Assim, Maria educa a humanidade a ser fiel e obediente à voz de Deus, a zelar com profundidade e respeito pelo dom que Deus deposita em cada homem, em cada mulher. Como humilde serva, a Mãe do Senhor é reverenciada como a mãe das mães. Ela, mulher na qual o Todo-Poderoso encontrou um coração puro e totalmente aberto ao acolhimento do desígnio eterno, se tornou oferenda perfeita a Deus. Maria ensina as mulheres e homens, crianças, jovens e adultos de hoje a tornarem-se obedientes à voz do Pai, num mundo tão sedento por emancipações perigosas. Maria aponta o caminho, indica, não ela própria, mas o Seu Filho amado, como aquele a quem se há de fazer tudo o que Ele disser. Ela, em tudo obediente, toda ela resposta indubitável tão solenemente sintetizada em seu “Sim”: “Eu sou a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). A obediência e a entrega de Maria é a mais elevada ação humana diante de Deus, como que o último degrau que a pessoa humana pode subir para se fazer próximo e íntimo de Deus.
“Mãe benevolente, cooperadora da graça do Pai. Maria, primeira mulher da nova e eterna criação e síntese perfeita do que deve ser toda a natureza humana. Assim é Maria, a Virgem que soube ouvir a voz de Deus e tudo guardou com serena paz e íntima relação em seu coração maternal.”
A primeira ação da Mãe do Salvador, ao receber a saudação do Céu e após acolher com profunda e solene aceitação o querer de Deus, foi colocar-se a caminho. Ela mesma tornou-se a primeira comunicadora da Boa-Nova da Salvação. Ela mesma emprestará o próprio corpo de mulher grávida, sua própria voz convencida da sua humilde participação em tão grande Mistério e se tornará a primeira evangelizadora. Trazia dentro de si o próprio Evangelho. A partir de sua condição judia, vivendo a vida de sua gente, tendo como referência a Palavra de Deus conforme anunciada a seus pais, ela entoará o primeiro cântico comunicador da Boa-Nova à sua parenta, Isabel, que se encontrava em condição similar. Ela mesma, repleta do Espírito Santo, no simples ato de saudar comunicativamente a Isabel, fez com que ela ficasse, bastando ouvir-lhe a saudação, “repleta do Espírito Santo” (Lc 1,41).
O mês de maio constitui um tempo de especial celebração das grandes “coisas que o Todo-Poderoso fez em meu favor”, como cantou a Mãe de Deus naquele Magnificat. Além das celebrações com espiritualidade mariana e fortemente cristocêntricas deste mês, a Igreja também celebra, na Ascensão do Senhor, neste 8 de maio, o 50° Dia Mundial das Comunicações Sociais.
Nascido do ventre de Maria, por ela acompanhado em todos os seus caminhos, o Filho de Deus foi arrebatado aos céus “e sentou-se à direita de Deus” (Mc 16,19). E os Evangelhos narram a ordem deixada por Jesus para que a Igreja anuncie, comunique o Evangelho a toda criatura.
Tal como Maria, pressurosa por anunciar o Evangelho que ela própria trazia em seu ventre virginal, agora a Igreja, por ela acompanhada como atesta a narrativa do Pentecostes, é enviada pelo seu Senhor e Mestre a “pregar por toda a parte, agindo com eles o Senhor e confirmando na Palavra por meio dos sinais que o acompanhavam” (Mc 16,19).
A Igreja é anunciadora. Sua missão é apresentar Cristo ao mundo e o conjunto das exigências éticas que devem integrar a vida individual e social que deve estar em profunda sintonia com o verdadeiro sentido do Evangelho. Em sua Mensagem para este 50° Dia Mundial das Comunicações Sociais, o papa Francisco, inspirado pelo Ano Santo da Misericórdia, convida todas as pessoas de boa vontade “a redescobrirem o poder que a misericórdia tem de curar as relações dilaceradas e restaurar a paz e a harmonia entre as famílias e as comunidades”. Também a linguagem da política e da diplomacia precisa ser inspirada pela misericórdia. O papa aponta que não é a tecnologia que determina se a comunicação é autêntica ou não, mas o coração do homem e sua capacidade de fazer bom uso dos meios colocados ao seu dispor.
Que Nossa Senhora Auxiliadora, Auxílio dos Cristãos, Mãe das mães, seja para todos os comunicadores como ícone inspirador para o seu agir comunicativo diário. Que os comunicadores se deixem guiar pela Fé em sua ação cotidiana, tão importante e tão grave para os tempos atuais e para uma sociedade tão marcada pelo instantaneísmo das comunicações tão rápidas.
Bênção especial rogo sobre todos os jornalistas, redatores, técnicos, profissionais da TV, do Rádio, da imprensa, todos os que atuam no ambiente web e em todos os meios e veículos de comunicação existentes em nossa Arquidiocese. Possa acompanhá-los o Espírito de Deus, o mesmo que habitou plenamente em Maria e em sua parenta Isabel, o mesmo que fora derramado sobre a Igreja apostólica e continua renovando o mundo de hoje com a graça de Deus.
Dom Washington Cruz
Arcebispo de Goiânia