“As lições da tragédia de Mariana não foram devidamente aprendidas”, esta foi uma das afirmações que o arcebispo de Brasília (DF) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Sergio da Rocha, fez no encontro com as famílias vítimas da tragédia em Brumadinho (MG), na terça-feira, dia 12/2. Os familiares foram acolhidos na Igreja Matriz de São Sebastião, às 13h30, pelo bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG), dom Vicente Ferreira. O cardeal Sergio da Rocha recebeu um colete com os dizeres: “Juntos por Brumadinho”, usado por voluntários da arquidiocese e por voluntários da comunidade local.
“Eu estou aqui para favorecer a participação da CNBB em ações de solidariedade, superação e prevenção de tragédias semelhantes à esta”, disse. O cardeal Sergio afirmou que vai intensificar os trabalhos do Grupo de Mineração que já existe na CNBB com vistas ao diálogo e a sugestão ao Congresso Nacional de propostas para aprimorar a legislação brasileira de modo a prevenir novas tragédias, proteger e preservar a natureza e cuidar das pessoas. “Queremos estar juntos trabalhando por Brumadinho e pelo Brasil e para que outras tragédias possam ser evitadas”, disse.
Vigário para a Ação Missionária no Vale do Paraopeba e pároco da paróquia São Sebastião de Brumadinho, padre Renê Lopes agradeceu a dom Sergio da Rocha pela visita e explicou que a Igreja se faz presente em cada lar de pessoa vítima da tragédia. “Vivenciamos, assim, o que nos pede o papa Francisco: sermos Igreja em saída”. A convite do padre Renê, a família do jovem Gustavo Xavier, sepultado na última sexta-feira, falou em nome de cada pessoa que enfrenta o luto. “Meu filho era amigo, carinhoso. A dor por perdê-lo é muito grande. A ganância do ser humano fez isso com a gente”, disse emocionado o pai, Mário Antônio Xavier.
Cardeal atende a jornalistas após encontro com famílias. Foto: Assessoria de Comunicação da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG)
Dom Sergio alertou para o risco de as autoridades, na medida que o tempo passa, ir esquecendo esta realidade o que, em sua avaliação, não pode ocorrer. “Agora temos esta situação que nos desafia não apenas para ações imediatas de solidariedade, muito necessárias, mas precisamos também de ações efetivas de prevenção para que não ocorra mais a destruição da casa comum e sobretudo da família que habita esta casa comum”, avaliou.
O presidente da CNBB expressou a oração, mas também a proximidade fraterna e a solidariedade e apoio dos bispos do Brasil. “A Igreja no Brasil está disposta a trabalhar junto não apenas para consolar aqueles que agora estão sofrendo, com as famílias enlutadas, mas também para criar melhores condições para nosso povo”, reforçou.
Solidariedade do papa – Ele lembrou que estava junto ao papa Francisco, no Panamá, na Jornada Mundial da Juventude, quando o Santo Padre recebeu a notícia do rompimento da barragem. “Trago aqui o afeto, a oração e a solidariedade do papa Francisco”. Com viagem marcada para o Vaticano na próxima semana, o cardeal afirmou que levará o colete ao papa como símbolo da luta das famílias de Brumadinho. O cardeal ainda agradeceu o testemunho que está sendo dado por inúmeras pessoas, da Igreja que está em Brumadinho e da arquidiocese de Belo Horizonte, sob a condução do arcebispo dom Walmor Oliveira de Azevedo.
A arquidiocese de Belo Horizonte, em parceria com a Defensoria Pública da União, está atendendo as vítimas da tragédia em Brumadinho, em local próximo à rodoviária da Cidade. Desde o dia 25 de janeiro, quando houve o rompimento da barragem com rejeitos de minério, a Arquidiocese de Belo Horizonte vem realizando amplo trabalho de amparo às famílias de Brumadinho.
O bispo auxiliar dom Vicente Ferreira mudou-se para a Cidade e, com o pároco da paróquia São Sebastião, Igreja Matriz da Cidade, padre Renê Lopes, tem visitado velórios, se reunido com famílias, dia e noite. Uma ampla campanha solidária com o mote Juntos por Brumadinho foi realizada e tem levado apoio material e emergencial aos que perderam tudo com a tragédia.
A pedido do arcebispo da arquidiocese de Belo Horizonte, dom Walmor de Oliveira, que também tem visitado famílias e se reunido com as vítimas, em Brumadinho, padres, diáconos e seminaristas de diferentes cidades da Região Metropolitana de Belo Horizonte, têm ajudado nos trabalhos de amparo às vítimas.
Com informações da Assessoria de Comunicação da arquidiocese de Belo Horizonte