Nesta sexta feira, 14 de fevereiro, já caminhando para o final da primeira etapa da visita ad limina da CNBB com o grupo de bispos do Centro-Oeste, uma programação ainda intensa será cumprida no Vaticano. Os bispos vão visitar celebrar missa na capela do hotel e depois visitar três dicastérios da Santa Sé na parte da manhã: o departamento para os Leigos, a Família e a Vida, o departamento para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral e o Pontifício Conselho para a Nova Evangelização. No período da tarde, eles têm apenas um compromisso oficial: vão visitar o Pontifício Conselho para a Tutela de Menores.
Quinta-feira
As atividades da quinta-feira, 13 de fevereiro, foram resumidas pelo padre Francisco Agamenilton, Administrador Diocesano de Uruaçu (GO) e correspondente, escolhido pelos colegas, para dar informações sobre a visita. Confira o texto enviado por ele:
Celebração da Eucaristia
Nosso dia se iniciou com a celebração da eucaristia na basílica São João de Latrão. A missa foi às 7h30 presidida pelo Cardeal Sérgio da Rocha.
Tribunal da Penitenciária Apostólica
Logo em seguida, nos dirigimos para o Tribunal da Penitenciaria Apostólica onde fomos recebidos pelo cardeal Piacenza, penitenciário maior, às 9h. Compete a este tribunal cuidar de tudo o que diz respeito às indulgências e ao foro interno, principalmente à confissão. É a este tribunal que se recorre quando se pede a absolvição dos pecados reservados à Santa Sé. Após a introdução feita por Dom José Aparecido, o cardeal enfatizou o aspecto da comunhão dos santos implicados na indulgência. Ele teceu comentários sobre a modalidade de lidar com o penitente e reforçou as atitudes de acolhida e misericórdia. Destacou ainda o testemunho de sacerdotes no empenho de favorecer o sacramento da confissão aos fieis.
Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica
O próximo compromisso foi às 10h30 na Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica. Este departamento cuida de todos os religiosos, monges, eremitas e leigos dos institutos seculares. Fomos recebidos pelo cardeal dom João Brás de Aviz e a equipe formada de vários consagrados. Dom Washington fez a apresentação do Regional Centro-Oeste no tocante à vida consagrada. Ele agradeceu todos estes homens e mulheres consagrados que no início de nossas dioceses desbravaram o Goiás com a evangelização. Neste departamento pudemos ouvir o Cardeal Aviz em sua apresentação panorâmica da situação da vida consagrada pelo mundo. Nós expomos nossos desafios e recebemos as devidas orientações.
Congregação para a Causa dos Santos
A manhã se encerrou com a visita à Congregação para a Causa dos Santos, às 12h. Fomos recebidos pelo secretário do dicastério, Dom Marcello Bartolucci. Esta congregação cuida de todo o processo que leva um católico à canonização. Desta vez a introdução foi feita por Dom Washington que apresentou como nosso povo é ligado ao culto aos santos. Dom Marcello destacou o fato de o santo ser uma grande fonte de pastoral e nos indicou alguns procedimentos no tratar a questão do processo de beatificação de alguém.
Pontifícia Comissão para a América Latina
À tarde, às 15h30, nos dirigimos para a Pontifícia Comissão para a América Latina. Sua principal função é aconselhar e ajudar as Igrejas particulares em América Latina. Logo depois da introdução feita por dom Fernando Brocchini, os oficiais da Comissão nos apresentaram a natureza da Comissão, seus trabalhos e se dispuseram a nos ajudar segundo a sua possibilidade.
Congregação para os Bispos
Terminamos nosso dia às 17h quando nos encontramos com o Cardeal Ouelet e seu secretário, dom Ilson Montanari, responsáveis pela Congregação para os Bispos. É este departamento que se ocupa daquilo que se refere à criação de uma diocese e à nomeação dos bispos, assim como o trabalho deles. Dom Waldemar apresentou o trabalho dos bispos e seus desafios no Regional Centro-Oeste. O cardeal Ouelet se interessou pelo trabalho missionário por meio dos conselhos missionários e nos incentivou a cuidar bem do clero e reforçar a colegialidade episcopal como grande sinal profético em um mundo fragmentado.
****************************
Trecho da Homilia de dom Sergio
Nós estamos aqui, neste templo tão bonito, tão conhecido. Essa igreja que tem uma especial importância no mundo todo como primeira das quatro basílicas maiores, primeira das catedrais, portanto, como bem sabemos, é a igreja-mãe de todas. E nos admiramos com a beleza deste templo e bendizemos a Deus, sabendo que a história deste templo não é tão simples. Já foi destruído por terremoto, já foi queimado, passou por incêndio, no mínimo, duas vezes. Vocês sabem bem que hoje tem pouco do templo original, se sabe com um pouco de dificuldade. Portanto, o próprio templo tão bonito que aqui está tem uma história marcada por dificuldades grandes. Aqui foram realizados, bem sabemos, cinco concílios ecumênicos, sendo que o quarto tem uma importância toda especial na Igreja, está entre, certamente, os três ou quatro maiores concílios da Igreja, o IV Concílio Lateranense. Aqui, os papas residiram por cerca de mil anos (…) o Papa São Silvestre, teria sido o antecessor dele, mas ele quem veio residir, pela primeira vez, no Palácio Lataranense dado pelo Imperador Constantino, logo depois da liberdade religiosa. E aqui os papas residiram, isto deve ter ocorrido pelos anos 300, século IV. Aqui residiram até pelos anos de 1.300, quando vão para Avinhão, os papas. E depois quando retornam de Avinhão, não vem mais para cá, vão para o Vaticano. Mas, por aqui os papas residiram, exerceram o ministério petrino por cerca mil anos. Nós é que estamos habituados a associar o Papa a Basílica de São Pedro, com muita razão, mas é aqui que o Papa sempre esteve presente, aqui residiu. É um templo, não só o templo, o conjunto que tem uma importância muito grande histórica, cultural, artística, mas, como eu dizia a pouco, que passou por situações difíceis. Qual a igreja que tem sido destruída, ao menos parcialmente, por um terremoto? Qual a igreja que a gente conhece que foram queimadas? Essa foi duas vezes, no mínimo. Então, é da gente bendizer a Deus por um templo que resiste aos embates, as dificuldades ao longo da história. E é claro, como igreja-mãe, catedral primeira, nós temos aqui, um carinho todo especial com este templo”.
Dom Washington Cruz sobre a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica
Hoje, na visita ao Cardeal Prefeito e aos outros membros do dicastério, nós conversamos sobre a Igreja no Centro-Oeste que foi construída pelos religiosos, pelas religiosas, pelos sacerdotes heroicos que viviam em terras pouco cuidadas, aonde não chegava o governo e eles deram a vida por aquela região. Depois, na própria reunião, nós vimos como a Vida Religiosa ainda hoje ainda hoje produz bons frutos: universidades, escolas, obras sociais. Mas, acontece que, às vezes, a Vida Religiosa tem perdido seu elã e tem perdido muitas forças. As vocações não são tantas quantas a gente gostaria que houvesse. Amorteceu um pouco o espírito da Vida Consagrada, em nossa região. Mas, a gente espera que tudo passe e que possamos voltar ao primeiro amor como os grandes missionários que deram a vida pela Igreja em Goiás, no Distrito Federal e Tocantins, nosso regional incluía também o Tocantins.
A visita nos deixa uma lição. E acho que as informações que nós demos depois foram confirmadas com os questionamentos que os bispos fizeram. A Vida Religiosa está um pouco enfraquecida. Precisamos trabalhar para que a Vida Religiosa resplandeça, sobretudo, a Vida Religiosa feminina que está envelhecendo ou já está envelhecida e novas gerações não estão surgindo. Pessoas que fizeram milagres, digamos, no passado, para o bem da Igreja, mas agora estão próximos da vida eterna e não surgem novas vocações. Isso é sinal de que a nossa Igreja não está tão plena do espírito das primeiras comunidades porque a gente acha que onde há comunidade, deve nascer vocações, onde há Igreja, deve nascer vocações de todos os componentes da do Povo de Deus, mas de modo especial para a Vida Religiosa.
Dom Washington Cruz sobre a Congregação para a Causa dos Santos
Lá nós falamos da beleza da santidade. O nosso regional possui tantas pessoas com carismas diversos que dão testemunho de santidade. São mães, são pais, são jovens, são crianças. Pessoas da roça, pessoas da cidade. Nós temos realmente que agradecer por termos entre nós pessoas que procuram ser coerentes com a sua fé. Tive oportunidade de falar do nosso passado recente. Falei do nosso Pe. Pelágio. Fala-se de um milagre recente. Estamos reunindo toda a documentação possível afim de que seja trazida para Roma e aqui em Roma, os Redentoristas tem um grande Postulador. Hoje, o Cardeal falou que ele é um homem de muita sabedoria, haja vista que ele levou para frente a Causa do Papa Paulo VI que não era fácil e ele conseguiu, no fim, digamos, “ganhar a causa”. O Papa Paulo VI foi beatificado e depois, canonizado.
E depois, nós bispos, fizemos uma meditação sobre como precisamos viver a vida de santidade, a vida de santidade pastoral afim de que a nossa missão de pastores possa frutificar lá na base e produzir muitos santos.
Dom José Aparecido sobre o Tribunal da Penitenciária Apostólica
Este Tribunal é um tribunal peculiar porque ele trata da misericórdia, no seguinte sentido: em todos os tribunais, a gente trata de julgamentos que levam a uma sentença, nesse Tribunal a sentença é o perdão. Então, o papel desse Tribunal é ajudar a Igreja perceber o Sacramento da Penitência como um sacramento imediatamente conexo com o dom da Redenção, com a misericórdia de Deus e com uma fonte da alegria. Podemos dizer que este Tribunal da Penitenciária Apostólica é o Tribunal da alegria, da misericórdia, o Tribunal do perdão. Como ele atua? Quando há alguns pecados, como por exemplo, a pena de excomunhão reservada a Santa Sé, e que os padres não podem absolver sozinhos, eles escrevem a Penitenciaria Apostólica e pedem a penitência, pedem a faculdade para absolver dessas penas canônicas que são a excomunhão ou a censura, de tal modo que o penitente, depois, fica livre, recebe a absolvição dos pecados e pode retomar a vida cristã com uma alegria imensa. Porque, certo, a gravidade do pecado se torna momento e ocasião de receber um grande ato de misericórdia da parte da Igreja. Curiosamente é o único Tribunal que quando o Papa falece, ou quando o Papa renuncia, o Superior do tribunal não perde o cargo, ele continua a exercer o papel de ministro da misericórdia para Igreja Católica.
Quando há uma festa, por exemplo, no Santuário do Divino Pai Eterno e tem um jubileu, o reitor do Santuário acha conveniente, junto com Dom Washington, pedir uma indulgência plenária por ocasião daquela festa é a este Tribunal que se pede. Então, o Tribunal, em nome do Papa, autoriza a que naquele lugar ou naquelas circunstâncias, os fiéis, com a devida disposição, quer dizer, tendo se confessado, tendo se arrependido dos pecados possam saborear a indulgência plenária, fazer um encontro com a Igreja Celeste, com os méritos conseguidos pelo sacrifício de Cristo, e pelo tesouro dos santos, os merecimentos que os santos alcançam pela sua vida santa. Então, recebemos dos tesouros do céu, isso é indulgência.
O Tribunal, além disso, ajuda o Santo Padre a formar confessores. Ele tem um curso especial para confessores em que se trata das características mais profundas do Sacramento da Penitência, em particular, daquilo que chamamos foro interno, da necessidade de preservar a dignidade com o respeito do segredo da confissão. E a Igreja tem uma delicadeza muito grande com isso e esse Tribunal é encarregado disso também, de ajudar os confessores a perceber, cada vez mais profundamente, a alegria do perdão e a dignidade da pessoa, do pecador que é penitente, que recebe o perdão e que guarda esse segredo com Deus. Um padre nunca vai relevar um segredo de confissão. E esse Tribunal cuida disso: de ajudar os padres a perceberem profundamente a importância do sigilo confessional e da intimidade do penitente que procura o perdão da Igreja.
O regional Centro-Oeste é um regional que tem uma característica muito bonita porque tem um povo piedoso, um povo que se confessa. Eu creio que, nas dioceses que eu visitei, eu sempre notei isso. Os padres são generosos no atendimento das confissões e o nosso regional, as dioceses, não têm o problema de falta de confessores e o povo tem amor ao Sacramento da Penitência e, por isso, recebe, com maior fruto, a Eucaristia. E foi exatamente isso que o Penitenciário Mor, o Cardeal Piacenza ressaltou: a experiência da misericórdia de Deus leva a ter uma experiência mais frutuosa da Eucaristia tanto na hora da Comunhão, quanto na vida eucarística de adoração do Senhor. Faz perceber melhor a presença de Jesus na Eucaristia que faz a Igreja, na Eucaristia que faz construir a comunhão da Igreja.
Dom Waldemar Passini sobre a Congregação para os Bispos
A Congregação para os Bispos trabalha, em primeiríssimo plano, pela nomeação dos pastores das Igrejas, nomeação dos bispos. Aí já se percebe todo o seu valor. Nosso regional Centro-Oeste tem vivido essa graça de acolher novos bispos nos últimos anos, quer bispos diocesanos, quer bispos auxiliares. Agora mesmo, a diocese de São Luís de Montes Belos vive a graça de acompanhar dom Carmelo na conclusão do seu período de governo diocesano e a alegria de ter Monsenhor Lindomar como o seu futuro bispo diocesano. É um exemplo. Nós temos Uruaçu e Rubiataba-Mozarlândia que aguardam a nomeação dos futuros bispos. Tivemos, a menos de um mês, a alegria de acompanhar dom Dilmo, sendo sagrado e sendo apresentado como bispo auxiliar de Anápolis. O nosso regional tem vivido essa graça de receber os novos bispos.
Sem dúvida, as dioceses não lidam diretamente com a Congregação para os Bispos, uma vez que esse papel é da Nunciatura Apostólica no Brasil, mas hoje pudemos encontrar o Cardeal Ouelet e também o secretário que é brasileiro, Ilson Montanari. Tivemos um diálogo aberto, franco, bastante rico sobre a vida da Igreja em nosso regional. Eles se interessaram muito pela cultura, sobretudo pela piedade popular, as manifestações da Festa do Divino, a grande Festa do Pai Eterno, os santuários, o crescimento da Igreja e toda parte de missão vivida em nosso regional.
Meu destaque seria aquela constatação que eu apresentei ao Prefeito da Congregação da unidade dos bispos e, ao final, ele retomou o tema e realmente nos alertou que o mundo precisa desse sinal de comunhão. Mais importante do que ter um bispo de renome, de destaque, quer seja na mídia, quer seja de relevância internacional, é o conjunto dos bispos viver a unidade. Como que termos um só coração e ali darmos um testemunho da Igreja que é sacramento, sacramento de Jesus Cristo onde os fiéis possam se alegrar por serem conduzidos com segurança, terem acesso aos bens de Jesus Cristo, na Igreja, e outras pessoas também poderem encontrar nas comunidades católicas essa presença de Jesus e esse caminho seguro para o seu crescimento pessoal, para a sua formação, para o cuidado das famílias, para o bem da sociedade como consequência, enfim, para a sua salvação.