Na penúltima Lectio Divina deste ano, o evangelista apresenta os ensinamentos de Jesus sobre as trevas e a luz, a vida e a morte
Com a Lectio Divina (Leitura Orante da Bíblia) sobre a Ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-45), realizada no dia 1º de abril, na Paróquia Universitária São João Evangelista, Dom Moacir Arantes, bispo auxiliar de Goiânia, encerrou os temas propostos neste ano, à luz do Evangelho de João, com o objetivo de preparar melhor os jovens para a vivência da Quaresma, bem como para a Semana Santa. Neste encontro, o bispo dividiu a Lectio em cinco partes, pontuando os versículos da leitura.
Na primeira parte, ele apresentou a notícia da morte de Lázaro. A constatação, de acordo com Dom Moacir, dá ao leitor a oportunidade de receber de Jesus, um ensinamento sobre as trevas, como morte; e a luz, como vida. A notícia também transmite, de acordo com o bispo, o ensinamento de que nem todo sofrimento é causado pelo pecado. “Existem sofrimentos que são oportunidade para Deus manifestar sua glória”, destacou, conforme está escrito no versículo 4. Todo sinal de Deus – continuou ele –, serve para despertar a fé e acreditar nele.
O encontro de Jesus com Marta também é muito simbólico. Pelas suas palavras, ele leva a mulher a crer na luz, na vida e não na perspectiva do túmulo, que é a realidade apresentada visivelmente neste momento. A palavra de Jesus leva Marta a manifestar a fé que ele deseja: “Creio firmemente” (v. 27), assim como aconteceu nas semanas anteriores da Lectio Divina, com a samaritana (Jo 4,5-42) e o cego de nascença (Jo 9,1-41).
Foi destacado também pelo bispo o encontro de Jesus com Maria, ação que repete as mesmas palavras ditas por sua irmã Marta: “Senhor, se estivesse estado aqui…” (v.32). Não houve diálogo sobre a ressurreição, mas Maria caiu de joelhos diante de Jesus, expressão que nos lembra a adoração e o reconhecimento da divindade. Dom Moacir explica que em Maria há a mesma manifestação dos fiéis doloridos pela morte, mas que não entendem o seu projeto. Jesus então se comove pela dor dos seus amigos. “A perturbação, o sentimento interior de Jesus diante da fé dos seus e da descrença dos adversários, o leva a agir. O agir dele motiva o agir dos presentes, mesmo diante das dificuldades”, disse. De acordo com o bispo, antes de ressuscitar Lázaro, o Mestre faz um ensinamento: “Ele mostra que o que acontecerá será para despertar a fé e a adesão dos que o escutam”. Lázaro é chamado para a luz, para a vida, para o Cristo. Aquele que estava morto segue Jesus pela voz, pois não podia ver, já que o rosto estava envolto em panos. “Lázaro segue a Palavra de Jesus, como a samaritana e o cego de nascença”, afirmou.
Desse sinal de Jesus, ou seja, a ressurreição de Lázaro, resulta duas atitudes: um grupo que crê e o outro que fortalece a convicção de destruí-lo porque o projeto de vida que ele oferece não interessa aos seus planos. No momento da meditação, Dom Moacir comentou que no Evangelho de João, Jesus quer nos fazer ver os seus sinais para despertar a nossa fé nele e no desígnio de Deus. “Jesus convida a entrar nessa realidade de viver a vida divina já aqui e descobrir o seu alcance e poder de transformação. Ele chama a confiar na sua Palavra, a tirar a cegueira, o véu que nos impede de ver, e as ataduras que nos prendem, que nos oprimem, que nos reduzem a viver como cadáveres, condenados ao túmulo”.
O bispo conclui ensinando que o ponto máximo da debilidade humana é ver a morte como final da vida e isso está bem claro no episódio da ressurreição de Lázaro. “A morte leva o homem a fraquejar diante de tantas outras realidades: o medo da morte, o medo da dor, o medo da solidão, o medo… livre desse medo radical, Jesus nos torna verdadeiramente livres. A verdadeira liberdade é possuir-se plenamente para poder se doar verdadeiramente”, concluiu.