A leitura do Evangelho do último domingo, 1º da Quaresma (Lc 4,1-13), em que Jesus foi guiado pelo Espírito e tentado pelo demônio no deserto, inspirou a primeira Lectio Divina do ano, orientada pelo bispo auxiliar de Goiânia Dom Levi Bonatto, na Paróquia Universitária São João Evangelista, na noite do sábado (13). O bispo refletiu com os jovens, neste início da Quaresma, sobre as tentações que sofreu o filho de Deus. “Jesus se deixou tentar para ser solidário conosco, para socorrer aqueles que são tentados”, explicou Dom Levi logo no início da Lectio. Um segundo motivo que levou Jesus a ser tentado foi “ajudar-nos lutar contra o demônio”, no sentido de preparar a todos para “as grandes ciladas do mal”.
O orientador da Lectio Divina – Leitura Orante da Palavra de Deus – ressaltou ainda que o inferno existe, mas só para aqueles que se deixam cair nessas ciladas. “O inferno é a escolha que muitas pessoas fazem com a rejeição de Deus e de seus preceitos. E como nós somos criados para Deus, a ausência do bem é sofrida demais. Pessoas em situação de pecado sofrem muito, mas responder ao bem é a saída do mal”.
Vencer as tentações
Enquanto Dom Levi explicava sobre as mais diversas formas de tentação, uma fila extensa de jovens meditava, rezava e contemplava as reflexões seguindo para os três confessionários adaptados na porta da paróquia. Um dos pontos tocados pelo bispo foi com relação às tentações da castidade. “Vi esses dias uma garça no Rio Meia Ponte em meio à sujeira das últimas enchentes, mas ela não se sujava, continuava branca como as nuvens. Assim deve ser nossa alma, branca como aquela ave e o nosso coração repleto de amor. O que quero dizer é que é possível, sim, guardar a castidade a sete chaves, mas para isso precisamos ter muitos cuidados”. Um desses cuidados, conforme Dom Levi, está diretamente relacionado aos sentidos. “São Mateus diz que o olho é a luz do corpo, por isso, cuidado com o que vemos na internet, nos comerciais de televisão. Muito do que vemos faz mal ao casamento, à castidade no namoro, porque as imagens entram, penetram em nossos corações e ficam”. A narrativa das tentações, completou o bispo, “serve para fortificarmos as nossas sensibilidades, como Cristo fez no deserto. Para isso, devemos cumprir a obra de Deus e não as nossas vontades”.