Ser santo no mundo atual

Ser santo é uma vocação que está ligada ao Sacramento do Batismo. Todas as pessoas são chamadas a se santificarem. Toda ação da Igreja visa a santificação das vidas. O pecado é o grande estorvo para a santificação. Buscar a libertação do pecado pessoal e social é uma necessidade para que a vida seja mantida no processo de santificação. A pessoa santa nunca se considera santa, mas sabe que na sua imperfeição está um caminho aberto para Deus e, por isso pede perdão pelas suas falhas e seus pecados.

Recentemente, por meio da sua Exortação Apostólica, “Gaudete Et Exultate”, o papa Francisco fez um chamado para as pessoas serem santas no mundo atual. Assim ele se expressou: “O meu objetivo é humilde: fazer ressoar mais uma vez o chamado à santidade, procurando encarná-la no contexto atual, com os seus riscos, desafios e oportunidades, porque o Senhor escolheu cada um de nós “para ser santo e irrepreensível na sua presença, no amor” (cf Ef 1,4)” (GE 2).

Como nós frágeis pecadores podemos trilhar os caminhos de santificação? O papa lembra que “nos processos de beatificação e canonização, tomam-se em consideração os sinais de heroicidade na prática das virtudes, o sacrifício da vida no martírio e também os casos em que se verificou um oferecimento da própria vida pelos outros, mantido até a morte” (GE 5). Aí está uma boa dica para se construir a santidade de vida pessoal. Procurar praticar as virtudes de tal forma que elas se tornam forças santificadoras. Algumas pessoas passam pelo martírio do derramamento de sangue, mas a grande maioria vive seu martírio diário na sua vida em família e na sociedade. Por fim existem muitas pessoas que oferecem suas vidas em favor dos outros.

Um jeito de oferecer a vida é amar sem esperar recompensa. Quem espera reconhecimento, ou recompensa pode se frustrar, pois o elogio, o reconhecimento pode não vir. A pessoa que está buscando sua santidade de vida nunca fica esperando dos outros, mas é sempre ela a dar o primeiro passo.

Existem muitos sinais de santidade na vida humana. Os meios de comunicação divulgam hoje tragédias, sofrimentos. No meio destas dores estão muitas pessoas com belos testemunhos de santidade. São pessoas de oração e de doação generosa de suas vidas.

“Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde se encontra” (GE 14). Conta-se que um homem estava morrendo e começou a pedir a chave do Céu. Trouxeram imagens de santos, a Bíblia e ele continuava pedindo a chave do Céu. Até que enfim alguém se lembrou que aquele homem tinha sido alfaiate e então trouxeram-lhe a tesoura e a agulha com a linha, ele serenou-se e morreu em paz. O trabalho feito com amor pode ajudar na santificação. “Cada cristão, quanto mais se santifica, tanto mais fecundo se torna para o mundo” (GE 33).

Para se santificar é preciso deixar-se envolver no Mistério de Deus. “Dissemos tantas vezes que Deus habita em nós, mas é melhor dizer que nós habitamos n’Ele, que Ele nos possibilita viver na sua luz e no seu amor. Ele é nosso templo” (GE 51). Como dizia Dom Helder Câmara, podemos também dizer: “Deus é meu endereço. Moro em Deus”.

Uma boa leitura desta Exortação Apostólica vai ajudar a aprofundar esse tema da santidade e cada santo vivo poderá com seu testemunho ajudar este mundo ser melhor. O santo é um vencedor de desafios.

Dom Messias dos Reis Silveira
Bispo Diocesano de Uruaçu
Presidente do Regional Centro-Oeste da CNBB