No dia 19 de setembro passado, o papa Francisco, por iniciativa própria (motu próprio), publicou a breve Carta Apostólica intitulada “Summa familiae cura”, com a qual institui o Pontifício Instituto Teológico João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família. Com isso, substitui o Pontifício Instituto João Paulo II para os Estudos sobre o Matrimônio e a Família. Na nomenclatura, a diferença é pouca: muda “estudos” por “ciências”. Na prática, isto significa uma continuação, mas ao mesmo tempo ampliação do leque de interesse em torno da realidade do matrimônio e da família no mundo e na cultura atual. Propõe um diálogo entre o Evangelho da Família com a cultura atual e o estado da consciência sobre a família.
O Instituto para os Estudos foi inspirado pelo papa São João Paulo II, o papa da família, após a Exortação pós-sinodal “Familiaris Consortio”, que é um verdadeiro tratado teológico sobre o matrimônio e a família. O novo Instituto inspira-se na Exortação Apostólica “Amoris Laetitia”, fruto do Sínodo dos Bispos celebrado entre 2014 e 2015. Conserva a base teológica codificada pela Familiaris Consortio, dando-lhe a continuidade e propõe-se abrir mais o horizonte pastoral e o estudo interdisciplinar do assunto que continua sendo objeto de especial preocupação para a Igreja.
No documento, o papa Francisco diz: “No límpido propósito de permanecer fiéis ao ensinamento de Cristo, devemos portanto olhar, com intelecto de amor e com sábio realismo, para a realidade da família, hoje, em toda a sua complexidade, nas luzes e sombras. (…) Julguei oportuno dar um novo ordenamento jurídico ao Instituto João Paulo II, para que a intuição clarividente de São João Paulo II, que quis intensamente esta instituição acadêmica, possa hoje ser ainda melhor reconhecida e apreciada na sua fecundidade e atualidade”.
Continua o papa: “O bem da família é decisivo para ao futuro do mundo e da Igreja e que é saudável prestar atenção à realidade concreta da família, dada a mudança antropológico-cultural que influencia todos os aspectos da vida e requer uma abordagem analítica diversificada e não nos permite limitar-nos a práticas pastorais e missionárias que refletem formas e modelos do passado”.
O Instituto funcionará dentro da Pontifícia Universidade Lateranense, em Roma, sendo relacionado com a Congregação para a Educação Católica, Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida e com a Pontifícia Academia para a Vida.
Conferirá os títulos de doutorado, licenciatura (mestrado) e diploma em Ciências sobre o Matrimônio e a Família.
Dom João Wilk
Bispo de Anápolis, vice-presidente do Regional e referencial para a Pastoral Familiar