Pastoral Carcerária: Romaria a Aparecida lembra os 25 anos do massacre do Carandiru

Agentes e coordenadores da Pastoral Carcerária (PCr) das cidades de Goiânia, Brasília, Goianésia e Trindade, que integram o Regional Centro-Oeste da CNBB, participaram no dia 8, de uma Romaria a Aparecida (SP), que lembrou os 25 anos do massacre do Carandiru.

Uma missa foi celebrada pelo arcebispo de Diamantina (MG), Dom Darci Nicioli, e concelebrada com diversos outros bispos e padres, entre eles o padre Valdir Silveira, coordenador nacional da PCr.

“Esse sistema prisional desumano precisa ser reformulado. O vosso trabalho é árduo, mas vocês dão esperança àqueles que não tem liberdade”, disse o arcebispo aos agentes.
Dom Darci afirmou que o papel da pastoral é fundamental na construção de uma Igreja que não seja “passiva, inerte e omissa. Deus abomina a passividade”.

Ele ressaltou também a importância que a pastoral tem dado às mulheres encarceradas, muitas vezes com suas crianças. Concluiu parabenizando o trabalho dos agentes.
“Vocês são obra da salvação, anjos que entram nas prisões porque acreditam na recuperação do ser humano”.

Encontro

Após a celebração, os agentes se reuniram em um auditório da basílica para debater temas relacionados às pautas da pastoral. O padre escocês Brian Gowans, presidente do ICCPPC, organização internacional das pastorais Carcerárias, que estava em encontro no Brasil, fez uma saudação aos agentes: “É uma honra estar aqui. Sempre ouvimos falar de Aparecida, mas a gente só sonhava de estar aqui. 11 milhões de pessoas estão presas no mundo todo. A prisão virou a regra em vez do último recurso”, disse apontando para a camiseta que vestia da Pastoral Carcerária: “Por isso que nas minhas costas está escrito ‘por um mundo sem cárceres’”, concluiu.

Em seguida, padre Valdir fez um breve panorama da missão da pastoral e de seus agentes. “A PCr faz história hoje. Estamos aqui para pedir força, fé e coragem. Se mata nos presídios, se mata nas ruas. Queremos libertar todo o povo oprimido. As favelas e periferias são as mães do cárcere, e o padrasto é o judiciário, que oficializa, maltrata e mata. Sejamos a voz que não se cala, em defesa de quem sofre no cárcere”.

A coordenadora nacional para a questão da mulher presa, irmã Petra, e Vera Dalzotto, coordenadora estadual no Rio Grande do Sul, fizeram uma apresentação sobre a situação da mulher presa. “Nesse momento em que estamos aqui, tem mulheres sendo torturadas na prisão, com crianças junto”, disse Petra. Agentes dos estados de Goiás, Rio Grande do Sul, Ceará, São Paulo, Minas Gerais, Paraíba e o Distrito Federal, apresentaram dados da situação da mulher encarcerada.

Por fim, Marcelo Naves, assessor da pastoral, fez uma fala sobre a importância da Agenda Nacional Pelo Desencarceramento. “Quem está preso hoje tem uma característica muito específica, definida pela cor da pele e pela estrutura social. Não defendemos a construção de mais cadeias, pois quanto mais presídios são construídos, mais gente é presa. As propostas da Agenda são, para nós, uma solução para essa situação crítica do sistema prisional no Brasil”.