Este III domingo do Advento é chamado Gaudete ou domingo da Alegria, porque se aproxima a vinda do Senhor, Ele está pertinho de nós. O nosso coração vibra de alegria na expectativa do seu encontro.
De fato, Ele já está entre nós. O convite de Paulo nos motiva neste domingo: “Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito: alegrai-vos! ” (Fl 4,4). Ele vem ao encontro do seu povo trazendo a esperança de um mundo novo. Como expressão dessa alegria, pode-se usar a cor rósea nos paramentos.
O papa Francisco valoriza muito o sentimento de alegria. Ele inicia sua primeira Exortação Apostólica, Evangelii Gaudium, com a palavra alegria, dizendo: “a alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus! ” Afirma ainda que Jesus liberta do pecado, da tristeza, do vazio interior e do isolamento. Com ele renasce sem cessar a alegria (Cf. EG n. 1). A palavra alegria aparece 62 vezes naquele documento. O papa convida-nos a uma nova etapa evangelizadora marcada pela alegria. O convite à alegria é dirigido a todos, ninguém deve ser excluído da alegria trazida pelo Senhor (n. 3). Essa alegria do Evangelho que enche a vida da comunidade dos discípulos de Jesus é uma alegria missionária (n. 21). Francisco testemunha que as alegrias mais belas e espontâneas que viu ao longo da sua vida, foram as alegrias das pessoas muito pobres que tinha pouco a se agarrar (Cf. EG n. 6). Os pobres, na resistência pela vida, afirmam que “tristeza não paga dívida”.
O papa constata o risco de uma tristeza individualista no mundo atual, no coração daqueles que se fecham nos seus próprios interesses e não abrem espaços para os outros; risco também para os crentes. Muitos caem nele e tornam-se pessoas ressentidas, queixosas e sem vida (Cf. EG n. 2). Francisco chama a atenção daqueles cristãos que parecem ter escolhido viver uma Quaresma sem Páscoa (Cf. EG n. 6); daqueles lamurientos derrotados de antemão, desencantados e com cara de vinagre. Adverte ainda, quanto à mentalidade de túmulo, que transforma os cristãos em múmias de museu (Cf. EG n. 83). O papa reconhece as circunstâncias duras na vida, que vergam algumas pessoas à tristeza que são obrigadas a suportar, mas diz que nas piores angústias não devemos perder a esperança, permanece um feixe de luz que brota da certeza de sermos infinitamente amados por Deus, cuja misericórdia é infinita (Cf. EG n. 6). Ele lembra que o estandarte do cristão é sempre uma cruz e que, na experiência do deserto podemos descobrir a alegria de crer, o valor do que é essencial para a vida (EG nn. 85-86).
Nesse tempo do Advento a Igreja nos convida a renovar a esperança e a cultivar a alegria. Como Maria, posta em destaque na última semana do Advento, somos convidados a alegrar o nosso coração, pois o Senhor está conosco (Cf. Lc 1,28). Jamais deixemos que nos roubem a alegria da Evangelização! (Cf. EG n. 83). Ninguém seja privado da alegria do nascimento de Jesus Cristo (Cf. Lc 2,10).
Dom Jeová Elias
Bispo Diocesano de Goiás