o seguiram. Assim se inicia a história dos apóstolos, assim começa a história do bispo. Parte de um chamado livre, espontâneo, que o mestre faz: Jesus chama àqueles que ele quer. É ele quem elege, escolhe, só ele.

Para o seu ministério, Jesus chamou não um grupo de homens perfeitos e extraordinários, mas gente como nós, com todas as imperfeições e mazelas humanas que descobrimos dia a dia em nós mesmos. Quando se estuda a história da Igreja, lê-se que houve uma cruzada contra os ocupantes da terra santa composta apenas de crianças... Hoje se ri de uma coisa dessas. Mas, com os doze homens, implantar o Reino de Deus num mundo pagão e ateu é da mesma forma ridículo, se não fosse tão divino. Desproporção humana para evidenciar que é obra divina! Tarefa: anunciar o Reino dos Céus! É o ministério mais importante.

Primeira preferência: os afastados, as ovelhas perdidas, os que estavam longe. Base de trabalho: fé e confiança ilimitadas em Deus: “Eu estarei convosco até o fim do mundo!” Vinte séculos depois, a desproporção ainda existe da mesma forma. A oposição não diminuiu, antes aumentou. Será que nós, bispos, padres, levamos a sério nosso ministério? Quando Jesus chamou os seus, foi exclusivamente para o evangelho, para o testemunho, para o anúncio... Foi ele quem chamou. Nenhum deles se apresentou por si mesmo ao Mestre; nenhum lhe pediu ser escolhido apóstolo. O mesmo passa com o bispo. Ninguém se apresenta! Ninguém, embora haja muitos sacerdotes capazes.

O Concílio Vaticano II ensina que, com a consagração episcopal se confere a plenitude do Sacramento da Ordem, que por isso se chama na liturgia da Igreja e no testemunho dos Santos Padres ‘supremo sacerdócio’ ou ‘cume do sagrado ministério’ (LG 21). O bispo recebeu como os apóstolos, um mandato oficial que o credenciou junto dos homens e lhe conferiu a própria autoridade do Cristo, para o cumprimento de sua missão ministerial. Tem a missão de testemunho: Vim para dar testemunho da verdade; missão de vitalização divina: vim para que tivessem a vida e para que a tivessem em abundância; missão de expansão e de caridade: vim trazer o fogo à terra e só posso desejar que se abrase.

Como sucessor dos apóstolos, o bispo recebeu do Senhor, a missão de ensinar a todos os povos e pregar o Evangelho a toda criatura (LG 14). É esse o seu primordial ministério, que o bispo exerce juntamente com os padres, seus cooperadores: ensina nas homilias, nos discursos, nas cartas pastorais e também nas cartas simples, cotidianas, que escreve aos sacerdotes e ao povo e toma caminhos novos com os meios de comunicação, os quais o bispo se serve a cada dia no exercício do seu ministério. O bispo é essencialmente um missionário, encarregado da expansão do reino de Cristo: reino da luz, reino da fé, reino do amor.

Como Jesus Cristo, o bispo tem seu Getsemani, enquanto os apóstolos dormem e os inimigos tramam, ele ora e oferece a Deus o sacrifício de sua própria vida e de seu próprio dia. Até que na encruzilhada da vida e da história, como Cristo, também o bispo carrega a cruz e caminha, e caminha... Felizmente hoje, o bispo, como pároco, aos 75 anos, deve renunciar e tem a graça de retirar-se à vida privada, para orar, descansar das fadigas apostólicas do seu ministério episcopal, e dedicar-se à confissão, visita aos enfermos, desempenhar ministérios simples, mas que são tão importantes à vida da Igreja. Que a Mãe e Estrela da Evangelização, nos proteja a todos no nosso ministério sacerdotal e episcopal!

Dom José Silva Chaves
Bispo emérito da Diocese de Uruaçu
O texto é um resumo de palestra proferida pelo bispo

 

 

 

Publicado em Artigos dos Bispos

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