No dia 27 de setembro, a Pastoral Carcerária celebrou 20 anos de atuação na Arquidiocese de Goiânia. O arcebispo Dom Washington Cruz presidiu a missa em ação de graças na Catedral e rezou sob a inspiração da leitura do livro de Números, “Quem dera que todo o Povo do Senhor fosse profeta e que o Senhor lhe concedesse o seu Espírito sobre eles”! (Nm 11,29), para que as pessoas sejam tocadas a servir os excluídos da sociedade. “Quem dera tivéssemos um agente da Pastoral Carcerária, apenas um em cada paróquia; na Arquidiocese teríamos mais de 120 agentes para levar amor aos nossos irmãos encarcerados”.
Nesses 20 anos de trabalho, o coordenador arquidiocesano, diácono Ramon Curado, destaca a missão da Pastoral Carcerária. “Lá dentro nós somos uma pastoral de escuta; dirigimo-nos todas as terças-feiras ao complexo prisional para ouvir o que aqueles irmãos têm a nos dizer; já aqui fora nossa missão é gritar pelas injustiças que eles passam, ou seja, somos também uma pastoral profética como foi enfatizado na leitura de hoje”.
Números
Já a coordenadora nacional para a questão da mulher presa, irmã Petra Silvia Pfaller, uma das fundadoras da Pastoral Carcerária de Goiânia, lamenta que o sistema prisional no estado de Goiás tenha caminhado para trás. “Se me pergunta o que conseguimos nesses 20 anos, eu respondo que não conseguimos nada porque o sistema piorou”. De acordo com ela, na antiga Agência Prisional Cepaigo, quando a pastoral começou, havia 500 presos, hoje são cerca de 1.400 na Penitenciária Odenir Guimarães.
Na Casa de Prisão Provisória com 600 vagas, há 2.200 homens presos com mais 120 mulheres. Em todo o complexo penitenciário há mais de 4 mil e numa cela pequena do centro de triagem com oito camas há entre 30 e 40 presos. As condições de trabalho dos agentes penitenciários também não são boas. Dois agentes trabalham em cada bloco do Centro de Prisão Provisória (CPP), atendendo cerca de 400 presos diariamente. “Enquanto nossos governantes não investirem em educação e saúde, a violência apenas irá aumentar porque prisão não resolve violência”. Ela destaca, porém, a dedicação dos agentes da pastoral. “São cristãos dispostos com muita fé e fidelidade que levam a presença da Igreja aos cárceres. Isso é um grande testemunho do amor de Deus”.
Com informações do Jornal Encontro Semanal e fotos da Pastoral Carcerária da Arquidiocese de Goiânia