Quinta, 02 Junho 2016 18:46

Jornada da Cidadania: o maior presente

 

Realizamos a 3ª edição da Jornada de Cidadania, iniciativa que ocorre há 12 anos. Reformulou-se no tempo e ganhou experiência. Cresceu em tamanho e em participação. Envolveu mais gente para atuar. Firmou-se no calendário de Goiânia e de Goiás. Fortaleceu as iniciativas sociais da universidade e a Pastoral Social da Arquidiocese. Encorajou-nos para uma educação com responsabilidade social e uma evangelização sempre a serviço da vida. Por tudo isso, a Jornada é muito mais que um evento. A Jornada de Cidadania é um projeto, uma caminhada e uma causa!

Nesses dias de Jornada, celebrei outra jornada pessoal: 70 anos de jornada da vida. Compartilho, então, com vocês, o que significa chegar até essa idade, após sete longas décadas de caminho percorrido.

Aquele menino baiano que um dia saiu de Itabuna, tocado por um especial chamado de Deus, que lhe ressoou no coração, percorreu longas distâncias, geográficas e humanas, para chegar aos 25 de maio de 2016. Andei, estudei, cresci, amadureci na vida. E aqui estou, agradecido a Deus por celebrar com vocês. Essa Jornada de Cidadania significa para mim um grande e confortador presente de aniversário. Por isso, minha profunda gratidão a todos e a cada um de vocês!

Com 70 anos de vida, aprendi de Deus e da vida, que “ninguém é tão pobre que não tenha nada a dar, e ninguém é tão rico que não tenha nada a receber”. Aprendi com Deus e com a vida, que nossas lágrimas de dor podem regar as sementes e formar belos jardins.

Aprendi com a vida que depois das tempestades vem a bonança, que depois das noites escuras vem o dia, que depois da morte nasce a vida. Aprendi que os caminhos, embora longos e árduos, sempre são uma escola que ensina, um desafio que movimenta, uma direção que orienta. Aprendi que sozinho não sou ninguém e que todos os que fizeram e fazem parte de minha existência são um dom de Deus. Aprendi com a vida que as doenças também são uma ocasião de experimentar a proximidade com Deus e que cada minuto que vivo precisa ser assumido com intensidade e com amor.

Aprendi com a vida que as palavras são muito importantes, mas que os gestos e o testemunho são a mais bela mensagem que se pode anunciar ao mundo. Aprendi que nada do que me aconteceu foi por acaso. Tudo teve um propósito nos desígnios de Deus. Que as conquistas e realizações não são o resultado da sorte. Acontecem porque há empenho, esforço e trabalho, e sempre sob a graça de Deus.

Aprendi com a vida que um profundo abismo de mistérios habita os acontecimentos de cada dia. E que é preciso perscrutá-los e acolhê-los com reverência no coração. Aprendi com a vida que o silêncio também é uma eloquente linguagem de amor e que do silêncio devem nascer todos os nossos gestos, ações e palavras.

Aprendi com a vida que todas as idades que vivemos têm alegrias, tristezas, desafios e esperanças. E que é preciso viver com intensidade todas as idades, que é preciso assumir a própria idade, que é preciso reconhecer o tempo como uma preciosa dádiva do Senhor. Que o tempo não pode ser desperdiçado com futilidades. Que o tempo é uma grande ocasião para fazer o bem.
Aprendi com a vida que o outono também é uma linda estação, com o seu entardecer tingido por um lindo céu avermelhado. E que o meu outono existencial também tem sua própria beleza, adornada pela experiência, pela serenidade e pela gratidão.

Aprendi com a vida que a oração nos fortalece e que é preciso orar incessantemente, com os lábios, com a mente e com o coração. Orar pelos que precisam, orar pelos que nos pedem orações, orar pelo mundo, orar pela Igreja, orar por nós mesmos!

Aprendi com a vida que é preciso sonhar, que é preciso ter esperança, que é preciso ter causas e ideais na vida. E que os nossos sonhos, quando compartilhados com os outros, podem se tornar realidade.

Aprendi com a vida que “não há paz sem justiça e não há justiça sem o perdão”. Aprendi que a solidariedade e o amor aos pobres é amor ao próprio Cristo.

Aprendi, enfim, que o amor tudo vence, tudo transforma, tudo reinventa. Que o amor tem paciência, suporta tudo, tudo crê e tudo espera. Que o amor jamais vai acabar, porque Deus caritas est, “Deus é amor”.

 

Dom Washington Cruz, CP

Arcebispo Metropolitano de Goiânia

 

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