Semana Santa: Via crucis, via lucis

Celebrações e tradições religiosas levam os católicos às ruas, da Semana Santa à Páscoa.

Os dias da Semana Santa e da celebração da Páscoa são os mais importantes do calendário litúrgico da Igreja Católica e mostram um patrimônio cultural e religioso que se conta entre os mais importantes do nosso país.

Fervor e tradição marcam centenas de procissões, juntando milhares de pessoas em volta do mistério da morte e ressurreição de Cristo. Vias-Sacras e autos da Paixão, as procissões do Senhor Morto e outras manifestações arrastam multidões.

Milhares de figurantes procuram reproduzir, o mais fielmente possível, os últimos momentos de vida de Jesus, relatados nos Evangelhos. O Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia, publicado pela Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos em 2002 sublinham que a piedade popular se compraz na devoção a Cristo Crucificado.

Para a Igreja Católica, contudo, esta semana é apenas a porta de entrada na verdadeira festa, a Páscoa, que se celebra Domingo próximo. A Páscoa é a primeira festa cristã em importância e antiguidade. Não admira, pois, que já no Concílio de Niceia no ano 325, haja prescrições sobre o prazo dentro do qual se pode celebrar a Páscoa, conforme os cálculos astronômicos (primeiro Domingo depois da lua cheia que se segue ao equinócio da primavera): de 22 de março a 25 de abril. Ainda que sem a visibilidade das celebrações que a precederam, em muitos casos, a Páscoa encontra na piedade popular várias expressões que ajudam a traduzir o sentimento religioso, agora mais centrado numa vertente gloriosa. O Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia passa em revista algumas dessas práticas de piedade, antigas e mais recentes: o encontro do Ressuscitado com a Mãe (n. 149); a bênção da refeição familiar (n. 150); a saudação pascal à Mãe do Ressuscitado (n. 151); a bênção anual das famílias em suas casas (n. 152); a “Via lucis” (n. 153); a devoção à divina misericórdia (n. 154); e a novena de Pentecostes (n. 155). Todas essas expressões cultuais “exaltam a condição nova e a glória de Cristo ressuscitado, assim como a força divina que jorra da sua vitória sobre o pecado e sobre a morte” (n. 148).

No Domingo de Páscoa, em muitos lugares, e em alguns locais nos dias seguintes, o sacerdote acompanhado por mais algumas pessoas, transporta o crucifixo e leva à casa dos paroquianos a “boa nova” e a “bênção pascal”. As pessoas da família, amigos e vizinhos reúnem-se e ajoelham na sala principal, onde o padre lhes dá a cruz a beijar. Particularmente relevante no tempo pascal é a vivência da alegria como cristão.

Dom Washington Cruz, CP

 

Arcebispo de Goiânia