Tu és Pedro, e eu te darei as chaves do Reino dos céus.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus 16,13-20
Reunidos entre os dias 23 e 24 de outubro na sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), os bispos que integram o Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP) da entidade emitiram uma Nota sobre o segundo turno das Eleições 2018. No documento, os bispos reforçam que as eleições são ocasião de exercício da democracia que requer dos candidatos propostas e projetos que apontem para a construção de uma sociedade em que reinem a justiça e a paz social. Os bispos exortam a que se deponham as armas de ódio e de vingança que têm gerado um clima de violência, estimulado por notícias falsas, discursos e posturas radicais, que colocam em risco as bases democráticas da sociedade brasileira. Abaixo, a íntegra do documento.
NOTA DA CNBB
Por ocasião do segundo turno das eleições de 2018
Jesus Cristo é a nossa paz! (cf. Ef 2,14)
O Brasil volta às urnas para eleger seu novo presidente e, em alguns Estados e no Distrito Federal, seu governador. Fiel à sua missão evangelizadora, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de seu Conselho Episcopal Pastoral (Consep), reunido em Brasília-DF, nos dias 23 e 24 de outubro, vem ratificar sua posição e orientações a respeito deste importante momento para o País.
Eleições são ocasião de exercício da democracia que requer dos candidatos propostas e projetos que apontem para a construção de uma sociedade em que reinem a justiça e a paz social. Cabe à população julgar, na liberdade de sua consciência, o projeto que melhor responda aos princípios do bem comum, da dignidade da pessoa humana, do combate à sonegação e à corrupção, do respeito às instituições do Estado democrático de direito e da observância da Constituição Federal.
Na missão de pastores e profetas, nós, bispos católicos, ao assumirmos posicionamentos pastorais em questões sociais, econômicas e políticas, o fazemos, não por ideologia, mas por exigência do Evangelho que nos manda amar e servir a todos, preferencialmente aos pobres. Por isso, “a Igreja reivindica sempre a liberdade, a que tem direito, para pronunciar o seu juízo moral acerca das realidades sociais, sempre que os direitos fundamentais da pessoa, o bem comum ou a salvação humana o exigirem (cf. Gaudium et Spes, 76). Não podemos nos calar quando a vida é ameaçada, os direitos desrespeitados, a justiça corrompida e a violência instaurada” (CNBB – Mensagem ao Povo de Deus – 19 de abril de 2018). Inúmeros são os testemunhos de bispos que, na história do país, se doaram e se doam no serviço da Igreja em favor de uma sociedade democrática, justa e fraterna.
A CNBB reafirma seu compromisso, sobretudo através do diálogo, de colaborar na busca do bem comum com as instituições sociais e aqueles que, respaldados pelo voto popular, forem eleitos para governar o País.
Exortamos a que se deponham armas de ódio e de vingança que têm gerado um clima de violência, estimulado por notícias falsas, discursos e posturas radicais, que colocam em risco as bases democráticas da sociedade brasileira. Toda atitude que incita à divisão, à discriminação, à intolerância e à violência, deve ser superada. Revistamo-nos, portanto, do amor e da reconciliação, e trilhemos o caminho da paz!
Por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, invocamos a bênção de Deus para o povo brasileiro.
Brasília-DF, 24 de outubro de 2018
Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador
Presidente da CNBB em exercício
Dom Guilherme Antônio Werlang
Bispo de Lajes
Vice-Presidente da CNBB em exercício
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB
Guilherme Boulos (PSOL), Fernando Haddad (PT), Álvaro Dias (Podemos), Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmim (PSDB), ao final do debate realizado nesta quinta-feira, 20 de setembro, em Aparecida (SP), foram cumprimentados pelo cardeal Sergio da Rocha, presidente da CNBB, por dom Leonardo Steiner, secretário-geral e por todos os outros bispos que participaram do evento. Os presidenciáveis elogiaram a iniciativa da Conferência e responderam a todas questões colocadas. O debate foi realizado na forma de um programa de TV e no último bloco, sete bispos tiveram a ocasião de apresentar grandes questões da vida do brasileiro: superação da violência, gastos públicos com educação e saúde, desigualdade social, defesa da vida, diálogo e polarização política, defesa dos indígenas e povos tradicionais, agricultura familiar e agronegócio.
Candidato x candidato
Os dois blocos dos programa dedicados a perguntas feitas de um candidato para o outro foram marcados por algumas acusações e sinais de convergência de propostas. Ciro Gomes demonstrou ter proximidade com o quase todos os outros candidatos. Fernando Haddad lembrou os feitos dos governos Lula, enquanto Álvaro Dias o acusou de ter um discurso de ficção, sem realidade. Henrique Meirelles insistiu em sua competência para lidar com crises econômicas e Marina apresentou várias alternativas para que o País saia da esteira de governos do PT, do PSDB e do MDB para experimentar algo novo na política.
Guilherme Boulos falou de sua experiência em movimentos sociais pela moradia e propôs um Brasil que faça revisão sobre qual é a verdadeira polarização que existe, a quela provocada pela injustiça social simbolizada pela existência de meia dúzia de bilionários e milhões de pobres. O candidato Geral Alckmin acusou o PT de colocar o Brasil na situação atual e prometeu corrigir várias situações para que o País volte a crescer. Todos, exceto o candidato Meirelles, fizeram críticas ao governo atual.
Jornalistas católicos
Um dos blocos foi ocupado por um time de jornalistas que trabalha nas emissoras que participaram da produção e transmissão do debate: Rede Aparecida, Rede Vida, Rede Século 21, TV Evangelizar, TV Nazaré, TV Horizonte e TV Imaculada. Eles fizeram perguntas aos candidatos com temas variados: refugiados e migrantes, desemprego, urbanização, feminicídio, segurança pública, reforma política e trabalho infantil.
Os candidatos responderam de forma geral. Haddad disse que é preciso combater a intolerância e que é filho de migrantes; o candidato do MDB prometeu criar 10 milhões de emprego; Álvaro Dias falou de defesa das fronteiras; Ciro concordou com Boulos e disse que os grandes centros das cidades devem ser ocupados; Marina promete creches; Alckmin criticou excesso de partidos e Boulos disse que vai criar lista suja de empresas que exploram trabalho infantil.
Local e cobertura
O debate foi realizado na área principal do Centro de Eventos P. Vítor Coelho de Almeida, situado no pátio do Santuário Nacional de Aparecida. Comandados pelo P. Evaldo César, durante mais de seis meses de muita preparação, foram mobilizados mais de 150 profissionais realizar o evento.
Jornalistas dos principais veículos do País estiveram em Aparecida escaladas pelos seus veículos para acompanharem os sete principais candidatos à presidência da República. Eles foram atendidos antes do início do debate na área externa do centro de eventos.
Outros bispos
O cardeal Odilo Scherer, fez a primeira pergunta geral para todos os candidatos sobre democracia e corrupção, e além dele, também estava em Aparecida dom João Inácio Muller, bispo de Lorena.
Avaliação
Cardeal Sergio da Rocha, que fez a abertura do debate, considerou: “penso que podemos ressaltar que foi atingido, muito bem, o objetivo que foi proposto: conhecer melhor os candidatos, mas a partir de questões que o povo brasileiro sente e que a própria CNBB está expressando“. Ele ainda ressaltou a simbologia do lugar. Aparecida é um centro de peregrinação católica que atrai milhões de pessoas, durante todo o ano. E ainda que não seja uma cidade de fácil acesso com transporte aéreo, os candidatos fizeram questão de estarem presentes.
“Os bispos, atentos à realidade brasileira, trouxeram questões que não são somente de interesse estritamente da Igreja, mas de toda a população“, disse. O presidente da CNBB também lembrou que a participação dos jornalistas católicos ajudou a apresentar aos candidatos várias realidades importantes que merecem uma palavra de cada um deles e que “expressa o diálogo dos candidatos com a própria Igreja. Claro que é um diálogo aberto, como se queria, um diálogo com o conjunto da população brasileira, mas particularmente voltado para os cristãos católicos, aqueles que participam da vida da nossa Igreja, e que têm suas preocupações, suas questões“.
Dom Sergio conclui: “Eu creio que os bispos conseguiram interpretar muito bem os grandes anseios, as grandes preocupações do povo brasileiro e que precisam estar no programa de governo de quem vai ser eleito“.
(Fotos: A12.com)
Os representantes de nove partidos políticos confirmaram a presença de seus candidatos no Debate de Aparecida no dia 20 de setembro no Santuário Nacional. Os candidatos confirmados são Guilherme Boulos (PSOL), Fernando Haddad (PT), Alvaro Dias (Podemos), Cabo Daciolo (Patriota), Ciro Gomes (PDT), Henrique Meirelles (MDB), Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB). Não se sabe no momento, se Jair Bolsonaro (PSL) irá participar. Ele já havia confirmado presença, mas devido ao atentado que sofreu, sua assessoria aguarda a recuperação do candidato para dar nova resposta.
De acordo com a legislação, é obrigatório o convite aos candidatos dos partidos que tiverem representação no Congresso Nacional.
Promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o Debate de Aparecida acontece às 21h30 na arena do Centro de Eventos Padre Vítor Coelho de Almeida, no Santuário Nacional. A Rede Aparecida de Comunicação (Rádio e TV e Portal A12.com) fará transmissão simultânea pelas emissoras de rádio e televisão católicas, além de portais de internet.
É a segunda vez que a emissora católica, a pedido da CNBB, organiza e transmite um debate de presidenciáveis. A primeira ocorreu no pleito eleitoral de 2014.
Fonte: Portal A12
© 2025 CNBB Centro-Oeste - Todos os direitos reservados
Rua 93, nº 139, Setor Sul, CEP 74.083-120 - Goiânia - GO - 62 3223-1854