“Semana Santa não é folclore, nem teatro, mas o mistério da redenção da humanidade”

 

A afirmação é do bispo da Diocese de Rubiataba-Mozarlândia e referencial para a liturgia do Regional Centro-Oeste (Goiás e Distrito Federal) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) dom Adair José Guimarães.

O bispo explica que a Semana Santa é um tempo forte de meditação, cujo foco é a humilhação de Jesus Cristo. “Semana Santa não é folclore, nem teatro, mas o mistério da redenção da humanidade; para percorrermos o caminho até Deus, precisamos ter a humildade de Cristo”, afirmou. Sem essa humildade, continuou, “é impossível porque a fé requer desprendimento; Jesus que era o filho de Deus não se apegou à sua condição divina”.

Dom Adair alerta que humildade e orgulho são opostos. “Um nos torna grandes, o outro nos condena”. Segundo ele, as reflexões espirituais da Semana Santa dão sequência àquelas vivenciadas ao longo de toda a Quaresma: Oração, jejum, esmola. “Até Quinta-feira Santa, à tarde, estaremos nessa dimensão da conversão, sob os efeitos espirituais da Quaresma”. A Sexta-feira Santa é dedicada à penitência e jejum e o Sábado nos convida ao silêncio e meditação. “Os apelos à penitência continuam até desembocarmos na alegria da Ressurreição”, explicou.

Uma Semana Santa sem sentido, conforme dom Adair, é viver sem contemplar os últimos passos de Jesus na terra. “Cresce o número de pessoas que não têm mais respeito pela Semana Santa, também porque há muitos corações que não foram evangelizados, que não tiveram um encontro pessoal com Deus e veem esta semana como mais um feriadão e partem para a bebida alcoólica e outros comportamentos que afloram os desejos da carne e do pecado; é um desafio para a Igreja”.

Para as pessoas não correrem o risco de viverem de maneira trivial a Semana Santa, dom Adair enumera alguns sinais profundos que precisam ser observados atentamente. “Um sinal importantíssimo nesta semana é o Tríduo Pascal que começa na Quinta-feira Santa; este dia nos lembra da instituição da Eucaristia; na noite deste mesmo dia, celebramos na Catedral a instituição do Sacerdócio e o bispo reúne o seu Clero para a renovação do sacerdócio, liturgia que também envolve o rito do Lava-pés, entendido como serviço, caridade, amor ao próximo; na Sexta-feira Santa somos convidados a adorar a cruz de Cristo que morreu pelos nossos pecados”.

Por fim, o bispo de Rubiataba-Mozarlândia destaca que no Sábado de Aleluia a Semana Santa é coroada com a Vigília Pascal. “É o dia da renovação das promessas batismais em que morremos para o pecado e renascemos em Cristo; neste dia temos uma liturgia muito bonita com o ritual do fogo, o canto do exulta”. O tríduo é a unidade litúrgica para a celebração da Páscoa.
Para entender melhor a liturgia da Semana Santa, dom Adair convida as pessoas a olharem este período como um grande retiro paroquial. “É uma semana para nos dedicarmos às atividades litúrgicas na comunidade paroquial e vivermos na intimidade o mistério da Páscoa”.

Páscoa: ápice da vida cristã

Questionado sobre a importância da Páscoa, dom Adair mais uma vez explicou que se trata do fundamento da fé cristã. “Para nós cristãos é a dimensão espiritual que nos tira da condição de pecadores para a salvação, através do sacrifício determinante e determinado de Cristo”, e afirma que todo o calendário litúrgico gira em torno desse mistério. “Nós não celebramos a missa várias vezes, mas sempre o mesmo sacrifício da cruz que é o fundamento da nossa fé porque todos os momentos litúrgicos direcionam para a Páscoa; bastou um sacrifício do calvário para Deus fazer a sua aliança eterna com a humanidade. É muito simples, porém difícil de entender”.