Obrigado, Dom Antonio

 

“Typous tou Patrós”. Com essa expressão Santo Inácio de Antioquia define a essência da plenitude do ministério ordenado que o bispo exerce: a imagem viva de Deus Pai. Como reza a liturgia da Igreja: “Pastor Eterno, vós não abandonais o rebanho, mas o guardais constantemente pela proteção dos Apóstolos”.

E assim a Igreja é conduzida pelos mesmos pastores que pusestes à sua _ ente como representantes do Vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor Nosso” (MR, Prefácio dos Apóstolos, I)C om essa ação de graças a Deus, por Cristo, Pastor e Mestre, é que, como corpo místico do Ressuscitado, a Igreja se alegra com a celebração da vida e da longevidade de seus pastores sagrados. Porque dentro da vocação e da missão de cada um deles, vê-se realizar concretamente o sentido profético de suas vidas segundo o querer de Deus: “Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fi z profeta das nações. Vamos, põe a roupa e o cinto, levanta-te e comunica-lhes tudo que eu te mandar dizer: não tenhas medo, senão eu te farei tremer na presença deles” (Jr 1.4-5).

Assim revelou-se a trajetória de Dom Antonio, primeiro bispo auxiliar da Arquidiocese de Goiânia e seu segundo arcebispo. Nascido em 10 de junho de 1926, completa agora seus 90 anos de vida. Dotado de uma lucidez que impressiona, Dom Antonio armazena uma memória rica de tantos e tantos acontecimentos que marcaram sua vida e ministério. E de tantos quanto os cercaram ao longo de sua história.

Como bispo auxiliar, aqui esteve nos duros anos do regime militar, cooperando com Dom Fernando no pastoreio da Arquidiocese. Daqui, foi escolhido pelo papa Paulo VI para assumir os encargos de administração das Dioceses de Goiás e de Ipameri. Em 1985, com o falecimento de Dom Fernando Gomes dos Santos, São João Paulo II o nomeia arcebispo de Goiânia. Aqui permaneceu presidindo a unidade da Igreja até a renúncia pronunciada em 8 de maio de 2002.

Tanto no primeiro período que aqui esteve, como na função arquiepiscopal no segundo período, o profetismo foi algo marcante na vida de Dom Antonio. Imensos eram os desafios sociais e pastorais que o segundo arcebispo da nossa Arquidiocese teve de assumir. O pastoreio de Dom Antonio fez-se sentir de modo profético nas duras realidades vividas pelo nosso povo nas periferias da grande Goiânia e nas realidades sofridas das cidades do interior que compõem nossa Arquidiocese.

Uma grande identidade marca o pastoreio de Dom Antonio que enternece a todos os que até hoje o escutam falar: sua participação como padre conciliar. O Concílio Vaticano II teve e tem em Dom Antonio um vigoroso e profundo propagador. Além da história das sessões conciliares das quais tomou parte e que as traz vivas na memória, a eclesiologia do Vaticano II assinala de modo profundo o senso de Igreja que nosso arcebispo emérito traz em seu coração. Certamente, o coração de Dom Antonio se alegrou ao celebrar o cinquentenário do conjunto dos documentos conciliares que tanto marcaram seu modo de viver a fé eclesial, de assumir seu sacerdócio e de exercer o rico ministério episcopal do qual foi revestido no dia 29 de outubro de 1961, em nossa Catedral.

A Igreja Arquidiocesana, ao celebrar os 90 anos de vida de Dom Antonio Ribeiro de Oliveira, agradece com júbilo a Deus pela rica presença e contribuição pastoral e teológica para a caminhada da Arquidiocese.
Não obstante suas atuais limitações de saúde, Dom Antonio continua deixando o testemunho da perseverança no ministério, do entusiasmo em meio às dificuldades naturais que o tempo traz para a vitalidade física. Seu vigor espiritual permanece estimulando a tantos a responderem também com vigoroso “sim” ao chamado vocacional que Cristo Sacerdote continua a pronunciar em toda a Igreja para que outros jovens também respondam com vigor e entusiasmo à vocação sacerdotal para a qual foram assinalados.

Especial devoto de Nossa Senhora Auxiliadora, o nosso arcebispo emérito traz em seu coração de pastor um carinho profundo à Mãe do Salvador. Com ela, celebrando o aniversário de Dom Antonio e rogando a Deus contínua proteção sobre sua vida, podemos também cantar as alegrias que o Senhor fez em nosso meio.

Feliz Aniversário, Dom Antonio. Possa o Senhor, a cada dia, renovar-lhe as forças e conceder-lhe sempre a alegria do ministério de serviço à unidade do povo cristão.

 

Dom Washington Cruz

Arcebispo de Goiânia