No sábado, 18 de junho, aconteceu uma formação missionária on-line promovida pela Pastoral da Educação do Regional Centro-Oeste da CNBB. O momento aconteceu no período da noite e contou com a participação de 23 pessoas, de modo especial os agentes da Pastoral da Educação da Diocese de Formosa (GO). A formação teve ainda a participação do bispo de Rubiataba-Mozarlândia, Dom Francisco Agamenilton Damascena, e do professor Valdivino Ferreira, coordenador da referida pastoral, além de membros da coordenação regional. O bispo emérito da Diocese de Goiás, Dom Eugênio Rixen também participou.
A formação on-line foi dividida em dois momentos. O primeiro foi conduzido pelo professor Valdivino, que abordou três temas: o que é a Pastoral da Educação; os objetivos da Pastoral da Educação; e sua missão. Com base nos documentos da Igreja, o professor afirmou que a Pastoral da Educação é a ação evangelizadora no mundo da educação. “Isso compreende algumas instâncias. Por exemplo, instituições de educação formal ou educação popular sistematizada ou ocasional. É claro que a Igreja não precisa ir muitas vezes onde o Estado está. Ela precisa ir aonde o Estado não está”, afirmou. Ele explicou que a Pastoral da Educação não está presente apenas na educação católica, mas também na educação pública. “É na educação pública que estão os mais pobres e nós sabemos que a Igreja faz sempre a opção pelos pobres. Nós precisamos de um olhar cuidadoso, de ajuda, de caridade para com os professores e alunos especialmente da educação pública. Isso é também uma demanda do pacto educativo global do papa Francisco”.
Com relação aos objetivos, o professor Valdivino afirmou que são promover, articular, animar e organizar. “Nós que estamos a frente da Pastoral da Educação colocamos esses verbos em ação o tempo todo. Anunciar, testemunhar e seguir Jesus Cristo constituindo-se sinal do Reino de Deus no mundo. O agente da Pastoral da Educação anuncia, denuncia e testemunha. Constitui-se sinal do Reino de Deus no mundo. Um outro objetivo é observar os cenários, as tendências atuais para identificar fortalezas, limitações, ameaças e oportunidades para que a Igreja possa ser presença no mundo da educação e, no nosso caso, no regional”.
O tempo de pandemia também foi comentado pelo professor. Ele destacou que, sobretudo neste longo momento desafiador, a Pastoral da Educação precisa estar ainda mais presente. “Hoje a educação está emperrada no ensino on-line. A gente sabe que neste tempo o ensino não tem acontecido como deveria. Se a educação pública não estava conseguindo com qualidade numa realidade presencial, imagina numa realidade on-line. Então nós temos que observar os cenários que é o próprio ensino estabelecido hoje e dentro desse cenário de ensino remoto ver quais são as tendências atuais. Quais as fortalezas mesmo com o ensino on-line? Só teve ponto negativo? Ou teve pontos positivos? Quais as limitações, as ameaças, as oportunidades do ensino on-line enquanto objetivos da Pastoral da Educação, enquanto presença nesse mundo da educação de forma efetiva para de fato ajudar?”. O aparelho celular ou computador que parece ser uma realidade comum, não é assim em muitos lugares, conforme o professor. “Sou diretor de escola em Uruana (GO) e percebo não são todos os alunos que têm o celular ou o computador para estudar. Não há conexão de internet que atenda a demanda e, muitas vezes, o único aparelho celular da família é usado para vários estudarem de forma on-line”.
Por fim, o professor Valdivino explicou sobre a dimensão missionária da Pastoral da Educação. “É ser presença evangelizadora no mundo da educação, possibilitando o encontro das pessoas com Jesus Cristo vivo, ressuscitado. Essa é a grande missão. Outra missão é ser serviço que desenvolva ações específicas com educadores católicos que sejam testemunhas da fé, sobretudo nas escolas públicas, opção preferencial da Igreja. Ser serviço que desenvolva ações que sejam testemunhas da fé em todas as escolas, especialmente nas escolas públicas”.
Espiritualidade do educador
“Ó Deus, tu és o meu Deus, eu te procuro. Minha alma tem sede de ti” (Sl 62)”. Dom Francisco Agamenilton começou sua fala a partir desse salmo que reflete sobre a nossa sede de Deus. Ele afirmou que assim como o rio que quer chegar ao mar, nós também queremos chegar a Deus e a espiritualidade ajuda nesse caminho. “A espiritualidade são os modos diversos de se relacionar com Deus, viver a vida no espírito. A CNBB tem o documento 105 sobre a espiritualidade laical, sobre os leigos e lá explica sobre espiritualidade: desejo e busca do rosto de Deus e da comunhão com ele, (parágrafo 184)”.
A espiritualidade do educador, por sua vez, que se encontra no universo dos leigos e leigas, acontece pelo relacionar-se e crescer com Deus a partir da identidade de educador. Dom Agamenilton distinguiu educador de instrutor. “O instrutor transmite informações, ensina teorias e ajuda a desenvolver habilidades e técnicas. O educador forma as pessoas, as conduz para integrarem o nível biológico e integral, é aquela pessoa que ajuda o outro a se humanizar, isto é, adquirir virtudes e características próprias da pessoa humana: o diálogo, a fortaleza, a cooperação como ato consciente, a caridade. O educador ajuda a pessoa a ser quem ela é, pessoa humana”. Ele sublinhou ainda que para crescer como cristão católico, nada melhor do que se aproximar de Deus educador por meio de sua Palavra. “Como alimentamos nossa espiritualidade? Aqui trago os caminhos clássicos de alimento e fonte da espiritualidade: a fonte que é Jesus Cristo: alimentar e realimentar o encontro pessoal com Jesus; a Palavra de Deus: aqui incentivo meditarem textos bíblicos que evidenciam Deus educador; a eucaristia; a oração diária; participar da vida paroquial que é fonte e alimento para a espiritualidade. Esse caminho, conforme o bispo, possibilita chegar ao caminho da santidade. “Santidade não cai do céu, não se improvisa, é preciso ter um projeto de vida”.
Ao fim do encontro, Dom Agamenilton convidou os 23 participantes a serem sal da terra e luz do mundo a partir da cura de tantas feridas dos irmãos, sobretudo neste difícil tempo de pandemia. “A pandemia tem causado muitas enfermidades e o papa Francisco desde o início apontou a Igreja como hospital de campanha e temos muitas pessoas feridas em várias ordens e nossa tarefa será a do Bom Samaritano, curar as feridas dos colegas, dos educadores e comecemos entre nós mesmos. Eu vejo tão bonito esse painel. Somos 23 pessoas conectadas e cada uma de nós deve ter sua ferida e começando por nós eu incentivo essa união de vocês, a cada 15 dias começar a se encontrar, a comunhão e união entre vocês já é curativo. Vocês se curarem para curar os outros e terminando tudo isso e quem sabe voltando em agosto para a sala de aula, vamos ver então vocês curados e curando os outros que ainda não fazem parte dessa família. Sigam em frente”. Ele encerrou com a Oração da Campanha da Fraternidade do ano que vem, cujo tema é “Fraternidade e Educação”.