Os catequistas ganharam um presente neste 2021: a Carta Apostólica Antiquum Ministerium, escrita pelo Papa Francisco no dia dez de maio. Na verdade, o presente foi para a Igreja, para as comunidades. Com essa carta, o Papa institui o Ministério do Catequista, ressaltando a particular e tão importante cooperação dos fiéis leigos na missão evangelizadora da Igreja, ao compartilharem conhecimento e testemunho de vida cristã com os irmãos e irmãs de todas as idades.
Parabéns, catequistas! Recebam nossa gratidão e nossas preces por sua perseverança e contínua alegria nesta incrível e desafiadora missão. Neste seu dia, o quarto domingo do mês vocacional, reconhecemos a importância de um carisma presente desde as comunidades do Novo Testamento. O Espírito Santo as enriquecia com numerosos dons, na unidade da mesma fé e de um só batismo (Ef 4,5). Hoje também é assim. O Espírito Santo suscita carismas e ministérios para o fortalecimento da vida e missão da Igreja.
O Papa Francisco recorda que ao longo da história, bispos, sacerdotes e diáconos, juntamente com muitos homens e mulheres de vida consagrada, dedicaram a sua vida à instrução catequética, para que a fé fosse um válido sustentáculo para a existência pessoal de cada ser humano. E, depois, acrescenta: Não se pode esquecer a multidão incontável de leigos e leigas que tomaram parte, diretamente, na difusão do Evangelho através do ensino catequético. Homens e mulheres, animados por uma grande fé e verdadeiras testemunhas de santidade, que, em alguns casos, foram mesmo fundadores de Igrejas, chegando até a dar a sua vida. (AM 3)
O tempo atual nos aproxima da vida da Igreja em seus primórdios, pois podemos aprender muito com aqueles inícios, quando os discípulos de Jesus viviam num ambiente cultural adverso. Eles precisavam anunciar a Boa Nova de pessoa a pessoa, com processos de Iniciação à Vida Cristã muito bem cuidados, onde o conhecimento das palavras de Jesus era acompanhado de um progresso na vida de oração e da inserção gradual em uma comunidade com fortes vínculos fraternos.
Descuidar dos “processos de continuidade” em ambientes comunitários preparados nas paróquias, expõe a catequese a uma situação de desconforto e, muitas vezes, de desânimo, pois os catequizados de dispersam, fazem escolhas de vida que contradizem as propostas do Mestre Jesus recebidas nos encontros catequéticos.
Ao acolhermos jovens e adultos na catequese, ou no catecumenato paroquial, devemos ter clara meta de sua inserção em uma pequena comunidade de jovens ou de adultos. A vida cristã é essencialmente comunitária. A catequese de inspiração catecumenal se torna um momento de gestação para a vida em Cristo numa Comunidade Eclesial Missionária. Os catequistas se tornam como que pais e mães dessas pequenas comunidades. Concluída a Iniciação Cristã, abre-se o tempo da formação permanente, com uma espiritualidade bíblica e litúrgica, num clima de amizade vinculante, de caridade, começando a pôr os pés na estrada da missão.
No caso das crianças e adolescentes, a catequese colabora num processo mais longo de iniciação, acompanhando as fases de desenvolvimento humano, cuidando para que tenham uma vida familiar que as apoie nas escolhas e estilo de vida cristãs. Por vezes, a partir das crianças, um(a) catequista pode tornar-se evangelizador(a) de seus pais, ou de outros membros das famílias. As sementes lançadas na catequese precisam de ambiente pessoal e comunitário para poderem crescer. Daí o valor da família e das pequenas comunidades para que o fruto da semeadura seja abundante.
Dom Waldemar Passini Dalbello
Bispo de Luziânia – GO
Membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética