“O múnus episcopal à luz do Vaticano II”, foi o tema do retiro dos bispos reunidos na 53ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que acontece entre os dias 15 a 24 de abril, em Aparecida (SP). O retiro foi orientado pelo arcebispo de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio Rocha. O momento espiritual teve início na tarde de sábado (18) e prosseguiu até o final da manhã de ontem (19).
Segundo dom Geraldo, “como sucessores dos apóstolos, os bispos recebem a missão de ensinar todos os povos e de pregar o Evangelho a toda criatura, para que todos os homens se salvem pela fé, pelo batismo e pelo cumprimento dos mandamentos”. O arcebispo recorreu às fontes do Concílio Vaticano II.
Dom Geraldo também destacou que o povo gosta do Evangelho quando é pregado a partir da realidade. “O nosso povo gosta quando o Evangelho que pregamos chega ao seu dia a dia, quando escorre como o óleo de Aarão até as bordas da realidade, quando ilumina as situações extremas, as periferias (…) As pessoas agradecem-nos porque sentem que rezamos a partir das realidades da sua vida de todos os dias, as suas penas e alegrias, as suas angústias e esperanças”, disse. E exortou os bispos a anunciarem o Evangelho e a ensinar, segundo a Doutrina da Igreja, quanto “valem a pessoa humana, com a sua liberdade e a própria vida corpórea; a família e a sua unidade e estabilidade, a procriação e a educação dos filhos; a sociedade civil, com as suas leis e profissões; o trabalho e o descanso, as artes e a técnica; a pobreza e a riqueza”.
Simplicidade
A missão de governar e a vocação à santidade foram os dois focos das pregações, na manhã deste domingo (19) durante o retiro dos bispos. Na reflexão, dom Geraldo afirmou que “os bispos governam as igrejas particulares que lhes foram confiadas como vigários e legados de Cristo, por meio de conselhos, persuasões, exemplos, mas também com autoridade e poder sagrado, que exercem unicamente para edificar o próprio rebanho na verdade e na santidade, lembrados de que aquele que é maior se deve fazer como o menor, e o que preside como aquele que serve”.
Dom Geraldo também falou aos bispos sobre a simplicidade. Disse que é outra lição que a Igreja deve lembrar e que não pode afastar-se. “Às vezes, perdemos aqueles que não nos entendem, porque desaprendemos a simplicidade, inclusive importando de fora uma racionalidade alheia ao nosso povo. Sem a gramática da simplicidade, a Igreja se priva das condições que tornam possível ‘pescar’ Deus nas águas profundas do seu Mistério”, disse.
Pediu, ainda, para que os bispos exponham os princípios com que se hão de “resolver os problemas gravíssimos da posse, do aumento e da justa distribuição dos bens materiais, da paz e da guerra, e da convivência fraterna de todos os povos; para que respondam às dificuldades e problemas que mais preocupam e angustiam os seres humanos; para que mostrem a solicitude maternal da Igreja para com todos os homens; para que tenham especial cuidado para com os pobres e fracos; para fomentem o diálogo com todos; para que aliem sempre a verdade com a caridade, a compreensão ao amor”.
À noite, os bispos participaram do lucernário, celebração durante a qual cada um acende uma vela, canta e medita a Palavra de Deus.
Informações e fotos: CNBB Nacional