Parte!

 

Queridos padres,

Na festa do Sagrado Coração de Jesus, 5 de junho, a Igreja celebra o dia da santificação dos padres. Todos somos chamados à santidade, mas nós ministros ordenados o somos de maneira especial pela nossa própria consagração. Sabemos que carregamos nosso ministério em vasos de barro. Fomos escolhidos, apesar de nossas limitações e fraquezas, a testemunhar o Evangelho de Jesus Cristo e a construir o seu reino.

Quero colocar algumas reflexões do papa Francisco respeito da nossa vocação:

– Ele pede que os padres sejam apaixonados por Cristo e não “afugente” os fiéis.

– “O sacerdote à medida que vai andando no amor com Jesus, sente carinho de seu
Mestre de maneira distinta. E a busca, o comunica e o ama com carícias renovadas. Amém, deixem-se amar, abram o coração a Ele”.

– “Jesus tem as vísceras de Deus: está cheio de ternura para com as pessoas, especialmente para com os excluídos, os pecadores, os doentes. Assim também, à imagem do Bom Pastor, o padre é homem de misericórdia e de compaixão, próximo de sua gente e servidor de todos”.

– Essa pertença comum, que brota do Batismo, é a respiração que liberta de uma autoreferencialidade que isola e aprisiona. Quando teu navio começa a criar raízes na estagnação do cais – recordava dom Helder Câmara – faze-te ao largo. “Parte! E acima de tudo, não porque você tem uma missão a cumprir, mas porque, estruturalmente, você é um missionário. No encontro com Jesus você encontra a plenitude da vida”.

O papa Francisco insiste ainda sobre a nossa missão:
– “O padre está chamado a aprender isto, a ter um coração que se comove”.
– “Há tanta gente ferida, por problemas materiais, pelos escândalos, mesmo dentro da Igreja… Gente ferida pelas ilusões do mundo… Nós padres temos que estar ali, junto das pessoas. Misericórdia significa antes de mais nada curar feridas”.
– “O padre é um homem de misericórdia e compaixão, como o bom samaritano, como Jesus o bom pastor. O padre está chamado a ter um coração que se comove. Não ajude a Igreja os padres assépticos.”

O sucessor de Pedro insiste também sobre a unidade do presbitério:
– “Neste tempo pobre de amizade social, a nossa primeira tarefa é a de construir comunidades; a atitude à relação, portanto, é um critério decisivo de discernimento vocacional”.
– “No caminho juntos como presbíteros, diversos por idade e sensibilidade, expande-se um perfume de profecia que surpreende e fascina. A comunhão é realmente um dos nomes da Misericórdia”.

O papa nos lembra que nossa vocação é servir:
– “Também na Igreja, há aqueles que em vez de servir, de pensar nos outros, de estabelecer as bases, se servem da Igreja: os carreiristas, os apegados ao dinheiro”.
– “Na reflexão de vocês sobre a renovação do clero, também se enquadra o capítulo que diz respeito à gestão das estruturas e dos bens econômicos, em uma visão evangélica, evitem se sobrecarregar em uma pastoral de conservação, que obstaculiza a perene novidade do Espírito. Mantenham somente o que pode servir para a experiência de fé e de caridade do povo de Deus.”

Que estas pequenas reflexões do papa Francisco nos animem na nossa caminhada!

 

Dom Eugênio Rixen

Bispo de Goiás