Foi aberta nesta manhã a 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O encontro que reúne todo o episcopado brasileiro ocorre, pela primeira vez na história, de forma virtual, por conta da pandemia da Covid-19, um desafio imposto pelo contexto atual e que exige aprendizado de ferramentas e suporte técnico para os ajustes que se fazem necessários no início dessa experiência nova. O arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da CNBB, Dom Walmor Oliveira de Azevedo, abriu oficialmente o encontro às 8h, horário de Brasília.
“Este caminho é de grande importância, é o ponto alto do coração do serviço eclesial prestado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Somos desafiados a abrir o coração e a vivenciarmos esse caminho sob as luzes de Cristo ressuscitado, guiados e movidos pela ação do seu Espírito Santo”, motivou Dom Walmor.
Durante a abertura da Assembleia, Dom Walmor reforçou a comunhão e a “irrestrita fidelidade” do episcopado brasileiro ao papa Francisco; saudou os participantes, entre bispos, administradores diocesanos, assessores, secretários executivos de regionais, representantes dos Organismos do Povo de Deus; falou sobre o contexto e propósito do encontro e da tarefa educativa da Igreja, reconhecendo humildemente a condição também de aprendizes. O presidente da CNBB também recordou o Santuário Nacional de Aparecida, que acolhe as assembleias da CNBB há alguns anos, e homenageou os pobres, os mortos, os enlutados. Os bispos dedicaram a abertura da Assembleia também para rezarem as Laudes e invocarem o Espírito Santo com o “Veni, Creator”.
Comunhão com o Papa
“Nossa comunhão filial e irrestrita fidelidade ao Santo Padre, o Papa Francisco, unidos e missionariamente empenhados da árdua e insubstituível tarefa da evangelização, a razão de ser de nossa Igreja no mundo a caminho do reino, deixando ecoar forte, neste tempo pascal o forte mandato do Senhor Jesus Ressuscitado dirigindo aos discípulos operários da primeira hora ‘como o Pai me enviou, assim também eu vos envio'”.
Missa de abertura
A celebração foi presidida pelo secretário-geral da CNBB, Dom Joel Portella Amado, que abriu a homilia ressaltando a Palavra de Deus que apresentou duas grandes ideias. Segundo o bispo, não se pode esquecer: o convite a nascer de novo – trazido no Evangelho de João 3, 1-8 – e a coragem dos apóstolos, que mesmo em meio a tantas dificuldades, anunciavam a Palavra impulsionados pelo Espírito – descrita na primeira leitura de Atos dos Apóstolos 4, 23-31.
“Quando se faz a experiência do nascer de novo, se adquire, cada vez mais, essa coragem para anunciar a Palavra em meio a todas as dificuldades. Nascer de novo, nós sabemos, é o encontro com Jesus Cristo.
Dom Joel lembrou ainda que por questões de segurança, de preservar as pessoas, este ano, a Assembleia será realizada online. Conforme disse, essa Assembleia Geral tem que ser, antes de tudo, uma atitude de fé.
Antes de encerrar a homilia, Dom Joel lembrou dos mais de 350 mil brasileiros que perderam a vida por causa da covid-19 desde o início da pandemia em 2020.
Palavra do Núncio Apostólico
O Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro, dirigiu-se, pela primeira vez, a todo o episcopado brasileiro, na manhã desta segunda-feira, 12 de abril, no início das atividades da 58ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece na modalidade on-line. Dom Diquattro foi nomeado pelo Papa Francisco no dia 29 de agosto de 2020 e desembarcou no Brasil para iniciar sua missão no dia 7 de janeiro de 2021.
Em sua mensagem, Dom Diquattro destacou a importância da reunião dos bispos que, mesmo de forma remota, é expressão de comunhão e testemunho de oração. “Hoje, não estamos todos no mesmo lugar, mas a oração é sincronizada e acompanhada por muitas pessoas, que estão rezando por essa assembleia”, afirmou. Destacou ainda que isso é possível graças a diversos instrumentos que, somados, estão “a serviço da proclamação corajosa da Palavra de Deus”.
Neste momento da história, em que a proclamação da Palavra de Deus é árdua e muito delicada, o núncio afirmou que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) está agindo de forma corajosa. Frisou que, ao participar da reunião do Conselho Permanente da Conferência, percebeu que os bispos estão olhando para os flagelos que assolam a humanidade e chorando as dores do povo, com o coração de pastores, sem ficar a fazer análises rasas sobre a pandemia.
Pilar da Palavra
Tornar a Palavra de Deus cada vez mais conhecida e amada. Este é um dos desejos do episcopado brasileiro reunido na 58ª Assembleia Geral da CNBB (58ª AGCNBB), que teve início nesta segunda-feira (12). “Nosso desejo é poder nutrir sempre mais o povo com a Palavra de Deus”, afirmou o bispo da diocese de Livramento de Nossa Senhora (BA), Dom Armando Bucciol, durante a primeira coletiva de imprensa.
De acordo com Dom Armando, no documento apresentado na manhã deste primeiro dia de assembleia, há um capítulo que trata dos diversos tipos de terreno, nos quais a Palavra é semeada, tendo como pano de fundo a parábola do semeador. Entre estes terrenos está a Palavra de Deus nos sacramentos.
“O Concílio recomendava que nenhum sacramento seja celebrado sem que escutemos a Palavra de Deus; até o sacramento da penitência, da reconciliação deve ser acompanhado da escuta da Palavra, para que essa escuta renove em nós o ardor e o amor. O grande evento do Concílio foi devolver à Igreja Católica a Palavra de Deus depois de séculos em que ela ficou sem receber o devido destaque, a devida atenção”, destacou.
A Palavra de Deus também deve ser semeada no compromisso e na vida missionária, na iniciação à vida cristã, na piedade popular, na família e na juventude, no ecumenismo e no diálogo inter-religioso, nos meios de comunicação e na formação de ministros ordenados. “A família é o sujeito fundamental, é o lugar por excelência onde a Palavra de Deus deve ser ouvida, vivida e transmitida. Neste tempo de pandemia, muitas famílias redescobriram a Palavra de Deus como alimento”, disse Dom Armando.
Análise de conjuntura
“O povo de Deus sofre com a doença e a fome” é o título da análise da conjuntura social e política apresentada ao episcopado brasileiro no início da sessão da tarde. A apresentação foi conduzida pelo bispo de Carolina (MA), Dom Francisco de Lima Soares, coordenador do grupo de Análise de Conjuntura da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A análise apresentada priorizou três temas: pandemia, economia e política brasileira. Dom Francisco frisou que trata-se de um texto oferecido aos bispos como uma leitura de especialistas das Pontifícias Universidades Católicas do Brasil organizados no grupo de análise da CNBB para subsidiar os pastores na leitura e compreensão da realidade brasileira.
Dom Francisco ressaltou que o mundo passava por uma crise econômica e por tensões políticas antes da pandemia e que o Coronavírus foi um catalizador que aprofundou as desigualdades. “A sobrevivência da humanidade está colocada à prova”, disse. “Todas as luzes de alerta estão ligadas quanto à pandemia”, disse o coordenador do grupo de Análise de Conjuntura da CNBB ao iniciar a reflexão sobre o primeiro ponto da análise. Ele chamou a atenção para dados do Observatório da Covid-19, da Fiocruz, que evidenciam as altas taxas de ocupação dos leitos de unidade de terapia intensiva. Também chamou a atenção para a rapidez do agravamento do colapso do sistema de saúde e a falta de assistência que tem impacto em outras formas de morte.
Mensagem para o papa Francisco
Em todas as Assembleias Gerais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), os bispos enviam uma mensagem ao papa, como gesto de fidelidade e comunhão com o Sumo Pontífice. Neste ano, mesmo com o encontro sendo realizado na modalidade on-line, os bispos dedicaram um momento da manhã para aprovar um texto que foi, previamente, redigido por um grupo de bispos. A apresentação do texto foi realizada por Dom Severino Clasen, arcebispo de Maringá (PR), que compõem essa equipe de redação.
Na proposta do texto, o episcopado renova sua fidelidade e comunhão com o papa Francisco, reconhecendo seus inúmeros esforços para construir a unidade na Igreja e favorecer o diálogo inter-religioso e cultural. Também manifesta gratidão pelas iniciativas eclesiais e sociais e pela proximidade e solidariedade do Pontífice com o povo brasileiro, neste tempo de pandemia.
Fonte e fotos: CNBB Nacional
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