Estamos no embalo do tempo pascal. Um sentimento de Páscoa deve ser vivido diariamente por todos que nos dirigimos à Galileia para encontrar Jesus. O tempo pascal nos recoloca nos caminhos do Senhor Ressuscitado. O Ressuscitado nos lembra o processo de libertação da vida. Ele traz no seu corpo as marcas da paixão. Para chegar à glória da ressurreição Jesus foi entregando a sua vida com confiança. Teve encontros libertadores com as pessoas. Falou de vida nova, reintegrou muita gente na sociedade, reconstruiu a vida. No final da sua missão nos presenteou com a Eucaristia e o sacerdócio.
Após a sua morte o Pai o ressuscitou. Ele foi se manifestando aos discípulos e a Igreja foi surgindo fortalecida pelo Espírito.
Na ressurreição, não apenas o túmulo abriu-se, mas o morto que estava dentro dele viveu e veio para fora. Creio que na noite da vigília pascal cada pessoa quis e até conseguiu abrir o túmulo da sua vida. Que bom que isso aconteceu. Mas, é preciso vir para fora.
O ser humano tem o costume de fabricar o seu próprio túmulo; cria as paredes que escondem o seu egoísmo, o seu orgulho, os seus vícios, a sua injustiça, os seus maus tratos e os seus ressentimentos. Há sempre uma tendência em querer ser sepultado a cada dia. É até mais cômodo estar sepultado, pois assim a visão do mundo fica encurtada. Este sepultamento é também chamado de alienação, de comodismo ou de fuga.
A Páscoa abriu o túmulo. Mas abrir o túmulo é muito pouco. Abrir sem renovar ou ressuscitar o que está dentro causa medo, nojo ou repulsa. É importante não apenas abrir e sair, mas sair ressuscitado, ou seja com novas esperanças. Ressurreição é processo contínuo na vida. Há sempre um desejo de voltar atrás. Há uma certa saudade da escravidão do pecado, dos vícios e da vida anterior. Não podemos ficar parados. Nascemos no caminho da ressurreição.
Neste tempo pascal o túmulo se torna lugar de saída. Esse termo tão usado ultimamente. Do túmulo sai Maria Madalena anunciando Cristo Ressuscitado, saem Pedro e João e principalmente saí Jesus que vem para fora. É preciso sairmos de nossos túmulos com um semblante de ressuscitado.
Para manter o processo de ressurreição é preciso orar em ritmo pascal. Orar é respirar na graça. Orar em ritmo pascal é estar sempre cuidando das feridas que emergem no processo de viver, é curar o relacionamento com Deus, com as pessoas, com a natureza e consigo mesmo. Orar em ritmo pascal é permitir ser presenteado com os sentimentos de Deus.
Orar sempre e de maneira pascal tende nos levar a viver com o coração em festa; se é bem verdade que somos caminhantes e experimentamos a dor, o pecado e a morte, também é certo que em Cristo vencemos tudo e seu amor há de durar sempre.
Até mesmo quando a dor, o cansaço, a tristeza, o pecado quiser desanimá-lo não pare de olhar, de confiar, de esperar. Continue buscando o Senhor, pois o encontro consolador virá. Santo Agostinho disse em forma orante: “Se quando tu me buscavas eu te fugia, agora que te busco como não vai acontecer o encontro?”
O tempo pascal é propício para orar na presença do Senhor ressuscitado que torna o homem novo. Não deixe de orar em ritmo pascal.
Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo de Uruaçu – GO
Presidente do Regional Centro Oeste – CNBB