Terminou ao meio-dia deste domingo, 21 de agosto, o XXI Encontro Nacional da Pastoral da Educação, evento promovido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e realizado no Centro Pastoral Dom Fernando (CPDF) em Goiânia, desde a sexta-feira, 19, com o tema “Pastoral da Educação: centralidade, identidades e missão”. Participaram presencialmente 110 pessoas dos 19 regionais da CNBB e cerca de 900 pessoas em modo on-line pela transmissão ao vivo pelo youtube da Conferência.
Durante todo o evento houve diversas atividades como painéis, oficinas, mosaicos, espaço para apresentação e discussão dos temas propostos e de iniciativas em várias vertentes da Igreja no Brasil, na área da educação. “Foi um encontro muito positivo e os trabalhos se desenvolveram de modo programado com a análise da realidade feita a partir da provocação inicial de dois professores e depois com mosaicos em que tivemos a participação de nove professores e professoras”, disse em entrevista à Assessoria de Comunicação do Regional Centro-Oeste, Dom João Justino, arcebispo de Goiânia e presidente da Comissão Episcopal para a Cultura e Educação da CNBB.
Os mosaicos “Rostos e Vozes da Pastoral da Educação” a que se referiu o arcebispo, foi realizado na manhã do sábado, 20 de agosto. Na ocasião, nove experiências “rostos e vozes da ação pastoral no campo da educação no país” foram apresentadas indicando aspectos práticos e de organização do seu respetivo tema de maneira que ajudasse os participantes a entender a respectiva ação pastoral. Lúcia Helena Miranda Bastos, agente da Pastoral da Educação na Diocese de Oliveira (MG) foi uma das participantes. “Eu discorri sobre a parceria da Secretaria de Estado de Educação com as secretarias municipais de educação e a Pastoral da Educação. Tivemos várias experiências, relatos de como essa pastoral tem se movido, como ela tem acontecido e o que cada região partilhava e colaborava para os demais participantes do encontro”.
Segundo Dom João Justino, o quadro da educação brasileira é bastante complexo, de modo que é impossível fazer uma análise exaustiva do cenário, mas durante o encontro foi possível observar os desafios que são visivelmente mais identificados e estão de algum modo a interpelar os agentes evangelizadores da Pastoral da Educação. “O encontro alcança o seu objetivo que é despertar esses agentes para ações que podem acontecer lá na base, no âmbito das dioceses, sobretudo nossa preocupação é o cuidado com a educação pública considerando que as escolas católicas têm uma programação própria de acompanhamento dos educadores, mas muitos que estão na rede pública carecem e chegam a pedir subsídios, acompanhamento, presença de nossa parte e aqui nós fomos descobrindo muitos modos de nos fazer presentes no âmbito da educação pública”, afirmou.
Dias enriquecedores
Para o assessor nacional para a educação da CNBB, padre Júlio César Evangelista Resende, os três dias de encontro foram enriquecedores. “Pela oportunidade de refletirmos juntos os desafios atuais na nossa missão educativa, seja nas escolas católicas, e principalmente nas escolas públicas onde temos 80% dos alunos brasileiros”. A marca do encontro, destacou padre Júlio, foi o espaço de reflexões e a partilha das inúmeras experiências da Pastoral da Educação Brasil a fora. O assessor da CNBB citou alguns compromissos assumidos pelos agentes durante o encontro. “O primeiro compromisso é de conduzir uma educação que seja marcada por essa experiência cristã, ou seja, da dignidade da vida humana, do valor da solidariedade, da abertura à experiencia religiosa, de fé das pessoas, educar na perspectiva integral, ou seja, de uma educação que envolva a pessoa na sua totalidade por inteiro, não apenas nos aspectos cognitivos, mas também a parte humana de relacionamento e compromisso com a vida. Então esse é um compromisso que assumimos. O segundo, é o compromisso de sermos multiplicadores das ações da Pastoral da Educação em todos os regionais”.
No terceiro e último dia do encontro houve o Painel Desafios educativos e pastorais e indicações, que teve como palestrantes o padre Rogério Ferraz, a irmã Cláudia Chesini e o padre Max Costa. Este último falou sobre o pluralismo nos ambientes educacionais e o testemunho da fé cristã. “Em primeiro lugar, eu apresentei como se dá esse pluralismo que hoje alcança a sociedade em todas as suas facetas e consequentemente iluminadas pelo testemunho cristão que faz toda a diferença não só na vida da pessoa, mas também no ambiente onde ela está inserida”. Padre Max também coordenou o trabalho de composição da Carta Final do encontro que foi lida no final do encontro e que foi encaminhada a todos os educadores do Brasil diante da perspectiva da realidade que nós temos e do desejo daquilo que a Pastoral da Educação busca alcançar.
O professor Valdivino Ferreira, coordenador da Pastoral da Educação no Regional Centro-Oeste da CNBB, apontou o encontro como um momento forte de reflexões, cujo objetivo é implementar as ações da Pastoral da Educação em todo o Brasil. Hoje, principalmente, neste tempo de pandemia, a pastoral precisa alcançar mais lugares, mais pessoas e mostrar uma nova perspectiva, uma nova esperança, conforme explicou. “Os professores hoje estão muito doentes, muitos perderam a sensibilidade de vislumbrar a luz no fim do túnel diante de tantas dificuldades enfrentadas na pandemia e a Pastoral da Educação é esse espaço que apresenta nova perspectiva e esperança para eles, sobretudo na educação pública”, declarou o professor.
Carta de Goiânia
Ao fim do encontro foi divulgada a Carta de Goiânia. Trata-se da carta final do evento. O texto destaca que os educadores reunidos discutiram e refletiram a centralidade, identidades e missão da Pastoral da Educação, motivados pela Campanha da Fraternidade 2022 e pelo Pacto Educativo Global. Enfatiza que a Igreja a partir da referida pastoral está ciente da complexidade que envolve o universo educativo e que denuncia os descompromissos das autoridades com a educação. A Carta ainda aponta a falta de um projeto de Estado para a educação e o contínuo processo de enfraquecimento das escolas e universidades. A Carta de Goiânia motiva para o empenho na consolidação da Pastoral da Educação a fim de que uma educação humana e integral seja estabelecida no Brasil.
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