A boa notícia para aqueles que jaziam exaustos no mundo veio através do Menino Deus. A entrada de Jesus no mundo rompeu com as normas endurecidas da Sagrada Escritura e escreveu um novo texto em carne humana. Um mistério que Deus não deu a conhecer aos homens das gerações passadas, mas revelou a nós (Ef 3,5).
Aos que nos precederam, entretanto, foi dado vislumbrar esta maravilha e, cheio do Espirito de Deus, Isaias bradou muitos séculos antes: “Os povos caminham à tua luz e os reis ao clarão de tua aurora” (Is 60,3).
Foi nas trevas e no deserto que o Senhor nos encontrou. Cansados e exaustos de tanto caminhar, parecia não ser mais possível seguir em frente. Mas a esperança de um dia alcançá-lo e depois caminhar ao lado dEle, refez os nossos propósitos.
Antes de sair por aí primeiro foi preciso ir a Ele. Fonte de paz e de graça, Ele nos deu descanso e amenizou o nosso fardo.
Como conhecemos bem, primeiro foram os pastores, gente dali de perto daquela feliz manjedoura que acolheu o menino e sua mãe, mas a proposta de Deus é imensa, e os limites da redondeza e da familiaridade dos vizinhos se rompeu, pois em todo o mundo ouviu-se a notícia e muitos foram lá para conhecê-lo.
Alguns dias depois do seu nascimento chegaram três grandes reis para adorá-lo. Como Isaias previu, trouxeram ouro e incenso.
A profecia, entretanto, não antecipa o conteúdo inteiro do que ainda seria revelado. O cansaço extremo da humanidade fez com que a necessidade ajuntasse ao ouro e ao incenso oferecidos, uma boa porção de mirra para cicatrizar, pois, além da realeza e do sacerdócio, Jesus também sofreria muitas feridas, por causa de nós.
Assim, caminhantes no mundo, nós, os seus discípulos aprendemos a seguir com os olhos fixos no infinito. Sem guardar nada para si mesmos, os discípulos do Senhor assumem, de bom grado, todo peso posto sobre seus ombros, pois como aprenderam de seu Senhor, não é por nós mesmos que sofremos, mas para ajudar aos que sofrem.
No passado a vinda do Senhor manteve um povo unido. A demora desta vinda pode ter levado muitos a desistirem e a substituir o Senhor por muitas outras coisas, inclusive a Lei. Entretanto, como naquele tempo, ainda hoje, é necessário voltar ao início das Bem-aventuranças e recomeçar pela pobreza de espírito (Mt 5,3).
Só o pobre de espírito reconhece que ainda carece de muito. Ainda carece ser preenchido pelo espírito da verdade que vem do Pai. Essa espera confiante mantem a humanidade como odre novo, capaz de suportar o dilatar da Palavra e a sua expansão para além de nossa limitada visão.
O caminho do discipulado exige, portanto, ainda hoje, seguir o conselho de Isaias que nos diz a todos: “Levanta os olhos ao redor e vê”.
Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos-GO