Segunda, 22 Mai 2023 17:18

Ascensão: O Senhor se elevou e nos elevou

Chegou o dia da partida. Nos arredores de Jerusalém, Jesus reuniu pela última vez os seus discípulos e lhes entregou a missão. Agora, de maneira plena, nós deveríamos continuar o Reino que Ele inaugurou.

Depois de prometer o Espírito Santo, os apóstolos nos recordam que “Jesus foi levado ao céu, à vista deles. Uma nuvem o encobriu, de forma que seus olhos não mais podiam vê-lo” (At 1,9).

O Senhor havia ensinado tudo que precisávamos. Ele mesmo sabia disso. Com a vida e a palavra, que nEle era uma coisa só, elevou a humanidade ao limite de sua condição, até que foi possível tocar o céu. Rompendo os limites entre a vida e morte Ele rasgou o último véu que nos impedia de chegar a Deus.

Entretanto, despedir-se dos amigos nunca é fácil; principalmente se esse amigo deu a prova suprema de seu amor. Atordoados, com olhos voltados para cima, permanecemos por algum tempo inertes. Não era tristeza, era estupor por testemunhar e se admirar, ainda mais, com aquele que sem se prender a sua divindade caminhou conosco.

Era o estupor de memórias perdidas. Memórias oscilantes que fazia todos se perguntarem: por que, como Pedro, também não nos jogamos ao mar só para abraça-lo primeiro? Por que nos contentamos com a sua ausência, ainda que breve, quando esteve conosco?

Mas suas próprias palavras, agora no arcabouço dos corações, são capazes de curar, pois, como Ele mesmo disse, não fomos nós que o escolhemos, mas Ele que nos escolheu.

Então o Senhor nos tirou do sono e da quietude ao nos chamar à razão, dizendo: "Homens da Galileia, por que ficais aqui, parados, olhando para o céu? (At 1,11). Com essas palavras Ele reabre o caminho. A sua vinda ao mundo foi afetiva, porque sabia que o coração humano só segue aquilo a que ama, mas era também, missionária. A sua missão é a nossa missão. Deste ponto em diante, sem reserva, pois Ele confiou a nós continuar o que Ele mesmo havia começado.

O Reino é feito de gente. De discípulos e discípulas que devem se multiplicar nos tempos vindouros. Recebemos dEle este mandamento: “ide e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei!” (Mt 28, 19-20).

Deu-nos uma tarefa difícil. Impossível ao nosso julgamento. Continuar o seu próprio trabalho neste mundo é desejo que se desprendeu do inexorável coração da Trindade, revelado nos últimos dias a nós.

Deu-nos mais do que podíamos suportar. Mas Ele nos conhecia por dentro. Conhecia a nossa força interior e a nossa fé. Conhecia-nos mais do que nós mesmos nos conhecemos; por isso, nos lançou no mundo como cordeiro em meio a leões, e nós fomos.

Toda vez que o derrotismo se apossa da missão, toda vez que a muralha na frente se agiganta e os abismos parecem instransponíveis lembramos da promessa que Ele fez ao se despedir de nós: “Eis que eu estarei convosco todos os dias, até ao fim do mundo". Deste modo, Ele se elevou e nos elevou, e o Céu se abriu para o mundo inteiro, até os dias de hoje.

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO)

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