No dia 25 de janeiro a Igreja celebra a conversão de Saulo, que se torna Paulo, apóstolo de Jesus para os pagãos. Esta experiência de Paulo apresenta-se a todos como um constante convite a lançar um olhar para si, para suas escolhas, para suas atitudes diante da proposta de Deus para sua família. Paulo diz que era perseguidor da Igreja “... porque agia por ignorância, não tendo ainda alcançado a fé” (1Tm 1,13b); pensava ele estar fazendo o certo, o melhor e, no entanto, estava combatendo o desígnio de salvação “Daquele que me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça” (Gl 1,15) tanto para sua vida como para a humanidade.
Não posso deixar de pensar nos “paulos” da atualidade vivendo situação semelhante em suas famílias e comunidades. Pessoas que, por ignorância e falta de uma fé profunda, estão ao contrário alicerçadas em suas certezas e convicções humanas, não conseguindo ver, entender e acolher o desígnio de Deus para si e para suas famílias. Colocam-se, em seus ambientes, atrapalhando ou até prejudicando a realização do projeto de Deus para si e para sua família.
Quantas pessoas foram alcançadas pela graça de Deus com a conversão de Paulo. E este precisou ficar primeiramente cego durante três dias; precisou perder suas referências humanas para poder acolher de coração livre, de mente aberta e com vontade sincera aquela missão que o Senhor Jesus apresentava nas palavras de Ananias: “Porque tu serás a sua testemunha diante de todos os homens, daquilo que vistes e ouvistes” (cf. At 22,15). Que nós também possamos viver esta experiência de conversão para o bem daqueles que estão unidos a nós, começando em nosso ambiente familiar. As famílias e a sociedade necessitam de novos “Paulos” numa sociedade marcada pela ignorância religiosa e a incredulidade.
Dom Moacir Arantes
Bispo auxiliar de Goiânia